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Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula PAPM 05/05/2022 Pulso Arterial Introdução O Exame Físico do Sistema Cardíaco segue uma sequência, sendo examinados: 1º. História Clínica 2º. Exame Físico Geral – ectoscopia e sinais vitais 3º. Pulso Venoso – informações relacionadas ao coração direito do paciente, mais precisamente o VD 4º. Pulso Arterial – análise da função do coração esquerdo (mais especificamente focado no ventrículo esquerdo (VE)) e o sistema elétrico de condução cardíaco 5º. Precórdio 6º. Ausculta Cardíaca Lembrando que antes há a história clínica do paciente, ou seja, o exame do pulso arterial é um complemento, sendo utilizado para completar o raciocínio diagnóstico. A existência do pulso arterial é reflexo direto do volume ventricular ejetado, e este por sua vez depende da atividade elétrica do coração Para o VE ejetar o volume sanguíneo, primeiro ele precisa ser despolarizado, e para isso é necessário que o nó sinusal tenha enviado um estimulo elétrico de contração atrial até chegar a nível de ventrículo esquerdo, bem como a musculatura do ventrículo esquerdo é eficiente para ejetar o volume sanguíneo pela aorta, distribuindo esse volume em toda a circulação sistema, gerando pulsos como o radial, que é um pulso periférico Portanto, toda vez que se tem uma ejeção ventricular eficiente, temos um pulso arterial eficiente Para se entender pulso arterial, precisa-se entender a formula de debito cardíaco (DC = VS X FC), pois todo o tempo a análise é baseada no raciocínio em cima disso. O pulso é caracterizado por Frequência Regularidade Simetria Característica de parede Amplitude Frequência O normal é estar entre 60-100 bpm Caso seja menor que 60 bpm, caracteriza uma bradisfigmia É um quadro normal de ocorrer em atletas (normalmente de grandes percursos), pacientes com hipotireoidismo (redução do hormônio da tireoide - metabolismo basal diminuído) e bradiarritmias (disfunção do nó sinusal) Caso seja maior que 100 bpm, caracteriza uma taquisfigmia É normal ocorrer em casos de realização de atividades físicas, estados hiperdinâmicos (febre, gravida no primeiro trimestre, infecções generalizadas, anemia), pacientes com hipertireoidismo (metabolismo basal aumentado), taquiarritmias e insuficiência cardíaca Se a frequência for medida no pulso braquial, não há necessidade de medir em outro pulso, como o femoral por exemplo, uma vez que o coração gera as ondas de curso para todos os pulsos A regularidade também não necessita ser verificada em mais de um pulso arterial Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula PAPM 05/05/2022 É necessário contar a frequência cardíaca no coração e a frequência de pulso, pois pode não ser a mesma em casos como de um paciente com arritmia cardíaca, uma vez que nesses casos que o ritmo não é regular e que possivelmente o paciente realize extra-sístoles, é provável que eles sejam diferentes Não é uma regra, pois, nem toda extra-sístole, ou sístole gerada na arritmia, é suficiente para gerar um volume sistólico e uma onda de pulso Regularidade A regularidade do pulso é dependente do sistema elétrico do coração (nó sinusal precisa estar despolarizando regularmente) e ditada pela regularidade da ejeção ventricular, ou seja, do volume sistólico Ritmos cardíacos regulares geram pulsos regulares O normal é ter cadencia entre as ondas, porém pode ser momentaneamente irregular como nas extra- sístoles (estimulo supralimiar) ou constantemente irregular como na fibrilação atrial. Ao palpar o pulso, pela presença da onda P (antecedente ao complexo QRS e relacionada a contração atrial), pode-se perceber que há um nó sinusal funcionante e as ondas de pulso apresentam uma regularidade Como podemos ter arritmias que são regulares e que não tem a presença da “onda P”, a análise do pulso pode nos informar que o ritmo é regular, mas ele não diz se o pulso é sinusal ou não Os pulsos irregulares ocorrem principalmente na presença de fibrilação atrial A fibrilação acontece quando o nó sinusal perde a função de mandar o estímulo e todo o corpo atrial começa a gerar focos ectópicos, com limiar maiores do que do nó sinusal, fazendo com que o átrio fique fibrilando (deficiência na contração atrial) Presente em algumas valvulopatias, como a estenose mitral por exemplo Paciente pode apresentar dispneia porque o AE dele não está esvaziando, e quem drena o átrio é a veia pulmonar, causando um aumento de pressão no capilar pulmonar Ao palpar o pulso as ondas não serão regulares Analisando o ECG abaixo, pode-se observar que as distâncias entre os complexos QRS são variáveis, diferente do ECG acima Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula PAPM 05/05/2022 Simetria Sensação tátil de amplitude de um pulso deve equivaler-se à avaliação do pulso contra-lateral A perda da simetria suscita alterações como: Obstrução arterial crônica como ocorre em fumantes e diabéticos – sensação tátil de um dos lados é menor Casos agudos de oclusão arterial por trombo Coarctação da aorta – caso seja uma criança Característica de parede A artéria tem parede elástica, portanto, só é palpável quando a onda sistólica a distende Não palpamos a artéria na diástole, pois a pressão de enchimento é baixa Quando se fala em palpar uma onda de pulso não é sobre a parede da artéria e sim sobre a distensibilidade que esse fluxo de sangue faz dentro da parede. Em idosos, com o envelhecimento e degeneração da artéria, esta fica palpável, mesmo na diástole, como se fosse um tendão na diástole que pulsa na sístole, ou seja, a onda de pulso vai ser maior, porque o volume de sangue vai fazer uma pressão maior na artéria, gerando uma amplitude maior. A artéria envelhecida e palpável com vários nódulos ateromatosos tem o aspecto de traqueia de passarinho, ela vai perdendo a sua elasticidade e vai ficando rígida/fibrosada Amplitude A amplitude é a sensação tátil do pulso Os fatores que influenciam são O volume ejetado Alto – sensação tátil ampla (por ex.: ansiedade, exercício físico, quadros de aumento do débito cardíaco, etc) Baixo – sensação tátil diminuída (por ex.: desidratação, dias muito quentes (vasodilatação), hemorragias, etc) A elasticidade da parede Paredes endurecidas a sensação tátil é maior Paredes elástica sensação tátil é menor Aumento da Amplitude de Pulso Estados hipercinéticos – aumentam o debito cardíaco (aumento do volume sistólico circulante) e podem ocorrer em casos de anemia, gravidez, hipertireoidismo, estado febril, ansiedade, atividade física e infecção Insuficiência aórtica – nesse caso, ocorre pelo aumento do débito cardíaco, secundário ao aumento do volume que enche o ventrículo retrogramente, além da resistência vascular periférica baixa A válvula aórtica precisa estar fechada durante a diástole, porém, quando a válvula é insuficiente ela não fecha adequadamente, e com isso o VE, além de receber sangue do átrio, recebe sangue da aorta, e com isso o ventrículo fica muito cheio e a sístole ocorre de forma mais vigorosa, fazendo com que aorta receba um volume de sangue muito maior, levando a uma distensão arterial maior, sendo que, ao mesmo tempo, esse volume de sangue volta para VE, porque a válvula aórtica esta deficiente. o Então, nesse caso, dizemos que temos uma amplitude alta de pulso, porém ele cai rápido (pulso em martelo d’água) Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula PAPM 05/05/2022 Diminuição da amplitude Causas não cardíacas – hipovolemia e sangramentos Causas cardíacas Ventrículo esquerdo – Insuficiência mitral, estenose aórtica, miocardiopatias o Na insuficiência mitral, ela não fecha adequadamente, e com isso na hora que o ventrículo contrai para mandar o volumesanguíneo para a aorta, esse volume volta para o AE e, consequentemente o ventrículo teve 2 vias de escape, logo, o volume que sai na aorta é menor, causando a baixa amplitude do pulso Ventrículo direito – tamponamento cardíaco, embolia pulmonar, pericardite constrictiva Palpação Sempre em sentido crânio-caudal, seguindo a seguinte ordem: 1º. Palpação do Pulso Carotídeo – deve ser palpado com o dedo indicador e o médio (ou polegar) na face medial do ECOM, na altura da cartilagem cricóide Em pacientes acima de 60 anos, é necessário primeiramente auscultar a carótida (ambos os lados) antes de papá-la Não se pode palpar próximo ao ângulo da mandíbula devido a bifurcação da carótida (local mais comum de presença de placa de ateroma) e a presença do seio carotídeo, devido a passagem do nervo vago (a compressão vagal pode levar o paciente a ficar bradicárdico) Não pode palpar dos dois lados ao mesmo tempo 2º. Palpação do Pulso Braquial – utilize o indicador e o dedo médio ou polegar da mão oposta, palpe o pulso na região medial ao tendão do bíceps O paciente deve estar com a palma da mão virada para cima 3º. Palpação do Pulso Radial – palpe o pulso radial na face lateral da superfície flexora do punho, com a ponta dos dedos 4º. Palpação do Pulso Femural – comprima profundamente a região abaixo do ligamento inguinal a meio caminho entre a crista ilíaca e a sínfise púbica Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula PAPM 05/05/2022 5º. Palpação do pulso poplíteo – posicione as polpas digitais de suas mãos na linha média por detrás do joelho e faça uma compressão profunda para dentro da fossa poplítea O joelho do paciente deve ficar ligeiramente fletido com a perna relaxada 6º. Palpação do Pulso Tibial Posterior – encurve os dedos por detrás do maléolo medial do tornozelo 7º. Palpação do pulso pedioso – palpe no dorso do pé a região imediatamente lateral ao tendão extensor do grande artelho Resumindo Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula PAPM 05/05/2022
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