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Programa da Prática Médica Prática Pulso e ECG Introdução O VE é responsável por bombear o sangue para a circulação sistêmica, enquanto o VD bombeia para a circulação pulmonar. *É importante lembrar das trocas gasosas que ocorrem tanto no pulmão, onde o sangue deixa CO2 e recebe O2, quanto nos tecidos, onde a troca é ao contrário. A PA média é determinada pelo Débito Cardíaco (Volume de sangue ejetado X Frequência Cardíaca) multiplicado pela Resistência Vascular Periférica (reflete as alterações dos raios das arteríolas e também da viscosidade e consistência do sangue) O volume de sangue bombeado depende da pré-carga, que é o volume de sangue que distende o músculo cardíaco antes da contração (o volume diastólico final), da contratilidade do coração, que é a capacidade de encurtamento do músculo cardíaco em reposta a um volume de sangue presente na câmara, e da pós-carga, que é a resistência contra a qual o ventrículo deve lidar que depende da complacência das paredes da aorta *Em exercícios físicos, a contratilidade aumenta pois o volume de sangue ejetado deve ser aumentado. Em situações de desidratação, a contratilidade diminui pois o volume de sangue também diminui Quando o coração contrai, ele forma uma onda de movimentação do sangue, essa onda produz o pulso. Pulso Arterial Sua avaliação é necessária para identificar um bom funcionamento do coração e se a distribuição do sangue está adequada ou não. Permite a aferição da PA e detectar uma parada cardíaca. Outro jeito de analisar a perfusão sanguínea é inspecionando a coloração avermelhada das extremidades, a presença ou não de cianose, a temperatura e a hidratação da pele local O pulso pode ser inspecionado em alguns casos, auscultado em outros (patológicos como placas de ateroma que, ao estreitarem o vaso, causam um turbilhão no sangue que produz um sopro), mas é principalmente palpável em determinados locais. As principais artérias acessíveis à palpação são: Temporal superficial, Carótida, Axilar, Braquial, Radial, Ulnar, Femoral, Poplítea, Tibial posterior e Pediosa Inspeção Momento em que a mudança de posição é importante. Deve-se inspecionar o paciente deitado, em pé ou em movimento em algumas situações Dificilmente se observa a pulsação das artérias citadas, exceto em pacientes magros, mas ainda assim é difícil. Na inspeção pode-se notar hipodesenvolvimento de determinados membros, o que se associa a um problema circulatório (hipofluxo) É um momento em que se procura ulcerações, batimentos de aneurismas, assimetria entre membros, hidratação, elasticidade e consistência da pele, coloração local, gangrenas, necroses, cianose, isquemias, etc. Palpação Se observa (e compara com a região correspondente do outro lado do paciente, deve-se atentar à simetria) a amplitude, frequência, ritmo/ regularidade do pulso, presença de frêmito e conta-se a frequência cardíaca. Se analisa o estado da parede do vaso, a tensão/ dureza e o tipo de onda Quando se palpa uma artéria pode-se identificar um frêmito, que é uma sensibilidade palpatória (pequeno tremor) que coincide com um sopro, por ser resultado do turbilhonamento do sangue também. *Fístula arteriovenosa produz um frêmito contínuo Manobra de Osler: Na palpação, quando se insufla pouco o manguito, não se sente o pulso, mas sente a artéria rígida, o que pode indicar aterosclerose (ou enrijecimento normal fruto de idade avançada) ou falsa hipertensão Resultados Estado da parede pode estar normal (lisa, sem tortuosidade e facilmente depressível) ou anormal (endurecida, rugosa e sinuosa) A frequência é contada preferencialmente no pulso radial e varia com a idade e condicionamento físico. Em um adulto, deve variar entre 50 e 100 bpm. Pode estar em bradisfigmia ou taquisfigmia O ritmo pode ser regular ou irregular. A amplitude pode ser ampla (magnus), mediana ou pequena (parvus). A tensão pode ser mole, mediana ou dura *Quando a amplitude está reduzida pode-se ter obstrução mecânica, estenose mitral ou estenose aórtica Quanto ao tipo de onda, existem vários, como normal, em martelo d’água, paradoxal, filiforme, alternante e dicrótico. E a comparação entre os lados homólogos pode apresentar igualdade ou desigualdade Pulso Temporal Superficial A a. temporal superficial é um ramo da carótida externa. Palpa-se com o indicador esquerdo na têmpora direita do paciente (quando ele está sentado ou em pé) e se posiciona de frente para ele. Palpa-se junto ao osso temporal, ligeiramente acima e afrente do tragus e da articulação temporomandibular Pulso Carotídeo Quando o paciente está sentado ou em pé, o médico se posiciona na frente dele, e a palpação é feita com o polegar contrário à artéria (se for palpar a esquerda, utilizar o polegar direita). A palpação deve ser feita na borda anterior do músculo esternocleidomastoídeo, preferencialmente na região mediana dele, onde se aplica uma leve pressão. *É possível visualizar a pulsação do polegar Quando o paciente está deitado (de preferência com a cabeça levemente fletida), o médico se posiciona lateralmente a ele e realiza a palpação com o indicador e médio correspondentes à artéria, no mesmo local da palpação em pé e sentado. *No OSCE, dar preferência a ficar do lado direito do paciente Ao palpar o pulso carotídeo, deve-se atentar a duas coisas: ●Não massagear a região mais superior (submandibular), pois é o local de bifurcação da carótida e é onde se encontra o seio carotídeo, local onde se encontram barorreceptores que, ao serem massageados, podem desencadear uma Síndrome do Seio Carotídeo, caracterizada por síncope (perda de consciência), hipotensão, ou até mesmo uma pausa cardíaca. A PA diminui e a frequência cardíaca também ao massagear o seio carotídeo *Existe a manobra realizada para pacientes com taquicardia que consiste em massagear o seio carotídeo ●Nunca realizar palpação bilateral simultânea (palpar as duas carótidas ao mesmo tempo) para evitar interromper por completo o fluxo sanguíneo para a cabeça e causar uma isquemia Pulso Axilar O ideal é a palpação com o paciente sentado ou em decúbito dorsal. Médico se posiciona do lado da artéria que será palpada (se for a esquerda, fica do lado esquerdo do paciente), e utiliza o indicador, médio e anular palpando no oco axilar, preferencialmente entre o bíceps e o tríceps *Tanto a subclávia quanto a axilar são difíceis de palpação. A a. axilar origina a a. braquial que vai se bifurcar em a. ulnar e a. radial. Pulso Braquial Paciente sentado ou em decúbito dorsal realizando uma leve flexão do braço (essa é a técnica, porém, com o braço distendido torna-se mais fácil). Médico se posiciona do lado da artéria que será palpada, e palpa-se com o indicador e médio (as vezes o anular) por toda sua extensão no sulco entre o bíceps e o tríceps, porém, é preferível palpar no terço distal do braço Deve-se apoiar a mão do paciente com sua mão correspondente e a palpação é realizada com os dedos da outra mão Pulso Radial Assim como o anterior, médico se posiciona do lado da artéria que será palpada e apoia a mão, levemente fletida, do paciente com sua mão correspondente. A palpação é realizada com os dedos da outra mão. Paciente sentado ou em decúbito dorsal, palpa-se com o indicador e médio entre apófise estilóide do rádio e o tendão dos flexores. O polegar é usado como apoio no dorso do pulso do paciente. Pulso Ulnar Palpado entre os músculos flexor superficial dos dedos e o flexor ulnar do carpo (ou medialmente a esses tendões), faz- se exatamente a mesma técnica do radial Existe um teste (teste de Allen) realizado para verificar se o arco palmar está adequado, isto é, identificar obstrução em artérias da mão, em que se pressiona a radial e a ulnar até interromper o fluxo sanguíneo da mão. Quando notar a mudança de coloração, desobstrui apenas uma delas e a coloração deve voltar ao normal pois a irrigação da mão é feita independentemente (se perder uma delas,a outra consegue realizar o suprimento) pela radial e pela ulnar, com isso, caso uma seja obstruída a irrigação não é totalmente afetada *é importante avaliação da circulação colateral da mão pela artéria ulnar através do Teste de Allen antes de cada punção da artéria radial Pulso Femoral Do epigástrio à região umbilical se encontra a aorta abdominal (em determinados biotipos pode ser inspecionada), que se ramifica em aa. ilíacas comuns que, depois de se bifurcarem em ilíacas internas e externas, originam as aa. femorais (a partir das ilíacas externas) A palpação é feita com o indicado e o médio, logo abaixo do ligamento inguinal, na porção média dele, no triangulo femoral. O paciente deve estar em decúbito dorsal e o médico se posiciona no lado correspondente à artéria analisada. *No meio do triangulo femoral se encontra a a. femoral. **Pode se ter um falso frêmito Pulso Poplíteo Pulso de difícil palpação, exige que o paciente esteja em decúbito, dorsal ou ventral, com a perna desnuda, e realize flexão com a articulação do joelho. Em decúbito ventral (perna fletida), se abraça o joelho com os dedos e palpa, com os dois polegares, a região poplítea. Em decúbito dorsal (perna semi-fletida) se abraça o joelho também, mas a palpação é feita com o indicador e médio Pulso Tibial Posterior Palpa-se, aplicando uma leve pressão, a região posterior do maléolo medial utilizando o indicador e o médio. Posiciona-se no lado correspondente ao membro analisado, paciente com a perna desnuda e com uma leve flexão do joelho. Se apoia o pé do paciente com a mão correspondente a ele e palpa-se com os dedos da outra mão Pulso Pedioso Palpado com o indicador e o médio, na região dorsal do pé (em ligeira dorsiflexão), entre o 1 e o 2 ossos metatarsos, no meio do dorso do pé. Se apoia o pé do paciente com a mão correspondente a ele e palpa-se com os dedos da outra mão *Veia Jugular O pulso venoso é mais suave, difuso e oscilante. É mais visível do que palpável e varia com a respiração Quando se consegue ver a veia jugular externa (exceto em condições de esforço ou expiração forçada), mesmo com o paciente a 30º do plano de apoio ou ereto, é um sinal de hipertensão venosa fruto de insuficiência cardíaca (quando se observa bilateralmente a jugular). Caso a jugular seja visível apenas de um lado, pode ser resultado de um tumor ou trombose apenas nessa jugular *Pode existir uma trombose na cava superior também Em condições de esforço, ou da realização da Manobra de Valsava, há um aumento da pressão intratorácica que dificulta a drenagem da veia jugular para o AD. O sangue fica represado nela e ela torna-se visível ----------------------------------------------------------------------------- Prática ECG A princípio, deve-se explicar todo o procedimento ao paciente para que ele não sinta medo. Após o paciente aguardar cerca de 10 minutos sentado, com o tórax desnudo (sempre cobrindo as áreas que não estão sendo utilizadas), deve-se higienizar os locais de colocação dos eletrodos com algodão embebido em álcool 70%. *O exame pode ser realizado tanto nas unidades de saúde quanto em consultórios e salas de emergência. O paciente não deve tomar café no dia do exame e, caso tenha fumado antes de ir à consulta, deve aguardar 40 minutos. Caso o paciente tenha o tórax com muitos pelos, na sala de emergência se realiza tricotomia. Quando for realizar o exame em uma mulher, pode se pedir ajuda à uma auxiliar para manipulação das mamas e colocação dos eletrodos nas posições corretas para evitar desconfortos. *Deve se colocar biombos ao redor do local do exame para evitar uma exposição desnecessária Locais de colocação dos eletrodos ●V1 (cabo vermelho): 4ºEID na linha paraesternal ●V2 (cabo amarelo): 4ºEIE na linha paraesternal ●V4 (cabo marrom): 5ºEIE na linha hemiclavicular ●V3 (cabo verde): 5ºEIE, diagonalmente entre V2 e V4 ●V5 (cabo preto): 5ºEIE na linha axilar anterior ●V6 (cabo roxo): 5ºEIE na linha axilar média Procedimento Verifica-se o pedido de ECG, reúne o material, higieniza as mãos, posiciona o biombo, checa o funcionamento do eletrocardiógrafo e a integridade dos cabos. *Materiais necessários: EPI se necessário, caneta, papel toalha, módulo de ECG, gazes, lençol descartável, dispositivo para realização de tricotomia caso necessário, álcool 70% e algodão. Deve se instruir o paciente a remover todas as peças de metal do seu vestuário, incluindo cintos e tênis, e eletrônicos também. Solicita o posicionamento em decúbito dorsal com membros paralelos ao corpo e relaxados. Palmas das mãos devem estar voltadas para cima. Solicita e expõe os tornozelos, punhos e tórax do paciente. Cobre o paciente com o lençol para evitar sua exposição total. Conecta o eletrocardiógrafo à energia e o liga, então insere o papel no local indicado (com a parte branca para cima e o papel é inserido do lado oposto ao da caneta) e solicita ao paciente que evite se mover, tossir ou conversar durante a realização do procedimento. Higieniza-se, com algodão embebido em álcool 70%, as faces anteriores dos antebraços (na porção distal) e as faces internas dos tornozelos (acima dos maléolos laterais) Coloca-se as presilhas/ pás (derivações), usando gel condutor, tendo a chapa de metal em contato com as faces anteriores dos antebraços e as internas dos tornozelos. Por serem as derivações, são os fios mais compridos para alcanças os membros. *Os cabos escuros são colocados no membro inferior Após colocar as presilhas, conecta os cabos de acordo com o local indicado: vermelho no membro superior direito, preto no membro inferior direito, amarelo no membro superior esquerdo, verde no membro inferior esquerdo. Feito isso, solicita ao paciente a exposição do tórax e coloca- se os eletrodos seguindo os locais já indicados e conecta os cabos nos seus respectivos eletrodos Caso o equipamento indique erros, esse é o momento de corrigir. Caso esteja tudo certo, aperta o botão “papel” para o equipamento mapear o papel, e depois o “segue” para dar início ao exame. Se afaste da maca nesse momento Aguarda o sinal sonoro que indica o término da aquisição dos potenciais elétricos. Desconecta os cabos, retira eletrodos (ou o instrui a tirar em casa) e presilhas, realiza a limpeza dos locais onde estavam as pás e os eletrodos. Retira a folha do ECG e o identifica com o nome completo, idade, data de nascimento, data e hora da realização do ECG, carimbo e assinatura do profissional. Deixe o paciente confortável (o ajuda a descer da maca), desinfete o eletrocardiógrafo, despreze os materiais utilizados nos lixos apropriados, higienize as mãos, realiza anotações e assina/ carimba no prontuário. Observações sobre a atividade elétrica do coração O nosso coração é um órgão movido a sangue e eletricidade. Cada batimento, cada contração do músculo cardíaco, cada movimento das válvulas do coração é comandado por pequenos impulsos elétricos gerados no próprio coração. O estímulo elétrico nasce no próprio coração, em uma região chamada nodo sinusal (ou nó sinusal), localizado no ápice no átrio direito. O nodo sinusal produz continuamente e de modo regular os impulsos elétricos que se propagam por todo o coração, induzindo a contração dos músculos cardíacos. Portanto, um coração em ritmo sinusal é aquele cujo os estímulos elétricos estão sendo normalmente gerados pelo nodo sinusal. A atividade elétrica normal nasce no nodo sinusal, despolariza primeiro o átrio direito e depois o átrio esquerdo. Após passar pelos dois átrios, o impulso elétrico chega ao nodo atrioventricular, na divisão entre os átrios e o ventrículo. Neste momento, o impulso sofre um pequeno retardamento, que serve para que os átrios se contraiam antes dos ventrículos. No nodo atrioventricular, após alguns milissegundos de espera, o impulso elétrico é transmitido para os dois ventrículos, fazendo com que suas células se despolarizem, causando a contração cardíaca e obombeamento do sangue pelo coração.
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