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Programa da Prática Médica Caso SI 1 I. Revisar anamnese e esquematizar a anamnese da paciente do caso apresentando hipótese diagnóstica e diagnósticos diferenciais Introdução A anamnese é a parte mais importante da medicina pois é por meio dela que se desenvolve a relação médico-paciente. Ela deve levar o tempo que for necessário para que seja adequada. A anamnese deve ser apoiada em um raciocínio clínico bom para que após ela sejam escolhidos os melhores exames quando necessários. A anamnese busca reconstituir fatos e acontecimentos relacionados com a doença do paciente. Nela o médico tem contato com os sintomas, problemas e preocupações do paciente. A anamnese pode ser estendida para o momento do exame físico também (fazer pequenas perguntas) Cabe ao médico criar um significado e estabelecer uma relação entre todas as reclamações do paciente para que a melhor conduta seja tomada. Além disso, o médico deve sempre se mostrar interessado e disposto a ajudar seu paciente. O médico não deve ter pressa e deve ter um conhecimento bom sobre os sintomas das doenças, pois sem isso não se sabe como extrair o máximo de informações úteis do paciente nem qual a melhor conduta a ser tomada naquela situação. A anamnese é importante tanto para o diagnóstico quando para orientar a conduta terapêutica que será tomada. Para que isso aconteça, existem técnicas que o médico deve seguir durante a anamnese. O apoio (eu te entendo) faz o paciente se sentir seguro e encorajado. A facilitação do relato do paciente pode acontecer por meio da postura do médico (balançar a cabeça), além disso, a reflexão (repetir palavras importantes ditas pelo paciente) e o esclarecimento (explicar o que o paciente disse para confirmar a compreensão) são importantes técnicas. O confronto e a interpretação permitem ao médico identificar aflições do paciente e auxiliam o médico a lidar com elas para que a relação médico-paciente melhore. Por fim, a empatia (gestos de compreensão e aceitação) é indispensável. Identificação (14 itens) Compreende o perfil do paciente e serve tanto para auxiliar na compreensão da doença quanto para já começar estabelecendo uma relação com o paciente. ●Data e hora da anamnese, nome completo e idade (pois existem doenças próprias da infância por exemplo) ●Sexo (homem ou mulher) e cor (branca, parda ou preta) são dois dados da identificação que o médico não pergunta, supõe. O sexo é importante pois existem doenças que só afetam homens por exemplo, e a cor/ etnia é importante pois a anemia falciforme, por exemplo, é muito mais frequente em negros. ●Estado civil, ocupação atual e ocupações anteriores. Em ambas as ocupações, a duração da ocupação e o local de trabalho são importantes. *Se for aposentado, coloca a profissão anterior e há quanto tempo não exerce mais entre parênteses ●Residência (é onde o paciente mora atualmente), naturalidade (local onde nasceu) e procedência (é onde morou ou visitou há pouco tempo) ●Religião (a que tem maior impacto na atuação médica é a dos Testemunhas de Jeová), nome da mãe e do responsável, cuidador ou acompanhante quando necessário Geralmente, numa situação de necessidade, quando se negocia somente com o paciente, sem sua família, consegue salvar ele *Número de filhos não entra aqui Queixa Principal e Duração (QD) Deve-se escrever, com as palavras do paciente, o principal sintoma dele. A principal queixa é aquela que o levou a ir buscar ajuda, aquela que mais incomoda. Deve ser feita apenas pelo paciente e compreende no máximo duas queixas. Nunca aceitar um diagnóstico feito pelo próprio paciente. Se a QD dele for “pressão alta”, peça para dizer mais sobre isso, quais os sintomas que o levaram a pensar nesse diagnóstico e qual deles mais incomoda (essa é a QD real). NÃO esquecer de perguntar a duração da QP. “O que aconteceu, de ontem para hoje, que te fez buscar o hospital? Qual dos sintomas piorou de ontem para hoje? ” ‘ . História da Moléstia Atual (HMA) É o registro cronológico e detalhados dos sintomas do paciente desde seu surgimento até o momento atual. Nela, o sintoma guia é aquele que guia o diagnóstico. Esse sintoma não é o único, mas é o mais relevante e, geralmente, é o sintoma de maior duração ou aquele referido na QD. Após determinar o sintoma guia e a data aproximada do seu início, identifique a maneira como o sintoma evoluiu (se houve melhora ou piora por ex.). Essa etapa exige muitas perguntas sobre o sintoma, seguindo suas características semiológicas. Feito isso, as relações entre sintomas já podem começar a surgir. Em suma, a HMA deve ter início, meio e fim, caracterizar totalmente o sintoma guia e os outros sintomas e estabelecer relações entre os sintomas. Além disso, SEMPRE anote informações negativas (ex. nega cefaleia) e medicações que o paciente possa ter usado. Resumo Sobre o início, deve-se perguntar quando começou, se foi de início súbito ou gradativo, e se teve um fator desencadeante ou não. Sobre as características do sintoma, cada um vai ter as suas próprias. Sobre os fatores de melhora e piora, deve-se definir quais fatores (como ambientes, posição, atividades, alimentos e medicamento) melhoram e quais pioram o sintoma. Sobre a relação entre sintomas, geralmente elas envolvem um mesmo sistema. Sobre a evolução, deve-se relatar o comportamento do sintoma desde seu surgimento registrando mudanças nele e a influência de tratamentos efetuados. Por fim, na situação atual se registra como o sintoma está no momento da anamnese. Antecedentes Pessoais Fisiológicos (condição de nascimento, gravidez e desenvolvimento, menarca, início da puberdade, gestações e abortos, desenvolvimento sexual, psicomotor e neural, etc.), patológicos (doenças da infância e vida adulta, alergias, cirurgias, traumas, transfusões, doenças epidêmicas, etc.) e imunológicos (vacinação e medicação em uso). Antecedentes Familiares Pergunta sobre doenças hereditárias, síndromes, etc. se for válido, pergunta se os pais estão vivos, se não estiverem deve-se perguntar o motivo e a idade da morte. Hábitos e Vícios Inclui a alimentação, atividades físicas e vícios. Nos vícios, deve-se buscar conhecer o consumo de tabaco, consumo de bebidas alcoólicas, uso de anabolizantes e anfetaminas (substâncias relacionadas a cardiopatias por ex.) e consumo de drogas, lícitas ou não. Sempre indagar sobre o tipo, quantidade, frequência de uso, duração do vício e tentativa de abstinência Condições de Vida Nessas condições se avalia habitação (tipo de casa, cômodos, saneamento básico, coleta de lixo, presença de animais, poluição, inundações, etc.), condições culturais (crenças, tradições e comportamentos), condições socioeconômicas (dependência econômica, situação profissional e rendimento mensal) e relacionamento familiar (relação entre pais e filhos, entre irmãos e entre cônjuges) Interrogatório sobre os diversos aparelhos É o complemento da HMA, pois ele documenta a presença ou ausência de sintomas relacionados a cada sistema do corpo. Ele permite identificar enfermidades que não estão relacionadas à QD e ainda permite um diagnóstico mais preciso e correto. No ISDA o médico traz à tona sintomas esquecidos ou ignorados pelo paciente. Ele compreende sintomas gerais, pele e fâneros, cabeça e pescoço, tórax, abdome, s. geniturinário, s. hemolinfopoético, s. endócrino, ossos e articulações, músculos e exame psíquico. Sintomas gerais incluem febre, fraqueza (astenia), alteração de peso, sudorese, calafrios (associa a febre) e câimbra. Cabeça e pescoço incluem sintomas oculares, auriculares, nasais, bucais e relacionados à faringe, laringe e tireoide. No tórax se tem todos os sintomas de s. respiratório, os das mamas, diafragma, mediastino, esôfago, parede torácica, coração e grandes vasos. No abdome se tem os sintomas de parede abdominal, estômago, intestino delgado, colo, reto e ânus, fígado, vias biliares e pâncreas. Anamnese do Caso IdentificaçãoJulia, 42 anos, mulher, divorciada, empregada doméstica. Queixa principal Obstrução nasal relacionada à mudança de temperatura, exposição à poeira/odores que tem piorado há 15 dias com aumento da obstrução, coriza associada a mal-estar e febre. ‘ . História da Moléstia Atual Sempre teve obstrução nasal relacionada à mudança de temperatura, exposição à poeira/odores. Queixa-se de ter a sensação de estar sempre "gripada" e há anos só consegue dormir quando pinga Neosoro nas fossas nasais (3 gotas/narina de 4 em 4 horas). Nos últimos meses teve a sensação de que o medicamento demora muito tempo para agir. Há 15 dias apresentou piora das queixas nasais, com aumento da obstrução, coriza associada a mal-estar e febre. Fez uso de vários antigripais (como Resfenol e Benegrip) com melhora temporária apenas por sete dias (tempo que utilizou os antigripais); porém, ainda não consegue sentir o cheiro (anosmia) e tudo que come está meio sem gosto (disgeusia). Além disso, passou a ter cefaleia e rinorreia amarelada pela manhã. Sinais e Sintomas Os sintomas descritos foram obstrução nasal relacionada à mudança de temperatura, exposição à poeira/odores, sensação de estar sempre gripada, dificuldade para dormir, piora nas queixas nasais há 15 dias, aumento da obstrução, coriza, mal-estar e febre. Não consegue sentir cheiro nem sabor, tem dor de cabeça e secreção nasal amarelada. Hipótese diagnóstica e diagnóstico diferencial Todo o conjunto de sintomas indica uma rinite alérgica, além de uma possível evolução para rinossinusite, bacteriana ou viral, indicada pela secreção amarelada e febre. Com base nos sintomas, pode-se deduzir também uma asma, Covid-19 ou desvio do septo nasal. 2. Descrever a rinite alérgica A rinite é uma inflamação das mucosas nasais caracterizada por uma resposta imunológica frente algum agressor. Ela pode ser sazonal, quando depende do clima, ou alérgica, quando é desencadeada por algum alergênico, como pelos de animais, poeira, flores ou outros. Essa condição se relaciona com distúrbios do sono, outras doenças alérgicas, anosmia e disgeusia. O paciente vai se queixar de espirros paroxísticos (são crises de espirros duradouras), prurido (nos olhos, nariz ou até mesmo palato), rinorreia anterior clara, obstrução nasal, podendo apresentar também dilatação venosa infraorbital. A rinite acomete principalmente crianças até 10 anos e adultos a partir de 40 anos. Além de uma anamnese bem feita, o exame físico é essencial para um bom diagnóstico. Quando a rinite evolui para uma rinossinusite, quando se palpa os seios paranasais será identificada uma hipersensibilidade dos seios frontais e maxilares. 3. Citar e descrever os tipos de rinoscopia. Introdução O exame das fossas nasais faz-se por intermédio da rinoscopia anterior e da posterior. O segredo do exame das fossas nasais é o posicionamento adequado da cabeça, que deve ficar inclinada para trás. Uma boa iluminação é fundamental. Uma pequena lanterna, com um bom foco de luz, é suficiente para avaliar as características da mucosa, que, em condições normais, é de cor vermelho-opaca, úmida, com superfície lisa e limpa. A presença de secreção (aquosa, turva, purulenta, sanguinolenta) é um dado importante no diagnóstico. Avalie o septo e eventuais estruturas anormais (crostas, pólipos, neoplasias, corpo estranho). Rinoscopia Anterior A rinoscopia anterior consiste em afastar a asa do nariz do septo nasal por meio de um espéculo nasal (espéculo de Hartmann), cujas válvulas são introduzidas no vestíbulo do nariz e podem ser rotacionadas durante o procedimento. Durante o procedimento, com o auxílio de uma lanterna, observam-se os cornetos nasais e seus respectivos meatos, o septo nasal, o assoalho da fossa nasal e a fenda olfatória, ainda se comprova a existência de exsudatos, pólipos, neoplasias, hipertrofia de cornetos, desvios do septo e corpos estranhos. *Na criança, devido ao aspecto agressivo e provocador de dor do espéculo nasal, podemos recorrer ao espéculo auricular para realizar a rinoscopia anterior. Rinoscopia Posterior A rinoscopia posterior é o exame em que se realiza a observação da cavidade nasal através dos coanos. Quase sempre é necessária anestesia tópica, no palato mole e parede posterior da faringe, para impedir que reflexos nauseosos dificultem o exame. Com o abaixador de língua, o examinador afasta a língua do palato e instrui o paciente para respirar, pausadamente, pelo nariz, provocando assim, um afastamento do palato mole da parede posterior da rinofaringe. Um pequeno espelho, previamente aquecido, é introduzido na orofaringe de um lado e de outro da úvula, refletindo a imagem da cavidade nasal. Observamos então, cuidadosamente, as conchas, a borda posterior do septo nasal, o tecido linfoide adenoideano, a tuba auditiva na parede lateral, a presença de pólipo, exsudatos, lesões ou degeneração. ‘ . 4. Citar o local mais comum para epistaxe. Descrever os possíveis tratamentos para epistaxe. Anatomia A irrigação das paredes medial e lateral da cavidade nasal tem cinco procedências: ●A. etmoidal anterior (ramo da artéria oftálmica) ●A. etmoidal posterior (ramo da artéria oftálmica) ●A. esfenopalatina (ramo da artéria maxilar) irriga principalmente a região posterior da cavidade. ●A. palatina maior (ramo da artéria maxilar), que chega ao septo via canal incisivo através da região anterior do palato duro ●Ramo septal da a. labial superior (da artéria facial). As três primeiras artérias dividem-se em ramos lateral e medial (septal). A parte ântero-inferior do septo nasal é a sede de um plexo arterial enovelado anastomótico do qual participam todas as cinco artérias que vascularizam a cavidade nasal, sendo essa região chamada de área/ plexo de Kiesselbach. Por ser uma área rica em capilares, é onde normalmente ocorrem sangramentos profusos. Epistaxe A epistaxe é o sangramento da cavidade nasal. A epistaxe mais comum é a anterior, tendo origem no plexo de Kiesselbach. A epistaxe posterior tende a ser mais volumosa, oferece maior dificuldade de controle e oferece riscos de aspiração. A rinoscopia permite a identificação da epistaxe. A epistaxe pode ser causada por rinite alérgica, hipertensão arterial, traumatismos, pós-operatórios de cirurgias nasais, entrada de corpo estranho e o uso de alguns medicamentos como anticoagulantes. Controle da epistaxe Na maioria das vezes, o tratamento da epistaxe anterior é conservador. Pode-se realizar a compressão da asa do nariz contra o septo nasal por cerca de 20 segundos com a cabeça inclinada anteriormente e respirando pela boca, o uso de vasoconstritor local, realização de um tamponamento nasal anterior com gaze ou uma cauterização com bisturi elétrico. Caso a epistaxe seja posterior, pode-se usar a sonda de Foley (usada na bexiga, quando na posição correta, insufla 5 mL e, após tracionar, insufla mais 5 mL) ou realizar um tamponamento com gaze.
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