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Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Micro 07/02/2022 Microbiologia Microbiologia A microbiologia é uma ciência que estuda os organismos microscópicos – vírus, bactérias e fungos Todos os seres vivos são englobados a partir de um sistema de classificação Todos os organismos vivos possuem ribossomos realizando síntese proteica, por isso, atualmente os seres são classificados em 3 domínios – bactéria, archaea e eukarya Domínio bactéria: presença dos seres procariontes, como as bactérias, que possuem potencial grande para causar danos aos seres e vivem na água e solo Domínio Archaea: presença de archaebactérias, que não possuem potencial patogênico e estão presentes apenas em ambientes extremos (extremófilas) Domínio Eukarya: presença dos eucariontes, organismos unicelulares e multicelulares como protozoários, algas, fungos, plantas e animais Domínio Bactéria As bactérias são seres procariontes com potencial patogênico (capacidade de causar infecções) alto Sua estrutura celular não possui organelas citoplasmáticas, exceto ribossomos, e DNA desorganizado por não haver núcleo Muitas vezes, uma célula bacteriana é menor que uma organela de uma célula eucarionte Mesmo sendo pequena, ela consegue desempenhar papel metabólico para realizar todas suas funções tão bem ao ponto de causar processos patológicos nos seres vivos Produzem sua energia a nível de membrana Estruturas celulares internas Citoplasma – composto por ribossomos, inclusões, material cromossômico e material extracromossômico Ribossomos Podem ser encontrados livres no citoplasma ou associados à superfície interna da membrana plasmática Realizam síntese proteica – traduzem o RNAm formando proteínas ou enzimas São compostos por 2 unidades que ao se juntarem dão início à tradução do RNA e diferem dos eucariontes Ribossomo bacteriano – subunidade maior possui 50s e a menor 30s, sendo esse s referente a um coeficiente de sedimentação quando estão em ambiente livre, e ao se juntarem, dão a característica 70s para esse ribossomo. Estrutura Bacteriana Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Micro 07/02/2022 Existem anti-microbianos que possuem terapia seletiva pois são específicos para afetarem estruturas com ribossomos do tipo 70s, inibindo sua síntese protéica Ribossomo eucarioto – a subunidade maior tem 60s e a menor 40s, sendo a sua junção responsável pela formação do ribossomo com 80s Inclusões – grânulos Substancias químicas que se acumulam no citoplasma Fazem reserva de energia Grânulos metacromáticos – constituídos de polifosfato, que ao se quebrarem liberam o fosfato, muito importante para o metabolismo bacteriano PHB - poli B hidroxibutirato e grânulos de glicogênio. Reserva de Carbono e fonte de energia Material Cromossômico e Extracromossômico Não possui núcleo individualizado Nucleóide – região que o cromossomo fica localizado, sendo esse um cromossomo único, circular e não envolto por membrana nuclear Material Cromossômico – contém as informações vitais bacterianas Material Extracromossômico – plasmídeo bacteriano Carrega informações adicionais que não são essenciais ao metabolismo, mas favorecem a vida bacteriana Nem todas as bactérias possuem plasmídeo, porém as que possuem adquirem maior vantagem pelo destaque de informações de resistência que esse material pode conter Também está relacionado a fatores de virulência – quanto mais virulento maior a patogenicidade (disseminação infecciosa mais rápida e grave) Membrana citoplasmática Contém o centro metabólico da bactéria – presença de proteínas, sítios, enzimas, entre outras estruturas, que permitem a bactéria produzir materiais importantes para sua sobrevivência Não possui esteróis, por isso têm menor rigidez, o que lhe confere o modelo chamado de mosaico fluido, o qual permite que os diferentes componentes alocados na membrana trabalhem de forma favorecida Composta por uma bicamada fosfolipídica – ácidos graxos e glicerol – que lhe confere um caráter anfipático, ou seja, ela é hidrofílica voltada para a parte externa e para o citoplasma e hidrofóbica no meio da membrana. Moléculas lipossolúveis conseguem atravessar a membrana por transporte passivo do tipo difusão simples, já as moléculas hidrossolúveis precisam passar por uma proteína, no processo chamado difusão facilitada. Normalmente, as substâncias que passam por transporte ativo são componentes tóxicos que se formam com o acontecimento dos processos metabólicos. Funções: Envolver o conteúdo celular; Sítio de diversas atividades enzimáticas (produção de energia, síntese de proteína) Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Micro 07/02/2022 Barreira osmótica (permeabilidade seletiva) Transporte de componentes importantes Estruturas celulares externas Parede celular Localizada adjacentemente à membrana plasmática Sua base é formada por um peptidoglicano/mureína, NAG (N- acetilglicosamina) ou NAM (Ácido N-acetilmurâmico), que se ligam entre si por ligações do tipo beta 1-4. De cada molécula de NAM irá partir uma cadeia de tetrapeptídeos, L-alanina, D-glutamina, L-lisina (DAP) e D-alanina, que também vão se ligar entre si. Todas essas moléculas unidas conferem estabilidade à parede celular bacteriana e proteção a esse organismo Essa composição é uma estrutura exclusiva de bactérias Existem antimicrobianos que agem nessas estruturas, destruindo a parede celular da bactéria, sendo um processo específico que afeta apenas as bactérias Está presente na maioria das bactérias, com exceção das micoplasmas e algumas archae Algumas bactérias também irão possuir uma membrana externa à parede celular, constituída de lipídios, polissacarídeos e proteínas Funções da parede celular Estrutura complexa e semirrígida que dá forma à célula Previne contra a expansão/rompimento Envolve a membrana plasmática Ponto de ancoragem para flagelos e estruturas antigênicas Essencial para o crescimento e divisão da célula, ou seja, toda vez que a bactéria se divide, a parede celular precisa duplicar para se dividir também Para a parede celular se formar, os seus componentes primeiramente precisam ser produzidos Em azul tem-se a membrana plasmática e externamente a parede celular, formada por NAG, NAM e a cadeia de tetrapeptídeos. Essa produção ocorre em 3 domínios: começa dentro do citoplasma, são transportados por meio da membrana plasmática, sofrendo alterações ao passar por ela, e posteriormente são ejetados e unidos para serem inseridos na parede celular. Alguns medicamentos possuem mecanismos que podem inibir os processos que ocorrem nesses 3 domínios diferentes, que são chamados de translocações, transglicosilases e transpeptidases Quando a parede celular não se forma adequadamente, todas as suas funções serão prejudicadas, ou seja, a bactéria sofre lise mais facilmente, a passagem osmótica também se altera, dentre outros fatores. Permite a classificação das bactérias em 2 grandes grupos, as Gram + e Gram – Gram + Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Micro 07/02/2022 Possuem entre 25 a 45 camadas de peptideoglicanos (NAM e NAG) ligadas entre si pela cadeia de tetrapeptídeos Não possuem membrana externa Gram – Possuem apenas de 3 a 5 camadas de peptideoglicanos Externamente as suas camadas, possuem uma membrana externa rica em lipopolissacarídeos (LPS) Essa membrana torna o meio interno da bactéria ainda mais seletivo, pois é mais uma camada que a substância precisa atravessar Na imagem ao lado apresenta-se a estrutura de uma bactéria gram negativa, que possui a membrana plasmática, com suas proteínas transmembranas, a delgada camadade mureína (peptideoglicano), espaço periplasmático, membrana externa, e por último a camada de LPS A camada de LPS é constituída de 3 camadas: Lipídio A – estrutura vermelha, bem aderida à membrana externa possui uma ação de endotoxina, uma toxina interna, que se a bactéria está íntegra ele não possui influência em nada, porém quando utilizamos anti-microbianos que induzem lise na parede celular da bactéria, essa toxina cai na corrente sanguínea do paciente piorando o quadro de infecção. Core/centro – retângulo em azul, que liga as duas extremidades do LPS, ou seja, liga o lipídeo A à cadeia variável Antígeno O – sua composição é variável quanto à estrutura antigênica, ou seja, cada bactéria pode apresentar uma sequência de aminoácido diferente Christian Gram: em 1884, ele desenvolveu o método de coloração de bactérias que evidencia características morfotintoriais (morfológica e tintorial) Cristal violeta: primeiro componente, cora as 2 bactérias em roxo Lugol: segunda etapa, se fixa no corante e permite que ele se expanda e fique aderido à parede celular Álcool 100%: terceira etapa, lava-se o preparo com álcool e algumas das bactérias ficam transparentes e outras continuaram roxas. Isso acontece devido à desidratação que o álcool provoca no peptideoglicano, ou seja, como as gram positivas possuem de 25 a 45 camadas, apenas sua camada mais superficial perde a coloração, já as gram negativas, com apenas 3 a 5 camadas, perdem totalmente a coloração devido a desidratação completa das suas camadas Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Micro 07/02/2022 Fucsina: última etapa, usa-se um corante vermelho que irá corar apenas as estruturas que anteriormente estavam transparentes; As violetas não se coram com a fucsina, portanto, estabeleceu-se que as bactérias que se coram de roxo são as gram positivas, e as de vermelho são gram negativas Morfologia Bacteriana Forma Esférica: cocos Diplococos – cocos em pares Cadeia – os cocos se unem em forma de cordão Ex.: estreptococos Cacho – muitos cocos unidos Ex.: estafilococos Cilíndricas ou bastão: bacilos (diferente de bacillus, que representa um gênero) Cocobacilos – nem tão cilíndrico, nem tão esférico Bacilos – apenas um, totalmente esférico Diplobacilos – bacilos em pares Paliçadas – bacilos unidos verticalmente Estreptobacilos – bacilos unidos horizontalmente, como se fosse um cordão Vibrio – bacilo em forma de vírgula Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Micro 07/02/2022 Espiraladas: espirilos e espiroquetas. Possuem forma helicoidal com uma ou mais curvatura ao longo do seu eixo. Espiroquetas – forma de espiral flexível. Ex.: Borrelia, Leptospira Espirilos – forma de espiral incompleta e rígida. Ex.: Spirillum Utiliza-se a morfologia e a coloração com direcionamento e assim diagnosticar a bactéria que está causando tal infecção Apêndices Flagelos Longo filamento fino helicoidal Função: locomoção da bactéria Formados pela proteína flagelina A posição e o número de flagelos utilizados são importantes para classificação taxonômica e para dar o diagnóstico do processo infeccioso Constituição do flagelo: corpo basal (motor), gancho (porção do meio) e filamento helicoidal (a parte que sofre o movimento) O corpo basal é composto de uma pequena haste central inserida em uma série de anéis Nas Gram – há a presença de dois pares de anéis, sendo o par externo ancorado à várias porções da parede celular e o par interno à membrana plasmática; já nas Gram + somente o par interno está presente Tendo em vista que a bactéria gasta energia para se movimentar, os flagelos devem estar acoplados em uma parte da célula que há produção de energia, que consiste na membrana citoplasmática, componente metabólico da bactéria. Bactérias sem flagelos são chamadas de atríqueas Bactérias que possuem flagelos são classificadas em: Peritríqueos – possuem flagelo ao longo de toda a célula Polar – possui flagelos apenas em um ou ambos os polos da célula Monotríqueo – possui apenas um filamento em um polo Lofotríqueo – possui vários filamentos em um polo Anfitriqueo – flagelos em cada extremidade da célula Movimento flagelar: o giro dos flagelos forma um feixe que empurra o líquido circundante e propele a bactéria Polar reversível – quando gira no sentido anti-horário, a célula vai para frente; quando gira no sentido horário, vai para trás Polar unidirecional – só rotaciona em um sentido As bactérias se movimentam em busca de um componente atrativo ou se afastam por um componente repelente que faz ela mudar de ambiente, o que é chamado de taxia – Ex.: quimiotaxia, fototaxia Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Micro 07/02/2022 . Filamentos axiais/endoflagelos – estrutura semelhante ao flagelo que permitem movimentação limitada, apenas em volta do próprio eixo da célula bacteriana. Eles se originam nas extremidades das células e são constituídos de feixes de fibrilas Configura um movimento parecido com o de um saca-rolhas Comum nas espiroquetas, como por exemplo, aTreponema pallidum (causadora da sífilis) e a Borrelia burgdorferi (causadora da doença de Lyme) Fímbrias e Pili Fímbrias Estrutura filamentosa Diferentemente dos flagelos, não são helicoidais, são menores, mais retos, finos e mais numerosos Estão relacionadas com adesão celular (adesinas) De natureza proteica – pilina – assim como o pili Pili Normalmente são mais longos e há apenas 1 ou 2 por célula Previne que as células bacterianas sejam retiradas do local pelo muco ou fluidos corporais São antigenicamente distintas Pili sexual – envolvido na variabilidade genética bacteriana (transferência de DNA pela conjugação, que é como as bactérias se reproduzem) Ocorre principalmente nos plasmídeos e é muito importante na disseminação da resistência bacteriana. Cápsula – polissacarídeo Funções – proteção e adesão (por meio do mucopolissacarídeo presente na cápsula) Ligação às células do hospedeiro Dificulta a fagocitose – como ela é constituída de mucopolissacarídeo, o macrófago (primeira linha de defesa) não o reconhece imediatamente como uma estrutura ofensiva Fonte de nutrientes, pois é composta de mucopolissacarídeo e também faz retenção de água Na imagem, a cápsula corresponde a essa área mais clara envolvida da célula que está marcada de preto. Ela fica assim pois não se cora no processo de coloração. Ana Carolina Simões – MED 105 – Aula Micro 07/02/2022 Glicocálice Polímero viscoso e gelatinoso, composto de polissacarídeo e/ou polipeptídeo, situado externamente a parede celular Semelhante à cápsula caso esteja organizada e firmemente aderida a parede celular Caso não esteja, é descrito como uma camada viscosa Funções: virulência (protege contra a ação do sistema imune - fagocitose), adesão e fonte de nutrientes Esporos Formas latentes para sobrevivência em condições desfavoráveis - dessecamento, calor, falta de nutrientes Formas de repouso metabolicamente inativas: não ocorre crescimento enquanto as condições ambientais não forem variáveis Condições ambientais apropriadas: células vegetativas se tornam metabolicamente ativas Forma e localização na célula é variada Clostridium e Bacillus – são dois gêneros bacilos gram positivos e ambientais (amplamente disseminados no ambiente). Toda bactéria ambiental é resistente a condições desfavoráveis. Esses dois gêneros produzem os esporos Tipos Endósporo – quando o esporo está dentro da célula bacteriana Endósporo subterminal – ainda está dentro da célula, mas na parte terminal Endósporos centrais – quando está no centro da bactéria