Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
TUMORES DA BEXIGA AUTOR: PEDRO V.F. MEDRADO - Ocupa o 2º lugar na prevalência dos tumores do trato urinário, perdendo para os tumores de próstata - Bexiga – é um saco muscular cuja função é de reservatório de urina, em seu interior tem um aspecto trabeculado · Parede posterior – trígono vesical (local onde desembocam os ureteres) · É revestida por células transicionais – tumor mais comum é o de células transicionais · O urotélio – tem 3-7 camadas de células, e seguida da lâmina própria, que separa o urotélio da camada muscular - Camadas · Pelve – 2 a 3; Ureter – 3 a 5; Bexiga – 3 a 7 · Mucosa · Epitélio de transição, lâmina própria com glândulas mucosas apenas na abertura da uretra · Muscular · Longitudinal interna – músculo detrusor · Circular média (espessa) – esfíncter interno da uretra · Longitudinal externa – delgada · Adventícia · Tecido conjuntivo fibroso, elástico e adiposo - Urotélio · É um epitélio estratificado, diferente dos demais epitélios · As células da superfície estão cobertas por uma camada de GAG (glicosaminoglicano) · Função controversa – barreia osmótica e proteção antibacteriana · A elasticidade das células da camada superficial faz as células deslizarem quando a bexiga está cheia (epitélio fica mais delgado) · O aspecto histológico varia de acordo com o volume de urina armazenado · Quando vazia, a bexiga tem até 7 camadas - Epidemiologia · 2ª Neoplasia urogenital mais frequente no homem · Acomete mais o sexo masculino (3:1) · 7ª causa de morte em homens e 12ª em mulheres · Predomínio na terceira idade (60-70 anos) · Raça branca · Incidência aumentou 50% e a mortalidade diminuiu 30% · 75-85% são tumores superficiais · 20-30% diagnosticados com CA invadindo músculo · 45% de recorrência nos primeiros 12 meses · Origem: 90% bexiga, 8% pelve renal e 2% ureter e uretra proximal - Fatores de risco · Tabagismo – positivo em 50% dos casos · Avaliar tempo, quantidade e grau de inalação · Abuso de analgésicos derivados das fenacetinas (paracetamol) · Cistites crônicas / cálculos vesicais · Irradiação pélvica / ciclofosfamida · Exposição a aminas aromáticas – tintas, borracha e couro · Dieta rica em carnes e gorduras · Adoçantes – sacarina, ciclamato e cafeína · Esquistossomose · Extrofia vesical – o adenocarcinoma é o tipo mais comum nesse caso - Lesões benignas · Metaplasias epiteliais glandulares e escamosas · Causas – infecções recorrentes/cateterismo de alívio · Leucoplasia · Causas – infecção/inflamação crônica (risco de desenvolvimento de carcinoma) · Papiloma invertido · Papiloma urotelial grau I · Adenoma nefrogênico – alguns casos associados à adenocarcinoma vesical · Leiomioma - Biologia tumoral · Vias genéticas distintas · Baixo grau · Poucas anomalias · Principalmente no braço longo do cromossomo 9q · Progressão em 5-10% dos casos · Alto grau · Numerosas anomalias · Aneuploidia do cromossomo 7, 9 e 17 · Progressão em 60% dos casos · Exibem comportamento diferentes Papilífero grau I - NUM – Neoplasia urotelial de baixo potencial maligno - É o principal tumor superficial, classificado pela OMS como Grau I · Massa polipoide, única ou múltipla · Restrita a mucosa ou lâmina própria - É um tumor bem diferenciado, com tendência a sangramento - Tem recorrência de 20-30%, sendo a rara a progressão Lesões malignas - Carcinoma urotelial de baixo grau · São classificados com diferenciação intermediária – Grau II · Recorrência de 60% e progressão de 13% - Câncer papilar de alto grau · É um tumor com recorrência de 36,5% e progressão de 40% · É um tumor anaplásico com grau de diferenciação III · Geralmente são tumores de aspecto séssil ou plano, base larga, infiltrando a parede vesical · Evoluem para carcinoma invasivo, associado a metástases em quase 20% - Sobre as lesões malignas · 95% são carcinomas de células transicionais/ureterial · 3% carcinoma de células escamosas/epidermoide · 80% no Egito/países do mediterrâneo – S. haematobium · 80% dos paraplégicso em uso de sonda (especialmente a de permanência) e 5% desenvolve CCE · 2% de adenocarcinomas · Agressivos, e raros – extrofia da bexiga/ carcinoma de uraco - Patologia · 80-75% são tumores superficiais · 20-30% são do tipo invasivo (infiltram o músculo detrusor da bexiga) · 5% são metastáticos Carcinoma in situ - Consiste em um CA de células transicionais indiferenciado, confinado ao urotélio, de lesão plana, geralmente não visto na cistoscopia - Relaciona-se com maior tendência à recorrência e progressão tumoral - Citologia urinária positiva (80-90%) Tumores invasivos - História natural · Infiltram a camada muscular e lesam a gordura peri-vesical · Afetam estruturas vizinhas – parede pélvica, próstata, vesículas seminais, deferentes, útero e vagina · Disseminação por via linfática, contiguidade ou hematogênica Manifestações clínicas · Hematúria macroscópica indolor (80%) · Hematúria microscópica · Sintomas irritativos vesicais (20%) · Disúria · Polaciúria · Urgência miccional · Edema MMII/ dor – indica metástase Diagnóstico – a maioria dos tumores são descobertos ao acaso · Análises · Anemia · Insuficiência renal (aumento de Creatinina e Ureia) – quando tem obstrução ureteral bilateral · Hemoglobinúria · Leucocitúriase · Exames de imagem · Ecografia vesical · Ecografia renal · Uro-TC · RNM · PET-TC – avaliar metástase ganglionar · Cistoscopia · Citologia com hibridização por fluorescência · Marcadores tumorais · Não são específicos, mas podem ser solicitados Prognóstico e estadiamento - O prognóstico dependerá de: · Grau de diferenciação · Extensão da doença (estadiamento) · Número de lesões · Tamanho das lesões · Presença de carcinoma in situ · Ploidia celular do tumor · Alterações no gene p53 - Sobrevida de 5 anos de 90% de tumores diferenciados e 25% de tumores indiferenciados. - Estadiamento TNM · Estadia com o resultado da biópsia · A partir da biópsia, estadiamos para ver se existe ou não invasão muscular · Tumor superficial é resolvido só com a ressecção endoscópica, já se tiver invasão muscular é preciso retirada total ou parcial da bexiga · TC de abdome e pelve · RX de tórax – rotina · Cintilografia óssea – apenas se sintomas ósseos Tratamento - No passado, fazíamos cistoscopia que identificada a lesão vegetante e tirava um pedaço dela para biópsia, assim saberíamos qual seria o tratamento cirúrgico. · Atualmente – a biópsia não é mais feita por conta das complicações, e mesmo tumor benigno deve-se operar - Ressecção transuretral da bexiga deve tirar até a raiz do tumor, incluindo pedaço da camada muscular, a fim de reduzir recidivas. · Se maligno e infiltração da camada muscular – o paciente pode ter recidiva · Mesmo sem comprometimento da camada muscular – a retirada ainda tem o melhor prognóstico - Tumor dentro do divertículo – cirurgia complexa · Pseudodivertículos não tem camada muscular - Antes de usar o laser devemos ir com a alça e tirar uma parte já para servir para biópsia Terapia intravesical - Servirá para evitar recidiva, ou seja, é um complemento do tratamento 30 dias após a cirurgia - Quimioterápicos · Mitomicina C 40mg · Tiotepa 60 mg · Adriamicina (doxorrubicina) 80mg - Agentes imunomoduladores · BCG (Bacilo de Calmette-Guerrin) – Álvaro Morales 1976, Canadá. · Indução – 1x por semana por 6 semanas · Manutenção – 1x por mês por 1 ano · Efeitos colaterais – Febre, prostatite, pneumonia, hepatite, hematúria, artralgia, epididimite, obstrução uretral, rash e bexiga contraída. Óbito · Contraindicações da BCG · Tuberculose em atividade · Leucemias · Linfomas de Hodgkin · Gravidez · Lactação · Pacientes transplantados · A BCG reduz em 30% da recorrência e 25% da progressão Tratamento do tumor invasivo - Cistectomia radial (mandatória) · 1970 – morbidade de 35% e mortalidade de até 20% · Atualmente 28% de morbidade e mortalidade de 3% · Re-operação em 10% · No homem – retirada de toda a bexiga, próstata, vesículas seminais, ductos deferentes e uretra proximal · Na mulher – retirada de toda bexiga, uretra, trompas, ovários e parede vaginal anterior - Linfadenectomia – 15 gânglios – ilíacos e obturatórios- Uretrectomia · Doença multifocal · Carcinoma in situ · Acometimento do colo vesical e da próstata - Recorrência uretral – 4-8% em homens (uretra prostática) e 2-12% em mulheres - Derivações urinária · Não existe reservatório perfeito · Segmentos utilizados – estômago, jejuno, íleo e cólon · Tipos de derivações · Incontinente – conduto ileal – ureteroileostomia cutânea bilateral (Bricker) · É criado um ducto de 20 cm do intestino delgado, criando um tubo no qual será implantado os ureteres. · Esses 20 cm funcionam como reservatório, podendo ser feito cateterismo intermitentes por eles. · Terão que usar uma bolsa · Continente – confecção de uma bolsa utilizando o intestino delgado – conduto YANG-MONTI · Assim que criamos um reservatório com o intestino delgado ocorre muita produção de muco com menor capacidade de esvaziamento · Precisa de lavado vesical frequente para diminuir essa produção · Precisará fazer manobras de Credê e Valsava, compressões vesicais ou até cateterismo intermitente. · Vantagem – não precisa de ileostomia, a anastomose é feita diretamente na uretra - Ureterostomia cutânea · No passado é mais feito, mas hoje raramente se faz, a preferência é pela técnica de Bricker. · Técnica – retira a bexiga por completo Mudanças de hábitos - Parar de fumar - Administração de megadoses de vitaminas parecem prevenir recorrências - Líquidos - Evitar gorduras
Compartilhar