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Orientação sexual e identidade de gênero Escola precisa saber incluir

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Orientação sexual e identidade de gênero: escola precisa saber incluir
Os danos causados pelo descaso com a diversidade atingem números
alarmantes: 54% dos assassinatos de pessoas trans no mundo ocorrem no Brasil.
Segundo a ONG Transgender Europe, e a expectativa de vida dessas pessoas é de
35 anos, e segundo a Associação Nacional de Travestis Transgêneros (Antra),
transtornos mentais, depressão, ansiedade, suicídio, e automutilação são mais
comuns em pessoas LGBTQIA+. Não pode deixar de citar que o preconceito, a
discriminação, o estigma e a violência são impostos desde cedo no dia a dia de
pessoas de lésbicas, gays, bissexuais, transexuais, travestis, transgêneros, queer,
intersexuais e assexuais.
A educação sexual consta como tema transversal na Base Nacional Comum
Curricular (BNCC). Isso se torna alarmante pois é na na escola que acontecem as
piores situações de preconceito e discriminação, registra Saulo Vito Ciasca, médico
psiquiatra pela USP e coordenador titular da área da saúde da Aliança Nacional
LGBTI+. O IBGE, no último censo, deu conta de 10% da população ser LGBTI+,
embora acredite ser um número subestimado, porque a pesquisa é muitas vezes
feita dentro de casa. Estima-se que haja cerca de 16% a 18% da população LGBTI+
em algum espectro dessas possibilidades. Sendo assim, dentro das escolas 10% de
crianças e adolescentes podem ter orientação sexual ou identidade de gênero
diversa, registra Marcelo Limão, especialista em diversidade sexual e de gênero e
saúde mental no trabalho pelo IPq-USP, além de conselheiro da ONG Mães pela
Diversidade.
Após discorrer os pontos acima, fica muito claro o papel fundamental da
escola na saúde dessas pessoas. O processo primário de socialização da criança é
em casa. O momento de ir para a escola é o segundo processo de socialização. Em
geral, na nossa cultura, as famílias não vão aceitar essa ideia de ter uma criança
LGBT e já terá uma negativa em casa. A possibilidade de reverter isso é na escola.
Em aula de biologia, por exemplo, deveria ser ensinado que existem corpos
diferentes.Imagina uma criança intersexo nunca ouvir falar da possibilidade de ela
existir? Ou aquela que tem dois pais e a escola fica o tempo todo falando de pai e
mãe? Sem ser uma imposição, assim como existe a diversidade racial, diversidade
intelectual, física, isso também deve ser mostrado.
Conforme está descrito na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDB, Lei nº 9.394/1996), a BNCC deve nortear os currículos dos sistemas e redes
de ensino das Unidades Federativas, como também as propostas pedagógicas de
todas as escolas públicas e privadas de Educação Infantil, Ensino Fundamental e
Ensino Médio, em todo o Brasil. Nesse documento estão descritos os
conhecimentos, competências e habilidades que se espera que todos os estudantes
desenvolvam ao longo da escolaridade básica. Orientada pelos princípios éticos,
políticos e estéticos traçados pelas Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação
Básica, a Base soma-se aos propósitos que direcionam a educação brasileira para a
formação humana integral e para a construção de uma sociedade justa, democrática
e inclusiva.
No documento oficial da BNCC, que está disponível no site do Ministério da
Educação, encontram-se algumas passagens onde é citado a educação sexual e
identidade de gênero. sendo elas:
● “...são abordados também temas relacionados à reprodução e à
sexualidade humana.”;
● “…fundamental que tenham condições de assumir o protagonismo na
escolha de posicionamentos que representem autocuidado com seu
corpo e respeito com o corpo do outro, na perspectiva do cuidado
integral à saúde física, mental, sexual e reprodutiva.”
● HABILIDADES
○ “(EF08CI07) Comparar diferentes processos reprodutivos em
plantas e animais em relação aos mecanismos adaptativos e
evolutivos.”
○ “(EF08CI08) Analisar e explicar as transformações que ocorrem
na puberdade considerando a atuação dos hormônios sexuais e
do sistema nervoso.”
○ “(EF08CI09) Comparar o modo de ação e a eficácia dos
diversos métodos contraceptivos e justificar a necessidade de
compartilhar a responsabilidade na escolha e na utilização do
método mais adequado à prevenção da gravidez precoce e
indesejada e de Doenças Sexualmente Transmissíveis (DST).”
○ “(EF08CI10) Identificar os principais sintomas, modos de
transmissão e tratamento de algumas DST (com ênfase na
AIDS), e discutir estratégias e métodos de prevenção.”
○ “(EF08CI11) Selecionar argumentos que evidenciem as
múltiplas dimensões da sexualidade humana (biológica,
sociocultural, afetiva e ética).”
Entretanto, atrelado ao BNCC, na educação temos outro documento que rege
o processo de educação, o Projeto Político Pedagógico (PPP). Esse documento tem
como objetivo principal o planejamento e o acompanhamento das atividades de uma
instituição escolar, que devem ser feitos por todas as instituições de ensino,
firmados como obrigatoriedade pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB). Para que o PPP seja redigido de maneira assertiva, ele deve conter
uma visão geral sobre a instituição, especificando quais são as suas
particularidades, que competências quer desenvolver nos alunos e como deseja
fazê-lo. Mas, na prática, segundo relato de um professor da rede de ensino público
do município de Crateús, o PPP não se atém às questões sexuais. Em sua vivência,
o mesmo cita que o documento propõe falar sobre respeitar as identidades de
gêneros, mas em nenhum momento do documento, ou de sala de aula, mostra-se
como ensinar as crianças e adolescentes sobre diversidade de gênero e respeito
aos mesmos.
Para tal situação, que se evidencia extremamente crítica na nossa sociedade,
se faz necessário a criação de Políticas Públicas que garantam que educação
sexual, Orientação sexual e identidade de gênero sejam assuntos contemplados na
sala de aula. Além de Políticas Públicas, deve ser criado um comité dentro do
Ministério da Educação que seja responsável por criar um plano de conscientização
para professores e gestores de escolas sobre esse tópico. Além desse plano, com
auxílio de comissões que devem ser criadas dentro de secretarias municipais e
estaduais de educação, em conjunto com o comité federal, devem acompanhar e
garantir que tais assuntos sejam abordados em sala de aula. Para financiar tal
proposta, se faz necessário que parte das verbas federais e municipais da educação
sejam destinadas para a criação e manutenção desse comitê. Abaixo, segue um
modelo visual de como esse comitê deverá ser estruturado em instâncias federais e
municipais.
Figura 01: esboço do comitê de Orientação sexual e identidade de gênero
Fonte: Autores

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