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PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Carla Conte Martini 2PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL SUMÁRIO Esta é uma obra coletiva organizada por iniciativa e direção do CENTRO SUPERIOR DE TECNOLOGIA TECBRASIL LTDA – Faculdades Ftec que, na forma do art. 5º, VIII, h, da Lei nº 9.610/98, a publica sob sua marca e detém os direitos de exploração comercial e todos os demais previstos em contrato. É proibida a reprodução parcial ou integral sem autorização expressa e escrita. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIFTEC Rua Gustavo Ramos Sehbe n.º 107. Caxias do Sul/ RS REITOR Claudino José Meneguzzi Júnior PRÓ-REITORA ACADÊMICA Débora Frizzo PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO Altair Ruzzarin DIRETORA DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA (EAD) Lígia Futterleib Desenvolvido pela equipe de Criações para o ensino a distância (CREAD) Coordenadora e Designer Instrucional Sabrina Maciel Diagramação, Ilustração e Alteração de Imagem Júlia Oliveira Revisora Luana dos Reis INTRODUÇÃO 3 HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA NAS ORGA- NIZAÇÕES 4 A Psicologia até 1945 7 No Brasil 8 A Psicologia até a década de 1960 9 A Psicologia no final da década de 1960 até 1970 10 O trabalho e a mudança no processo produtivo 11 Síntese 14 A PSICOLOGIA NO CONTEXTO DA DINÂMICA ORGANIZA- CIONAL 16 A Psicologia e o senso comum 17 A Psicologia como profissão 18 A Psicologia no contexto da dinâmica organizacional 20 Perspectivas no campo da psicologia organizacional e do trabalho 22 Síntese 24 CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA ÀS ORGANIZAÇÕES 26 As práticas do psicólogo organizacional e do trabalho 27 As inovações na Psicologia organizacional e do trabalho 28 Síntese 33 DESENVOLVIMENTO HUMANO, O SUJEITO E A ORGANIZA- ÇÃO 35 A importância do estudo do desenvolvimento humano 37 A teoria do desenvolvimento humano de Piaget 38 A teoria psicanalítica e sua aplicação nas organizações 41 Para concluir, uma breve compreensão sobre a adoles- cência 44 Síntese 46 O COMPORTAMENTO HUMANO E O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL 48 O comportamento organizacional 50 A aplicação prática dos conhecimentos de comportamento organizacional 52 Como criar um modelo de comportamento organizacional? 56 Síntese 59 INTERVENÇÕES EM PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL 61 As interfaces da Psicologia organizacional e do trabalho 62 As características de intervenção em Psicologia organi- zacional e do trabalho 64 Síntese 67 TRABALHO E SUBJETIVIDADE 69 Subjetividade e gestão 70 O ajustamento humano 72 A doença no trabalho 74 O comportamento normal 76 Síntese 78 INTELIGÊNCIA EMOCIONAL 81 Como ampliar a autoconsciência? 83 Como controlar suas emoções? 87 Como se motivar? 89 Como desenvolver técnicas de comunicação eficazes? 91 Como desenvolver a destreza interpessoal? 92 Como ajudar outras pessoas a se ajudarem? 93 Síntese 94 REFERÊNCIAS 97 3PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL INTRODUÇÃO Olá, queridos alunos! Neste ebook abordaremos o tema Psicologia Organizacional. Hoje é inquestionável a importância do fator humano para o desenvolvimento, à produtividade, à inovação nas nossas organizações. A Psicologia Organizacional trata justamente desta interface: SER HUMANO E TRABALHO Vamos compreender o que é a ciência da Psicologia, que é muito diferente do senso comum e daquela máxima que confunde um ombro amigo com o trabalho do psicólogo. Estudaremos como a Psicologia insere-se no mundo do trabalho, com uma área especializada de atuação, a Psicologia Organizacional e do Trabalho. A Psicologia Organizacional e do trabalho é uma área de atuação do Psicólogo, uma área já bem consolidada e que nos últimos anos tem-se observado uma grande expansão, tanto em inserção profissional como em ampliação da gama de atividades desenvolvidas, contribuindo ainda mais à eficiência e eficácia das organizações. Finalizando o ebook, temos um capítulo direcionado à Inteligência Emocional. Esta é uma ferramenta prática que possibilita o autodesenvolvimento e o desenvolvimento das pessoas e equipes a nossa volta. Bom proveito! Abraços! Profª Carla. 4PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL HISTÓRICO E FUNDAMENTOS DA PSICOLOGIA NAS ORGANIZAÇÕES O trabalho, como ponto de partida à humanidade, e o ser humano como seu agente de transformação, moldam o estudo da Administração e da Psicologia. 5PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL O estudo do trabalho é um dos temas mais importantes e estudados pela ciência. Várias áreas do conhecimento investigam este assunto. Abarca desde as áreas exatas como a Engenharia, passando pela Economia, pela Medicina, Nutrição, Psicologia. Praticamente todas as áreas do conhecimento científico humano contemplam o estudo do trabalho. Muitos estudiosos afirmam que a humanidade se cons- tituiu a partir da relação ser humano e trabalho. O trabalho entendido como “nossa capacidade de transformar a natureza em nosso próprio proveito” (Bock, 2009) é o ponto de partida para o desenvolvimento da humanidade. A partir da primeira ferramenta, lascar uma pedra e transformá-la em objeto cor- tante, representa o início da humanidade como entendemos hoje. Não vamos, neste capítulo, nos aprofundarmos no estudo dos primórdios do trabalho, que, apesar de ser um tema muito interessante, não é contemplado para esta disciplina. Vamos sim, contextualizar o trabalho a partir do século XX, fase do desenvolvimento capitalista conhecida como capitalismo tardio. E a Psicologia? O primeiro estudo científico que relacionou produti- vidade e motivação dos trabalhadores, estabelecendo relações causais entre estes temas ocorreu entre 1924 e 1932 em Chicago, na empresa Western Eletric Company, produtora de centrais telefônicas. O estudo foi conduzido por George Elton Mayo e inaugurou a abordagem humanística em Administração. Um pouquinho de calma para entendermos o contexto, e, já, já falamos mais sobre este tema. Combinado? Imaginem este cenário: • Transferência do centro do capitalismo da Inglaterra para os Estados Unidos. 6PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Industrialização como foco central do desenvolvimento econômico. • Centralização do capital nos países do Primeiro Mundo. Seguido de: • Crise de 1929 que levou a uma reorganização da economia. • A intervenção do Estado como regulador do capital. • Guerra fria, corrida nuclear e o fim do Estado de bem-estar social (alguns países da Europa). Neste cenário pouco tranquilo, nem pacífico, ocorreu o de- senvolvimento industrial e o surgimento de grandes corporações conhecidas até hoje - General Motors e a IBM – consolidando a fase científica da administração de empresas. O capital destas grandes corporações foi transformado em ações e isso inf luenciou sua administração – antes familiar – para se profissionalizar. Aparece a figura do executivo, que é o profissional supercapacidado e responsável por gerir os negócios no lugar do dono do capital. Os trabalhadores também mudaram. Neste período sur- gem as grandes mobilizações, a força dos grandes sindicatos e eclode o movimento operário em reinvindicação a direitos trabalhistas e salariais. A greve era seu principal instrumento. Com a maior sofisticação tecnológica da produção, desde o advento da linha de produção e sua crescente mecanização, demandou maior qualificação dos trabalhadores. Esta maior qualificação exigiu uma estabilização no emprego, surgindo a participação dos psicólogos organizacionais no processo. 7PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL “Diminuir o turn-over (termo inglês utilizado para designar a rotatividade no emprego) tornou-se o ponto estratégico para as grandes empresas e forma de diminuir o custo com treinamento de operários. Este fator contribuiu para o aparecimento da Psicologia Organizacional” (BOCK, 2009, p.251). Neste período, início do século XX até o final da década de 1970, era comum encontrar trabalhadores que permaneciam por 20, 30 anos em uma mesma empresa, construindo sua carreira em ambiente de trabalho estável. A Psicologia até 1945 De acordo com Zanelli (2004), as abordagens teóricas e métodos de trabalho que marcarama Psicologia, foram: • A psicofísica clássica: utilizada na criação de testes que avaliam o potencial de ajustamento de trabalhadores para postos de trabalhos específicos. • Os testes são utilizados nos processos seletivos das empresas. Avaliam inteligência e características vocacionais, atitudes, interesses e atributos de personalidade. • Na Alemanha surge o interesse de analisar a estrutura pro- funda da personalidade aliada a medidas psicométricas mais usuais. São utilizadas nos processos seletivos. • “Human Engineering” – desenho de equipamentos (incluin- do armamentos) para o uso humano. Movimento decorrente do modelo de administração científica de Taylor. • Os fatores sociais passam a ser estudados, surge a teoria de campo de Kurt Lewin e os processos de dinâmica dos gru- pos. “O foco nos pequenos grupos consolida-se como uma perspectiva influente de análise e intervenção” (ZANELLI, 2004). • A necessidade de aperfeiçoar métodos de treinamento no trabalho devido a demandas educacionais. 8PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL No Brasil Enquanto isso, o que acontecia no Brasil? O Brasil chegou atrasado no processo de industrialização. Isso ocorre, em maior escala, a partir de 1950. É claro que já existiam indústrias antes disso, mas eram precárias, simples e que, em geral, apoiavam a agricultura (cana de açúcar) e mineração, até então, a principal atividade econômica brasileira. No Segundo Império e na República Velha, praticamente todo produto industrializado no Brasil era importado. A partir de 1930, com o governo de Getúlio Vargas e a implantação dos direitos trabalhistas através da CLT (Consoli- dação das Leis Trabalhistas) é que, de fato, inicia-se o processo de industrialização no Brasil. No governo de Juscelino Kubits- chek há um investimento de maior vulto na industrialização com a instalação de montadoras de automóveis e caminhões e o setor de autopeças. Nosso contexto, portanto, era esse: • Estrutura agrária oligárquica. • Política escravagista até o final do século XIX. • Poucos investimentos em educação. Agora, imaginem o perfil do trabalhador brasileiro neste período?! Este perfil não atende as demandas das indústrias. A solução encontrada para o despreparo dos trabalhadores foi a sua formação profissional no próprio ambiente de trabalho. Surge o SENAI (1942), mantido com verba governamental e apoio da indústria. Este sistema substituiu a educação formal, pois os trabalhadores abandonavam os estudos na escola para garantir sua vaga nas empresas. 9PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Enquanto o Brasil tentava concretizar sua Revolução In- dustrial, o restante do Mundo Industrializado prepara-se para entrar na Terceira Revolução Industrial ou Revolução Tecno- lógica. A Revolução Tecnológica mudou significativamente as práticas administrativas e a gestão de pessoal, exigindo novos conhecimentos da Psicologia Organizacional e do Trabalho. No Brasil, ainda se estruturava em termos de linha de pro- dução e meios modernos de administração (fordista-taylorista). Este atraso fez com que o processo à Revolução Tecnológica fosse abreviado, pois recebíamos no Brasil o que já havia sido testado em outros países. Assim, na década de 90, o Brasil era um país industrializado e ao mesmo tempo, pelas suas ca- racterísticas de acumulação do capital, um país com uma das maiores diferenças sociais de todo o planeta. A Psicologia até a década de 1960 De acordo com Zanelli (2004), as abordagens teóricas e métodos de trabalho utilizados neste período são: • A seleção de pessoal segue como uma das principais ativi- dades. • Há uma maior atenção ao treinamento, devido a novas tec- nologias e necessidade de desenvolvimento de habilidades de supervisão e gerenciamento. • TWI (Training Within Industry): valorização de estilos de liderança menos autoritários. • Crescem pesquisas sobre como ocorre a aprendizagem, sobre a aquisição de habilidades e métodos de ensino. Por volta de 1960 surge o interesse pela instrução programada, e a análise do trabalho é uma técnica básica. 10PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Maior interesse pela dinâmica dos grupos em treinamentos gerenciais. • Na Inglaterra, o Instituto Tavistock desenvolve o modelo de pesquisa-ação que embasa o trabalho de mudança orga- nizacional. As pesquisas levam aos conceitos de grupos de trabalho semiautônomos e a noção do sistema sociotécnico. A Psicologia no final da década de 1960 até 1970 Este período da Psicologia é marcado pela maior preocupação metodológica. Há um crescimento na área, o desenvolvimento de novas teorias e as interfaces com outros domínios revelam inconsistências. De acordo com Zanelli (2004), as principais abordagens teóricas e métodos de trabalho neste período são: • Seguir a importância da seleção de pessoal, agregando-se a simulações de aspectos reais do trabalho a ser executado. • Há o surgimento do conceito de Desenvolvimento Orga- nizacional como um conjunto amplo de estratégias para aprimorar o desempenho de pessoas e organizações de ma- neira integrada. • A ideia de controle do trabalho dá lugar à necessidade de envolvimento das pessoas com o seu trabalho. São desen- volvidos os Programas de Qualidade de Vida. • A democracia industrial leva à análise das relações e dos pa- péis das entidades sindicais nas decisões organizacionais. Os psicólogos passam a ser, também, consultores de entidades de trabalhadores. Percebemos, que a cada período, o conjunto de práticas profissionais do psicólogo está relacionado a um contexto social e cultural que não podem ser negligenciados, e seu desenvol- vimento advém de tentativas de construir novos conceitos para lidar com os desafios emergentes a cada momento. 11PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL O trabalho e a mudança no processo produtivo O desenvolvimento tecnológico atinge novo patamar na década de 70 com a chegada da microeletrônica, entretanto, a crise do petróleo na década de 80 exigiu uma forte remodelação da administração nas grandes empresas. “Um experiente profissional do setor de Recursos Humanos de uma empresa multinacional disse, ao final dos anos 1990, que, depois da crise, foi obrigado a demitir os trabalhadores com baixa produtividade, em seguida os mais produtivos e, por fim, os ótimos ou os muito produtivos e ‘esses éramos nós mesmos’!” (BOCK, 2009, p. 253). Uma das formas encontradas para vencer a crise e aproveitar o conhecimento trazido pela informatização foi a reestrutura- ção do sistema de produção. Esses novos equipamentos (como torno CNC) permitem maior f lexibilidade da produção e, por outro lado, trabalhadores muito qualificados. 12PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Novas tecnologias, maior qualificação dos trabalhadores demandam novas formas de administrar. Novamente, a indústria automobilística é pioneira e surge um novo sistema de produ- ção: a Toyota, com o sistema just in time, caracteriza-se por: • Equipamentos informatizados. • Trabalhador mais qualificado, com maior capacidade criativa, alguém que planeja o que será produzido e a possibilidade de trabalhar a partir de tarefas ou grupos. • Flexibilidade na operação do equipamento. • Mudança rápida do que é produzido. • O setor de autopeças é instalado no parque industrial. • A produção é feita a partir da demanda do consumidor. • Sem estoques. Esta nova forma de produção exigiu uma redefinição do contrato de trabalho. A partir do período de crise, as empresas aprenderam a otimizar a produção. A alternativa encontrada foi a terceirização, ou seja, a empresa destina a outra empresa a produção daquilo que não é essencial para sua produção. Com a terceirização surgem vários problemas para o traba- lhador: a precarização do contrato de trabalho, a f lexibilização do horário de trabalho e o enxugamento de pessoal. No ponto de vista psicológico, este novo sistema foi danoso à saúde do trabalhador e passamos a conviver com: Síndrome de Burnout, LER, Dort, assédio, etc., esses termos definemalgum tipo de sofrimento psíquico ou físico, agravando o desgaste provocado pelo trabalho. Neste período, no Brasil da década de 1980, os psicólogos organizacionais atuavam nas seguintes áreas: 13PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Atividades desenvolvidas por psicólogos nas organizações na década de 1980. Esta forma de atuação do psicólogo, até o final da década de 1980 é bastante criticada, pois não se diferenciava efetivamente de outros trabalhadores que se submetiam a um trabalho fragmentado e sem visão do todo. Faltava-lhe uma visão mais clara do produto do seu trabalho (ZANELLI, 2004). Esta crítica deu origem a linhas inovadoras de atuação da Psicologia. Na década de 1990, com a abertura de mercado e intenso aumento da competitividade global, as organizações brasileiras exigem novas competências e formas de trabalho. Em 2001 surgiu o primeiro periódico na área de Psicologia Organizacional. Neste mesmo ano, foi criada a Sociedade Brasileira de Psicologia Organizacional e do Trabalho, com a finalidade de agregar os profissionais brasileiros atuantes nesta área. Com isso, finalizamos nosso primeiro capítulo, compre- endendo um pouco mais do contexto mundial e brasileiro de onde se desenvolve a Psicologia Organizacional. Abordaremos, nos capítulos seguintes, a continuação desta história, agora em uma perspectiva dos dias atuais. Um abraço e até mais! Atividades desenvolvidas Representatividade Seleção de pessoal Aplicação de testes Recrutamento Mais de 40% Acompanhamento de pessoal Treinamento Avaliação de desempenho Análise da função/ocupação Entre 30 e 40% Planejamento e execução de projetos Desenvolvimento organizacional Triagem Cargo administrativo Assessoria Entre 20 e 30% Análise de cargos e salários Aconselhamento psicológico Diagnóstico situacional Supervisão de estágios acadêmicos Orientação e treinamento para profissionais Psicodiagnóstico Consultoria Menos de 20% 14PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Síntese Neste capítulo, realizamos uma contextualização sobre o mundo do trabalho, as grandes mu- danças nos processos produtivos a partir de 1900. Abordamos também, a realidade brasileira, como atravessamos a Revolução Industrial e depois a Revolução Tecnológica. ‘Costurando’ esses fatos, apresentamos o surgimento e o amadurecimento da Psicologia Organizacional e do Trabalho. En- tendemos que o conjunto de práticas profissionais do psicólogo estão relacionados a um contexto social e cultural que não podem ser negligenciados, e seu desenvolvimento advém de tentativas de construir novos conceitos para lidar com os desafios emergentes a cada momento. 15PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Exercícios 1. Complete a lacuna: a. O conjunto de práticas profissionais do psicólogo estão relacionadas a um ______________________que não po- dem ser negligenciados, e seu desenvolvimento advém de tentativas de construir novos conceitos para lidar com os desafios emergentes a cada momento. 2. Assinale V (se verdadeiro) ou F (se falso): a. ( ) A humanidade se constituiu a partir da relação ser huma- no e trabalho. O trabalho entendido como nossa capacidade de transformar a natureza em nosso próprio proveito. b. ( ) Na década de 90, o Brasil era um país industrializado e, ao mesmo tempo, pelas suas características de acumulação do capital, um país com uma das maiores diferenças sociais de todo o planeta. c. ( ) A criação do SENAI (1942), mantida pelo governo e indústria, foi a solução encontrada para o despreparo dos trabalhadores. d. ( ) O trabalho entendido como nossa capacidade de trans- formar a natureza em nosso próprio proveito, é o ponto de partida para o desenvolvimento da desigualdade social. 16PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A PSICOLOGIA NO CONTEXTO DA DINÂMICA ORGANIZACIONAL A Psicologia acompanha as mudanças nos processos produtivos e as novas demandas organizacionais. Olá, pessoal! Neste capítulo estudaremos o tema da Psicologia no contexto da dinâmica organizacional. Para isso, iniciaremos o capítulo com uma apresentação do que é a Psicologia como uma profissão, e depois, direcio- naremos para o contexto organizacional, combinado? 17PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A Psicologia e o senso comum A preocupação em conhecer o comportamento humano desperta o interesse desde os primórdios da humanidade. Com- preender e explicar o comportamento humano deu origem a vários entendimentos, como por exemplo: • A crença que o caráter da criança é influenciado pelos astros no momento do nascimento fundamenta-se na astrologia. A astro- logia é uma crença milenar que ainda persiste nos dias atuais. • Explicar o comportamento humano comparando-o a animais é outra forma de compreensão. Exemplo: agressivo como um leão, leal como um cão. Existem as crenças e ditados populares, que também são formas de explicar o comportamento humano. Querem ver alguns exemplos: • ‘O líder nasce feito’ e ‘A fruta não cai longe do pé’, nos remete a questão da hereditariedade como determinante do comportamento humano. • ‘A ocasião faz o ladrão’ e ‘diga-me com quem andas que eu te direi quem és’, enfatizam a questão da predominância dos fatores am- bientais. • ‘Nunca é tarde para aprender’ e ‘não se ensina truque novo para ca- chorro velho’, nos remetem às questões da aprendizagem humana. Observamos que há uma confusão entre o que é Psicologia e o que é senso comum. Senso comum “mistura e recicla os saberes, muito mais especializados, e os reduz a um tipo de teoria simplificada, produzindo uma determinada visão de mundo” (BOCK, 2008, p. 18). Vamos aos exemplos para melhor compreensão: Quando falamos ‘mulher neurótica’, ‘rapaz depressivo’, ‘ele é um sociopata’, ‘aquele menino é hiperativo’, não estamos uti- lizando os conceitos da Psicologia científica, embora, com uma compreensão simplificada, ainda assim nos fazemos entender. 18PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A Psicologia como profissão Bem, a palavra Psicologia tem sua origem em duas pa- lavras gregas: psyche, que significa alma (também entendida como mente), e logos, que significa discurso. A Psicologia é uma ciência e uma profissão regulamentada no Brasil desde 1962. De acordo com o CFP (Conselho Federal de Psicologia), no Brasil, no ano de 2018, há 325.825 psicólogos. Psicólogo é o profissional que conclui a graduação em instituição de nível superior e realiza seu registro profissional no seu conselho (no caso do Psicólogo, é o CFP). Como toda profissão regulamentada, existem métodos e técnicas que são de uso privativo do psicólogo, ou seja, nenhum outro profissional pode utilizá-los. São eles: • Métodos e técnicas da Psicologia. • Diagnóstico psicológico. • Orientação e seleção profissional. • Orientação psicopedagógica. • Solução de problemas de ajustamento. Os psicólogos, independente da sua área de atuação, bus- cam, com seu trabalho, conhecer e dar visibilidade à dimensão subjetiva ou psicológica da realidade. É onde ‘moram’ nossos sentimentos, emoções, ações, sentidos, significados, desejos e pensamentos que as pessoas constroem no decorrer da vida e que nos fazem sentir e pensar algo em relação às outras pessoas e/ou situações. Agora, pense comigo: Você se relaciona com pessoas, faz diversas coisas no dia a dia, conhece lugares, acessa informações, entra em contato com objetos e situações da nossa cultura... Tudo isso (ou quase tudo) vai sendo registrado por você, como uma imagem, ou sensação, ou emoção... Tudo isso forma nosso 'EU'. http://www.crprs.org.br/upload/files_publications/1fb62b0e8a712666e5004b0a5916caad.pdf acesso em 30/10/2018. 19PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Assim, a Psicologia possui recursos teórico-técnicos para compreender e dar visibilidade e inteligibilidade a esse mun- do subjetivo, fazendo isso em relação a uma pessoa ou grupo. Vamos a alguns exemplos: • Para os Psicólogos Behavioristas (comportamentalistas), o com- portamento humano compreende apenas as reações observáveis de forma direta. • Os PsicólogosCognitivistas (Freud e Lewin, entre outros) consideram o comportamento de forma mais ampla, ou seja, “consideram-no como sendo todas as reações do organismo, inclusive as inferidas de outros comportamentos” (Aguiar, 2005, p. 135). Como exemplo, os proces- sos perceptivos, a memória, o raciocínio, os motivos, os sentimentos. O psicólogo pode atuar em diversas áreas: Psicoterapia (em geral, a mais conhecida), a Psicologia escolar, a Psicologia social, a Psicologia jurídica (que auxilia o juiz através de avaliações psi- cológicas, em disputas judiciais como pela guarda de um filho); há a Psicologia do trânsito, do esporte, do trabalho, entre outras. Na Psicologia do trabalho e das organizações, o foco do nosso interesse neste capítulo, possui atuação nas empresas. As atividades desenvolvidas pelo psicólogo organizacional são diversificadas e conectadas à realidade de cada organização. A ênfase está no processo de produção do trabalho em suas várias formas. Por exemplo: • O foco pode estar na saúde das pessoas ou nas relações entre elas para o desenvolvimento do trabalho. • Pode estar na forma de organização da força de trabalho e na gestão das pessoas envolvidas. É possível trabalhar na seleção dos trabalhadores, para seu aprimoramento, sua recolocação, etc. • São as tarefas decorrentes da preocupação com a dimensão sub- jetiva do processo de trabalho. 20PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A Psicologia no contexto da dinâmica organizacional O sistema produtivo demanda soluções administrativas, financeiras, comerciais, produtivas; e em relação a forma de administrar as pessoas da organização. Inserem-se neste espaço psicólogos, administradores, sociólogos, tecnólogos, engenheiros e outros profissionais que atuam na área de Recursos Humanos, buscando soluções e procedimentos para enfrentar o contexto econômico e produtivo dos novos tempos. As mudanças no sistema produtivo não ocorrem por igual em todo o mundo. Elas vão acontecendo de forma diferenciada, conforme o país em que estão ocorrendo as mudanças. Exemplo: no Japão, a indústria está mais avançada na implantação do sistema produtivo. O Brasil adotou tardiamente este modelo, pois sofre com a falta de indústrias de tecnologia de ponta e possui um par- que industrial, na sua maioria, com produtos de média complexidade. Vamos lembrar que modelo é esse? No final do século XX e na primeira década do século XXI, o período foi chamado de reestruturação produtiva. Esta reestruturação produtiva, iniciada pela indústria automobilísti- ca, requer uma adaptação do maquinário do parque industrial, estendendo-se a empresas de menor porte. No entanto, ainda encontramos empresas funcionando de acordo com o modelo mais antigo. As empresas mais avançadas constroem o caminho a ser seguido pelas demais. Por conse- quência, desenvolvem-se novos modelos de gestão de pessoas para acompanhar essas mudanças. Atualmente, esse modelo está mais baseado na gestão do conhecimento e na noção de competências. O antigo ‘en- contrar a pessoa certa para o lugar certo’ foi substituído por estratégias de desenvolvimento e formação dos seus quadros e não somente com ações que busquem a ‘pessoa certa’, pois 21PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL não há um lugar único esperando pelo trabalhador, ele deve ter f lexibilidade suficiente para realizar várias tarefas. Devido a esta mobilidade, ganha maior relevância o treinamento e a formação do trabalhador. A expectativa é a de que ele chegue à empresa com as condições necessárias para aprender novas habilidades a partir das competências definidas para múltiplas funções que deverá desempenhar. O antigo papel do psicólogo como aplicador de testes para identificar o perfil adequado à função a ser desempenhada, foi transformado na função de um gestor de pessoas, que se preocupa com: • a escolha profissional; • o processo de decisões; • a formação do trabalhador; • os processos organizacionais; • o desempenho do trabalhador; • e os muitos problemas inerentes a essa situação (BOCK, 2008, p. 257). 22PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Perspectivas no campo da psicologia organizacional e do trabalho Confira algumas considerações acerca da área de atuação do psicólogo organizacional e do trabalho no Brasil: a. A Psicologia Organizacional e do Trabalho consolidou-se como uma disciplina científica, gerando conhecimento no campo do comportamento humano, especificamente na área do trabalho. b. Percebe-se a crescente contribuição para a prática da gestão nas organizações, perceptível pela inserção destes profissionais e na produção de conhecimentos. c. Neste processo evolutivo, a Psicologia Organizacional e do Trabalho possui temas e técnicas já superadas, outros que reaparecem ciclicamente, há modismos (comuns a todo campo de gestão). Despontam algumas tendências: • maior preocupação com fenômenos grupais e organizacionais; • maior peso de conceitos e técnicas cognitivas e comporta- mentais; • maior atenção a variáveis afetivas e motivacionais; • maior reconhecimento da complexidade e da multidetermi- nação de atitudes e comportamento no trabalho; • maior interesse por tópicos relativos a altos níveis de gestão; • maior atenção aos produtos da vida laboral e seus impactos fora do trabalho, tais como: estresse, relação família e tra- balho, carreiras; • conjunto de técnicas profissionais que permitem a atuação como especialista ou consultor, mas também como pesqui- sador e agente de mudança. 23PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL d. Não podemos deixar de falar de alguns problemas que ainda acompanham a atuação do psicólogo organizacional e do trabalho: • a utilização de técnicas e concepções pouco conhecidas e de validade incerta; • psicólogos que atuam sem a devida base científica; • a grande atenção dada, coletivamente, para questões triviais; • a atuação, por vezes, orientada pelas respostas conhecidas mais do que pelo exame cuidadoso das situações. A Psicologia Organizacional e do Trabalho, como campo profissional, existe há mais de meio século e, apesar da crescente expansão na inserção de profissionais e na ampliação do leque de atividades, o cenário ainda é incipiente. O psicólogo ainda não é incluído no âmbito profissional de muitas organizações e até mesmo desconhecido para a maior parte da população (incluindo dirigentes) ou então, visto apenas como o profissional restrito a seleção de pessoal (ZANELLI, 2004). 24PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Síntese Psicólogo é o profissional que conclui a graduação em instituição de nível superior e realiza seu regis- tro profissional no seu conselho (no caso do Psicólogo, é o CFP). Como toda profissão regulamentada, existem métodos e técnicas que são de uso privativo do psicólogo, ou seja, nenhum outro profissional pode utilizá-las, são elas: métodos e técnicas da Psicologia; diagnóstico psicológico; orientação e seleção profissional; orientação psicopedagógica e solução de problemas de ajustamento. Os psicólogos, indepen- dente da sua área de atuação, buscam, com seu trabalho, conhecer e dar visibilidade a dimensão subjetiva ou psicológica da realidade. A Psicologia Organizacional e do Trabalho consolidou-se como uma disci- plina científica, gerando conhecimento no campo do comportamento humano especificamente na área do trabalho. Percebe-se a crescente contribuição para a prática da gestão nas organizações, perceptível pela inserção destes profissionais e na produção de conhecimentos. Neste processo evolutivo, a Psicologia Organizacional e do Trabalho apresenta algumas tendências: maior preocupação com fenômenos grupais e organizacionais; maior peso de conceitos e técnicas cognitivas e comportamentais; maior atenção a variáveis afetivas e motivacionais; maior reconhecimento da complexidade e da multideterminação de atitudes e comportamento no trabalho; maior interesse por tópicos relativos a altos níveis de gestão; maior atenção aos produtos da vida laboral e seus impactos fora do trabalho,tais como: estresse, relação família e trabalho, carreiras. A atuação também ocorre a partir de um conjunto de técnicas profissionais que permitem a atuação como especialista ou consultor, mas também como pesquisador e agente de mudança. 25PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL 1. Assinale a alternativa correta: São exemplos de métodos e técnicas de uso privativo do psicó- logo, ou seja, nenhum outro profissional pode utilizá-las: a. Diagnóstico psicológico b. Orientação e seleção profissional c. Orientação psicopedagógica d. Solução de problemas de ajustamento. e. Todas as alternativas. 2. Assinale a alternativa correta: São tendências de atuação na área da Psicologia Organizacional e do Trabalho: a. Maior ênfase nos fenômenos grupais e organizacionais. b. Retorno às origens da profissão ligadas à Psicanálise. c. Foco no administrativo e na produtividade. d. Nenhuma das anteriores. 3. Complete a lacuna da frase: Não há um lugar único esperando pelo trabalhador, ele deve ter f lexibilidade suficiente para realizar várias tarefas. Devido a esta mobilidade, ganha maior relevância o_______________ e a_____________ do trabalhador. A expectativa é a de que ele chegue à empresa com as condições necessárias para aprender no- vas habilidades a partir das competências definidas para múltiplas funções que deverá desempenhar. 4. Complete a lacuna da frase: As atividades desenvolvidas pelo Psicólogo Organizacional são ____________ e _____________ a realidade de cada organização 5. Assinale V (se verdadeiro) ou F (se falso) ( ) Os psicólogos, independente da sua área de atuação, buscam, com seu trabalho, conhecer e dar visibilidade a dimensão subjetiva ou psicológica da realidade. 26PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA ÀS ORGANIZAÇÕES As atividades tradicionais da Psicologia organizacional e do trabalho e as novas tendências. Caro, alunos! Compreenderemos neste capítulo como a Psicologia pode contribuir para o atingimento dos objetivos organizacionais, bem como, abranger conhecimentos sobre as práticas tradicionais (e já bastante conhecidas) na área da Psicologia Organizacional e do trabalho. Abordaremos as tendências e novas práticas decorrentes das mudanças tecno- lógicas, econômicas, sociais, dos novos processos de produção. 27PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL As práticas do psicólogo organizacional e do trabalho As práticas profissionais do psicólogo organizacional e do trabalho são inf luenciadas pelas transformações do contexto e ao desenvolvimento da ciência. No cenário do início do século XXI, percebe-se um alargamento do escopo de trabalho advindo do processo de consolidação da profissão. Esta ampliação de ações traz a necessidade de trocas mais intensas e produtivas, com outros domínios da Psicologia e com outras áreas de estudo. A figura abaixo representa a estrutura do campo da psico- logia organizacional e do trabalho. Há a divisão em subcampos (administração de pessoal, qualificação/desenvolvimento, com- portamento organizacional, condições de higiene do trabalho, relações de trabalho e mudança organizacional). Cada subcampo apresenta atividades profissionais, desde as mais clássicas até as incorporadas recentemente ao escopo (ZANELLI, 2004). Subcampos Atividades profissionais Administração de pessoal • Análise do trabalho • Recrutamento e seleção • Planejamento de cargos • Movimentação de pessoal e desligamentos • Remuneração e benefícios • Controle de RH • Planejamento de RH Qualificação e desenvolvimento • Treinamento • Avaliação de desempenho • Estágios/Formação • Desenvolvimento de carreiras e sucessão • Desenvolvimento gerencial • Desenvolvimento de equipes Comportamento organizacional • Desempenho e produtividade • Grupos e liderança • Motivação, satisfação e comprometimento • Conflito e poder • Cultura organizacional Condições de trabalho e higiene do trabalho • Segurança e acidentes • Ergonomia • Saúde e manejo do stress • Programa de bem-estar • Assistência psicossocial Relações de trabalho • Programa de integração e socialização • Regulação de conflitos • Padrões de gestão • Organização do trabalho Mudança organizacional • Desenvolvimento organizacional • Qualidade de vida no trabalho • Programas de qualidade total 28PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Cada uma destas atividades possui 3 níveis de intervenção: 1. Nível técnico: onde o profissional atua a partir de instru- mentos e procedimentos disponíveis. 2. Nível estratégico: o profissional participa da formulação de estratégias que incorporam aquela atividade específica. 3. Nível das políticas: é a possibilidade de intervenção no plano da formulação de políticas globais à organização, que depois se desdobram em ações estratégicas e técnicas congruentes. Queridos, alunos! Vocês pensaram que era só isso? Tem muito mais! As inovações na Psicologia organizacional e do trabalho Com a consolidação da profissão, com as novas tecnologias e novos estudos, ampliou-se ainda mais o leque de atuação do psicólogo organizacional e do trabalho, criando um movimento de expansão que está reconfigurando a prática profissional. As práticas já tradicionais, continuam sendo o núcleo central da atuação do psicólogo organizacional e do trabalho, embora com transformações decorrentes do desenvolvimento científico e das transformações nos contextos do trabalho. Aprenderemos algumas delas? a. A atividade análise do trabalho, atividade base de muitas outras ações, tem recorrido a uma multiplicidade de técnicas, onde se deixa para trás meras descrições do estado atual para incorporar uma visão prospectiva, capturando mudanças que estão ocorrendo. 29PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL b. O recrutamento e seleção foram fortemente terceirizados, dando origem a um crescente número de consultorias ou pequenas empresas prestadoras de serviços, que agregam psicólogos autônomos ou contratados. As transformações or- ganizacionais e as demandas de um novo perfil de trabalhador têm levado a inovações no processo de seleção, “diminuindo o peso de instrumentos tradicionais e ampliando o espaço de técnicas que permitem avaliar habilidades e competências pessoais, por exemplo” (ZANELLI, 2004, p. 479). c. O treinamento e desenvolvimento experimentam uma forte ampliação do processo, em função da crescente demanda por educação continuada e consciência, de que o conhecimento e a permanente atualização são fatores primordiais de com- petitividade organizacional. Além disso, há a tendência de tornar o trabalhador um agente ativo dos processos de de- senvolvimento de suas competências profissionais e pessoais. d. A avaliação de desempenho incorpora avaliações de di- ferentes atores, e não apenas o do gestor, vinculando mais estreitamente o desenvolvimento da equipe e grupos. Tam- bém considera o potencial de cada trabalhador e não apenas o desempenho real. Outra tendência ou movimento é a inserção do psicólogo em equipes multidisciplinares de recursos humanos. Com isso, novas atividades, até então desenvolvidas por profissionais de outras áreas, passam a ser incorporadas ao leque de competên- cias do psicólogo. Isto se explica, em partes, a pouca oferta no 30PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Brasil, de especializações em Psicologia Organizacional e do Trabalho, o que fez com que os psicólogos ingressassem em cursos de especializações e mestrados em Administração para suprir estas demandas. Assim, surgem os psicólogos envolvidos: a. no planejamento de cargos, movimentação de pessoal e benefícios; b. nas atividades de planejamento de carreiras, desenvolvi- mento gerencial e de equipes; c. a atenção à saúde ocupacional e ergonomia, ao estudar os impactos das condições de trabalho na saúde do trabalhador. Para isso, tornam-se imperiosas as ações interdisciplinares, para a compreensão e intervenção neste campo de estudo; d. as relações de trabalho e suas mudanças decorrentes das transformações dos padrões e pressupostos que definem a cultura organizacional.O foco demanda ações voltadas à socialização e integração de novos padrões de ações e compor- tamentos gerenciais, visando novos modelos de organização do trabalho e estruturação das organizações; e. o próprio processo de mudança organizacional é objeto de estudo e de intervenção do psicólogo; O terceiro movimento nas ações e práticas do psicólogo organizacional e do trabalho refere-se a um caráter diferente, as transições que estão configurando uma intervenção do psi- cólogo em âmbitos mais complexos da própria organização. A ação do psicólogo é estratégica. “Se administrar tornou-se equivalente a coordenar capacidades para construir comunidades de ação, em busca contínua de padrões coletivos de desempenho, a dimensão psicológica ou comportamental adquiriu novas demandas de sistematização e responsabilidades” (ZANELLI, 2004, p.481). 31PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL O psicólogo passou a prestar serviços de consultoria e assessoria integrados aos procedimentos de mudança imple- mentados pela organização, em um esforço para acompanhar as transformações a sua volta e as reações internas na comunidade organizacional. A perspectiva psicológica contribui à construção de um movimento sequencial, relacionando as partes com o todo, estando atenta aos mecanismos de manutenção do que é estabelecido e que inviabilizam mudanças transformadoras. Para ser capaz de contribuir nos processos estratégicos, o psicólogo demanda uma série de conhecimentos acerca da organização onde atua, tais como: 1. Conhecer o processo produtivo. 2. Ter consciência das atribuições individuais e das unidades. 3. Ser capaz de articular visão, missão, valores, metas e estra- tégias organizacionais. Munidos destes conhecimentos, o psicólogo organizacio- nal e do trabalho pretende aumentar a capacidade estratégica da organização, e consolidar predisposições para mudanças, fortalecendo a formação de equipes de alto desempenho. E também, desenvolver a capacidade gerencial de ref letir e ques- tionar as próprias finalidades, a forma de realizar os processos e a rapidez com que os utiliza. De acordo com Zanelli (2004), nessa dimensão é preciso compreender as interações sociais, sempre permeadas pelos conflitos de interesses e as coalizões para conquistar e ampliar o poder. É necessário organizar ações, fornecer treinamento adequado, incentivar a formação de equipes e recompensar de maneira justa, como condição preliminar para que a dispo- sição para a mudança seja um elemento definidor da cultura organizacional. Para que estas ações aconteçam, é necessário persistência e integração multiprofissional. Exige que se a organização se 32PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL propõe a ser participativa, é preciso combater autoritarismos, privilégios, preconceitos, injustiças, aceitar as diferenças, conci- liando interesses e observando o bem-estar de todos. É preciso compreender a organização como uma aposta de sobrevivência, com as implicações éticas do lucro e na retribuição justa ao esforço do trabalho. Também é preciso considerar as questões de saúde do trabalhador; as políticas e diretrizes que se estabelecem no trabalho e acarretam desgaste físico e psicológico. É preciso atentar para o aumento exagerado de casos de doenças de- correntes do trabalho, tão comuns hoje. Exemplos disso são a sensação de sobrecarga de trabalho, falta de controle do seu trabalho, falta de recompensas justas, falta de união entre as pessoas e de equidade. Em organizações que visam fins lucrativos, em grande parte, imperam valores que desprezam a qualidade de vida. Há dirigentes com dificuldades para práticas participativas ou mesmo consultivas, embora as novas propostas de gestão recomendem com veemência o compartilhamento de decisões. Há mais delegação dos problemas do que redistribuição de poderes para resolvê-los. Saindo de dentro das organizações, os psicólogos têm se dedicado às consequências do trabalho informal e aos efeitos de quem se encontra excluído, com atividades voltadas para a formação profissional, carreira, escolha da profissão e outras que tratam da relação indivíduo e trabalho. Para finalizar: Em qualquer prática do psicólogo, exige busca de ética administrativa e política, visão de mundo calcada em rigorosidade, pesquisa, criticidade, flexibilidade, competência e disponibilidade para interagir com equipes multiprofissionais (ZANELLI, 2004). 33PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Síntese As práticas profissionais do psicólogo organizacional e do trabalho são inf luenciadas pelas transformações do contexto e ao desenvolvimento da ciência. No momento atual, verificamos a am- pliação de ações que trazem a necessidade de trocas mais intensas e produtivas com outros domínios da Psicologia e com outras áreas de estudo. O campo da psicologia organizacional e do trabalho é bastante amplo, há a divisão em subcampos (administração de pessoal, qualificação/desenvolvimento, comportamento organizacional, condições de higiene do trabalho, relações de trabalho e mudança organizacional). Cada uma destas atividades possui 3 níveis de intervenção: a) nível técnico: onde o profissional atua a partir de instrumentos e procedimentos disponíveis; b)nível estratégico: o profis- sional participa da formulação de estratégias que incorporam aquela atividade específica; c)nível das políticas: é a possibilidade de intervenção no plano da formulação de políticas globais à organização, que depois se desdobram em ações estratégicas e técnicas congruentes. 34PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Exercícios Assinale a alternativa correta: 1. A atuação do psicólogo organizacional e do trabalho possui três níveis de atuação. São eles: a. Tático, técnico e operacional b. Técnico, estratégico e políticas c. Operacional, gestão e estratégico d. Técnico, operacional e prático 2. São exemplos de atuação do psicólogo organizacional e do trabalho, no subcampo de Qualificação/Desenvolvimento: a. Avaliação de desempenho e cultura organizacional b. Treinamento e qualidade de vida no trabalho c. Remuneração e benefícios d. Desenvolvimento de equipes e estágios 3. São exemplos de atuação do psicólogo organizacional e do trabalho, no subcampo Comportamento Organizacional: a. Grupos de liderança e ergonomia b. Cultura organizacional e controles de RH c. Carreiras e sucessão d. Cultura organizacional e grupos de liderança 4. Complete a frase: Psicólogo organizacional e do trabalho pretende aumen- tar a capacidade _____________da organização, consolidar predisposições para ___________ e fortalecer a formação de equipes de alto desempenho. 5. Complete a frase: Em organizações que visam fins lucrativos, em grande parte, imperam valores que desprezam a __________________. 35PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL DESENVOLVIMENTO HUMANO, O SUJEITO E A ORGANIZAÇÃO Estudar o desenvolvimento humano é conhecer as individualidades de cada fase, para sermos capazes de observar e interpretar comportamentos. Neste capítulo estudaremos o desenvolvimento humano, a constituição do sujeito e sua relação com o trabalho. 36PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Mas, antes que você me pergunte: - Por que estudar desenvolvimento humano no curso de administração? Eu já te respondo: Ao compreender o desenvolvimento humano, você terá condições de saber o porquê de determinadas condutas: do bebê, da criança, do adolescente, do jovem, do adulto e dos mais velhos. Neste contexto do jovem, do adulto e dos mais velhos, insere-se o mundo do trabalho. Compreendido? Vamos lá! O desenvolvimento humano refere-se ao desenvolvimento mental e ao crescimento físico. “O desenvolvimento mental é uma construção contínua, que se caracteriza pelo aparecimento gradativo de estruturas mentais. Elas são formas de organização da atividade mental que vão se aperfeiçoando e solidificando até o momento em que todas, estando plenamente desenvolvidas, caracterizarão um estado de equilíbrio superior quanto aos aspectos da inteligência, da vida afetivae das relações sociais” (BOCK, 2008, p. 116). Algumas das estruturas permanecem por toda a vida, como por exemplo, a motivação como uma desencadeadora da ação nas mais diversas demandas humanas. Outras estruturas mudam a cada nova fase da vida, como por exemplo: a moral da obediência na criança é substituída pela autonomia moral do adolescente. 37PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A importância do estudo do desenvolvimento humano A criança não é um adulto em miniatura. Cada idade possui características próprias. Existem várias teorias sobre o desenvolvimento humano. Va- mos estudar Jean Piaget (1896-1980) e S. Freud (1856-1939) no decorrer deste capítulo. Piaget nos diz que existem formas de compreender, perceber e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária. Gra- dualmente, existe uma assimilação do meio ambiente que implica em uma acomodação das estruturas mentais. Estudar o comportamento humano significa “conhecer as ca- racterísticas comuns de uma faixa etária, permitindo-nos reconhecer as individualidades, o que nos torna mais aptos para a observação e interpretação dos comportamentos” (BOCK, 2008, p.117). E, por fim, estudar o desenvolvimento humano significa descobrir que ele é determinado pela interação contínua de vários fatores. O quadro abaixo sintetiza os fatores que inf luenciam o desenvolvimento humano e que são indissociáveis. Fatores que influenciam o desenvolvimento humano Fator Significado Hereditariedade É nossa carga genética, estabelece o potencial do indivíduo, pode ou não se desenvolver. Um exemplo é a inteligência: há pesquisas que comprovam os aspectos genéticos da inteligência. No entanto, a inteligência pode desenvolver-se mais ou menos em relação ao seu potencial, dependendo das condições do meio. Crescimento orgânico É nosso corpo físico. Imaginem a percepção de mundo de uma criança ao engatinhar e depois a mudança que ocorre quando ela começa a andar. Maturação neurofisiológica É o que torna possível determinados padrões de comportamento. Exemplo: para que uma criança se alfabetize, é necessário um desenvolvimento neurológico. Meio É o conjunto de influências e estimulações ambientais que alteram os padrões de comportamento do indivíduo. Exemplo: se a estimulação verbal for muito intensa, uma criança de 3 anos pode ter um repertório de palavras muito maior do que a média das crianças da mesma idade. E, ao mesmo tempo, essa criança pode ter dificuldades em descer uma escada caso essa situação não faça parte do seu dia a dia. 38PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A teoria do desenvolvimento humano de Piaget Piaget divide o desenvolvimento humano em períodos. São eles: 1º período: sensório-motor (0 a 2 anos). 2º período: pré-operatório (2 a 7 anos). 3º período: operações concretas (7 a 11 ou 12 anos). 4º período: operações formais (11 ou 12 anos em diante). Cada período é caracterizado por aquilo que o indivíduo faz melhor nesta faixa etária. A faixa etária não é rígida no seu início e fim, serve como uma referência. O que é certo é que todos nós passamos por elas. Veremos melhor cada um destes períodos? • Período sensório-motor (0 a 2 anos): no recém-nascido prevalece a sucção (reflexo, hereditário) que melhora com o treino. Aos 5 meses, é capaz de coordenar movimentos de mãos e olhos para pegar objetos. Depois, descobre que se puxar a toalha, a lata de biscoitos fica mais próxima. Neste caso, a criança está utilizando sua inteligência prática ou sensório-motor que envolve percepções e movimentos. O desenvolvimento físico é acelerado neste período e dá suporte para o aparecimento de novas habilidades como sentar e andar. Ao nascer, o bebe percebe o mundo como parte de si mesmo e, no decorrer desta fase ocorre a diferenciação do meio. Por volta de 1 ano, a criança é capaz de entender que mesmo que ela não esteja vendo um objeto, ele continua existindo, e pede por ele. No final desta fase, por volta dos 2 anos, a criança muda sua atitude (passiva) em relação ao meio, tornando-se mais ativa. 39PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Período pré-operatório (2 a 7 anos): o mais importante deste período é o aparecimento da linguagem, que dará origem a mudanças nos aspectos intelectuais, afetivos e sociais da criança. Há a exteriorização da vida interior e, portanto, a possibilidade de corrigir ações futuras. A criança é capaz de antecipar o que fará. No final desta fase, com o desenvolvi- mento do pensamento, a criança procura a relação de causa e efeito (fase dos porquês). O trabalho em grupo é difícil, pois a criança ainda é centrada em si mesma. No aspecto afetivo, surgem sentimentos interindividuais, como por exemplo, o respeito por pais e professores, um misto de amor e temor. Há a compreensão de que o bem e o mal são a vontade do adulto. Neste período, há o amadurecimento da coordenação motora fina, condição necessária para a escrita. 40PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Período das operações concretas (7 a 11 ou 12 anos): nesta fase, a criança passa a estabelecer relações que permitam a coordenação de pontos de vista diferentes, integrando-os de modo lógico e coerente. Agora sim, é capaz de cooperar com os outros, trabalhar em grupos e ter autonomia pes- soal. Ela consegue realizar uma ação dirigida a um fim e revertê-la para o início. Exemplo: a criança está montando um quebra cabeças, percebe o erro, desmancha essa parte e retoma. Por isso, esta fase chama-se operações concretas. No aspecto afetivo, há o aparecimento da vontade como qualidade superior, e atua quando há conflitos de tendências, entre o dever e o prazer, por exemplo. A criança adquire uma autonomia crescente em relação ao adulto, passando a organizar seus próprios valores morais. Os novos sentimentos são: respeito mútuo, a honestidade, o companheirismo e a justiça. O grupo de colegas satisfaz, progressivamente, as necessidades de segurança e afeto. Ao final deste período, a criança, que antes considerava bastante a ideia dos adultos, agora passa a ‘enfrentá-los’. • Período das operações formais (11 ou 12 anos em diante): há a passagem do pensamento concreto para o pensamento formal, abstrato. O adolescente é capaz de lidar com conceitos como liberdade, justiça. Também cria teorias sobre o mundo, sobre aquilo que gostaria de reformular. Estas teorias são testadas no mundo real. Aos poucos, isso vai se atenuando, por meio da reconciliação do pensamento com a realidade, até ficar claro que a função da reflexão não é contradizer, mas se adiantar e interpretar a experiência. No plano afetivo, o adolescente vive conflitos. Deseja libertar-se do adulto, mas ainda depende dele. Deseja ser aceito pelos amigos e pelos adultos. Os interesses são diversos e mutáveis, sendo que a estabilidade chega com a proximidade da vida adulta. 41PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL É importante lembrar que em nossa cultura, em determinadas classes sociais que 'protegem' a infância e a juventude, a prorrogação do período da adolescência é cada vez maior, caracterizando-se por uma dependência em relação aos pais e uma postergação do período em que o indivíduo vai se tornar socialmente produtivo e, portanto, entrará na idade adulta (BOCK, 2008, p. 125). Na idade adulta, não surge nova estrutura mental e o in- divíduo segue caminhando para um aumento do desenvolvi- mento cognitivo, em profundidade, e uma maior compreensão dos problemas e das realidades significativas que o atingem. Isso inf luencia os conteúdos afetivos-emocionais e sua forma de estar no mundo. A teoria psicanalítica e sua aplicação nas organizações A teoria psicanalítica teve como seu fundador Freud, nasci- do em 1856, na Áustria. Freud estudou os aspectos irracionais da vida humana utilizando método científico. Ele desenvolveu a teoria geral da dinâmica de personalidade, o estudo da natureza humana no decorrer da vida e a inf luência da sociedade, da cultura e da religião sobre a personalidade. Freud subdivide a personalidadeem três partes: Id, Ego e Superego. • Id – parte mais obscura, inacessível e desorganizada da per- sonalidade, o mais primitivo e velho dos sistemas mentais. Contém apenas ideias de gratificações imediatas, os desejos, em que investe toda sua energia. Limita-se à procura de sa- tisfação dos desejos. Ignora a realidade, não possui valores, ética ou moral. Seus conteúdos são permanentes e não se modificam. Não há passado e nada é esquecido. A função do Id é a busca do prazer. Possui dois tipos de pulsões – pulsões de vida e pulsões de morte, e é concebido como o grande reservatório da libido e, igualmente, da energia pulsional. • Ego – é a parte mais organizada da personalidade. É o execu- tivo, envolve as funções: percepção, aprendizagem, memória e raciocínio. É um mediador entre o id e o superego. 42PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL • Superego – é a moralidade, os padrões da sociedade em que a criança é educada e é a última subdivisão da personalidade a ser formada. Luta pela perfeição, age como um juiz. Outra contribuição importante da psicanálise refere-se à postulação dos mecanismos de defesa do ego. Eles são utiliza- dos para enfrentar a ansiedade diante de algum sinal de perigo iminente. Este perigo é caracterizado, em geral, por situações emocionais intensas, mas também pode aparecer em situações de risco físico. O indivíduo pode fazer uso de um ou mais mecanismos de defesa ao mesmo tempo. Vamos conhecê-los? a. Repressão: semelhante a um esquecimento. Exemplo: uma pessoa pode ter medo exagerado de aranhas, mas não sabe dizer quando isso iniciou. b. Negação: significa negar a existência de alguma ameaça. Exemplo: negar a perda de um ente querido. c. Formação de reação: expressar, firmemente, o oposto do que está sentindo. Exemplo: alguém muito agressivo se transformar em alguém amigável. d. Projeção: atribuir os próprios impulsos a outra pessoa. Exemplo: dizer que o outro está com raiva sem perceber que é você mesmo que está. e. Regressão: volta a um período de vida geralmente anterior, mais agradável. Exemplo: adulto agindo como criança. f. Racionalização: reinterpretação intelectual do comporta- mento para torná-lo mais aceitável. Ocorre quando alguém justifica seu erro afirmando que é errando que se aprende. g. Deslocamento: deslocar um impulso para outro objeto. Exemplo: chutar um animal quando se está com raiva de uma pessoa. 43PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL h. Sublimação: a energia é desviada para um objeto mais aceitável socialmente. Exemplo: cuidar de órfãos por não ter tido filhos. Na maioria das vezes, o uso de mecanismos de defesa pode não ser inteiramente consciente. Por bastante tempo, nas organizações, os estudiosos do comportamento humano não imaginaram que os conteúdos inconscientes, objetos de estudo da psicanálise, pudessem ser úteis na compreensão de certas inadequações das pessoas em situação de trabalho. No entanto, percebeu-se que sim. Quer ver só? Boa parte das condutas estáveis que caracterizam certos tipos de personalidade pode ser explicada pela teoria psicana- lítica. Seguem alguns exemplos: • Inseguranças inexplicáveis diante de obstáculos, motivações objetivamente inexplicáveis e desajustamentos aparentemen- te injustificados, podem trazer atrás de si uma história de experiências desagradáveis que já passaram para o domínio do inconsciente, mas, mesmo esquecidas atualmente, deter- minam a maneira de ser. Ao não olhar para essa dimensão humana, muitos gestores tentam resolver dificuldades de relacionamento interpessoal menos produtivo, dando ao funcionário-problema férias, um descanso ou ainda medidas administrativas. Sem perceber, atacam o sintoma, e não a causa. Os resul- tados são sofríveis. É o resultado da incompreensão da impor- tância da dimensão da personalidade. A alternativa é a busca de um consenso negociado, onde ambas as partes, empregador e empregado são corresponsáveis. 44PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Para concluir, uma breve compreensão sobre a adolescência A Psicologia estuda a adolescência e a juventude, esclare- cendo aspectos importantes que contribuem para a qualidade das relações sociais. No Brasil, utilizamos o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) como critério para definir a idade que compre- ende o período de adolescência, entre 12 e 18 anos. As características da adolescência não são naturais, elas surgem das condições sociais e históricas onde se produziu o fenômeno. Vamos contextualizar? Na sociedade pré-industrial, as crianças tornavam-se adultas no seio de sua família e grupos de vizinhança. Aprendiam um ofício com os pais e quando chegavam na puberdade, anun- ciavam que aquelas crianças já poderiam ingressar no mundo adulto, pois já tinham tamanho, força física, possibilidade de procriação. Assim, a criança deixa de ser criança e passa a trabalhar, procriar e constituir seu grupo familiar. Com a Revolução Industrial e suas muitas mudanças no mundo todo, impactam de sobremaneira essa forma de viver. Os adultos vão para as fábricas, as crianças não aprendem um ofício com seus pais. As crianças demandam outro espaço para ficar e aprender uma profissão enquanto os pais trabalham. A escola passa a ocupar um lugar importante na sociedade, onde as crianças ficam para ocupar o tempo enquanto os pais traba- lham nas fábricas, e depois aprendem os conteúdos mínimos para trabalhar na sociedade industrial. A escola cresce ainda mais, considerando a importância e a necessidade de manter as crianças por mais tempo (e já não tão http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8069.htm 45PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL crianças) na escola. Com o avanço tecnológico e o aumento da longevidade, demandou um ‘represamento’ dos jovens na escola para que não ocupassem o lugar dos pais no mercado de traba- lho. Esses jovens já são capazes, mas não autorizados a ocupar um lugar no mundo adulto. Cria-se o contexto histórico para o surgimento do grupo social com comportamento semelhante, relacionados a essa situação: rebeldia contra o mundo adulto, onipotência, crise de identidade e tendências à construção de grandes planos futuros. A adolescência, como fenômeno historicamente construído, nos auxilia a compreender as diferenças entre os jovens na nossa sociedade. Isso quer dizer que a adolescência não é igual para todos os jovens. E mais, coloca os adultos como responsáveis pela forma como a adolescência se configura na sociedade. Alguns exemplos: • Famílias de baixa renda entram no mercado de trabalho mais cedo, muitas vezes com lugar importante na família, tomam decisões e são reconhecidos como adultos. • Jovens de classe média passam por um longo período de preparação quando escolhem um curso universitário. Essa preparação pode ultrapassar o período de juventude. • Outros jovens já precisam trabalhar antes dos 14 anos, mesmo que isso seja proibido por lei. Para cada um destes jovens, a adolescência terá uma duração e características muito peculiares. É claro, não são apenas os aspectos econômicos que inter- ferem na adolescência, há também as características individuais e de personalidade. Outro fator que vêm ocupando papel de destaque é a questão da violência. 46PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Síntese Piaget nos diz que existem formas de compreender, perceber e se comportar diante do mundo, próprias de cada faixa etária. Gradualmente, existe uma assimilação do meio ambiente que implica em uma acomodação das estruturas mentais. O desenvolvimento humano significa descobrir que ele é determinado pela interação contínua de vários fatores. São eles: hereditariedade, crescimento orgâ- nico, maturação neuropsicológica e o meio. Já Freud estudou os aspectos irracionais da vida humana utilizando método científico. Ele desenvolveu a teoria geral da dinâmica de personalidade, o estudo da natureza humana no decorrer da vida e a inf luência da sociedade, da cultura e da religião sobre a personalidade.Freud subdivide a personalidade em três partes: Id, Ego e Superego. Quando uma organização não olha para essa dimensão humana, ela tenta resolver dificuldades de relacionamento interpessoal menos produtivo, dando ao funcionário-problema férias, um descanso ou ainda medidas administrativas. Sem perceber, atacam o sintoma, e não a causa. Os resultados são sofríveis. A ado- lescência, como fenômeno historicamente construído, isso quer dizer que a adolescência não é igual para todos os jovens. E mais, coloca os adultos como responsáveis pela forma como a adolescência se configura na sociedade. 47PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Exercícios Assinale V (se verdadeiro) ou F (se falso) para as afirmativas abaixo: 1. ( ) O desenvolvimento humano é determinado pela interação contínua de vários fatores facilmente dissociáveis. 2. ( ) Os fatores que compõem o desenvolvimento humano são: hereditariedade, meio, maturação neurofisiológica e crescimento orgânico. 3. ( ) A estrutura da personalidade na psicanálise é composta por Id, Ego e Superego. 4. ( ) A adolescência, como é uma etapa do desenvolvimento, é igual para todos. 5. ( ) Dificuldades de relacionamento podem ser resolvidas dando férias aos funcionários. 48PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL O COMPORTAMENTO HUMANO E O COMPORTAMENTO ORGANIZACIONAL O sucesso de um gestor depende de suas habilidades técnicas e interpessoais. 49PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Olá, alunos! Neste capítulo veremos a importân- cia das habilidades interpessoais para a eficácia da gestão. Antes da década de 80, nos cursos de administração, a ênfase estava dire- cionada para as questões técnicas da área como: economia, contabilidade, finanças. Os temas como comportamento e habi- lidades interpessoais não costumavam ser abordados. Aos poucos, os professores come- çaram a perceber a importância destes temas para o sucesso da organização, e estas disciplinas foram agregadas ao currículo do curso de administração. O reconhecimento da importância das habilidades interpessoais dos exe- cutivos está “estreitamente relacionado com a necessidade das organizações em conseguir e reter funcionários com alto nível de desempenho” (ROBBINS, 2005, p.2). Estudos mostram que para reter um funcionário, salários e benefícios são im- portantes, mas a qualidade do trabalho e o apoio recebido no ambiente de trabalho são além destas expectativas. Assim, ges- tores com boas habilidades interpessoais são capazes de proporcionar um ambiente de trabalho agradável gerando maiores resultados econômicos. É claro que as habilidades técnicas são inquestionáveis, mas insuficientes, por si mesmas, de garantir o sucesso da gestão. 50PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL O comportamento organizacional O que é comportamento organizacional? Vamos compreender um pouco mais este conceito? Comportamento organizacional é: • Um campo de estudos dos determinantes do comportamento nas organizações: indivíduos, grupos e estrutura. • A aplicação do conhecimento obtido das pessoas, grupos e o efeito da estrutura sobre o comportamento para que a organização seja capaz de melhores resultados. • Como a ênfase está sobre o comportamento, estuda-se: ab- senteísmo, rotatividade, produtividade, desempenho humano, gestão, funções, trabalho. O comportamento organizacional não é um campo de estudos isolado, mas convergente de vários outros campos da ciência. No quadro abaixo, vemos como diferentes áreas da ciência contribuem para o estudo do comportamento organizacional. “É um campo de estudos que investiga o impacto que indivíduos, grupos e a estrutura têm sobre o comportamento dentro das organizações com o propósito de utilizar esses conhecimentos para melhorar a eficácia organizacional” (ROBBINS, 2005, p.6). 51PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Ciência do comportamento Contribuição Unidade de análise Psicologia Aprendizagem Motivação Personalidade Emoções Percepção Treinamento Eficácia da liderança Satisfação com o trabalho Tomada de decisão individual Avaliação de desempenho Mensuração de atitudes Seleção de pessoal Planejamento do trabalho Estresse profissional Indivíduo Sociologia Dinâmica de grupo Trabalho em equipe Comunicação Poder Conflitos Comportamento intergrupal Teoria da organização formal Tecnologia organizacional Mudança organizacional Cultura organizacional Grupo e sistema organizacional Psicologia Social Mudança comportamental Mudança de atitudes Comunicação Processos grupais Tomadas de decisões em grupo Grupo Antropologia Valores comparativos Atitudes comparativas Análise multicultural Cultura organizacional Ambiente organizacional Grupo e sistema organizacional Ciência Política Conflito Políticas intraorganizacionais Poder Sistema organizacional Antes de seguirmos no tema, vale um lembrete: Cada ser humano é único. O que motiva um, não é o mesmo que motiva o outro. As pessoas mudam seu comportamento em diferentes situações. As pessoas reagem de formas diferentes diante de uma mesma situação. 52PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL A aplicação prática dos conhecimentos de comportamento organizacional Já é de amplo conhecimento que o mundo do trabalho deixou, há muito, de ser um ambiente estável e previsível. As organizações vivem tempos de grandes transformações e novos desafios, aos quais, precisamos nos adaptar e buscar as melhores alternativas. O estudo do comportamento organizacional nos auxilia a: 1. Compreender, respeitar e liderar pessoas de diferentes cul- turas pois as organizações não possuem mais fronteiras. As empresas estão ampliando sua atuação em nível global, não restringindo seus produtos às fronteiras do seu país de origem. a. Preparar executivos para missões internacionais. O desafio aqui é liderar uma mão de obra muito diferente, tanto em ter- mos de comportamentos, necessidades, aspirações e atitudes. b. Querido, aluno! Mesmo que sua empresa não esteja pla- nejando expandir seus negócios no exterior, você terá que aprender a trabalhar com gestores, colegas, funcionários que nasceram e foram criados em culturas diferentes da sua. O que é motivador para você, pode não ser para eles; seu jeito de falar pode soar ofensivo; você precisa compreender essa cultura e adaptar seu estilo de gerenciamento a essas diferenças. 53PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL c. Existem diferentes formas de compreender o valor do di- nheiro, de acordo com cada cultura. Não são universais como supomos. Há países, como na Finlândia, onde as multas de trânsito são estabelecidas de acordo com a renda do infrator e não pela gravidade da infração. d. Outro aspecto importante é que empresas estão optando por estabelecerem-se em países com mão de obra mais barata, produzindo com custos menores. 2. Outro importante desafio é a diversidade da força de traba- lho, ou seja, a adaptação às diferenças entre as pessoas. Esta diferença refere-se a raça, etnia, orientação sexual, deficiência física, sexo e idade dos funcionários. O desafio das organi- zações é conseguir ‘acomodar’ diferentes grupos de pessoas, atendendo aos seus diferentes estilos de vida, necessidades e modos de trabalhar em uma abordagem que reconhece e valoriza tais diferenças (ROBBINS, 2005). 3. Os executivos contemporâneos já perceberam que qual- quer esforço para a melhoria de qualidade e produtividade deve incluir os funcionários. Não apenas na execução das mudanças, mas também, e cada vez mais, do planejamento destas mudanças. 54PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL 4. Em um contexto de mão de obra escassa, os executivos precisarão mais do que bons salários e benefícios para reter os funcionários talentosos. Será preciso modificar práticas organizacionais para atender as necessidades dos trabalha- dores mais velhos e para motivar os mais jovens. Vou contar para vocês, um exemplo de minha prática pro- fissional que exemplifica essa realidade: 5. O desempenho da empresa pode ser expandido com uma cultura pró-cliente. Muitas vezes, o funcionário não sabecomo agradar ao cliente, cabendo ao executivo criar, formar e orientar, gerando uma cultura voltada para o cliente. O conhecimento do comportamento organizacional auxilia no desenvolvimento de funcionários atentos às necessidades dos clientes, dispostos a fazer o que for possível para agradá-los (ROBBINS, 2005). 6. O estudo do comportamento organizacional também auxilia na melhoria das habilidades humanas. Como fazer isso? a. Dando autonomia às pessoas: os executivos precisam apren- der a delegar o controle e os funcionários, a ter responsa- bilidade sobre seu trabalho e pelas decisões tomadas. Esta forma de gerir pessoas é conhecida por empowerment ou empoderamento. Uma empresa montadora da região sul do país, necessitava de mão de obra qualificada (engenheiros). No entanto, a cidade onde a empresa estava instalada não formava engenheiros em número suficiente. A empresa optou por contratar estes profissionais de outras cidades e de outros estados. A alternativa encontrada para reter esses profissionais foi, que além de salários e benefícios atrativos, seriam autorizados a sair na sexta- feira ao meio-dia, para que retornassem às suas cidades de origem. Este foi um fator decisivo para reter estes profissionais. 55PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL b. Estimulando a inovação e a mudança: os funcionários podem estimular a inovação e a mudança ou ser seu principal bloqueio. Aos executivos cabe estimular a criatividade dos funcionários e a sua tolerância às mudanças. 7. A ‘temporariedade’ é uma consequência de organizações ágeis e flexíveis. Atualmente, tanto os funcionários como os gestores convivem com o clima de que tudo é temporário, imprevisível, em constante transformação (ROBBINS, 2005). 8. As organizações estão interconectadas, ou seja, onde as pessoas não trabalham em um mesmo ambiente, os gestores precisam aprender a como motivar, liderar e como manter conectados indivíduos que não estão fisicamente presentes. 9. O estudo do comportamento organizacional também au- xilia os gestores a criar condições de proporcionar aos seus funcionários (e a si mesmo) um equilíbrio entre vida pessoal e profissional. Para muitos estudantes universitários, este aspecto é mais importante que segurança no emprego. Como conciliar essa demanda com os objetivos organizacionais? 10. A ética é bem-vinda para criar um clima saudável para que os funcionários possam trabalhar com produtividade e com a menor ambiguidade possível em relação ao que é um comportamento certo ou errado. 56PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Como criar um modelo de comportamento organizacional? “Um modelo é uma abstração da realidade, uma represen- tação simplificada de um fenômeno real” (Robbins, 2005 p. 20). O modelo serve para orientar nossas ações no sentido de nos aproximarmos do objetivo que buscamos. Neste contexto, o modelo de comportamento organizacional proposto por Robbins (2005) prevê três níveis de análise, partindo do nível individual, depois para o nível de grupo e então para o sistema organizacional. Cada nível é como um bloco de construção e cada nível é apoiado sobre o anterior, como vemos na imagem abaixo: As variáveis dependentes As variáveis dependentes são aqueles fatores mais impor- tantes, que você quer explicar ou prever e que são influenciados por algum outro fator. Quais são as variáveis dependentes mais usuais no estudo do comportamento organizacional? • Produtividade • Absenteísmo • Rotatividade • Satisfação no trabalho • Cidadania empresarial. Vamos compreender melhor cada uma delas? Nível dos sistemas organizacionais Nível do grupo Nível individual 57PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Variável Dependente Conceito Produtividade A organização é produtiva quando atinge seus objetivos. Está relacionada aos conceitos de eficácia e eficiência. Exemplo: um hospital é eficaz quando consegue atender com sucesso às necessidades de seus clientes. E eficiente quando faz isso com baixo custo. O fator humano é incluído no atendimento às necessidades e exigências dos clientes, na avaliação da eficácia. Absenteísmo É a ausência do funcionário no trabalho. Neste caso, há a interrupção do fluxo de trabalho, decisões que precisam ser postergadas. Há ausências que não são prejudiciais, como por exemplo, no caso de doenças infecciosas ou alto nível de estresse, onde o custo da ausência é menor do que o resultado ruim. Rotatividade É a constante entrada e saída de funcionários. Ocorre de forma voluntária ou involuntária. Gera um aumento nos custos de recrutamento, seleção, treinamento e da própria demissão, além de prejudicar a eficácia da organização como um todo. Cidadania organizacional As organizações querem e precisam de funcionários que façam coisas que não constam em suas tarefas formais. Um exemplo disso: trabalho voluntário, ajudar os colegas, evitar conflitos desnecessários, falar bem do trabalho. A evidência diz que empresas com funcionários com este perfil possuem um desempenho melhor se comparada a outras empresas. Satisfação no trabalho É um conjunto de sentimentos que uma pessoa possui em relação ao seu trabalho. Empresas preocupadas em oferecer qualidade de vida, preocupando-se não apenas com o resultado quantitativo, possuem resultados melhores. Variáveis independentes As variáveis independentes são uma suposta causa de al- gumas mudanças em variável dependente. São os principais determinantes da produtividade, do absenteísmo, da rotativi- dade, da cidadania organizacional e da satisfação no trabalho. Para melhor compreensão, dividiremos as variáveis in- dependentes em 3 grupos. Variável independente Conceito No nível do indivíduo As pessoas chegam nas organizações com determinadas características que influenciarão seus comportamentos no trabalho. Exemplo: idade, sexo, estado civil, personalidade, valores e atitudes, nível de capacitação. No nível do grupo O grupo é mais do que a soma das ações dos indivíduos que o compõe. A prova disso é observarmos o comportamento das pessoas sozinhas e quando estão em um grupo. No sistema organizacional É a soma da estrutura formal e nosso conhecimento prévio do comportamento dos indivíduos e grupos. A organização é mais do que a soma dos grupos que a compõem. 58PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL E para finalizar... Em tempos de mudanças rápidas e constantes, tão comuns em nosso cenário atual, o estudo do comporta- mento organizacional auxilia a lidar com essas tempo- rariedades e aprender formas de estimular a inovação. E também, oferece um caminho para a criação de um ambiente de trabalho eticamente saudável. 59PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Síntese Os gestores precisam desenvolver habilidades interpessoais para que possam ser eficazes em suas funções. O comportamento organizacional é o campo de estudo que investiga os impactos que os indivíduos, grupos e a estrutura possuem sobre o comportamento dentro de uma organização e, depois, utiliza este conhecimento para ajudar as empresas a trabalhar com maior eficácia. O estudo do comportamento organizacional enfoca como melhorar a produtividade, reduzir o absenteísmo e a rotatividade, aumentando a cidadania organizacional e a satisfação no trabalho. 60PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Exercícios a. Assinale V (verdadeiro) ou F (falso): 1. ( ) Eficiência é satisfazer o cliente mesmo aumentando custos. 2. ( ) Eficácia é produzir com baixo custo. 3. ( ) As empresas precisam se adaptar às diferenças entre as pessoas. 4. ( ) Produtividade, absenteísmo, rotatividade e satisfação no trabalho são exemplos de variáveis dependentes no estudo do comportamento organizacional 5. Complete a frase: O estudo do __________________ enfoca como melhorar a produtividade, redu- zir o absenteísmo e a rotatividade e aumentar a cidadania organizacional e a satisfação no trabalho 61PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL INTERVENÇÕES EM PSICOLOGIA ORGANIZACIONAL Uma visão geral da área de conhecimento e do campo de intervenção. Queridos, alunos!
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