Prévia do material em texto
CRIANÇAS SURDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL Emanoelle Sara Viana Costa Kátia Mariana Ferreira Amorim Keila de Nazaré Pereira Tavares Wanielle Gonçalves Pereira Professor-Dhemison Maico da Silva Melo Centro Universitário Leonardo da Vinci - UNIASSELVI Curso (PED 2068) – Prática do Módulo I 16/12/2017 RESUMO Desde a antiguidade a história da educação para surdos, vem enfrentando dificuldades em ser aceita, sendo excluídos, vistos como incapazes, impossibilitados de interagir com os ouvintes na sociedade. A inclusão da criança surda ou deficiente auditiva na rede regular de ensino é amparada por leis que, abrem um leque de oportunidades, dando acesso à Libras como língua oficial do brasil juntamente com o português, interpretes, tradutores, professores com estratégias, técnicas na área especifica, instituições adequada para recebe-los, possibilitando meios dignos de comunicação conforme sua anormalidade desde os primeiros anos de vida , dando início a fase pré-linguística. Para tanto, objetivamos informar as mais variadas formas de ensinar as crianças com deficiência auditiva, com utilização de pranchas com desenhos, jogos de memorias que estejam envolvido com a Libras com o objetivo de desenvolver estratégias de memorização e atenção, além de ensinar e fixar melhor os conteúdos de linguagem, lógica e raciocínio, pois é muito importante para a saúde física, mental e social e com isso a brincadeira ajuda a criança relacionar-se com o mundo que a cerca, pois, os jogos favorecem domínio das habilidades de comunicação, nas suas variadas formas na educação infantil interagindo, assim com os ouvintes que é fundamental para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças surdas. Palavras-chave: Inclusão, Desenvolvimento da Linguagem, Direitos. 1 INTRODUÇÃO O ensino e aprendizagem de crianças surdas na educação infantil de 0 a 6 anos é a base fundamental para o seu desenvolvimento, e temos como objetivo informar as mais variadas formas de ensinar um aluno surdo, e de como proporcionar uma escola inclusiva, sugerindo mecanismos necessários, para a inclusão desses alunos no ensino regular, utilizando técnicas para proporcionar as crianças à aquisição da sua linguagem, com a influência do AEE-Atendimento Educacional Especializado, e da interação das crianças com o meio social. Existe varias leis de apoio em relação à educação de surdos, seja na constituição, no Eca estatuto da criança e do adolescente e na LDB lei de diretrizes e bases da educação, sobre os direitos de nossas criança, da garantia a inclusão da criança surda assim como as demais 2 independente de suas especificidades, nas instituições de ensino, amparadas por leis que abrem um leque de oportunidades, dando acesso a Libras como língua oficial do Brasil, juntamente com o Português. É neste intuito que abordaremos os principais passos do desenvolvimento da criança surda na língua de sinais e na língua portuguesa na modalidade escrita, a importância da ludicidade, jogos e brincadeiras como forma de aprendizagem e como se torna mais prazeroso o conhecimento de mundo desses alunos. Utilizamos para realização deste à pesquisa bibliográfica, como livros, artigos científicos e autores renomados que muito contribuirão para o enriquecimento deste trabalho. Primeiramente falaremos sobre os Direitos da criança, em seguida sobre o Desenvolvimento da linguagem em crianças surda, depois sobre a Criança Surda na Educação Infantil e por ultimo o Brinquedo da Educação Infantil. 2 DIREITOS DA CRIANÇA Perante a lei todos temos direitos à educação básica, saúde, moradia digna, transporte com segurança e para que exista uma boa educação tanto para os surdos quanto para ouvintes, é necessário que seus direitos sejam garantidos, respeitados, independentemente de sua religião, cultura ou limitações. Mas para que sejam assegurados esses direitos, hoje em dia existem leis que respaldam e garantem a igualdade de direitos e inclusão na sociedade, acesso a um bom atendimento hospitalar e tantos outros como educação de qualidade. Educação essa que não está relacionado tão somente ao ato de ler e escrever, mas de prepara-lo para atuar na sociedade. O estatuto da criança e do adolescente, Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990, conhecida como ECA, no capitulo IV- Do Direito à Educação, à Cultura, ao Esporte e Lazer, mais precisamente no artigo: Art. 53. A criança e o adolescente tem direito à educação, visando ao pleno desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e qualificação para o trabalho, assegurando-lhes: I - Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - Direito de ser respeitado por seus educadores; III - Direito de contestar critérios avaliativos, podendo recorrer as instancias escolares superiores; (ECA-9ª Edição, p. 31). O ECA foi criado para estabelecer princípios que direcionem os direitos da criança e adolescente, visto como prioridade a ser acatada, perante as leis que visam o pleno acesso às escolas regulares de ensino, sendo respeitadas. Porém, o que se vê, é o difícil acesso das crianças em instituições equipadas e adequadas, uma vez que, as mesmas encontram-se,com professores sem capacitação, ou seja, não sabendo lidar com tais problemáticas. Baseado na Constituição Federal de 1988, Capitulo III, Da Educação, da Cultura e do Desporto, garantido o acesso à educação, cultura, respeito, preparando para integrar-se na sociedade, o qual cita que: 3 Art. 205. A Educação, direito de todos e dever do estado e da família, será Promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno Desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e de sua qualificação para o trabalho. (CF 1988, p. 136). Segundo a lei 9.394/96 Lei de Diretrizes e Bases da Educação-LDB no capítulo V Da Educação Especial, precisamente no art. 58, onde nota-se através desta lei que é dada mais atenção às pessoas com necessidades especiais, garantindo acesso às escolas regulares, atendimentos especializados conforme suas anormalidades. Sendo que toda criança tem direito a estar nas escolas desde as creches, na educação infantil interagindo, assim como os ouvintes, tendo serviços de apoio, técnicas, métodos, estratégias e recursos variados que atenda às necessidades dos mesmos. Art. 58 entende- se por educação especial, para os efeitos desta lei a modalidade de educação escolar, oferecida preferencialmente na rede regular de ensino, para educandos com deficiência transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação. §1ºHaverá, quando necessário serviços de apoio especializado na escola regular, para atender às peculiaridades da clientela de educação especial. §2º O atendimento educacional será feito em classes ou serviços especializados, sempre que, em função das condições específicas dos alunos, não for possível a sua integração nas classes de ensino regular. (De Paulo, 2009, p. 45). Temos também o Estatuto da Pessoa com Deficiência na lei nº 13.146, de 06 de julho de 2015, no capítulo IV do direito à educação no: Art. 27. A educação constitui direito da pessoa com deficiência, assegurados sistema educacional inclusivo em todos os níveis e aprendizado ao longo de toda vida, de forma a alcançar o máximo desenvolvimento possível de seus talentos e habilidades físicas, sensoriais, intelectuais e sociais, segundo suas características, interesses e necessidades de aprendizagem. Parágrafo único: É dever do estado, da família, da comunidade escolar e da sociedade assegurar a educação de qualidade à pessoa com deficiência, colocando-a a salvo de toda forma de violência, negligencia e discriminação. (Paim, 2012, p. 32). De acordo com o estatuto da pessoa com deficiência, é assegurado que toda criança com necessidades especiais deve ter como prioridade uma educação de qualidade e que seja protegida de toda forma de violência, negligencia e descriminação. Como consta no Art. 17 da legislação do Estado de Educação, que as crianças com necessidades especiais serão atendidas sistematicamente nas creches e pré - escolas respeitando-se os direitos ao atendimento adequado em seus diferentes aspectos. Dentre as leis existentes, temos também o Decreto nº 5.626, de 22 de dezembro de 2005 capitulo I das disposições preliminares a qual dispõe sobre a língua de sinais – Libras, e o art. 18 da lei nº 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 1º Este Decreto regulamenta a lei nº 10.436 de 24 de Abril de 2002 e o Art. 18 da lei 10.098, de 19 de dezembro de 2000. Art. 2° Para os fins deste decreto considera-se pessoa surda àquela que, por ter perda auditiva, compreende e interage com o mundo por meio de experiências visuais, manifestando sua cultura principalmente pelo uso da Língua Brasileira de Sinais. (Folha 01, decreto nº 5.626, 2005). Com base na lei 5.626, torna-se obrigatório que as instituições de ensino ofertem o acesso à comunicação à informação, e à educação desde as series iniciais até o nível superior, obtendo sempre um instrutor para atender suas necessidades. 4 Lei 10.098 no Capitulo VII da Acessibilidade no Sistema de Comunicação e Sinalização, afirma que para melhorar a comunicação entre pessoas com deficiência, o poder público precisa promover cursos, formações, qualificando e preparando profissionais como: professores, interpretes, facilitando assim a comunicação. Art.18. O poder público implementará a formação de profissionais interpretes de escrita em braile linguagem de sinais e de guias interpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta a pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação (lei nº 10.098, 2000, Folha 04). Lei 10.436 que reconhece a expressão Libras como língua oficial do Brasil juntamente com o português, possibilitando meios dignos de comunicação, formação profissional, as pessoas com deficiência auditiva, proporcionando assim a inclusão, uma conquista alcançada por meio de movimentos sociais e pela luta da comunidade surda o qual consta. Art. 1º. È reconhecida como meio legal de comunicação e expressão a língua brasileira de sinais - Libras e outros recursos de expressão a elas associadas. Parágrafo único: entende-se como língua brasileira de sinais - Libras a forma de comunicação e expressão em que o sistema linguístico de natureza visual-motora, com estrutura gramatical própria, constituem um sistema linguístico de transmissão de ideias e fatos, oriundos de comunidades de pessoas surdas no Brasil (lei 10.436, 2002, folha 01). Vale ressaltar que mesmo com tantas leis e avanços alcançados, a maior dificuldade ainda está em fazer vigorar, ou tornar praticáveis tudo que a lei defende os valores e direitos das crianças, das pessoas com limitações como encontrar professores formados, preparados que atendam às necessidades dos mesmos. Excluindo a discriminação, o preconceito, exclusão e restrições por parte da sociedade, com isso, as crianças encontram muitas dificuldades dentre elas estão a proteção dos pais em querer proteger seus filhos da discriminação da sociedade, acabam impedindo seus filhos de frequentarem a escola desde a creche para evitar essas agressões, e por falta de informações muitos desconhecem os seus direitos e acabam ficando acomodados. 3 O DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM EM CRIANÇAS SURDAS Segundo Dorin, (1978, p. 141) “É certo que o ser humano nasce com a capacidade para falar. As áreas de linguagem no cérebro, seu órgão fonador e os músculos das vias respiratórias lhe permitirão emitir os mais variados sons”. No caso dos surdos, eles não terão a mesma percepção, daí parte a dificuldade em adquirir sua linguagem, principalmente se nascerem em famílias ouvintes, que não falarão a mesma língua, neste caso sua primeira língua será a língua de sinais que é gestual visual. No primeiro momento percebe-se que tanto bebês surdos, quanto os ouvintes balbuciam e produzem gestos e independente da modalidade da língua oral-auditiva ou espaço visual, os bebês possuem a mesma capacidade linguística, de aprender sua língua. Para Dorin (1978, p. 142) “É o 5 inicio da fase de desenvolvimento da linguagem chamada balbucio, na qual a criança pronuncia sílabas e as repete com certa constância”. Com a inclusão da língua de sinais nos estudos linguísticos, foi feito pesquisas sobre o processo de aquisição da língua, ou seja, o processo pela qual a criança aprende sua linguagem materna, primeiramente em crianças surdas, filhos de pais surdos, para assim aprimorarem melhor o seu desenvolvimento, obtendo-se os resultados da pesquisa foi possível notar que nos bebes surdos e ouvintes encontraram o balbucio, ou seja, a gesticulação. O balbucio manual apresenta combinações que fazem parte do sistema linguístico das línguas de sinais, por isso que os estudos afirmaram que as crianças surdas balbuciavam (oralmente). Encontramos no ser humano a capacidade linguística e motora que sustenta a aquisição que por não ter a audição usam as mãos para se comunicar, ondedesenvolvem o apontar, acenar, pater palma, os gestos sociais mais utilizados. Podemos observar o processo da aprendizagem da criança tanto para surdos quanto para o ouvinte são semelhantes, cada uma da sua maneira. A pesquisa afirma que a língua de sinais não são diferentes da Libras, que tem uma grande importância no desenvolvimento da criança surda, ela sendo a primeira língua de sinais para surdos, sendo que, hoje estes professores capacitados a ensinar as crianças como os deficiente auditivo, para que possam esta aptos a qualquer dificuldades. [...] A dificuldade maior do surdo está exatamente na aquisição de uma linguagem que subsidie seu desenvolvimento cognitivo. Os estudos quem envolvem a condição da pessoa surda são revestidos de fundamental importância e seriedade, visto que a surdez localizada exclusivamente do ponto de vista do desenvolvimento físico, não é uma deficiência grave, mas a ausência da linguagem no relacionamento psicossocial do indivíduo. (Sá, 1999, p. 47). A Libras - língua brasileira de sinais, é uma língua visual-espacial, a comunicação com o outro é feita através dos gestos e da visão, é a primeira língua da comunidade surda, sua língua materna e teve sua origem na Língua Francesa de Sinais, está reconhecida pela Lei nº 10436, de 24 de Abril de 2002, como a segunda Língua oficial brasileira. É importante perceber que a língua de sinais possibilita a aprendizagem e desenvolvimento da criança, isso requer uma boa classificação dos professores, isso para ampliar o horizonte das crianças, incentivando o pensamento criativo e permitindo um acesso maior a uma boa comunicação. Portanto a língua de sinais e produzido por diferentes movimentos das mãos que representam a letra do alfabeto, o primeiro passo é aprender o alfabeto manual. Ele é utilizado para o reconhecimento das letras do alfabeto e para soletrar as palavras “porém, a língua brasileira de sinais Libras não é feita somente com alfabeto manual”, afirma Silveira e Nascimento (2013. p. 112). No entanto a Libras traz a importância essa língua a todos nós, que como acadêmicos devemos nos aprimorar nesse conhecimento para o nosso desenvolvimento como futuros professores. 6 A importância do professor é essencial na vida escolar dessas crianças para uma boa relação como ser social, pois sem ele não existe uma verdadeira interação do surdo com a sociedade, seria muito bom se os pais viessem aprender a língua de sinais para que se tornem mais fácil a sua comunicação com seus filhos, com isso o ajudaria os professores na alfabetização destes na escola e em casa, pois às crianças, só teriam a ganhar em seu desenvolvimento psico e motor em uma boa linguagem para a comunicação e expressão com o mundo. 4 CRIANÇAS SURDAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL A inclusão da criança surda ou deficiente auditiva na rede regular de ensino é amparada por lei, todo ser humano tem direito de receber uma educação de qualidade, mas sabemos que a lei nem sempre é cumprida, muitas escolas não estão preparadas para receber uma criança com necessidades especiais, elas estão sendo colocadas na escola, estão matriculadas, mas ao mesmo tempo são excluídas no próprio ambiente escolar, ou seja, são inseridas, mas não recebem o apoio necessário para sua aprendizagem. Na fase inicial da criança, quando ela começa a descobrir o mundo, existem várias formas de estímulos, principalmente através de brincadeiras, onde se faz relações sociais com o outro, sendo através da escola, família e amigos, fazendo com que ela aumente cada vez mais seus conhecimentos. A educação infantil de 0 a 6 anos é a primeira fase escolar no ensino básico, onde a criança precisa desenvolver sua linguagem, e obter todas as formas de comunicação possível, servindo de base para seguir a diante, proporcionando a criança uma etapa de adaptação. propiciar situações de cuidados, brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação interpessoal, de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação, respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos conhecimentos mais amplos da realidade social e cultural (BRASIL, RCNEI, 2002, p. 23) Nesta fase, o currículo deve ser feito por etapas de acordo com o desenvolvimento infantil e relacionando na interação social, proporcionando atividades lúdicas, brincadeiras e jogos divertidos, para ampliar o processo de aprendizagem de maneira mais efetiva. O comprometimento e a participação da família e de suma importância nesta fase, acompanhando todo o desenvolvimento de seus filhos, por meio de reuniões e durante atividades pedagógicas. É necessária uma biblioteca infantil, com os mais variados contos e histórias para cada faixa etária, devendo ser um professor surdo o responsável por reproduzir as histórias, que poderá ser feita de varias formas, reproduzidos através de teatro ou desenhos, sendo a língua de sinais a forma de comunicação utilizada. Quanto antes à criança conhecer a língua brasileira de sinais, Libras, mais fácil será sua aquisição. 7 A criança pode desenvolver um trabalho em sala de aula, sobre contos de história, explorando a língua portuguesa na modalidade escrita, para que a criança inicie o processo de letramento, relacionando desenho e escrita. “Uma criança normal que crescesse em um ambiente exclusivamente formado por surdos- mudos não desenvolveria a linguagem oral, mesmo que tivesse todos os requisitos inatos necessários para isso. Fenômeno semelhante ocorre com os vários casos das chamadas „crianças selvagens‟, que são crianças encontradas em isolamento, sem contato com outros seres humanos. Mesmo em idade superior à idade normal para a aquisição da linguagem, não havia aprendido a falar. O desenvolvimento fica impedido de ocorrer na falta de situações propícias ao aprendizado” (KOHL, 1997, p. 57). A maioria das coisas que aprendemos, adquirimos com as experiências do dia a dia e com a convivência e a interação com o outro, formando assim ideias, pensamentos e opiniões sobre tudo o que acontece na sociedade, daí parte a necessidade de expor a criança nesta fase de conhecimento, em um ambiente social para que ela conviva com todos a sua volta. Tanto as crianças ouvintes quanto as surdas necessitam dessa interação e comunicação, para adquirirem sua linguagem. Para que aconteça a inclusão de verdade, deve ser realizado um trabalho em equipe, com todo o conjunto de professores, coordenadores, diretores e a participação dos pais ou familiares são fundamentais para o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças surdas. A Sra. Ozana Vera G. de Carvalho, professora de sala de recursos, em uma entrevista à revista Escola Nova diz: “Buscar soluções conjuntas, com os demais professores e gestores, é o melhor caminho. Assim, a escola pode obter os materiais necessários e cursos de formação junto à Secretaria de Educação, ao MEC ou a outras entidades da área que existam na cidade.” Uma escola inclusiva deverá ter, além de uma boa estrutura com acessibilidades, profissionais qualificados que atendam a todos independente das diversidades e especificidades, formação continuada para profissionais da educação como o Atendimento Educacional Especializado (AEE), que é assegurado por lei através dos Decretos Federais Nº 7.611/2011 e Nº 6.253/2007, portanto o AEE deve estar incluído no Projeto Politico Pedagógico (PPP) da escola, se não estiver à escola estará em situação irregular, portanto deverá se adequar conforme as normas federais de uma Educação Inclusiva. Art. 1 o O dever do Estado com a educação das pessoas público-alvo da educação especial será efetivado de acordo com as seguintes diretrizes: I - garantia de um sistema educacional inclusivo em todos os níveis, sem discriminação e com base na igualdade de oportunidades; § 2 o Oatendimento educacional especializado deve integrar a proposta pedagógica da escola, envolver a participação da família para garantir pleno acesso e participação dos estudantes, atender às necessidades específicas das pessoas público-alvo da educação especial, e ser realizado em articulação com as demais políticas públicas. Segundo o MEC o AEE/SURDEZ possibilita ao aluno surdo ter sua aprendizagem no ensino regular em turmas comuns e o Atendimento Educacional Especializado deverá ser realizado em outro turno, na sala de recursos multifuncionais com apoio pedagógico necessário para facilitar a sua aprendizagem, que deverá ser feita através do Bilinguismo, ou seja, em duas línguas, à língua brasileira de sinais - Libras e a Língua Portuguesa na modalidade escrita, vários outros itens 8 relacionados à acessibilidade que ajudam na aquisição da linguagem e na comunicação a principal barreira que eles encontram em uma sociedade que não falam a sua língua. Vale lembrar que os serviços de apoio não substituem o professor da turma regular comum, ele é o responsável pela escolarização do aluno surdo, o papel do professor do (AEE) atendimento educacional especializado é planejar as aulas conforme os conteúdos abordados na classe do ensino regular, os dois profissionais devem trocar informações diárias para tirarem dúvidas sobre determinado assunto. Nos anos iniciais quando a criança chega ao ambiente escolar esta deverá ser conduzida a sua aquisição da linguagem por meio das técnicas de ensino, é fundamental que o professor surdo trabalhe com contos de histórias, que promova momentos didáticos e lúdicos tendo contato com o meio social por intermédio da família, da escola, dos amigos, a convivência e a interação com os outros no primeiro ano de vida é de extrema importância, para aumentar cada vez mais seus conhecimentos. E como sugestões de atividades para crianças de 0 a 6 anos temos: Atividades diárias em sinais, brincadeiras e jogos em sinais, hora do conto em sinais, passeios produzidos por adultos surdos, atividades diversas com as comunidades surdas locais, mini palestras, dadas por outras pessoas surdas. Proponhamos que o profissional habilitado utilize métodos eficazes que muito enriquecerá no seu trabalho pedagógico, pois o professor pode usar atividades e acesso às varias formas de uso da linguagem como: Conversas com diferentes pessoas da comunidade, jogos dramáticos, mini palestras, aulas em vídeo, jornais televisionados, relato de histórias, hora do conto, poesias. Produzir histórias usando o alfabeto manual, números, configuração de mãos específicas, sobre pessoas surdas e ouvintes, com pessoas surdas no mundo dos ouvintes, com pessoas ouvintes no mundo dos surdos. Relatar histórias, contos e fábulas explorando os tipos de jogos relacionados a posições do corpo e direções dos olhos, para a formação dos personagens. 5 O BRINQUEDO NA EDUCAÇÃO PARA CRIANÇA SURDA Desde a pré-história, já se tinha registro sobre o brincar, as formas eram vistas nas pinturas rupestres, nas danças, nas manifestações de alegria, já nos dias de hoje percebe-se a brincadeira de várias maneiras, nos esportes, nos jogos, nas danças, no teatro etc. [....] Quando a criança brinca, ela cria uma situação imaginária, sendo esta uma característica definidora do brinquedo em geral. Nesta situação imaginária, ao assumir um papel a criança inicialmente imita o comportamento do adulto tal como ele observa em seu contexto. [....] (CERISARA, 2008, p.130). O lúdico é um processo de ensino e aprendizagem, que aguça o imaginário das crianças, a palavra lúdico, se origina do latim ludus que significa brincar, o brincar esteve presente em todas as 9 épocas, até os dias atuais, o objetivo a ser alcançado com o uso de metodologia lúdica, é melhorar atividades para serem utilizadas para cada conteúdo e tornar mais atrativo e divertido. O termo lúdico estaria se referindo apenas ao jogar, ao brincar, ao movimento espontâneo, mas não parou em suas origens, deixou de ser apenas um jogo, uma brincadeira e passou a ser um modo de ensinar brincando, diversos autores defendem a utilização do lúdico em sala de aula como um instrumento de ensino. O lúdico na Libras é muito usado, o objetivo é desenvolver estratégias de memorização e atenção, além de ensinar e fixar melhor os conteúdos de linguagem, lógica e raciocínio. É muito importante para a saúde física, mental e social, com isso a brincadeira ajuda a criança interagir com o mundo que a cerca. Os jogos favorecem domínio das habilidades de comunicação, nas suas varias formas, facilitando a autoexpressão [...]. Todas as vontades e desejos das crianças são possíveis de serem realizados através do uso da imaginação, que a criança faz através do jogo (Gioca, 2001, p 22). Quando valorizamos as atividades lúdicas, percebemos o quanto elas são essencial para o desenvolvimento, pois através dela os alunos podem aprender do seu modo, de acordo com suas necessidades, as atividades lúdicas podem melhorar, o aprendizado de cada aluno com necessidades Educacionais Especiais e a inclusão no ambiente escolar, assim valorizamos o que ele é, e o que ele pode ser, mas algumas simples posturas do professor em sala de aula podem facilitar o aprendizado do aluno surdo, pois esta melhoraria o desempenho do processo contínuo educativo, no qual também este profissional pudesse propor atividades para sala de aula como: Pranchas com desenhos, relógio em libras, jogos de memoria. Entende-se, que este ultimo é o mais utilizado em atividades de ensino para crianças com deficiência auditiva, e é o mais jogado por desenvolver estratégias de memorização e atenção. Pode- se, fazer vários tipos de jogos, com vários temas em Libras, assim podendo contribuir para o melhor aprendizado, o objetivo final é juntar os pares, ganha quem juntar mais número de pares. O Jogo de Tabuleiro é um jogo que faz parte do kit Projeto Libras é Legal, por meio de convenio entre a FENEIS (Federação Nacional de Educação e Integração dos Surdos) e a Petrobras, o objetivo é ampliar o vocabulário e fixar as figuras de mãos da Libras. O Jogo de Dominó ou jogos de letras, pode ser jogado com duas ou mais pessoas, precisa de uma tabela do alfabeto da Língua Portuguesa em mãos, mostre a letra e peça que outra pessoa mostre a mesma letra em Libras; ganhará quem tirar o maior numero de acertos, o objetivo e memorizar as letras do alfabeto em Libras. 10 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS No decorrer das pesquisas foram abordadas importantes considerações em relação aos autores citados acima, as quais estão relacionadas ao aprendizado do aluno surdo, pois esses conhecimentos foram necessários para manter e afirmar as nossas ideias e, em particular, à importância da Libras, assim baseando no levantamento de livros, revistas e internet foi possível perceber que a língua de sinais é de grande importância para o desenvolvimento cognitivo e psicossocial na aprendizagem da criança surda, referindo-se ao uso da língua. Desde a educação infantil, todos os ensinos devem ser, pedagogicamente espacial-visual, proporcionando a criança surda uma educação bilíngue, para a aquisição da sua língua materna através da Libras e o português em sua modalidade escrita, com o auxílio do AEE – Atendimento Educacional Especializado, possibilitando o aprendizado de maneira adequada com os recursos necessários e utilizando de diversos tipos de materiais didáticos e jogos lúdicos. E finalmente, a importância da aquisição da Libras no ensino infantil, para as crianças surdas terem seus direitos linguísticos garantidos, e que os profissionais estejam capacitados para receberem as crianças surdas e tenham educação de qualidade com seus direitos linguísticos adquiridos. REFERÊNCIAS BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional.Pacto Nacional pela Alfabetização na Idade Certa: Educação Inclusiva, Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à Gestão Educacional – Brasília: MEC, SEB, 2014. 96 p. ISBN 978-85-7783-147-0. ______. Constituição da República Federativa do Brasil. Texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988. Edição administrativa atualizada em dezembro de 2007. Brasília: Senado Federal, Subsecretaria de Edições Técnicas, 2008. ______. Lei n. 8.069 de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da Criança e do Adolescente e dá outras providências. Disponível em <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm>. Acesso em: 08 dez. 2017. ______. Legislação do Conselho Estadual de Educação Cadernos: Belém: Cadernos Educamazônia – volume 2, 2010. ______. Decreto Lei n. 5.626 de 22 de dezembro de 2005. Regulamenta a Lei n o 10.436, de 24 de abril de 2002, que dispõe sobre a Língua Brasileira de Sinais - Libras, e o art. 18 da Lei n o 10.098, http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8069.htm 11 de 19 de dezembro de 2000. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004- 2006/2005/Decreto/D5626.htm>. Acesso em: 10 dez. 2017. ______. Decreto Lei n. 7.611 de 17 de novembro de 2011. Dispõe sobre a educação especial, o atendimento educacional especializado e dá outras providências. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm>. Acesso em: 10 dez. 2017. ______. Lei n. 13.146 de 6 de julho de 2015. Institui a Lei Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência (Estatuto da Pessoa com Deficiência). Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm>. Acesso em: 11 dez. 2017. ______. Ministério da Educação e do Desporto. Secretaria de Educação Fundamental. Referencial curricular nacional para a educação infantil /Ministério da Educação e do Desporto, Secretaria de Educação Fundamental - Brasília: MEC/SEF, 1998. DORIN, Lannoy. Psicologia da Criança. São Paulo: Ed. do Brasil, 1978. p. 141,142. FLORIANI, Marlei Adriana Beyer. Educação inclusiva: Indaial: Uniasselvi, 2016. 202 p. ISBN 978-85-515-0050-7. INÁCIO, Wederson Honorato. A inclusão escolar do deficiente auditivo: contribuições para o debate educacional, publicado em 20 de Abril de 2009. Disponível em: <https://www.webartigos.com/artigos/a-inclusao-escolar-do-deficiente-auditivo-contribuicoes-para- o-debate-educacional/16918/>. Acesso em 02 dez. 2017. KARNOPP, Lodenir; QUADROS, Ronice Muller de. Educação infantil para surdos. Canoas, 2001. Disponível em: <http://www.cultura-sorda.org/wp-ontent/uploads/2015/03/Karnopp_ Muller_EducaC3A7ao_ infantil_ surdos_ cero_seis_anos_2001.pdf>. Acesso em 02 dez. 2017. MOREIRA, Patricia Aperecida Leite. O fator lingüístico na aprendizagem e desenvolvimento cognitivo da criança surda. Revista virtual de Cultura Surda e Diversidade, Salvador, 2007. Ed. Arara azul. Disponível em: < http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/03/compar1.2.php>. Acesso em 02 dez. 2017. NOVA ESCOLA. A Inclusão que dá certo. São Paulo: Abril, n. 165, ano 18, set. 2003. ______. Inclusão. São Paulo: Abril, n. 244, ano 26, ago. 2011. PAULO, Antonio de. Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB. Ed. Atualizada. Brasil: DP et Alli, 2009. SANTOS, Adriana Prado Santana; GOES, Ricardo Schers de. Língua brasileira de sinais – libras: Indaial: Uniasselvi, 2017. 265 p. ISBN 978-85-515-0002-6. SOUZA, Cláudia Flôr de. A importância do brincar e do aprender das crianças na educação infantil, Rolin de Moura, p. 10, 2008. Disponível em:<http://facsaopaulo.edu.br/media/files/58/58_161.pdf>. Acesso em 10 dez. 2017. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2011/decreto/d7611.htm http://www.planalto.gov.br/CCIVIL_03/_Ato2015-2018/2015/Lei/L13146.htm https://www.webartigos.com/artigos/a-inclusao-escolar-do-deficiente-auditivo-contribuicoes-para-o-debate-educacional/16918/ https://www.webartigos.com/artigos/a-inclusao-escolar-do-deficiente-auditivo-contribuicoes-para-o-debate-educacional/16918/ http://www.editora-arara-azul.com.br/revista/03/compar1.2.php http://facsaopaulo.edu.br/media/files/58/58_161.pdf