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121 - APOSTILA - ATENDIMENTO EDUCACIONAL DE ALUNOS COM SURDEZ modulo 1

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Prévia do material em texto

Atendimento Educacional 
de Alunos com Surdez
Professora Mestre Greicy Juliana Moreira
AUTORA
Professora Mestre Greicy Juliana Moreira
●	 Mestre	em	Letras	(UEM).
●	 Especialista	em	Língua	Portuguesa	-	Teoria	e	Prática	(América	do	Sul).
●	 Especialista	em	Psicopedagogia	Clínica	e	Institucional	(Faculdade	Maringá).
●	 Especialista	em	Educação	Especial	com	Ênfase	em	Libras	(Bom	Bosco).
●	 Especialista	em	Educação	Empreendedora	(PUC	-	RJ).
●	 Especialista	em	Gestão	de	Pessoas	(Faculdade	Maringá).
●	 Licenciatura	em	Letras	-	Português.
●	 Segunda	Licenciatura	(Pedagogia	-	UniCesumar	-	em	andamento).
●	 Professora	da	Pós-Graduação	(UniFCV).
●	 Tutora	Pedagógica	e	de	Pós-Graduação	da	(UniFCV).
●	 Professora	conteudista	na	área	de	Educação	(UniFCV/UNIFATECIE).
●	 Instrutora	de	cursos	Técnicos	e	Profissionalizantes	(SENAC	-	PR).
●	 Experiência	na	área	de	Educação	há	12	anos.
●	 Experiência	 no	Ensino	Técnico	 e	Superior	 e	 Pós-Graduação	 (presencial	 e	 a	
distância):	desde	2010	até	os	dias	atuais.
Acesse	meu	currículo	lattes:	http://lattes.cnpq.br/8929294723407914
https://wwws.cnpq.br/cvlattesweb/PKG_MENU.menu?f_cod=B8DA4EF97D4AE655B42127C955EE8B8E
APRESENTAÇÃO DO MATERIAL
Olá,	aluno(a)!!!
Seja	muito	bem-vindo	à	disciplina	ATENDIMENTO EDUCACIONAL DE ALUNO 
COM SURDEZ!!!
Esta	apostila	é	de	extrema	importância	para	a	sua	jornada	acadêmica.	Ela	é	com-
posta	por	uma	introdução,	quatro	unidades	e	conclusão.	Ao	final	de	cada	unidade,	você	en-
contrará	as	seções	#saiba	mais#	e	#reflita#,	que	foram	pensadas	e	preparadas	objetivando	
ampliar	seus	horizontes	e	somar	novos	conhecimentos	à	sua	prática	profissional.
Aqui,	todos	os	conteúdos	apresentados	foram	criteriosamente	selecionados	e	ana-
lisados,	pois	você	merece	ter	acesso	a	um	material	de	alta	qualidade.
Estruturalmente,	este	material	traz,	na primeira unidade,	intitulada	de	História da 
Educação de Surdos no Brasil, um	panorama	histórico	sobre	a	educação	do	surdo	desde	
a	Antiguidade	até	a	Contemporaneidade.	Além	disso,	apresenta	 também	uma	discussão	
sobre	as	legislações	e	decretos	vigentes,	em	âmbito	nacional.
Na	 sequência,	 na unidade II,	 denominada	 de	 Interlocução Do Atendimento 
Especializado Com O Ensino Regular Para Alunos Surdos, teceremos	diálogos	sobre	
os	fundamentos	teóricos,	legais	e	pedagógicos	do	Atendimento	Educacional	Especializado	
(AEE).	Nesse	sentido,	vamos	verificar	como	acontece	a	institucionalização	do	atendimento	
especializado	no	projeto	político	pedagógico	e,	por	fim,	conhecer	quais	são	as	atividades	
de	vida	diária	do	aluno	com	deficiência	auditiva
Mais	adiante,	na unidade III, intitulada	de Comunicação dos Alunos com Surdez,	
saberemos	quais	são	as	proposições	relacionadas	às	metodologias	de	ensino	direcionadas	
ao	aluno	surdo	e/ou	deficiente	auditivo:	Língua	Brasileira	de	Sinais,	enquanto	comunicação	
oficial,	Bilinguismo	e	a	Oralização.	Para	finalizar,	entendemos	de	que	forma	acontecem	os	
processos	de	escolarização,	no	contexto	nacional.
Por	 fim,	na unidade IV,	 denominada	de	Aluno com Surdez na Escola,	 nossa	
reflexão	será	sobre	o	ensino-aprendizagem	desse	público.	Nesse	sentido,	conheceremos	
quais	são	as	orientações	oficiais	para	o	ensino	de	Língua	Portuguesa	como	segunda	língua,	
como	também	os	posicionamentos	dos	especialistas	sobre	o	assunto:	essa	é	ou	não	a	me-
lhor	forma	de	ensino	para	o	público-alvo.	Por	fim,	você	conhecerá	quais	são	as	orientações	
oficiais	à	escola	para	receber	o	aluno	com	deficiência	auditiva	e/ou	surdez.
Caro(a)	graduando(a),	os	conteúdos	aqui	apresentados	vão	corroborar	para	sua	
formação	acadêmica,	contudo,	para	uma	prática	pedagógica	de	excelência,	faz-se	neces-
sária	constante	atualização	profissional,	ou	seja,	a	busca	incessante	por	novos	saberes.	
Então,	venha,	embarque	comigo	nessa	trilha	de	conhecimentos!!!
SUMÁRIO
UNIDADE	I	......................................................................................................6
História da Educação de Surdos no Brasil
UNIDADE	II	................................................................................................... 27
Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular 
para Alunos Surdos
UNIDADE	III	.................................................................................................. 52
Comunicação dos Alunos com Surdez
UNIDADE	IV	.................................................................................................. 76
Aluno com Surdez na Escola
6
Plano de Estudo:
-	Antiguidade	à	idade	moderna
-	Idade	Contemporânea
-	Legislação	nacional	e	estadual,	acessibilidade	e	a	era	da	inclusão
Objetivos de Aprendizagem:
•	Contextualizar	a	história	da	educação	de	surdos	no	Brasil.
•	Refletir	sobre	os	períodos	históricos	relacionados	à	educação	de	surdos	no	Brasil,	desde	
a	Antiguidade	até	a	idade	contemporânea.
•	Compreender	as	acepções	da	Legislação	nacional	e	estadual,	acessibilidade	e	a	era	da	
inclusão.
UNIDADE I
História da Educação 
de Surdos no Brasil
Professora Mestre Greicy Juliana Moreira
7UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
INTRODUÇÃO
Olá,	aluno(a)!
Vamos	iniciar	a	primeira	unidade	da	disciplina	de	“Atendimento Educacional de 
Aluno com surdez”. Esta	unidade	será	composta	por	três	tópicos,	nos	quais	teceremos	
diálogos	sobre	o	universo	da	pessoa	surda.	
No	primeiro	tópico,	intitulado	de	“Antiguidade à idade moderna”,	conheceremos	
como	era	o	 tratamento	com	as	pessoas	surdas	nesse	 tempo,	em	diversos	países.	Você	
perceberá	que	muitas	atrocidades	foram	praticadas	e	que	os	surdos	não	possuíam	direitos	
civis,	porque	eram	considerados	pessoas	totalmente	incapazes.	
Depois,	no	segundo	tópico,	denominado	“Idade Contemporânea”, nosso	dialógico	
será	mais	 especificamente	 sobre	 os	 acontecimentos	 relacionados	 à	 comunidade	 surda	
no	Brasil.	Assim,	entenderemos	como	iniciou-se	a	educação	de	surdos	e	quais	foram	os	
caminhos	trilhados	até	os	dias	atuais.
Para	finalizar,	no	terceiro	e	último	tópico,	“Legislação nacional e estadual, aces-
sibilidade e a era da inclusão”,	estudaremos	as	diretrizes	propostas	nas	leis	e	decretos,	
bem	como	a	ausência	de	cumprimento	de	tais	determinações	pela	sociedade.
Além	de	todos	os	conteúdos	trabalhados	nos	tópicos,	no	final	desta	unidade	você	
encontrará	novas	sugestões	de	leituras,	filmes	e	sites	que	ampliarão	seus	conhecimentos.
Então,	vamos	lá!!!
8UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
1 ANTIGUIDADE À IDADE MODERNA
Caro(a)	acadêmico(a),	neste	primeiro	tópico	da	Unidade	I,	nosso	diálogo	será	sobre	
os	importantes	acontecimentos	históricos	relacionados	à	Educação	de	Surdos.	Para	tanto,	
apresentaremos,	 inicialmente,	 informações	sobre	os	acontecimentos	no	mundo,	entre	os	
períodos	da	Antiguidade	até	a	Idade	Moderna.	Conhecer	os	acontecimentos	relacionado	à	
educação	de	surdos,	em	diferentes	momentos	históricos,	colabora	para	um	melhor	enten-
dimento	sobre	o	passado,	nos	faz	refletir	sobre	o	presente	e	ainda	possibilita	um	diálogo	
sobre	as	futuras	prospecções	relacionadas	ao	assunto.	
Para	iniciarmos	nossa	jornada	por	esses	momentos	tão	interessantes	precisamos,	
primeiramente,	entender	a	diferença	entre	“povo	surdo”	e	“comunidade	surda”:
●	 Povo surdo:	 é	 um	 grupo	 de	 pessoas	 surdas	 que	 têm	 costumes,	 história,	 e	
tradições	em	comuns,	 constrói	 sua	concepção	de	mundo	através	da	mesma	
visão,	ligados	por	um	código	de	formação	visual,	independentemente	do	nível	
linguístico	(STROBEL,	2008).
●	 Comunidade surda:	 	 não	 é	 composta	 apenas	 de	 surdos,	 mas	 também	 de	
ouvintes,	como,	por	exemplo,	as	pessoas	da	família,	 intérpretes,	professores,	
amigos,	 dentre	 outros	 que	participam	e	 compartilham	os	mesmos	 interesses	
comuns	em	uma	determinada	localização	(STROBEL,	2008).
9UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
Aluno(a),	você	conseguiu	entender	a	diferença	entre	esses	dois	conceitos?	 Isso	
é	muito	importante,	porque	conhecer	o	que	significa	cada	termo	facilitará	a	compreensãodos	aspectos	educacionais,	sociais,	políticos,	culturais	e	linguísticos	relacionados	a	esse	
público.	
Agora,	após	esse	entendimento,	vamos	nos	debruçar	mais	especificamente	sobre	
os	fatos	históricos	relacionados	à	história	oficial	da	educação	de	surdos	no	mundo,	porque	
é	a	partir	desses	eventos,	que	foram	criados	os	documentos	oficiais	vigentes.	Para	tanto,	
selecionamos	os	momentos	considerados	pelos	historiadores	mais	importantes,	marcados	
por	muitos	embates	e	diversas	discussões	em	prol	dos	direitos	relacionados	à	convivência	
e	a	comunicação	eficaz	dos	surdos	na	sociedade.
De	acordo	com	Pereira	(2008),	na	era	da	Antiguidade	Clássica,	mais	especifica-
mente	entre	4.000	a.C.	até	476	d.C.,	em	Roma,	os	deuses	defendiam	que	os	surdos	eram	
pessoas	enfeitiçadas,	por	isso,	deveriam	ser	abandonados	ou	sacrificados.	Na	Grécia,	as	
pessoas	surdas	eram	consideradas	como	incapazes,	ou	seja,	não	conseguiam	desenvolver	
nenhuma	atividade,	muitas	vezes,	eram	comparadas,	até	mesmo,	com	os	animais	irracio-
nais.	Além	disso,	 não	 podiam	utilizar	 gestos	 para	 estabelecer	 comunicações	 e,	 quando	
tentavam	 realizar	 tal	ação,	 tinham	suas	mãos	amarradas	e/ou	eram	penalizados	por	 tal	
feito.	
Dentre	muitos	 autores	 que	 compartilham	dos	 relatos	 sobre	 os	maus	 tratos	 com	
os	surdos,	na	Antiguidade,	Berthier	 (1984,	p	165)	chama	a	atenção	para	as	atrocidades	
realizadas	pelos	espartanos:	“A	infortunada	criança	era	prontamente	asfixiada	ou	tinha	sua	
garganta	cortada	ou	era	lançada	de	um	precipício	para	dentro	das	ondas.	Era	uma	traição	
poupar	uma	criatura	de	quem	a	nação	nada	poderia	esperar”.	
Diferentemente,	no	Egito	e	na	Pérsia	os	Surdos	eram	considerados	como	criatu-
ras	mágicas,	enviadas	como	mensageiras	pelos	deuses,	por	 isso,	eram	protegidos	pela	
sociedade.	Contudo,	 viviam	 sem	 ter	maiores	 funções,	 não	 eram	alfabetizados,	 pois,	 na	
visão	da	sociedade,	eram	consideradas	pessoas	incapazes	de	realizar	qualquer	atividade,	
desprovidos	de	inteligência,	então,	apenas	comiam	e	dormiam.	
Na	Idade	Média	(476-1453),	não	houve	muita	mudança	com	relação	ao	tratamento	
destinados	aos	surdos.	Nesse	período,	eles	eram	considerados	estranhos	e,	também,	mui-
tas	vezes	eram	jogados	na	fogueira.	Nessa	época,	outra	situação	que	merece	ser	lembrada	
como	atrocidade	cometida	contra	a	pessoa	surda	é	a	ausência	de	o	direito	legal,	ou	seja,	
ela	não	podia	receber	heranças,	porque	não	era	alfabetizada.	Relatos	históricos	também	
revelam	que	o	surdo	era	impedido,	pela	igreja	católica,	de	frequentar	missas,	porque	não	
10UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
tinha	alma,	era	um	pecador,	porque	não	conseguia	 realizar	o	ato	da	confissão	como	os	
demais	cidadãos	(BERTHIER,	1984).
Já	na	Idade	Moderna,	entre	os	séculos	XV	e	XVIII,	foi	um	período	em	que	aconte-
ceram	muitas	modificações	políticas,	econômicas,	sociais	e	culturais,	como,	por	exemplo,	
a	Expansão	Marítima,	 o	Renascimento	 e	 a	Reforma	Protestante,	 devido	 a	 todas	 essas	
modificações,	a	sociedade	começou	a	olhar	a	situação	do	surdo	com	outros	olhos.		Foi	a	
partir	desse	momento,	de	desenvolvimento	cultural	e	científico	mais	especificamente,	que	
se	iniciou	os	estudos	direcionados	à	anatomia	humana,	que	as	situações	clínicas	e	edu-
cacionais	referentes	ao	surdo	tiveram	destaque	e	começaram	a	ser	estudadas.	Precursor	
dessas	investigações,	o	italiano,	médico	e	filósofo,	Gerolamo	Cardano	(1501-1576)	defen-
dia	que	a	surdo-mudez	estava	relacionada	à	fala	e	à	audição,	porém	a	inteligência	estava	
preservada,	então,	a	pessoa	com	essa	deficiência	poderia	aprender	a	escrita.	Portanto,	
de	acordo	com	as	acepções	do	referido	autor,	não	alfabetizar	esse	público	seria	um	crime	
social	(STROBEL,	2009).
Caro(a)	aluno(a),	a	partir	desses	levantamentos,	cabe-nos,	então,	salientar	que	es-
ses	fatores	históricos	contribuíram	efetivamente	para	os	avanços	relacionados	à	condição	
do	surdo	no	mundo.	No	entanto,	nessa	época,	apenas	os	filhos	dos	nobres	(pessoas	que	
possuíam	condições	financeiras	muito	favoráveis)	tinham	direito	à	educação.	Vale	ressaltar	
que	 foi	 por	 esses	motivos	 que	 o	 espanhol	 Pedro	 Ponce	 de	 Leon	 (1510-1584),	monge,	
alfabetizou	muitos	filhos	da	corte	espanhola	e	abriu	a	primeira	escola	para	surdos	em	um	
monastério	de	Valladolid,	utilizando	métodos	de	datilografia,	escrita	e	oralização.	Posterior-
mente,	ele	fundou	uma	escola	para	professores	de	surdos,	contudo,	não	fez	publicações,	
consequentemente	seus	métodos	foram	esquecidos.	De	acordo	com	estudos	publicados	
sobre	o	assunto	em	questão,	nesse	momento	os	surdos	que	foram	alfabetizados,	conquis-
taram	o	direito	de	receber	heranças,	diferentemente	do	que	acontecia	no	período	histórico	
anterior.
Nas	revisões	de	literatura	sobre	o	assunto,	Strobel	(2009)	constatou	que,	logo	após	
tais	acontecimentos,	surgiram,	pelos	diversos	cantos	do	mundo,	outros	métodos	e	técnicas,	
os	quais	objetivavam	alfabetizar	os	surdos,	como,	por	exemplo:
●	 1613	-	 (Espanha),	o	Fray	de	Melchor	Yebra	publicou	um	manual	do	alfabeto	
denominado	Refugium Infirmorum.
●	 1620	-	(Espanha),	Juan	Pablo	Bonet	escreveu	o	primeiro	livro	sobre	a	educação	
de	surdos	Reduccion de las letras y arte para enseñar a hablar a los mudos,	
com	intuito	de	divulgar	seu	método	oral.
11UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
●	 1644	–	 (Inglaterra),	 John	Bulwer	 lançou	Chirologia e Natural Language of 
the Hand	(A Linguagem Natural da Mão)	no	qual	defendeu	a	importância	de	
utilizar	o	alfabeto	manual,	língua	de	sinais	e	leitura	labial	com	os	surdos.
●	 1648	-	 (Inglaterra),	John	Bulwer	publicou	Philocopus	 (o Amigo do Homem 
Surdo e Mudo),	seu	objetivo	foi	mostrar	que	a	língua	de	sinais	era	capaz	de	
expressar	os	mesmos	conceitos	que	a	língua	oral.
●	 1700	-	(Suíça),	Johan	Conrad	Ammon,	médico,	desenvolveu	e	publicou	método	
pedagógico	da	fala	e	da	leitura	labial:	“Surdus Laquens”.	
●	 1741-	 (França),	 Jacob	Rodrigues	 Pereire	 foi	 o	 primeiro	 professor	 de	 surdos	
no	país,	oralizou	a	sua	irmã	surda,	utilizando	o	ensino	de	fala	e	de	exercícios	
auditivos.	
●	 1755	 -	 (Alemanha),	 Samuel	 Heinicke	 primeiro	 educador	 a	 desenvolver	 uma	
instrução	sistemática	para	os	surdos	na	Alemanha.
●	 1760	 (Inglaterra),	Thomas	Braidwood	 fundou	a	primeira	escola	para	surdos,	
por	meio	do	método	orofacial,	ele	ensinava	os	significados	das	palavras	e	sua	
pronúncia	aos	surdos.
Caro(a)	 aluno(a),	 neste	 tópico	 você	 teve	 acesso	 às	 informações	 relacionadas	 à	
história	da	educação	de	surdos	nos	períodos	correspondentes	à	Idade	Antiga	até	a	Idade	
Média,	no	contexto	mundial.	No	próximo	tópico	nossos	olhares	estarão	direcionados	para	
os	fatos	históricos	que	aconteceram	desde	a	Idade	Contemporânea,	mais	especificamente,	
a	partir	do	século	XVIII,	em	meados	de	1789	até	os	dias	atuais.	
Então,	venha	comigo	desvendar	os	momentos	mais	relevantes,	que	fizeram	a	dife-
rença	para	a	vida	das	pessoas	surdas!!!!!
12UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
2 IDADE CONTEMPORÂNEA
Olá,	aluno(a)!!!!
Neste	segundo	tópico	da	Unidade	I	vamos	dialogar	sobre	os	dados	históricos	re-
lacionados	à	Educação	de	Surdos,	a	partir	da	 Idade	Contemporânea	até	os	dias	atuais,	
enfatizando	os	acontecimentos	no	Brasil,	porque,	no	tópico	anterior,	nossos	olhares	esta-
vam	direcionados	para	os	movimentos	em	prol	da	pessoa	surda	em	outras	épocas	e	outros	
lugares.	
Para	o	estudioso	sobre	o	 tema,	Zeni	 (2005),	 	no	Brasil,	 foi	a	partir	de	1835	que	
tiveram	início	os	movimentos	em	prol	do	povo	surdo,	quando	o	deputado	Cornélio	Ferreira	
França		apresentou	à	Assembleia	Legislativa	um	projeto	que	tinha	como	objetivo	disponibi-
lizar	um	professor	de	ensino	primário	para	surdos,	em	cada	província	da	nação,	porém	sem	
sucesso	na	época.	
Contudo,	 foi	somente	em	1855	que	houve	oficialmente	um	movimento	de	ações	
direcionadas	 à	 educação	 de	 surdos.	 Nessa	 época,	 segundo	 reinado	 brasileiro,	 o	 então	
imperador	Dom	Pedro	II	(1825-1891)conheceu	a	história	de	José	Álvares	de	Azevedo,	por	
meio	do	médico	da	Câmara	Imperial,	o	francês	José	Francisco	Xavier	Sigaud.	Nas	revisões	
de	literatura	sobre	o	assunto,	Zeni	(2005)	revela	que	Azevedo,	brasileiro,	ficou	cego	com	três	
anos	e	logo	após	mudou-se	para	Paris.	Lá,	foi	alfabetizado	no	Institut National des Jeunes 
Aveugles, por	meio	do	sistema	Braille.	Mais	tarde,	já	adulto,	por	volta	de	1850,	retornou	ao	
país	de	origem,	Brasil,	e	alfabetizou	a	filha	de	José	Francisco	Xavier	Sigaud,	a	Adélia.	Por	
13UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
conta	disso,	o	médico	imperial	apresentou	o	professor	da	filha	ao	imperador	com	intuito	de	
criar	no	país	um	instituto	baseado	no	método	francês.	Então,	com	autorização	do	imperador	
foi	criado	o	“Imperial Instituto dos Meninos Cegos”,	o	qual	começou	a	funcionar	oficial-
mente,	no	Rio	de	Janeiro,	a	partir	de	1854,	por	meio	do	Decreto	nº	1.428/1854.	
Seguindo	a	linha	de	iniciar	os	trabalhos	com	educação	para	deficientes,	depois	da	
publicação	da	Lei	nº	939/1856,	em	26	de	setembro,	foi	criado	o	Instituto Imperial dos Sur-
dos-Mudos (BRASIL,	1857,	p.	70).		O	início	dos	trabalhos	nessa	escola	especializada	foi	
de	responsabilidade	do	surdo	de	nascença,	Eduardo	Huet,	mestre	francês,	que	trabalhou	
como	professor	e	diretor	do	Instituto	de	Surdos-Mudos	de	Bourges.	O	educador	propôs	ao	
imperador	utilizar,	no	Brasil,	o	mesmo	modelo	utilizado	no	Instituto	Nacional	de	Paris	para	
educar	os	surdos	e	convenceu	Dom	Pedro	II	ao	revelar	que	o	tal	modelo	francês	proporcio-
nava	excelentes	resultados	com	o	público-alvo.	Foi	a	partir	disso	que	teve	início	o	entrelaço	
entre	 língua	de	 sinais	 francesa,	 utilizada	na	época	em	algumas	 regiões	 brasileiras,	 e	 a	
Língua	Brasileira	de	Sinais	(LIBRAS)	(ZENI,	2005).
Esse	foi	o	marco	inicial	da	educação	de	surdos	no	país.	A	escola	funcionava	em	
regime	de	internato	para	meninos	surdos	de	todo	o	país,	após	alfabetizados	e	formados,	
os	estudantes	voltavam	para	suas	casas	e	isso	disseminou	a	língua	de	sinais	por	diversas	
regiões	brasileiras.	O	sistema	de	ensino	era	composto	pela	 língua	de	sinais	utilizada	no	
país	juntamente	com	a	língua	de	sinais	francesa,	uma	vez	que	o	professor	Huet	era	francês.	
Além	do	ensino	destinado	aos	meninos	 surdos,	 o	 instituto	 ainda	 tinha	um	programa	de	
formação	de	professores,	o	qual	ensinava	a	educação	de	surdos	e	a	língua	de	sinais	para	
que	eles	pudessem	reproduzi-las.
Atualmente,	o	local	de	ensino	em	questão	funciona	como	o	Instituto Nacional de 
Educação de Surdos (INES),	 um	órgão	do	Ministério	 da	Educação	que	atende	alunos	
surdos	da	Educação	Infantil	até	o	Ensino	Médio,	além	de	oferecer	ensino	profissionalizante	
e	estágios	remunerados.
Mais	 tarde,	em	1861,	o	 fundador	do	 instituto	 voltou	para	sua	cidade	de	origem.	
Assim,	 tomou	posse	o	Frei	do	Carmo,	o	qual	 ficou	 responsável	pela	direção	da	escola.	
Porém,	não	demorou	muito	para	ele	abandonar	o	cargo	e,	então,	foi	substituído	por	Ernesto	
do	Prado	Seixa.	Logo	depois,	em	1862,	uma	nova	pessoa	entrou	para	a	direção,	Dr.	Manoel	
Magalhães	Couto,	porém,	sem	ter	nenhuma	experiência	relacionada	à	educação	de	surdos,	
fez	do	então	instituto	apenas	um	asilo	para	surdos.	
Como	podemos	 constatar,	 nessa	época,	 a	 alfabetização	dos	 surdos	 foi	 deixada	
de	lado,	por	isso,	em	1868,	após	denúncias,	o	governo	demitiu	o	diretor	oficial	e	colocou	
14UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
outra	pessoa	para	ficar	à	frente	do	instituto,	o	Sr.	Tobias	Leite,	que	assumiu	a	direção	com	
a	incumbência	de	retomar	os	trabalhos	e	direcioná-los	mais	especificamente	à	educação	
dos	surdos.	
Em	1873,	a	partir	da	publicação	do	decreto	n.	5.435,	foi	regulamentado	o	instituto	
até	o	período	republicano.	Ainda	nesse	período,	o	método	Huet	era	utilizado	e	tinha	como	
corpo	docente	dois	professores	de	linguagem	escrita,	um	de	linguagem	articulada	e	leitura	
dos	lábios,	um	de	matemática,	geografia	e	história	do	Brasil,	um	de	desenho,	um	médico,	
além	de	outros	profissionais	que	cuidavam	das	estruturas	e	organizações.	Mas	foi	somente	
em	1901	que	o	colégio	foi	reconhecido	como	Instituto	Nacional	de	Surdos-Mudos,	por	meio	
do	Decreto	n.	3.964.
Caro(a)	aluno(a),	você	sabia	que,	como	consequência	dos	estudos	propostos	pelo	
instituto,	um	ex-aluno,	Flausino	José	da	Gama,	com	18	anos,	publicou,	em	1875,	a	Icono-
grafia dos Signaes dos Surdos-Mudos,	o	primeiro	dicionário	de	língua	de	sinais	no	Brasil	
(GAMA,	1875).
Um	 fato	 bastante	 relevante	 e	 de	 efeito	 totalmente	 devastador	 para	 a	 área	 edu-
cacional	de	surdos	aconteceu	em	1880,	em	Milão	–	 Itália.	Esse	evento	 internacional,	O 
Congresso de Milão,	marcou	negativamente	a	educação	de	surdos,	por	 todo	o	mundo.	
Nesse	congresso,	representantes	e	educadores	ouvintes	de	27	países	participaram,	exceto	
o	Brasil,	tinham	como	objetivo	primordial	extinguir	definitivamente	a	língua	de	sinais	e	inserir	
a	metodologia	oralista	na	educação	de	surdos.	De	acordo	com	alguns	historiadores,	eles	
defendiam	o	oralismo,	porque,	segundo	eles,	apenas	a	minoria	se	comunicava	por	sinais,	
então	o	mais	viável	seria	alfabetizar	os	surdos	por	meio	da	oralização,	método	comunicati-
vo	universal	da	época.	Assim,	por	meio	de	oito	resoluções,	conseguiram	autorização	para	
proibir	a	utilização	da	língua	de	sinais	em	instituições	educacionais.	
Aluno(a),	vamos	conhecer	melhor	quais	são	as	oito	resoluções	do	Congresso	de	
Milão?	(EIJI,	s.d.):
●	 1ª	-	Atestou	a	superioridade	da	articulação,	declarando	ser	esta	a	melhor	forma	
de	reinserção	das	pessoas	surdas	à	sociedade	e	ser	o	método	oral	o	melhor	na	
educação	de	pessoas	surdas.
●	 2ª	-	Afirmou	que	o	uso	simultâneo	dos	gestos	e	da	oralidade	prejudica	a	leitura	
labial	e	a	articulação	das	pessoas	surdas,	declarando	que	um	método	puramen-
te	oral	deveria	ser	adotado.
●	 3ª	-	Considerou	o	enorme	número	de	pessoas	surdas	não	instruídas	e	que	nem	
sempre	as	 famílias	e	 instituições	eram	capazes	de	 suprir	 essa	necessidade,	
15UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
estabelecendo,	então,	que	é	dever	do	governo	assegurar	que	essas	pessoas	
sejam	educadas.	A	resolução	foi	aprovada	por	unanimidade.
●	 4ª	-	Definiu	que	a	melhor	maneira	de	ensinar	as	pessoas	surdas	seria	através	
de	 um	método	 intuitivo,	 usando	 a	 associação	 da	 fala	 com	palavras	 escritas,	
expondo	as	crianças	desde	cedo	a	livros	e	à	gramática	da	língua	escrita.
●	 5ª	-	Alegou	falta	de	livros	didáticos	suficientes	para	esses	propósitos,	declarando	
que	é	dever	dos	professores	do	sistema	oral	desenvolver	e	publicar	os	materiais	
necessários.
●	 6ª	 -	 Baseou-se	 nos	 resultados	 de	 estudos	 com	 pessoas	 surdas	 que	 já	 não	
estavam	mais	 na	 escola	 e	 declarou	 que	 essas	 pessoas	 não	 perderam	 suas	
habilidades	de	fala	e	leitura	labial,	mas	sim	as	aprimoraram	através	da	prática	
e	leitura.	Sendo	assim,	ficou	definido	que	pessoas	surdas	devem	comunicar-se	
usando	apenas	a	fala.
●	 7ª	-	Levou	em	consideração	as	necessidades	especiais	do	ensino	de	pessoas	
surdas	e	recomendou	a	idade	dos	oito	a	dez	anos	como	a	melhor	época	para	
que	as	 crianças	 surdas	 comecem	sua	 vida	 escolar.	Estabelece	 também	que	
a	educação	dessas	crianças	deve	durar	de	sete	a	oito	anos,	e	que	as	classes	
devem	ter	até	dez	alunos.
●	 	8ª	-	Estabeleceu	uma	mudança	gradual	no	método	de	ensino	de	instituições	
que	faziam	uso	da	língua	de	sinais,	eliminando	pouco	a	pouco	o	ensino	por	meio	
das	línguas	de	sinais	e	implementando	o	método	oral.
Após	 tal	 determinação,	 o	 oralismo	passou	a	 ser	 a	 língua	oficial	 para	 educar	 os	
surdos	em	todos	os	países	europeus	e	também	nos	Estados	Unidos,	durante	o	século	XIX	e	
um	bom	período	do	século	XX.	Consequentemente,	o	Brasil	também	aderiu	à	determinação	
do	Congresso	de	Milão	(ZENI,	2005).	De	acordo	com	a	proposta	educacional	vigente	na	
época,	 aqueles	 surdos	 que	 eram	educadores	 e	 se	 comunicavam	pela	 língua	 de	 sinais,	
não	poderiam	mais	desenvolvertal	prática,	como	 também	era	 terminantemente	proibida	
a	comunicação	por	meio	de	gestos	por	qualquer	aluno	e/ou	funcionário	da	escola.	Além	
disso,	sugeriram	que	as	famílias	também	não	praticassem	esse	tipo	de	comunicação	no	
ambiente	familiar.	Esse	decreto	perdurou	por	muitos	e	muitos	anos.	
Em	1929,	no	estado	de	São	Paulo,	 foi	 fundado	o	Instituto	Santa	Terezinha,	dire-
cionado	apenas	para	meninas,	em	regime	de	internato.	Após	alguns	anos,	foi	concedida	a	
16UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
participação	de	ambos	os	sexos.	Inicialmente,	o	método	francês	era	utilizado	para	o	ensino,	
após	o	congresso	de	Milão,	o	Brasil	aderiu	ao	movimento	do	oralismo	(CAMPELLO,	2008).
Mais	 tarde,	 já	 em	1930,	 no	Rio	 de	 Janeiro,	 ex-alunos	 do	 INES	 fundaram	a	As-
sociação	Brasileira	de	Surdos-Mudos,	porém	não	obteve	muito	sucesso	e	foi	desativada	
posteriormente.	
Muito	tempo	depois,	em	1957,	a	partir	da	promulgação	da	Lei	nº	3.198,	houve	mu-
dança	de	nome	e	o	referido	instituto	passou	a	chamar-se	“Instituto Nacional de Educação 
dos Surdos” (INES)	e	estava	sob	direção	de	Ana	Rímola	de	Faria	Daoria,	que	tinha	como	
assessora	a	professora	Alpia	Couto.	Nesse	momento,	elas	ainda	determinavam	a	proibição	
da	língua	de	sinais,	oficialmente,	nas	salas	de	aula.	No	entanto,	os	alunos	descumpriam	as	
regras	e	utilizavam	a	LIBRAS	para	estabelecer	comunicação	entre	eles,	dentro	da	escola,	
pelos	corredores	e	pátios,	mas	fora	da	sala	de	aula	(CAMPELLO,	2008).
Já	em	1961,	houve,	no	Rio	de	Janeiro,	o	lançamento	do	interessante	livro	Até onde 
vai o Surdo,	pelo	autor	Jorge	Sérgio	L.	Guimarães.	A	obra	relatou,	em	forma	de	crônicas,	
as	experiências	diárias	do	autor	como	cidadão	surdo.
Alguns	anos	mais	tarde,	em	1977,	tiveram	início	as	atividades	da	Federação	Na-
cional	 de	Educação	e	 Integração	dos	Deficientes	Auditivos	 (FENEIDA),	 que	era	dirigida	
por	 	 pessoas	ouvintes	 envolvidas	 com	a	 problemática	 da	 surdez,	 como	por	 exemplo,	 a	
professora	Álpia	Couto	e	a	professora	Rosita	Edler,	mas	não	durou	muito	e	foi	fechada.	
No	final	da	década	de	80,	em	1987,	na	mesma	cidade,	houve	uma	reestruturação	da	
já	extinta	FENEIDA	e,	então,	foi	fundada	a	Federação	Nacional	de	Educação	e	Integração	
dos	Surdos	(FENEIS),		uma	instituição	educacional,	não-governamental,	filantrópica,	sem	
fins	lucrativos,	que	atua	até	os	dias	atuais	em	prol	dos	surdos	brasileiros.	Dentre	muitos	
trabalhos	desenvolvidos,	o	destaque	vai	para	ações	relacionadas	ao	direito	à	inclusão	de	
profissionais	surdos	no	mercado	de	trabalho	(CAMPELLO,	2008).
O	Rio	de	Janeiro,	até	hoje,	é	considerado	o	berço	da	educação	de	surdos	no	Brasil,	
isso	se	justifica	porque,	por	muito	tempo,	o	estado	foi	a	capital	do	país	e	muito	do	que	foi	
conquistado	teve	início	lá.	Ainda	na	década	de	80,	na	Federal	do	RJ,	foi	criado	o	primeiro	
grupo	de	estudo	linguísticos	da	LIBRAS,	liderado	pela	linguista	Lucinda	Ferreira	de	Brito.	No	
país,	entre	as	décadas	de	1980	até	meados	dos	anos	90,	houve	a	volta	do	uso	dos	sinais,	
uma	metodologia	 educacional	 que	 foi	 denominada	 de	Comunicação	Total	 (CAMPELLO,	
2008).
Já	em	1994,	no	mês	setembro,	como	a	LIBRAS	estava	em	ascensão	como	meio	de	
comunicação	do	surdo,	aconteceu	um	evento	muito	importante	– Marcha Surdos Vencere-
17UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
mos –	em	reivindicação	ao	reconhecimento	da	língua	brasileira	de	sinais	e	o	provimento	de	
intérpretes	em	espaços	públicos.	As	reivindicações	desse	movimento	foram	conquistadas	
posteriormente	por	meio	da	Lei.	10.436/2002	(CAMPELLO,	2008).
Então,	de	acordo	com	o	exposto,	foi	somente	no	final	do	século	XX,	início	dos	anos	
2000,	que	se	 iniciaram	as	conquistas	com	as	publicações	dos	 instrumentos	 legais	mais	
relevantes	para	a	educação	de	surdos,	no	Brasil.	
Acadêmico(a),	espero	que	tenha	conseguido	entender	a	história	da	educação	de	
surdos	por	meio	desse	breve	panorama	histórico	apresentado.	
Com	o	intuito	de	adquirirmos	mais	conhecimentos	sobre	o	assunto	em	questão	na	
contemporaneidade,	no	tópico	posterior	vamos	entender	melhor	quais	são	as	leis	federais	
que	regem	a	educação	de	surdos,	acessibilidade	e	inclusão	social.	
Vamos	lá!!!!!
18UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
3 LEGISLAÇÃO NACIONAL E ESTADUAL, ACESSIBILIDADE E A ERA DA INCLUSÃO
Caro(a)	aluno(a),	neste	tópico	3,	da	Unidade	I,	lanço	inicialmente	uma	pergunta:
Como seria para você uma vida sem sons? 
Som	nenhum!!!	Essa	é	a	realidade	de	diversas	pessoas	surdas.	Segundo	os	dados	
estatísticos	divulgado	pelo	Instituto	Locomotiva	(2019),	a	população	brasileira	é	composta	
por	mais	de	10	milhões	de	pessoas	surdas,	que	enfrentam	todos	os	dias	barreiras	e	desa-
fios	para	serem	incluídas	efetivamente	nos	meios	sociais.
Para	 conhecermos	 melhor	 as	 conquistas	 da	 comunidade	 surda	 no	 Brasil,	 bem	
como	 os	 obstáculos	 que	 ainda	 precisam	 enfrentar,	 faz-se	 necessário	 tecer	 um	 diálogo	
sobre	os	documentos	oficiais	vigentes.	Então,	vamos	nos	debruçar	nas	acepções	das	Leis	
e	Decretos	Federais	sobre	LIBRAS,	acessibilidade	e	a	era	da	inclusão.
Acadêmico(a),	 conforme	mencionado	anteriormente,	 foi	 somente	a	partir	do	ano	
2000	que	tivemos	o	início	das	publicações	oficiais	em	prol	da	comunidade	surda	brasileira.	
Então,	para	um	melhor	entendimento	dos	fatos,	vamos	apresentá-los	em	uma	sequência	
cronológica:
19UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
2000 - Lei nº 10.098 - Janela de libras na televisão:	uma	conquista	de	acessibi-
lidade	na	comunicação	-	Capítulo	VII	-	Da	Acessibilidade	nos	sistemas	de	comunicação	e	
sinalização	(BRASIL,	2000).
Art.	17.	O	Poder	Público	promoverá	a	eliminação	de	barreiras	na	comunicação	
e	estabelecerá	mecanismos	e	alternativas	técnicas	que	tornem	acessíveis	os	
sistemas	de	comunicação	e	sinalização	às	pessoas	portadoras	de	deficiência	
sensorial	e	com	dificuldade	de	comunicação,	para	garantir-lhes	o	direito	de	
acesso	à	informação,	à	comunicação,	ao	trabalho,	à	educação,	ao	transporte,	
à	cultura,	ao	esporte	e	ao	lazer.
Art.	18.	O	Poder	Público	implementará	a	formação	de	profissionais	intérpretes	
de	escrita	em	braile,	linguagem	de	sinais	e	de	guias-intérpretes,	para	facilitar	
qualquer	tipo	de	comunicação	direta	à	pessoa	portadora	de	deficiência	sen-
sorial	e	com	dificuldade	de	comunicação.
Art.	19.	Os	serviços	de	radiodifusão	sonora	e	de	sons	e	 imagens	adotarão	
plano	de	medidas	técnicas	com	o	objetivo	de	permitir	o	uso	da	linguagem	de	
sinais	ou	outra	subtitulação,	para	garantir	o	direito	de	acesso	à	informação	
às	pessoas	portadoras	de	deficiência	auditiva,	na	forma	e	no	prazo	previstos	
em	regulamento.
2002	–	Lei nº	10.436 -	Reconhecimento da Libras:	dispõe	sobre	a	Língua	Brasi-
leira	de	Sinais	-	Libras	e	dá	outras	providências	(BRASIL,	2002):
Art.	1º	É	reconhecida	como	meio	legal	de	comunicação	e	expressão	a	Língua	
Brasileira	de	Sinais	-	Libras	e	outros	recursos	de	expressão	a	ela	associados.	
Parágrafo	 único.	 Entende-se	 como	 Língua	 Brasileira	 de	 Sinais	 -	 Libras	 a	
forma	de	comunicação	e	expressão,	em	que	o	sistema	lingüístico	de	natu-
reza	visual-motora,	com	estrutura	gramatical	própria,	constituem	um	sistema	
linguístico	 de	 transmissão	 de	 idéias	 e	 fatos,	 oriundos	 de	 comunidades	 de	
pessoas	surdas	do	Brasil.	
Art.	2º	Deve	ser	garantido,	por	parte	do	poder	público	em	geral	e	empresas	
concessionárias	de	serviços	públicos,	formas	institucionalizadas	de	apoiar	o	
uso	e	difusão	da	Língua	Brasileira	de	Sinais	-	Libras	como	meio	de	comuni-
cação	objetiva	e	de	utilização	corrente	das	comunidades	surdas	do	Brasil.
Art.	 3º	 As	 instituições	 públicas	 e	 empresas	 concessionárias	 de	 serviços	
públicos	 de	assistência	 à	 saúde	devem	garantir	 atendimento	 e	 tratamento	
adequado	aos	portadores	de	deficiência	auditiva,	de	acordo	com	as	normas	
legais	em	vigor.
Art.	4º	O	sistema	educacional	federal	e	os	sistemas	educacionais	estaduais,	
municipais	 e	 do	Distrito	 Federal	 devem	 garantir	 a	 inclusão	 nos	 cursosde	
formação	 de	 Educação	 Especial,	 de	 Fonoaudiologia	 e	 de	 Magistério,	 em	
seus	níveis	médio	e	superior,	do	ensino	da	Língua	Brasileira	de	Sinais	-	Li-
bras,	como	parte	integrante	dos	Parâmetros	Curriculares	Nacionais	-	PCNs,	
conforme	legislação	vigente.	Parágrafo	único.	A	Língua	Brasileira	de	Sinais	
-	Libras	não	poderá	substituir	a	modalidade	escrita	da	língua	portuguesa.
2005 - Decreto nº 5.626 - Regulamenta a Lei nº 10.436:	Dispõe	sobre	a	Língua	
Brasileira	de	Sinais	–	Libras:
Cap.	I,	Art.	2º:	Para	os	fins	deste	Decreto,	considera-se	pessoa	surda	aquela	
que,	por	ter	perda	auditiva,	compreende	e	interage	com	o	mundo	por	meio	
de	experiências	visuais,	manifestando	sua	cultura	principalmente	pelo	uso	da	
Língua	Brasileira	de	Sinais	-	Libras.	Parágrafo	único.	Considera-se	deficiência	
auditiva	a	perda	bilateral,	parcial	ou	total,	de	quarenta	e	um	decibéis	(dB)	ou	
mais,	aferida	por	audiograma	nas	freqüências	de	500Hz,	1.000Hz,	2.000Hz	e	
3.000Hz	(BRASIL,	2005).
Cap.	II	-	da	inclusão	da	Libras	como	disciplina	curricular	-	Art.	3º	A	Libras	deve	
ser	inserida	como	disciplina	curricular	obrigatória	nos	cursos	de	formação	de	
20UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
professores	para	o	exercício	do	magistério,	em	nível	médio	e	superior,	e	nos	
cursos	de	Fonoaudiologia,	de	instituições	de	ensino,	públicas	e	privadas,	do	
sistema	federal	de	ensino	e	dos	sistemas	de	ensino	dos	Estados,	do	Distrito	
Federal	e	dos	Municípios	(BRASIL,	2005).
2008	–	Lei nº	11.796 -	Institui o Dia Nacional dos Surdos:	“Art.	1º	Fica	instituído	
o	dia	26	de	setembro	de	cada	ano	como	o	Dia	Nacional	dos	Surdos”	(BRASIL,	2008).
2010 -	Lei nº	12.319 - Profissão	de	Tradutor	e	Intérprete	Libras:	Profissão	de	
Tradutor	e	Intérprete	Libras:
Art.	1º	Esta	Lei	regulamenta	o	exercício	da	profissão	de	Tradutor	e	Intérprete	
da	Língua	Brasileira	de	Sinais	-	LIBRAS.
Art.	2o	O	 tradutor	e	 intérprete	 terá	competência	para	 realizar	 interpretação	
das	2	(duas)	línguas	de	maneira	simultânea	ou	consecutiva	e	proficiência	em	
tradução	e	interpretação	da	Libras	e	da	Língua	Portuguesa	(BRASIL,	2010).
2013 - Lei nº 5016 - Estabelece diretrizes e parâmetros para o desenvolvimento 
de políticas públicas educacionais voltadas à educação bilíngue para surdos:	
Art.	1º	Parágrafo	único.	Para	a	educação	bilíngue	para	surdos	são	utilizadas	
a	Língua	Brasileira	de	Sinais	–	Libras,	como	primeira	língua,	e	a	língua	portu-
guesa	escrita,	como	segunda	língua,	sendo	estas	as	línguas	de	comunicação	
e	de	instrução	das	atividades	escolares	para	o	ensino	de	todas	as	disciplinas	
curriculares,	em	todos	os	níveis	da	educação	básica.	
Art.	2º	O	desenvolvimento	das	políticas	públicas	educacionais	de	que	trata	
o	art.	1º	deve	ser	realizado	por	meio	de	escola	pública	bilíngue	de	Libras	e	
língua	portuguesa	escrita,	em	que	devem	ser	ministradas	todas	as	disciplinas	
curriculares,	 em	 todos	 os	 níveis	 da	 educação	 básica,	 e	 é	 assegurado	 de	
acordo	com	as	seguintes	diretrizes:	I	–	garantir	a	criação	da	Escola	Pública	
Integral	Bilíngue	Libras	e	Português	Escrito	no	Distrito	Federal;	II	–	oferecer	
comunicação	em	Libras	e	ensino	de	Libras,	como	primeira	língua,	e	comu-
nicação	em	português	escrito	e	ensino	de	português	escrito,	como	segunda	
língua	(BRASIL,	2013).
2014 - Lei nº	13.055- Institui o Dia Nacional da Língua Brasileira de Sinais 
(LIBRAS):	Institui	a	Lei	Brasileira	de	Inclusão	da	Pessoa	com	Deficiência:
“Art.	1º	Fica	instituído	o	Dia	Nacional	da	Língua	Brasileira	de	Sinais	-	LIBRAS	a	ser	
comemorado	no	dia	24	de	abril	de	cada	ano”	(BRASIL,	2014).
2018	-	Decreto nº 9.656 -	Altera o Decreto nº 5.626 que regulamenta a Lei nº 
10.436:	sobre	a	Língua	Brasileira	de	Sinais	-	Libras.	
Art.	1º	O	Decreto	nº	5.626,	de	22	de	dezembro	de	2005,	passa	a	vigorar	com	
as	seguintes	alterações:	“Art.	26.	O	Poder	Público,	as	empresas	concessioná-
rias	de	serviços	públicos	e	os	órgãos	da	administração	pública	federal,	direta	
e	indireta,	deverão	garantir	às	pessoas	surdas	ou	com	deficiência	auditiva	o	
seu	efetivo	e	amplo	atendimento,	por	meio	do	uso	e	da	difusão	da	Libras	e	da	
tradução	e	da	interpretação	de	Libras	-	Língua	Portuguesa.
21UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
§	1º	Para	garantir	a	difusão	da	Libras,	as	instituições	de	que	trata	o	caput	de-
verão	dispor	de,	no	mínimo,	cinco	por	cento	de	servidores,	funcionários	ou	
empregados	com	capacitação	básica	em	Libras.
§	 2º	 Para	 garantir	 o	 efetivo	 e	 amplo	 atendimento	 das	 pessoas	 surdas	 ou	
com	deficiência	auditiva,	 o	Poder	Público,	 as	empresas	 concessionárias	e	
permissionárias	de	serviços	públicos	e	os	órgãos	da	administração	pública	
federal,	direta	e	indireta,	poderão	utilizar	intérpretes	contratados	especifica-
mente	para	essa	 função	ou	central	de	 intermediação	de	comunicação	que	
garanta	a	oferta	de	atendimento	presencial	 ou	 remoto,	 com	 intermediação	
por	meio	de	recursos	de	videoconferência	on-line	e	webchat,	à	pessoa	surda	
ou	com	deficiência	auditiva	(BRASIL,	2018).
Caro(a)	aluno(a),	de	acordo	com	o	que	foi	exposto,	no	Brasil,	nas	últimas	décadas,	
diversas	 leis	 foram	criadas	em	prol	dos	deficientes	auditivos.	Com	o	 intuito	de	auxiliar	a	
construção	do	seu	conhecimento	sobre	o	assunto,	vamos	dialogar	sobre	a	importância	de	
tais	conquistas:
●	 LIBRAS:	reconhecida	como	língua	oficial	da	comunidade	surda	do	Brasil	-	um	
verdadeiro	empoderamento.	Dentre	muitos	favorecimentos,	possibilitou	a	inser-
ção	no	mercado	de	trabalho;
●	 Acessibilidade	comunicativa	para	os	surdos:	acessibilidade	em	sites;	Janelas	
de	Libras	em	programas	de	TV;	Acessibilidade	no	teatro	–	um	grande	avanço	de	
acesso	aos	diversos	meios	de	comunicação,	o	que	promoveu	a	possibilidade	de	
maior	participação	social;
●	 Obrigatoriedade	da	disciplina	de	Libras	nos	cursos	de	formação	de	professores	
de	nível	médio	e	superior	–	valorização	da	LIBRAS	no	contexto	educacional;
●	 Cursos	de	LIBRAS	de	até	180	horas	–	possibilitou	a	disseminação	da	língua;
●	 Obrigatoriedade	de	tradutores	e	intérpretes	para	professores	de	instituições	fe-
derais	e	locais	públicos	–	fortaleceu	a	língua	e	favoreceu	a	prática	comunicativa	
por	meio	da	LIBRAS;	
●	 Aumento	do	número	de	universidades	que	oferecem	vagas	ao	surdo	–	aumento	
desse	público	em	diversas	áreas	do	conhecimento	e	nos	mais	diversos	seg-
mentos	mercadológicos;
●	 Professores	surdos	(mestres,	doutores	e	pós-doutores)	atuando	efetivamente	
nas	faculdades,	isso	corrobora	para	disseminação	de	pesquisas	e	o	rompimento	
de	barreiras	preconceituosas	que	perpetuaram	por	longos	anos.
●	 Aplicativos	 de	 tecnologia	 assistiva	 que	 faz	 a	 tradução	 da	 língua	 portuguesa	
para	LIBRAS	–	otimiza	os	processos	de	comunicação	e	acesso	à	qualificação	
profissional	de	pessoas	com	deficiência	auditiva/surdas.
●	 A	prova	do	Enem	traduzida	para	a	Língua	de	Sinais	–	isso	reafirma	o	compro-
misso	social	de	disseminação	da	LIBRAS.
22UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
Contudo,	muitas	dessas	diretrizes	propostas	nas	Políticas	Públicas	não	são			pra-
ticadas	pela	população	e,	consequentemente,	as	pessoas	que	necessitam	de	tais	ações	
ficam	à	margem.	Elas	almejam	que	as	pessoas	 realizem	o	cumprimento	dessas	 leis	 vi-
gentes,	colocando	em	prática	as	ações	propostas	para	que	a	inclusão	social	aconteça	de	
maneira	efetiva.	
Além	disso,	é	válido	ressaltar	que	os	profissionais	que	atuam	em	escolas,	como	
também	nos	mais	diversos	setores,	não	possuem	qualificação	para	exercer	essa	comu-
nicação,	 ou	 seja,	 não	 sabem	 lidar	 com	a	 inclusão	 de	 surdos	 efetivamente,	 por	 falta	 de	
preparo,	leia-se,	falta	de	conhecimento	para	praticar	a	LIBRAS.	As	diretrizes	apontam	que,	
nas	repartições	públicas,	pelo	menos	75%	dos	colaboradores	precisam	ter	feito	o	curso	de	
libras	e	ainda,	5%	desses	funcionários	têm	que	ter	habilidade	para	atender	o	público	em	
questão	por	meio	da	comunicação	em	LIBRAS.	Porém	essa	não	é	uma	realidade	e	sim	uma	
deficiência	social.	
Nesse	sentido,	para	que	haja	profissionaishabilitados,	entende-se	que	o	professor	
de	LIBRAS	precisa	estar	inserido	efetivamente	em	outros	cursos	superiores	além	dos	cursos	
de	licenciatura,	como,	por	exemplo,	nas	áreas	de	exatas,	tecnológicas	e	saúde,	ensinando	
os	futuros	profissionais,	para	que	eles	consigam	exercer	sua	profissão	de	maneira	bilíngue,	
sem	excluir	a	comunidade	surda.	
Então,	para	conhecermos	melhor	os	caminhos	trilhados	pela	educação	de	surdos	
no	Brasil,	na	próxima	Unidade	conversaremos	mais	sobre	as	interlocuções	do	atendimento	
especializado	com	o	ensino	regular	para	alunos	surdos.
REFLITA
Caro(a)	aluno(a),	
A	partir	da	leitura	dos	textos	propostos,	reflita	sobre:
O efeito do “EVENTO DE MILÃO” para educação de surdos no Brasil.
23UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
SAIBA MAIS
●	 Congresso de Milão:	essa	HQ	bilíngue	para	surdos	retrata	a	opressão	sofrida	mun-
dialmente	pela	comunidade	surda	desde	que	o	“Congresso	de	Milão”	(1880)	proibiu	
as	línguas	de	sinais.	Na	história,	o	personagem	Marcelo,	surdo	sinalizante	de	língua	
brasileira	de	sinais	(LIBRAS),	demonstra	que	a	forma	de	conceber	o	mundo	está	nos	
olhos	de	quem	vê	e	evidencia	a	dificuldade	de	comunicação	pela	modalidade	oral	
e	suas	línguas	dominantes.	Marcelo	encontra	em	um	shopping	uma	colega	ouvinte	
que	se	comunica	em	LIBRAS.	Ela	o	 leva	para	uma	palestra	que	 irá	contar	sobre	
esse	período	de	opressão	vivido	pelos	surdos.	O	personagem	Marcelo	perpassa	as	
principais	épocas	históricas	até	retornar	aos	tempos	atuais.	Ao	final,	ele	destaca	a	
importância	de	se	comunicar	pela	língua	de	sinais,	visto	que	é	por	meio	dela	que	a	
comunidade	surda	tem	o	conhecimento	em	suas	mãos.	Dê	um	click	para	saber	mais:	
CEZAR,	K.	P.	L.;	ALMEIDA,	L.	G.	P.	de.		O	congresso	de	Milão.	Araraquara:	Letraria,	
2018.	Disponível	em:	https://www.letraria.net/o-congresso-de-milao/.
●	 Impacto do Congresso de Milão sobre a Língua dos Sinais:	 o	Congresso	 de	
Milão	aconteceu	em	1880.	Reunia	os	intelectuais	da	época	em	um	evento	que	teria	
consequências	 terríveis	para	as	comunidades	surdas	do	mundo	 todo.	Nessa	oca-
sião,	ficou	demonstrado	que	os	surdos	não	tinham	problemas	fisiológicos	em	relação	
ao	aparelho	fonador	e	emissão	de	voz,	fato	esse	que	derivou	a	premissa	básica:	os	
surdos	não	têm	problemas	para	falar.	Baseando-se	nessa	premissa,	a	comunidade	
científica	da	época	impôs	que	as	línguas	de	sinais	ou	linguagem	gestual,	conforme	
eram	conhecidas,	fossem	definitivamente	banidas	das	práticas	educacionais	e	so-
ciais	dos	surdos.	Adotou-se	o	método	de	oralização.	Dê	um	click	para	saber	mais:	
BAALBAKI,	A.;	CALDAS,	B.	 Impacto	do	Congresso	de	Milão	Sobre	a	Língua	dos	
Sinais.	Cadernos	do	CNLF,	Rio	de	Janeiro:	CiFEFiL,	v.	XV,	n.	5,	t.	2.,	2011,	p.	1885-
1895.	Disponível	em:	http://www.filologia.org.br/xv_cnlf/tomo_2/156.pdf.
https://www.letraria.net/o-congresso-de-milao/
http://www.filologia.org.br/xv_cnlf/tomo_2/156.pdf
24UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Acadêmico(a),	
Chegamos	ao	final	da	primeira	unidade	desta	disciplina,	na	qual	dialogamos	sobre	
o	percurso	histórico	da	educação	de	surdos	e,	ainda,	sobre	as	legislações	relacionadas	à	
acessibilidade	e	a	era	da	inclusão.
Nesse	momento,	desejo	ressaltar	que	vivemos	em	uma	sociedade	4.0,	totalmente	
tecnológica	e	a	disseminação	de	conteúdos	informativos	de	maneira	quase	que	imediata	
proporcionou	mudanças	de	paradigmas	sociais.	Consequentemente,	tivemos	um	aumento	
de	publicação	de	Políticas	Públicas	nos	últimos	anos,	que	favorecem	os	deficientes	auditi-
vos	e	surdos.	
O	reconhecimento	da	LIBRAS	como	segunda	língua	oficial	do	país	foi	um	avanço	
importantíssimo,	pois	ela	é	essencial	para	todos	aqueles	que	possuem	tal	limitação,	mas	
desejam	viver	em	sociedade.	Além	do	público-alvo,	aqueles	que	atuam	como	educadores,	
as	famílias	de	pessoas	surdas	também	foram	favorecidas,	uma	vez	que	isso	possibilita	a	
comunicação	entre	pessoas	deficientes	e	ouvintes	em		diversos	contextos	sociais,	minimi-
zando	as	dificuldades	comunicativas.
Contudo,	sabemos	que	muitas	diretrizes	não	são	praticadas,	como	exemplo	po-
demos	destacar	a	falta	de	acessibilidade	aos	diversos	serviços	públicos,	o	que	gera	uma	
insatisfação	à	sociedade	surda,	pois	é	direito	de	todos	os	cidadãos	a	comunicação	social.	
Vale	 ressaltar,	 nesse	 período	 de	 pandemia,	 a	 dificuldade	 encontrada	 pelos	 surdos	 nos	
hospitais,	porque	não	há	profissionais	preparados	para	atendê-los,	situação	essa	que	está	
na	contramão	das	diretrizes	propostas	pelo	Governo	Federal.	
Para	finalizar,	saliento	que	os	conteúdos	aqui	apresentados	foram	disponibilizados	
com	o	intuito	de	oportunizar	novos	conhecimentos,	além	de	favorecer	o	entendimento	sobre	
as	questões	sociais	e	políticas	relacionadas	à	comunidade	surda.	
Nos	encontraremos	na	Unidade	II	para	ampliarmos	nossos	diálogos	sobre	o	assun-
to	em	questão:	“Atendimento Educacional de Aluno com surdez”.
Um	abraço!!!!!
25UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
LEITURA COMPLEMENTAR
Ambiente de Ensino-Aprendizagem da LIBRAS: o AEE para alunos surdos
Nesse	artigo	científico,	o	autor	objetivou	sumarizar	a	concepção	teórica	do	Bilinguis-
mo	sobre	o	ensino	da	Língua	Brasileira	de	Sinais	(LIBRAS)	no	Atendimento	Educacional	
Especializado	(AEE),	problematizando	a	maneira	como	esse	atendimento	torna-se	linguís-
tico	e	pedagogicamente	adequado	ao	ensino	de	LIBRAS	para	alunos	surdos,	segundo	os	
documentos	oficiais	e	a	literatura	da	área.	
O	autor	justificou	a	escolha	de	tal	temática	pela	urgente	necessidade	de	propostas	
linguístico-pedagógicas	que	garantam	a	aprendizagem	da	 língua	de	sinais	para	aqueles	
que	nasceram	em	um	ambiente	desfavorável	à	aquisição	da	LIBRAS	como	primeira	língua.	
O	estudo	foi	dividido	em	quatro	seções:	a	apresentação	da	LIBRAS;	o	processo	de	
aquisição	de	linguagem	por	crianças	surdas;	a	natureza	e	as	características	do	AEE;	e	o	
ensino	da	LIBRAS	no	AEE.	
Segundo	o	autor,	os	resultados	obtidos	da	pesquisa	bibliográfica	apontam	para	o	
ensino	de	LIBRAS	e	em	LIBRAS	como	momentos	didático-pedagógicos	diferentes,	emba-
sados	na	abordagem	da	educação	bilíngue	ou	bilinguismo.	
Dê um click para ler o texto na íntegra: 
SANTOS,	W.	de	J. Ambiente	de	Ensino-Aprendizagem	da	LIBRAS:	o	AEE	para	alunos	surdos.	Revista Vir-
tual de Cultura Surda,	ed.	11,	jun.	2013.	Disponível	em:	http://editora-arara-azul.com.br/site/admin/ckfinder/
userfiles/files/3)%20Santos%20REVISTA%2011.pdf
http://editora-arara-azul.com.br/site/admin/ckfinder/userfiles/files/3)%20Santos%20REVISTA%2011.pdf
http://editora-arara-azul.com.br/site/admin/ckfinder/userfiles/files/3)%20Santos%20REVISTA%2011.pdf
26UNIDADE I História da Educação de Surdos no Brasil
MATERIAL COMPLEMENTAR
LIVRO
•	Título:	Inclusão	escolar.	O	que	é?	Por	quê?	Como	fazer?	
•	Autor:	Maria	Teresa	Mantoan	
•	Editora:	Sumus	Editorial
•	Sinopse:	De	maneira	clara	e	didática,	a	autora,	uma	das	maiores	
especialistas	em	inclusão	escolar	no	país,	explica	o	que	é	educa-
ção	 inclusiva,	 discute	 os	 passos	 necessários	 para	 implantá-la	 e	
ressalta	o	que	a	sociedade	ganha	com	esse	processo.	Uma	obra	
essencial	para	os	pais	e	educadores.
FILME/VÍDEO 
•	Título.	Sou	surda	e	não	sabia
•	Ano.	2009
•	Sinopse.	Sandrine,	por	muito	tempo,	não	sabia	que	era	surda,	
era	é	filha	de	pais	ouvintes,	porém	surda	de	nascença.	Frequentou	
a	escola	regular,	e	somente	depois	foi	diagnosticada.	Esse	docu-
mentário	olha	para	a	questão	a	partir	de	dentro,	pela	perspectiva	
de	Sandrine	 e	 sua	 história	 verídica.	Paralelamente	 ao	 relato	 da	
autonomia	conquistada	com	a	Língua	de	Sinais,	o	filme	levanta	a	
discussão	sobre	a	conveniência	do	implante	coclear	e	da	oralização	
de	crianças	surdas	(retirado	do	site	do	festival	Assim	Vivemos).	O	
filme	documental	Sou surda e não sabia	traz	interessantes	refle-
xões	sobre	 temas	atuais,	 como	educação	de	surdos,	 inclusão	e	
luta	por	direitos.
•	Link do vídeo:	https://www.youtube.com/watch?v=Vw364_Oi4xc
WEB
•	A	primeira	webTVem	Libras,	com	legendas	e	locução,	uma	par-
ceria	do	 Instituto	Nacional	 de	Educação	de	Surdos	 (INES)	e	da	
Associação	de	Comunicação	Educativa	Roquette	Pinto	(ACERP).
•	Link	do	site.	http://tvines.org.br/
https://www.youtube.com/watch?v=Vw364_Oi4xc
http://tvines.org.br/
27
Plano de Estudo:
-	Fundamentos	teóricos,	legais	e	pedagógicos	do	atendimento	especializado.
-	Institucionalização	do	atendimento	especializado	no	projeto	político	pedagógico.
-	Atividades	de	Vida	Diária	do	aluno	com	deficiência	auditiva.
Objetivos de Aprendizagem:
•	Conceituar	e	contextualizar	os	Fundamentos	Teóricos,	Legais	e	Pedagógicos	do	
Atendimento	Especializado.
•	Compreender	a	efetivação	do	atendimento	educacional	especializado	no	ensino	regular.
•	Estabelecer	a	importância	do	bilinguismo	no	contexto	educacional	para	a	comunidade	
surda.
UNIDADE II
Interlocução do Atendimento 
Especializado com o Ensino Regular 
para Alunos Surdos
Professora Mestre Greicy Juliana Moreira
28UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
INTRODUÇÃO
Olá,	aluno(a)!	
Estamos	 iniciando	a	Unidade	 II,	denominada	de	 “Interlocução do atendimento 
especializado com o ensino regular para surdos”, que	estruturalmente	está	organizada	
em	três	tópicos	que	dialogam	entre	si.
Estudar	sobre	a	educação	escolar	do	aluno	com	surdez	faz-se	necessário,	uma	vez	
que	é	uma	realidade	que	todos	os	educadores	estão	vivenciando,	e	um	enorme	desafio.
Entende-se,	 segundo	 as	 diretrizes	 oficiais	 vigentes,	 que	 todos	 os	 profissionais	
inseridos	no	contexto	educacional,	 precisam	abraçar	a	 inclusão,	 sem	 restrições	e	ainda	
incondicionalmente.	No	entanto,	muitos	desses	profissionais	não	possuem	conhecimen-
tos,	 nem	mesmo	 habilidades	 para	 desenvolver	 tal	 prática.	 Então,	 é	 primordial	 a	 busca	
incessante	por	novos	conhecimentos	que	proporcionem	o	desenvolvimento	de	 trabalhos	
pedagógicos	de	excelência,	que	realmente	incluíam	o	surdo	e/ou	o	deficiente	auditivo	no	
contexto	educacional	e	não	apenas	no	espaço	físico	da	sala	de	aula	comum.
Para	auxiliá-lo	nessa	seara,	no	primeiro	tópico,	“Fundamentos teóricos, legais e 
pedagógicos do atendimento especializado”,	vamos	averiguar	quais	são	as	acepções	
dos	aspectos	legais,	como,	por	exemplo,	leis	e	decretos	relacionados	à	Educação	Especial	
e	ao	Atendimento	Educacional	Especializado.
Na	sequência,	no	segundo	tópico,	“Institucionalização do atendimento especia-
lizado no projeto político pedagógico”,	nosso	diálogo	permeará	mais	especificamente	
as	orientações	oficiais	sobre	como	deve	ser	organizado	e	estruturado	o	Atendimento	Edu-
cacional	Especializado	para	uma	pessoa	com	surdez,	como	também	o	deficiente	auditivo.
No	terceiro	e	último	tópico, “Atividades	de	Vida	Diária	do	aluno	com	deficiência	
auditiva”,	 entenderemos	 que	 a	 educação	 não	 está	 relacionada	 apenas	 aos	 conteúdos	
estruturantes	e	acadêmicos,	vai	muito	além	disso,	associa-se	aos	mais	diversos	contextos	
sociais.
Para	finalizar	e	ampliar	seus	conhecimentos,	no	final	dos	tópicos	você	encontrará	a	
seção	#saiba mais#,	com	sugestões	de	leituras,	além	de	dicas	de	filmes	e	livros!
Encontro	você,	lá!!!
29UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
1 FUNDAMENTOS TEÓRICOS, LEGAIS E PEDAGÓGICOS DO ATENDIMENTO ESPE-
CIALIZADO
Olá,	aluno(a)!
Neste	primeiro	tópico	da	Unidade	II,	nosso	diálogo	será	sobre	os “Fundamentos 
teóricos, legais e pedagógicos do atendimento especializado”.		
Nosso	objetivo,	primeiramente,	será	apresentar	o	conceito	de	aprendizagem	e	de	
dificuldades	de	aprendizagem	para	ilustrar	o	quão	importante	é	o	Atendimento	Educacional	
Especializado	para	que	o	aluno	aprenda,	sem	que	haja	maiores	problemas	oriundos	da	
falta	de	habilidade	profissional	e	também	estrutural.	
Na	sequência,	nosso	objetivo	será	entender	quais	foram	os	marcos	históricos	e	as	
legislações	publicadas	referentes	ao	Atendimento	Educacional	Especializado.
Para	finalizar	esse	tópico	vamos	refletir	sobre	a	efetivação	desse	atendimento	na	
escola	regular	de	ensino.
Caro(a)	acadêmico(a),	você	sabe	o	que	é	dificuldades	de	aprendizagem?
Refletir	 sobre	 esse	 assunto	 vem	 ao	 encontro	 da	 necessidade	 de	 ter	 um	 profis-
sional	especializado	para	a	mediação	com	alunos	que	necessitam	de	apoio	pedagógico	
especializado,	com	intuito	de	combater	o	fracasso	escolar.	Além	disso,	dialogar	sobre	as	
dificuldades	de	aprendizagem	justifica-se	por	ser	um	tema	que	preocupa	todos	os	profissio-
nais	envolvidos	num	processo	de	educação	com	alunos	que	possuem	alguma	deficiência,	
como,	por	exemplo,	a	auditiva	e/ou	surdez	propriamente	dita.
30UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
Nesse	sentido,	saber	como	o	aluno	aprende	e	constrói	seu	conhecimento	e,	ainda,	
compreender	as	relações	dele	com	a	escola	contribui	para	o	esclarecimento	dos	processos	
da	aprendizagem,	proporcionado	condições	para	superação	das	dificuldades	quando	iden-
tificadas,	favorecendo	uma	melhora	no	rendimento	escolar.	
É	 válido	 ressaltar	 que	o	 resultado	do	aproveitamento	escolar	 é	 influenciado	por	
diversos	 aspectos,	 como,	 por	 exemplo,	 os	 afetivos,	 os	 cognitivos	 e	 os	 relacionados	 ao	
funcionamento	 da	 instituição	 escolar.	 Em	 particular,	 no	 caso	 de	 alunos	 com	 deficiência	
auditiva,	as	adaptações	pedagógicas	e	estruturais	são	de	extrema	necessidade	para	con-
quista	de	resultados	positivos.
Especialistas	no	assunto,	por	exemplo,	Fonseca	(1995),	defendem	que	há	diferen-
ças	entre	dificuldade	de	aprendizagem	“sintoma”	e	dificuldade	de	aprendizagem	“reativa”.	
A	primeira	é	causada	por	problemas	afetivos	e/ou	cognitivo	do	aluno.	Já	a	segun-
da	tem	sua	origem	em	problemas	relacionados	à	instituição	escolar,	como,	por	exemplo,	
desadaptação,	 dificuldades	 na	 relação	 com	o	 professor	 ou	 com	a	metodologia	 utilizada	
para	ensinar.	Em	particular,	no	caso	do	aluno,	público-alvo	dessa	disciplina,	a	exclusão	
social,	como	também	o	preconceito	linguístico,	favorece	o	desenvolvimento	de	tal	dificul-
dade.	Muitas	vezes,	o	aluno	não	entende	o	conteúdo	ministrado,	porque	não	consegue	
estabelecer	uma	comunicação	eficaz	com	o	professor,	por	isso	não	faz	perguntas,	o	que	
gera	problemas	no	aprendizado,	 leia-se,	também	dificuldade	de	aprendizagem.	Por	isso,	
justifica-se	a	necessidade	de	atendimento	educacional	especializado	e	personalizado	para	
atender	aos	alunos	com	deficiências.
As	acepções	de	Feuerstein	(1980)	corroboram	com	o	diálogo	anterior,	porque,	para	
ele,	 a	aprendizagem	é	um	processo	que	 inclui	 a	 construção	do	aprendiz	e	a	 interação,	
entendida	como	a	participação	de	um	mediador	humano,	que	se	interpõe	entre	o	sujeito	e	
o	conhecimento.	
Aluno(a),	para	avançarmos	no	conteúdo	proposto	para	esse	tópico,	vamos	enten-
der	o	que	é	aprendizagem?
Várias	teorias	têm	sido	discutidas	para	esclarecer	sobre	o	que	vem	a	ser,	ou	mesmo	
o	que	se	entende	por	“aprendizagem”.	Mas,	neste	momento,	o	enfoque	teórico	abordado	
será	de	acordo	com	a	teoria	de	Feuerstein,	todavia,	essa	assemelha-se	aos	pensamentos	
de	Vygotsky.	
Caro(a)	aluno(a),	para	que	haja	melhor	entendimento	sobre	o	assunto,	é	importante	
relembrar	alguns	conceitos	do	psicólogo	russo	Vygotsky.	O	referido	autor	defendeu	a	impor-
31UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
tância	da	função	mediadora	no	processo	de	aquisição	do	conhecimento.	Segundo	Vygotsky	
(1989),	os	processos	cognitivos	podem	ser	divididos	em	dois	níveis:
●	 Processos	 cognitivos	 inferiores	 ou	 no	 plano	 natural:	 tipos	 de	 conhecimento	
que	ocorrem	de	uma	forma	imediata,	sem	mediação.	Esses	processos	naturais	
seguem	o	ritmo	da	maturação;
●	 Processos	cognitivos	superiores	ou	mediados:	 formas	de	conhecimentos	que	
indicam	ocorrência	de	interações	sociais	e	culturais	entre	indivíduos	em	desen-
volvimento	e	indivíduos	mediadores.
De	acordo	 com	o	que	 foiexposto,	 é	 possível	 traçar	 conceitos	 paralelos	 entre	 a	
teoria	de	Vygotsky	(1989)	e	de	Feuerstein	(1980),	pois	ambos	defendem	a	teoria	da	inter-
nalização,	somando-se	a	isso	o	processo	mediador	na	construção	da	inteligência.	
Feuerstein	é	um	psicólogo-pesquisador	israelita	que	vem	se	destacando	mundial-
mente	pelo	método	desenvolvido	para	o	trabalho	com	crianças	deficientes.	Ele	acrescentou	
algo	a	mais	à	teoria	de	Vygotsky,	uma	vez	que,	para	ele,	a	mediação	representa	a	cultura.	
Porém,	não	é	somente	a	sociedade	que	automaticamente	veicula	os	conceitos,	eles	pre-
cisam	ser	 transmitidos	por	 instituições	 formais	ou	 informais:	por	 formais	entende-se	que	
sejam	a	 igreja,	 a	escola	etc.	Por	 outro	 lado,	 como	 instituições	 informais	 temos	os	pais,	
irmãos,	amigos	etc.	
	Assim,	infere-se	que	toda	a	aprendizagem	deve	ser	coerente	com	o	nível	de	de-
senvolvimento	da	criança,	ou	seja,	existe	uma	relação	entre	determinado	nível	de	desen-
volvimento	e	a	capacidade	potencial	de	aprendizagem.	Dessa	forma,	para	Vygotsky	(1989),	
existem	dois	níveis	no	desenvolvimento	da	criança:
●	 O nível do desenvolvimento atual da criança:	nível	de	desenvolvimento	das	
funções	psicointelectuais	da	criança	que	se	conseguiu	como	resultado	de	um	
processo	específico	de	desenvolvimento	já	realizado.	Ou	seja,	é	aquilo	que	a	
criança	realiza	com	autonomia;	sem	ajuda	de	um	ser	mais	desenvolvido;
●	 A zona do desenvolvimento potencial: a	diferença	entre	o	nível	das	tarefas	
realizáveis	com	o	auxílio	dos	adultos	e	o	nível	das	tarefas	que	podem	desen-
volver-se	com	uma	atividade	independente,	define	a	área	de	desenvolvimento	
potencial	da	criança.	
Na	visão	de	Feuerstein	(1980),	o	desenvolvimento	cognitivo	é	decorrente	de	duas	
formas	de	 interação	da	criança	com	o	seu	meio,	pois	ela	aprende	e	se	desenvolve	com	
32UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
assimilação	 e	 processamento	 direto	 dos	 estímulos	 existentes,	 como	 também,	 aprende	
através	 de	mediação	 cognitiva	 significativa.	Esta,	 por	 sua	 vez,	 tem	ênfase	na	 teoria	 do	
autor,	porque,	para	ele,	caso	a	mediação	seja	feita	de	forma	errônea,	ou	ainda	não	exista	na	
vida	de	uma	criança	com	grau	representativo,	pode	causar	sérios	danos,	gerando,	assim,	
dificuldades	de	aprendizagem.
Por	 isso,	novamente,	a	 importância	do	atendimento	educacional	especializado	é	
maximizada.	Contudo,	há	de	se	destacar	que	o	profissional	 responsável,	 nesse	espaço	
especializado,	precisa	ter	habilidade	e	competências,	pois,	do	contrário,	causará	diversos	
problemas	que	aumentarão	o	fracasso	escolar	desse	público.
Consoante	a	esse	diálogo,	é	possível	verificar	a	acentuação	do	papel	mediador,	
no	espaço	especializado	para	o	desenvolvimento	cognitivo	da	criança.	Mas,	novamente,	é	
ressaltada	a	ideia	de	que	a	“aprendizagem	adequada”	depende	extremamente	da	qualidade	
da	“aprendizagem	mediada”,	do	contrário,	um	resultado	negativo	acontecerá,	oriundo	de	tal	
mediação.
Portanto,	Feuerstein	(1980)	diferencia	causas	determinantes	diretas	e	indiretas	dos	
problemas	de	aprendizagem.	 	As	 indiretas	 são	 influências	do	meio,	 normas	 sociais	 etc.	
Já	as	determinantes	diretas	são	as	estratégias	de	mediação	 intencional	no	processo	de	
aprendizagem,	uma	vez	que,	quando	mal	mediada	ou	a	escassez	dessa	mediação,	resulta	
em	desempenho	insatisfatório.
Acadêmico(a),	você	conseguiu	compreender	o	quão	necessário	se	faz	um	atendi-
mento	especializado	proporcionando	por	um	profissional	realmente	qualificado	e	preparado	
para	exercer	tal	função?	
	E	as	dificuldades	de	aprendizagem,	o	que	são?	São	muitos	os	alunos	que	apre-
sentam	tais	sintomas?	
Como	sabemos,	os	dados	estatísticos	apontam	para	muitos	alunos,	os	quais	pos-
suem	 características	 que	 requerem	 atenção	 educacional	 diferenciada	 e	 especializadas,	
porque	 foram	 diagnosticados	 com	 algum	 tipo	 de	 dificuldade	 de	 aprendizagem,	 muitas	
vezes	resultantes	de	alguma	deficiência	apresentada.	No	Brasil,	as	Políticas	de	Educação	
Inclusiva	entendem	como	público	 inclusivo,	segundo	a	Lei	Brasileira	de	 Inclusão	 (Lei	nº	
13.146/2015)	e	a	Convenção	sobre	os	Direitos	das	Pessoas	com	Deficiência	(ONU,	2006),	
ratificada	no	Brasil	em	forma	de	Emenda	Constitucional,	por	meio	do	Decreto	Legislativo	nº	
186/2008	e	do	Decreto	nº	6.949/2009,:
●	 Necessidades	Educacionais	Especiais	(NEES):	
●	 Transtornos	Globais	do	desenvolvimento;
33UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
●	 Transtornos	Específicos	do	Desenvolvimento	
●	 Distúrbios	de	aprendizagem;
●	 Altas	Habilidades/Superdotação.
No	processo	de	educação	escolar	 há	 inúmeras	 situações	problemáticas,	muitas	
vezes	por	 falta	de	adequação	e	propostas	pedagógicas	personalizadas	para	atender	às	
crianças	com	necessidades	especiais,	o	que,	consequentemente,	ocasiona	certos	tipos	de	
Dificuldades	de	Aprendizagem	(DA).	Elas	manifestam-se	nas	crianças	sob	várias	formas,	
ocasionando	baixo	desempenho	e	fracasso	escolar.
Portanto,	 refletir	 sobre	 esse	 assunto	 vem	 ao	 encontro	 a	 necessidade	 de	 se	 ter	
um	profissional	especializado	para	a	mediação	com	esses	alunos,	combatendo	o	fracasso	
escolar,	conforme	comentado	anteriormente.
Mas,	o	que	vem	a	ser	Dificuldades	de	Aprendizagem?		
O	 termo	dificuldades	de	aprendizagem	engloba	um	grupo	heterogêneo	de	
transtornos,	manifestando-se	por	meio	de	atrasos	ou	dificuldades	em	leitura,	
escrita,	 soletração	 e	 cálculo,	 em	 pessoas	 com	 inteligência	 potencialmente	
normal	ou	superior	e	sem	deficiências	visuais,	auditivas,	motoras,	ou	desvan-
tagens	culturais	(SISTO,	2002.	p.	33).
Assunção	 e	Coelho	 (1990)	 também	 ressaltam	 a	 existência	 de	 inúmeros	 fatores	
como	 desencadeadores	 dos	 problemas	 ou	 distúrbios	 de	 aprendizagem,	 entre	 eles:	 or-
gânicos,	psicológicos	e	 fatores	ambientais.	Para	as	autoras	podem	ocorrer	distúrbios	no	
processo	de	aprendizagem,	destacando	quatro	situações:	
	= condicionados	pela	escola:	pelo	professor,	pela	 relação	professor-aluno,	pela	
relação	entre	alunos	e	pelos	métodos	didáticos;
	= 	condicionados	pela	situação	familiar;
	= 	condicionados	por	características	da	personalidade;
	= 	condicionados	por	dificuldades	de	educação.
Nesse	sentido,	Assunção	e	Coelho	(1990)	defendem	um	atendimento	especializado	
que	auxilie	as	crianças,	professores	e	familiares	no	sistema	educacional	brasileiro	privile-
giando	currículos	coerentes,	instalando	orientação	educacional,	psicológica	e	pedagógica,	
de	forma	a	adequar	o	programa	e	os	métodos.	As	discussões	apresentadas	sobre	o	proces-
so	de	aprendizagem	com	ênfase	nas	DAs	apontam	para	a	necessidade	de	iniciativas	que	
enfatizem	novas	metodologias	de	ensino,	com	intuito	de	evitarem	o	fracasso	educacional	
com	crianças	que	necessitam	de	atendimento	educacional	especializado.	Visto	isso,	faz-se	
34UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
necessário	conhecer	e	dialogar	sobre	as	 legislações	vigentes	referentes	ao	atendimento	
educacional	especializado.
Caro(a)	Acadêmico(a),	até	agora	dialogamos	sobre	o	processo	de	aprendizagem	e	
as	dificuldades	de	aprendizagem	apresentadas,	com	o	objetivo	de	ilustrar	a	importância	do	
atendimento	especializado	de	excelência	no	contexto	escolar.
A	partir	de	agora,	vamos	dialogar	sobre	os	marcos	históricos	e	normativos	referen-
tes	ao	Atendimento	Educacional	Especializado	(AEE).	Para	tanto,	vamos	apresentá-los	em	
ordem	cronológica:		
●	 Em	1973,	o	MEC	criou	o	Centro	Nacional	de	Educação	Especial	 (CENESP),	
responsável	 pela	 gerência	 da	 educação	 especial	 no	 Brasil,	 que	 impulsionou	
ações	 educacionais	 voltadas	 às	 pessoas	 com	deficiência	 e	 às	 pessoas	 com	
superdotação.
●	 Em	1988,	segundo	a	Constituição	Federal,	no	Art.3º,	 inciso	 IV,	 todos	 têm	di-
reito	 à	 educação	 e	 ao	 acesso	 à	 escola.	 Nesse	 sentido,	 toda	 escola	 precisa	
atender	 aos	 princípiosconstitucionais,	 portanto,	 não	 podendo	haver	 nenhum	
tipo	de	exclusão	por	 razão	de	sua	origem,	 raça,	sexo,	cor,	 idade,	deficiência	
ou	ausência	dela.	Já	no	seu	artigo	206,	 inciso	I,	estabeleceu	a	“igualdade	de	
condições	de	acesso	e	permanência	na	escola”	como	um	dos	princípios	para	o	
ensino	e	garante,	como	dever	do	Estado,	a	oferta	do	atendimento	educacional	
especializado,	preferencialmente	na	rede	regular	de	ensino	(art.	208)	(BRASIL,	
1988).
●	 Em	1990,	foi	publicada	a	Lei	nº	8.069,	sobre	o	Estatuto	da	Criança	e	do	Adoles-
cente	(ECA).	O	artigo	5º	reforçou	os	dispositivos	legais	supracitados	ao	deter-
minar	a	obrigatoriedade	dos	pais	e/ou	responsáveis	matricularem	seus	filhos	na	
rede	regular	de	ensino	(BRASIL,	1990).
●	 Ainda	na	década	de	90,	a	Declaração	Mundial	de	Educação	para	Todos	e	a	
Declaração	de	Salamanca	(1994)	influenciaram	a	formulação	das	políticas	pú-
blicas	da	educação	inclusiva	(MENEZES;	SANTOS,	2001).
●	 Em	1994,	a	UNESCO	realizou	a	Conferência	Mundial	de	Necessidades	Educati-
vas	Especiais:	Acesso	e	Qualidade,	na	qual	propôs	a	discussão,	problematizando	
as	causas	da	exclusão	escolar.	Assim,	o	documento	Declaração	de	Salamanca	
e	Linha	de	Ação	sobre	Necessidades	Educativas	Especiais	proclamaram	que	
as	escolas	comuns	representam	o	meio	mais	eficaz	para	combater	as	atitudes	
discriminatórias.	(BRASIL,	1994).
35UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
●	 Em	1994,	o	Brasil	publicou	a	Política	Nacional	de	Educação	Especial,	orientan-
do	o	processo	de	“integração	instrucional”	que	condiciona	o	acesso	às	classes	
comuns	do	ensino	regular	àqueles	que	“[...]	possuem	condições	de	acompanhar	
e	 desenvolver	 as	 atividades	 curriculares	 programadas	 do	 ensino	 comum,	 no	
mesmo	 ritmo	que	os	estudantes	ditos	normais”,	mas	mantém	a	 responsabili-
dade	da	educação	desses	estudantes	exclusivamente	no	âmbito	da	educação	
especial	(BRASIL,	1994).
●	 Em	1996,	a	LDB	nº	9.394,	no	artigo	59,	preconiza	que	os	sistemas	de	ensino	
devem	assegurar	aos	estudantes	currículo,	métodos,	 recursos	e	organização	
específicos	para	atender	às	suas	necessidades;	assegura	a	terminalidade	es-
pecífica	àqueles	que	não	atingiram	o	nível	exigido	para	a	conclusão	do	ensino	
fundamental,	em	virtude	de	suas	deficiências	(BRASIL,	1996).
●	 Em	1999,	o	Decreto	nº	3.298,	que	regulamenta	a	Lei	nº	7.853/89,	dispõe	sobre	a	
Política	Nacional	para	a	Integração	da	Pessoa	Portadora	de	Deficiência,	a	qual	
define	a	educação	especial	como	uma	modalidade	transversal	a	todos	os	níveis	
e	modalidades	de	ensino	e	enfatiza	a	atuação	complementar	da	educação	es-
pecial	ao	ensino	regular	(BRASIL,	1989).
●	 Em,	 2001,	 acompanhando	 o	 processo	 de	mudança,	 as	 Diretrizes	 Nacionais	
para	a	Educação	Especial	na	Educação	Básica,	Resolução	CNE/CEB	nº	2,	no	
artigo	2º,	 	determina	que:	“Os	sistemas	de	ensino	devem	matricular	 todos	os	
estudantes,	cabendo	às	escolas	organizarem-se	para	o	atendimento	aos	edu-
candos	com	necessidades	educacionais	especiais,	assegurando	as	condições	
necessárias	para	uma	educação	de	qualidade	para	todos.	(MEC/SEESP,	2001)”	
(BRASIL,	2001a).
●	 Em	2001,	O	PNE,	Lei	nº	10.172,	estabeleceu	objetivos	e	metas	para	que	os	
sistemas	de	ensino	favoreçam	o	atendimento	aos	estudantes	com	deficiência,	
transtornos	 globais	 do	 desenvolvimento	 e	 altas	 habilidades/superdotação	
(BRASIL,	2001).
●	 Em	 2004,	 o	 Ministério	 Público	 Federal	 publicou	 o	 documento	O Acesso de 
Estudantes com Deficiência às Escolas e Classes Comuns da Rede Regular,	
objetivando		disseminar	os	conceitos	e	diretrizes	mundiais	para	a	inclusão,	rea-
firmando	o	direito	e	os	benefícios	da	escolarização	de	estudantes	com	e	sem	
deficiência	nas	turmas	comuns	do	ensino	regular	(BRASIL,	2004b).
36UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
●	 Em	2005,	o	Decreto	nº	5.626,	que	regulamenta	a	Lei	nº	10.436/2002,	visando	
o	acesso	à	escola	aos	estudantes	surdos,	dispõe	sobre	a	inclusão	da	LIBRAS	
como	disciplina	curricular,	a	formação	e	a	certificação	de	professor	de	LIBRAS,	
instrutor	e	tradutor/intérprete	de	Libras,	o	ensino	da	Língua	Portuguesa	como	
segunda	língua	para	estudantes	surdos	e	a	organização	da	educação	bilíngue	
no	ensino	regular	(BRASIL,	2005).
●	 Em	2006,	o	MEC	implementou	o	Programa	Educação	Inclusiva:	direito	à	diversi-
dade,	com	vistas	a	apoiar	a	transformação	dos	sistemas	de	ensino	em	sistemas	
educacionais	inclusivos	(BRASIL,	2006b).
●	 Em	2007,	pelo	Decreto	nº	6.094	 foi	 lançado	o	Plano	de	Desenvolvimento	da	
Educação	(PDE),	implementado	e	tendo	como	eixos	a	formação	de	professores	
para	a	educação	especial,	a	implantação	de	salas	de	recursos	multifuncionais,	
dentre	 outros	 objetivos.	 Estabeleceu	 também	 as	 diretrizes	 do	 Compromisso	
Todos	pela	Educação,	a	garantia	do	acesso	e	permanência	no	ensino	regular	
e	 o	 atendimento	 aos	 estudantes	 com	 deficiência,	 transtornos	 globais	 do	 de-
senvolvimento	e	altas	habilidades/superdotação,	fortalecendo	seu	ingresso	nas	
escolas	públicas	(BRASIL,	2007).
●	 A	Resolução	CNE/CEB	nº	4/2009,	institui	Diretrizes	Operacionais	para	o	Aten-
dimento	Educacional	Especializado	na	Educação	Básica,	dispondo,	no	art.	3º,	
que	a	educação	especial	se	realiza	em	todos	os	níveis,	etapas	e	modalidades,	
tendo	esse	atendimento	como	parte	integrante	do	processo	educacional	(BRA-
SIL,	2009).
●	 Em	2010,	 foi	 lançado	o Decreto	n°	7.084,	o	qual	dispõe	sobre	os	programas	
nacionais	de	materiais	didáticos.	No	artigo	28	salienta	que	o	Ministério	da	Edu-
cação	(MEC)	adotará	mecanismos	para	promoção	da	acessibilidade	nos	pro-
gramas	de	material	didático	destinados	aos	estudantes	da	educação	especial	e	
professores	das	escolas	de	educação	básica	públicas	(BRASIL,	2010a).
●	 Em	2014,	a	Lei	nº	13.005,	subsidiada	nas	deliberações	da	Conferência	Nacio-
nal	de	Educação,	instituiu	o	Plano	Nacional	de	Educação	(PNE).	No	inciso	III,	
parágrafo	1º,	do	artigo	8º,	determinou	que	os	Estados,	o	Distrito	Federal	e	os	
Municípios	garantam	o	atendimento	às	necessidades	específicas	na	educação	
especial,	assegurado	o	sistema	educacional	inclusivo	em	todos	os	níveis,	etapas	
e	modalidades.	O	AEE	é	ofertado	preferencialmente	na	rede	regular	de	ensino,	
podendo	ser	realizado	por	meio	de	convênios	com	instituições	especializadas,	
sem	prejuízo	do	sistema	educacional	inclusivo	(BRASIL,	2014).
37UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
Aluno(a),	após	entendermos,	em	ordem	cronológica,	como	foram	constituídas	as	
leis	e	decretos	relacionados	ao	Atendimento	Educacional	Especializado,	faz-se	necessário,	
na	sequência,	 refletirmos	sobre	a diferença entre Educação Especial para Educação 
Inclusiva.
Os	movimentos	em	prol	da	inclusão	escolar	defendem	que	a	Educação	Especial	
não	deve	acontecer	separadamente,	mas	sim	de	forma	tal	que	os	alunos	que	apresentam	
alguma	deficiência	estejam	inseridos	no	mesmo	contexto	escolar,	ou	seja,	devem	frequen-
tar	o	mesmo	espaço	escolar	de	outros	alunos	que	não	apresentam	necessidade	especiais.
De	acordo	com	o	exposto	anteriormente,	a	Educação	Especial	 funcionava	como	
uma	modalidade	que	substituía	o	sistema	regular	de	ensino	para	as	crianças	que	possuíam	
algum	tipo	de	deficiência.	Dessa	forma,	elas	não	podiam	frequentar	a	sala	comum,	sendo	
excluídas,	participando	de	um	contexto	educacional	de	segregação.	
Porém,	desde	2008,	a	partir	da	publicação	do	Decreto	n°	6.571	e	incorporado	pelo	
Decreto	n°	7.611/2011,	tivemos	a	publicação	da	Política	Nacional	de	Educação	Especial	na	
perspectiva	da	educação	inclusiva.	Essa	política	reorienta	o	papel	da	Educação	Especial,	
ou	seja,	ela	deixa	de	substituir	a	escola	regular	e	passa	a	ser	uma	modalidade	que	perpassa	
todos	os	níveis,	etapas	e	modalidades	para	apoiar	o	processo	de	inclusão.		Nesse	sentido,	
hoje,	a	Educação	Especial	é	um	dispositivo	 fundamental	para	apoiar	a	 inclusãoescolar,	
sem	segregação,	mas	sim	com	interação	social.	
Segundo	o	Censo	Escolar,	 o	Atendimento	Educacional	Especializado	 (AEE)	é	a	
mediação	pedagógica	que	tem	por	objetivo	veicular	toda	forma	de	acesso	ao	currículo	pelo	
atendimento	às	necessidades	educacionais	específicas	dos	alunos	com	deficiência,	trans-
torno	 do	 espectro	 autista	 (TEA)	 e	 altas	 habilidades/superdotação,	 público	 da	Educação	
Especial,	 sendo	 ofertado	 em	 todas	 as	 etapas	 e	 modalidades	 da	 educação	 básica	 e,	
sobretudo,	deve	constar	no		Projeto	Político	Pedagógico	da	Escola	(PPP)	(BRASIL,	2020).
As	atividades	realizadas	no	AEE	são	diferenciadas	das	propostas	na	sala	comum,	
porque	o	objetivo	delas	é	eliminar	as	barreiras	dos	alunos,	 funcionando	como	um	com-
plemento	e	também	suplemento,	visando	o	desenvolvimento	de	atitudes	autônomas	que	
favoreçam	a	inclusão	social.	De	acordo	com	o	Censo	Escolar,	as	atividades	aplicadas	que	
são	comuns	a	todos	os	tipos	de	deficiências	são	(BRASIL,	2020):
●	 Desenvolvimento	 de	 funções	 cognitivas:	 trabalhar	 a	 independência	 do	 aluno	
diante	de	diferentes	situações	no	contexto	escolar,	promovendo	a	interação	e	
descoberta	de	novos	saberes;
38UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
●	 Desenvolvimento	de	vida	autônoma:	desenvolver	autonomia	para	realização	de	
tarefas	 cotidianas	por	meio	de	diversos	 recursos,	 sejam	eles	de	Tecnologias	
Assistivas	(TA)	ou	não;
●	 Enriquecimento	curricular:	aplicar	projetos	 interdisciplinares,	que	contemplem	
temas	diversificados,	conectando-os	com	os	outros	contextos,	extrapolando	os	
muros	escolares,	ou	seja,	conectando-os	com	a	realidade.	
Estudante,	existem	também	outras	atividades	direcionadas	e	personalizadas	para	
cada	tipo	de	deficiência,	que	são	praticadas	no	AEE,	mas	esse	será	um	assunto	que	vamos	
conhecer	mais	tarde,	lá	na	Unidade	IV.
Em	suma,	o	AEE	deve	ser	entendido	como	apoio	e	complemento,	destinado	a	ofe-
recer	especificidade	na	formação	de	um	aluno	com	deficiência,	sem	impedi-lo	de	frequentar	
ambientes	 comuns	e	 oficiais	 de	ensino.	É	 importante	 destacar	 que	esse	atendimento	 é	
praticado	prioritariamente	nas	salas	de	recursos	multifuncionais	(SRM)	da	própria	escola,	
em	outra	escola	de	ensino	regular	ou	em	centros	de	atendimento	educacional	especializado	
(CAEE)	(BRASIL,	2020).
Aluno(a),	no	próximo	 tópico	 iremos	 refletir	 sobre	a	 Institucionalização	do	atendi-
mento	especializado	no	projeto	político	pedagógico.
Até	mais!!!
39UNIDADE II Interlocução do Atendimento Especializado com o Ensino Regular para Alunos Surdos
2 INSTITUCIONALIZAÇÃO DO ATENDIMENTO ESPECIALIZADO NO PROJETO POLÍ-
TICO PEDAGÓGICO
Olá,	aluno(a)!	
Chegamos	ao	segundo	tópico	da	Unidade	II,	denominado	de	“Institucionalização 
do atendimento especializado no projeto político pedagógico”.	Nosso	 foco	 agora	 é	
dialogar	sobre	a	interlocução	entre	o	ensino	educacional	especializado	regular	e	o	atendi-
mento	ao	aluno	com	surdez,	uma	vez	que	há	a	necessidade	de	obter	mais	conhecimento	
sobre	como	educar	crianças	e	jovens	com	diferentes	deficiências	num	contexto	educacional	
inclusivo.
Na	área	da	educação	especial,	muito	tem	se	falado	sobre	o	processo	ensino-apren-
dizagem	de	alunos	com	surdez	e	o	atendimento	especializado	em	sala	de	ensino	regular.	
Com	intuito	de	entendermos	melhor	essa	conexão,	primeiramente,	vamos	rever	e	acres-
centar	conhecimentos	sobre	as	especificidades	do	AEE.
Caro(a)	acadêmico(a),	você	sabe	o	que	significa	a	sigla	AEE?
O	Ministério	da	Educação	(MEC)	reviu	a	maneira	como	era	oferecido	o	atendimen-
to	proporcionado	pela	Educação	Especial.	Após	análises	e	revisões,	por	meio	da	Política	
de	Educação	Inclusiva	e	do	Decreto	nº	7.611,	de	17	de	novembro	de	2011,	implementou	
diretrizes	e	ações	que	efetivaram	o	Atendimento Educacional Especializado (AEE)	para	
os	alunos	deficientes,	sem	segregação.	Esse	é	um	serviço	da	Educação	Especial,	o	qual	
objetiva	 identificar,	 elaborar	 e	 organizar	 recursos	 pedagógicos	 e	 de	 acessibilidade	 	 que	
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eliminem	as	barreiras	para	a	efetiva	participação	dos	alunos,	considerando	suas	necessi-
dades	específicas	(BRASIL,	2011).
Nesse	 sentido,	 a	 intenção	 foi	 realizar	 um	 complemento	 para	 a	 formação	 desse	
aluno	deficiente,	diferentemente	do	que	era	realizado	antes,	porque	na	antiga	Educação	
Especial,	que	funcionava	como	uma	substituição	do	ensino	regular,	existia	a		segregação,	o	
que	impossibilitava	a	interação	por	meio	da	convivência	diária	com	os	demais	alunos.
De	acordo	com	as	acepções	do	MEC,	no	Brasil,	o	ensino	básico	compreende	etapas	
e	modalidades	de	ensino,	desde	a	Educação	Infantil	até	o	final	do	Ensino	Fundamental	II	e	
possui	duração	de	nove	anos.	É,	portanto,	obrigatória	a	matrícula	de	todas	as	crianças	com	
idade	entre	6	e	14	anos	na	escola	regular	de	ensino.	Assim,	o		Atendimento	Educacional	
Especializado	deve	ser	ofertado	nas	salas	de	recursos	multifuncionais		(SRM),	em	turno	
diferente,	ou	seja,	o	aluno	frequenta	em	um	período	as	séries	correspondentes	ao	ensino	
básico,	em	sala		comum	e	participa	do	complemento,	proposto	pelo	AEE,	em	período	oposto	
ao	de	escolarização	(BRASIL,	2004b).	
Dessa	forma,	esse	aluno	aprende	e	 interage	com	os	demais	alunos	no	contexto	
educacional	da	escola	regular,	contudo	tem	um	apoio	subsidiado	pelo	Atendimento	Educa-
cional	Especializado	(AEE),	em	turno	diferente,	minimizando,	de	certa	forma,	as	barreiras	
linguísticas	e	pedagógicas	que	dificultam	a	inclusão	escolar	dos	alunos	com	surdez.	Con-
tudo,	há	a	possibilidade	de	ser	ofertado	 também	em	centro	de	atendimento	educacional	
especializado	 público	 ou	 privado,	 sem	 fins	 lucrativos,	 conveniado	 com	 a	 Secretaria	 de	
Educação	(BRASIL,	2004b).
Especificamente	para	o	atendimento	aos	alunos	com	surdez,	a	escola	deve	promo-
ver	um	ambiente	bilíngue,	no	qual	seja	utilizada	a	Língua	de	Sinais	(LIBRAS)	e	a	Língua	
Portuguesa.
Aluno(a),	você	sabe	qual	é	a	função	primordial	do	AEE?
De	acordo	com	as	acepções	do	MEC,	o	atendimento	educacional	especializado	
(AEE)	tem	como	principais	objetivos:	identificar,	elaborar	e	organizar	recursos	pedagógicos	
e	de	acessibilidade	que	excluam	as	barreiras	que	dificultam	a	efetiva	interação	dos	alunos	
com	 necessidades	 específicas	 ao	 processo	 de	 ensino-aprendizagem	 (BRASIL,	 2004b).	
Além	disso,	conforme	mencionado	anteriormente,	esse	atendimento	deve	complementar	e/
ou	suplementar	a	aprendizagem	promovida	na	sala	comum,	favorecendo	o	desenvolvimen-
to	de	ações	autônomas	e	independentes	desses	alunos	dentro	e	fora	da	escola.	
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No	AEE,	 em	 período	 adicional,	 oposto	 ao	 ensino	 comum,	 essas	 ações	 devem	
acontecer	em	três	momentos	pedagógicos	distintos,	por	meio	do	Atendimento	Educacional	
Especializado	em	LIBRAS:
1. Ensino dos conteúdos curriculares: todos	os	dias,	um	professor	surdo	deve	
ensinar	os	conteúdos	abordados	em	sala	comum;
2. Aulas de LIBRAS: todos	os	dias,	um	professor	e/ou	instrutor	de	LIBRAS	(surdo)	
dará	aula	de	LIBRAS	para	os	alunos	com	surdez,	com	o	objetivo	de	desenvolver	
aprendizagem	de	 termos	 técnicos	e	científicos.	Sugere-se	que	seja	 realizado	
sempre	um	diagnóstico	do	conhecimento	do	aluno	para	elaboração	do	plano	de	
ensino;
3. Aulas de Língua Portuguesa: ministrada	por	um	profissional	da	área,	com	o	
intuito	de	trabalhar	as	especificidades	da	língua	portuguesa.	Sugere-se	que	seja	
realizado	sempre	um	diagnóstico	do	conhecimento	do	aluno	para	elaboração	do	
plano	de	ensino.
Aluno(a),	para	que	haja	excelência	no	trabalho	desenvolvido	no	AEE,	é	necessário	
um	planejamento	prévio	elaborado	e	desenvolvido	a	partir	 do	plano	de	ensino	por	uma	
equipe	pedagógica:	professor	da	classe	comum	das	diversas	disciplinas,	de	Língua	Portu-
guesa,	de	LIBRAS	e	coordenador.	
Acadêmico(a),

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