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Hemostasia, síntese e fios cirúrgicos Hemostasia - Hemostasia é uma parte extremamente importante na fase cirúrgica; - Sempre que se causa um trauma em algum tecido/órgão, sabe-se que promove uma lesão de endotélio/vascular/vasos > leva ao sangramento; - Deve-se evitar o sangramento excessivo. - Hemostasia é um mecanismo fisiológico > hemostasia primária, hemostasia secundária e fibrinólise do coágulo; - Pré-cirúrgico: avaliação plaquetária, coagulograma; - Processo de hemostasia fisiológico para sangramento de pequenos vasos; - Vasos calibrosos > hemostasia cirúrgica. Hemostasia cirúrgica - Evitar perda excessiva de sangue; - Paciente pode ser lavado à hipóxia/isquemia; - Melhores condições a cirurgia; - Presença de coágulos atrapalham a ferida operatória; - Coágulos podem predispor o paciente a infecções; - Sangramento é esperado em uma cirurgia, mas o controle desta deve ser realizado corretamente; - O cirurgião cuidadoso é aquele que previne o sangramento excessivo; - Necessário planejar a cirurgia > chance de dar certo é muito maior; - Avaliar condição do paciente e ter certeza da técnica cirúrgica que irá realizar. Tipos de hemostasia: - Preventiva; - Temporária; - Definitiva. Pinça hemostática Kelly (definitiva) e Pinça para hemostasia temporária Bulldog. Hemostasia preventiva: - Ex.: ligadura de um vaso antes de fazer a secção dele; - Muito utilizada em vasos calibrosos. Hemostasia definitiva: - Promove o controle do sangramento. - Tampão compressivo: · Só realiza para pequenos vasos e sangramento de parede ou sangramento de parênquima leve; · “Sangramento em lençol” > não consegue visualizar o vaso; · Sangramento leve; · Promove compressão com uma gaze ou compressa; · É o tipo de hemostasia que se conta com a hemostasia fisiológica. Tampão compressivo. - Instrumental: · Pinça hemostática realiza hemostasia definitiva; · Promove isquemia/compressão > controle do sangramento; · Em alguns vasos se realiza um pinçamento; · Pode fazer cauterização ou giro com a pinça para o vaso colabar; · Quanto o vaso é mais calibroso, pinça e liga. Hemostasia com instrumental. Eletrocautério. Hemostasia definitiva. Sutura > sangramento em lençol (não consegue visualizar o vaso sangrante). - Ligaduras: · Utiliza um fio, passando em volta do vaso e fazendo uma ligadura. - Transfixação: · Utilizada rotineiramente para vasos muito calibrosos ou para utilização em plexos; · Passa o fio no meio do plexo/vaso, dar uma ligadura de cada lado, promovendo dois nós duplos; · Garante que o fio não Transfixação. Hemostasia temporária: - Situações em que se opera um órgão e precisa abri-lo; - Tem que tem controle dos vasos desse órgão; - Promove hemostasia durante o período da cirurgia, realiza o processo no órgão e depois solta o vaso para voltar ao fluxo normal; - Não pode usar uma pinça hemostática normal, se não causa isquemia no vaso; - Pinça bulldog e compressão pelos dedos (digito-digital). Nefrotomia. Compressão digital. Hemostasia temporária. Outros métodos de hemostasia: - Biomateriais; Cola de fibrina: - Promove a hemostasia; - Promove um auxílio do tampão plaquetário, sela o tampão. Cola de fibrina. Cera óssea: - Lança um tampão no osso sangrante. Esponja de colágeno: - Utilizada principalmente em parênquimas; - Ex.: cirurgia hepática. Cera óssea x esponja de colágeno. Síntese - É o final da cirurgia; - Métodos em que se faz o fechamento do tecido; - Pode servir também como controle para a hemostasia; - Suporte para a cicatrização tecidual; - Tecidos diferentes, suturas diferentes; - Apoio por alguns dias > pele, subcutâneo; - Apoio por semanas > músculo e fáscia; - Apoio por meses > osso, tendão; - Variação individual > cada paciente é um. Princípios cirúrgicos dos tempos fundamentais - Acesso que permita a exposição adequada para o acesso. Fatores que devem ser observados: - Mínimo trauma aos tecidos; - Hemostasia eficiente; - Redução de espaço morto (espaço que criamos na cirurgia); - Tempo cirúrgico adequado; - Material de sutura utilizado; - Evitar a necrose tecidual > bordos nítidos favorecendo a cicatrização, com respeito aos planos e estruturas anatômicas (nervos, tendões, vasos, músculos). Fios cirúrgicos Objetivo do material de sutura e da técnica de sutura: - Perder força de tensão assim que o tecido ganha força e não sirva mais como corpo estranho. Características ideais - Segurança no nó; - Baixa reação tecidual; - Esterilização; - Não promova crescimento bacteriano (capilar); - Custo; - Não alergênico; - Não carcinogênico; - Boa força tênsil. Fio ideal ainda não existe: - Escolha aquele que melhor se adapta em determinada situação. Características dos fios Quanto ao calibre: Fio 10.0 tem a espessura de um fio de cabelo. Geralmente utiliza do 6.0 para frente. Capilaridade: - Processo pelo qual fluidos e bactérias são transportados para o interior das fibras do fio. Plasticidade: - Expressa a capacidade que o fio tem de se manter sob nova forma após ter sido tracionado; - Maleabilidade do fio. Elasticidade: - É a capacidade de que o fio tem de retomar sua forma e tamanho original depois de tracionado (memória); - Fenômeno da memória > propriedade relacionada à elasticidade e plasticidade após ter sido dado o nó; - Fios com memória tendem a desatar o nó e retornar à sua forma original, como o náilon; - A memória influencia no manuseio, sendo os fios com alta memória os que dificultam o manuseio; - Rigidez > náilon e polipropileno > 5 a 7 nós. Força tênsil: - Deve ser mantida até que a estrutura esteja cicatrizada; - Quanto maior a força tênsil de um fio, menor o diâmetro necessário; - Menos corpo estranho. Classificação dos fios - Absorção; - Filamentos > monofilamentados ou multifilamentados; - Origem > natural ou sintéticos. Absorção: - Absorvíveis x inabsorvíveis; - Absorvível é aquele que perde sua força tênsil dentro de 60 dias. Filamentos: - Monofilamentar; - Multifilamentar; · Multifulamentar trançado; · Multifulamentar revestido. Estrutura monofilamentar: - Náilon; - Aço inoxidável; - Polipropileno, polietileno; - Colágeno; - Polidioxanona; - Poligliconato; - Poliglecaprone 25. Estrutura multifilamentar: - Algodão; - Categute; - Seda; - Poliéster, polibutéster; - Ácido poliglicólico; - Poliglactina 910; - Caprolactum polimerizado; - Colágeno. - Fios com capacidade de absorção de líquidos/fluidos para dentro deles; - Mais capilares > maior o risco de infecção. Origem: - Sintética x natural; - Reação tecidual é diferente: · Fio natural > processo de fagocitose; · Fio sintético > reação por hidrólise (mais tranquila para o organismo). Origem animal: - Categute: - Colágeno. Origem sintética: - Poligalactina 910; - Ácido poliglicólico; - Polidioxanona; - Poligliconato; - Poliglecaprone 25. Fios absorvíveis Fio categute: - “Kitgut” ou “kitstring”; - Submucosa de intestino delgado de ovinos e serosa de bovinos; - 90% de colágeno. Vantagens: - Manuseio; - Elástico; - Absorvível; - Custo acessível. Categute simples: - Absorção mais rápida > 5 a 10 dias; - Perde tensão em 1 ou 2 semanas. Categute cromado: - Submetido a tratamento ácido crômico; - Força tênsil aumentada para 2 a 3 semanas. Desvantagens: - Reação tecidual (fagocitose) > promove processo inflamatório muito ativo; - Absorção prematura (secreções e ambiente infectado e tecido altamente vascularizado, hipoproteicos); - Perde a força tênsil; - Alta capilaridade > promove muita infecção > reação de corpo estranho > necrose local; - Fio delicado demais para ser esterilizado. Fio de colágeno: - Multifilamentar; - Tendão flexor de bovinos tratado com formoladeido ou cromo; - Fabricados apenas em pequeno diâmetro > não utilizado com frequência; - Cirurgias oftálmicas. Fio de ácido poliglicólico: - Lentamente reabsorvidos por hidrólise (60 a 180 dias); - Ótima resistência tênsil, mínima reação inflamatória; - Fácil manuseio, absorção lenta, ampla aplicação e boa tolerância em feridas infectadas; - A desvantagem é o custo. Fio de Poligalactina 910: - Mais hidrofóbico emais resistente que o ácido poliglicólico; - Suturas internas; - Baixa reação tecidual; - Ampla aplicação; - Estável em feridas contaminadas; - Custo; - Revestido ou não. Fio de Polidioxanona: - Polímero monofilamentado com maior flexibilidade; - Degradação por hidrólise, mas em maior tempo. Fio de poliglecaprone 25: - Bastante flexível e de fácil manuseio; - Completamente absorvido em 4 meses; - Baixa reação tecidual. Fios não absorvíveis - Origem orgânica – seda; - Origem vegetal – algodão; - Origem sintética – náilon, polipropileno poliéster; - Origem metálica – prata, cobre, aço. Fio de seda: - Orgânico; - Multifilamentar trançado; - Bicho-da-seda; - Fácil manuseio. - Procedimentos cardiovasculares; - 2 anos é absorvida; - Custo maior; - Reatividade e riscos. Fio de algodão: - Veio substituindo o fio de seda; - Resistente à tração; - Nó cirúrgico seguro; - Baixo custo, fácil aquisição, bom manejo, facilidade no nó, reesterilização (autoclavado); - Tem alta capilaridade, alto índice de fricção, reação tecidual (fístulas e granulomas). Fio de náilon: - Poliamida monofilamentar; - Perde 30% da sua força tênsil original em dois anos; - Baixa reação tecidual; - Ampla aplicação; - Baixa incidência de infecção: não capilar e inerte; - Baixa segurança do nó > fio de alta memória; - Escorregadio, alta memória, necessário no mínimo 5 nós (um duplo, três simples). Fio de poliéster: - Polímero sintético; - Multifilamentado e trançado; - Simples e revestido; - Mais forte dos não metálicos > pouca perda da força tênsil; - Maior reação tecidual entre os sintéticos (feridas contaminadas); - Pobre segurança dos nós (no mínimo 5 lançadas). Fio de polipropileno: - Maior segurança do nó; - Boa retenção da força; - Resistência à contaminação bacteriana; - Alto custo > utilizado em situações pontuais; - Ex.: fixação de malha na parede. Fio de aço inoxidável: - Muito utilizado em cirurgias ortopédicas. Biomateriais - Malha cirúrgica; - Adesivos teciduais. Malha cirúrgica. Técnicas de sutura Síntese - Sutura dos planos cirúrgicos; - Conceito: manobras manuais e instrumentais, destinadas a unir os tecidos separados restituindo sua anatomia e função. Critérios para uma boa síntese: - Antissepsia local; - Coaptação; - Bordos nítidos; - Hemostasia; - Corpos estranhos; - Espaços mortos; - Fios adequados. Classificação de suturas - Isoladas (ponto a ponto) x contínuas (continuidade até fechar); - Suturas de aposição ou coaptação > um bordo unido ao outro; - Suturas de inversão > invaginação > bordos entram para dentro da cavidade; - Suturas de eversão (tensão). Isoladas: Ponto simples isolado, colchoeiro horizontal (U deitado), colchoeiro cruzado (X) e colchoeiro vertical (U vertical). Contínuas: Sutura contínua simples x sutura contínua festonada. Suturas invaginantes. Sutura de Lembert, sutura de Connel e sutura de Cushing. Suturas especiais: Sutura em tendão. Precisa garantir que o tecido continue trabalhando com flexão e extensão sem se romper. Vários pontos de fixação. Sutura de Parker Kerr: Junção de duas suturas: Cushing + padrão de Lembert. Sutura subcuticular/intradérmica: Não precisa dar pontos de pele. Qual sutura escolher? - Tecido; - Período de força tênsil (tecidos fortes, fios com longa força tênsil); - Presença de infecção; - Fio tão forte quanto o tecido. Seleção do material de sutura Pele: - Aposição > um bordo deve estar em linha exata aposicionada na pele, para promover uma boa cicatrização - Suturas isoladas ou intradérmicas; - Fios absorvíveis monofilamentares > deixa ferida cirúrgica mais limpa. Subcutâneo: - Aposição; - Contínuas ou intradérmico; - Fios multi ou mono absorvíveis – sintéticos. Fáscia e músculo: - Suturas contínuas ou isoladas > sutura de aposição; - Fios absorvíveis ou inabsorvíveis; - Não há consenso! Órgãos parenquimatosos: - Difícil sutura; - Fios mono ou multi? - Na maioria, monofilamentares sintéticos > por serem pouco capilares. Víscera ocas: - Monofilamentares absorvíveis sintéticos; - Suturas contínuas. Tendão: - Suturas especiais; - Fios monofilamentares inabsorvíveis ou absorvíveis. Vaso sanguíneo e nervo: - Polipropileno; - Geralmente em microcirurgias. Feridas contaminadas: - Técnicas adequadas para evitar contaminação.
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