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Cidadania ComunicativaCidadania Comunicativa Comunicação e Cidadania Comunicação Social – UFSM Profa. Liliane Brignol Referências • Maria Cristina Mata, professora e pesquisadora do Centro de Estudios Avanzados, Universal de Córdoba, Argentina. Nacionalidade argentina. Universal de Córdoba, Argentina. Nacionalidade argentina. • Carlos Alberto Camacho Azurduy, professor do Centro Internacional de Estudios Superiores de Comunicación en América Latina (CIESPAL). Quito, Ecuador. Nacionalidade boliviana. Comunicação e cidadania • Capacidade explicativa do conceito de cidadania nos estudos da comunicação: • A articulação entre comunicação e cidadania é bastante recente no campo de estudos da comunicação, a partir dos anos 1990 (MATA) • As palavras Popular e Alternativa estão para os anos 80, como Novo esteve para os anos 60 (lembram do cinema novo, da bossa nova?) e como Cidadania está para os dias de hoje. para os anos 60 (lembram do cinema novo, da bossa nova?) e como Cidadania está para os dias de hoje. • O que acompanha a questão da cidadania é uma discussão sobre o significado e o alcance de ser membro da comunidade em que se vive. Quem pertence e quem está excluído? E por quê? E como consertar esta divisão desigual? • São os problemas em torno do pertencimento e do direito de pertencer que deram lugar à discussão das políticas de cidadania e mobilizam nossos trabalhos acadêmicos. • Se a perspectiva popular e alternativa reivindicava dar valor ao que estava no desvio, na contramão do hegemônico, a perspectiva da cidadania quer a inclusão do que está do lado de fora (BERGER, 2006, p. 4). Cidadania Comunicativa (CAMACHO, 2003) • Por que falar em cidadania hoje na América Latina? De una manera real se empieza a percibir, como fundamento para la consolidación de los nuevos sistemas democráticos de América Latina, la urgente necesidad de su legalidad y legitimación desde la sociedad civil. No sólo en los ámbitos académicos, sino cada vez con mayor ímpetu entre las organizaciones gubernamentales y no gubernamentales, el tema de la ciudadanía va cobrando especial importancia por tema de la ciudadanía va cobrando especial importancia por una serie de razones (CAMACHO, 2003, p.2). • A cidadania na América Latina é mostrada como um processo sociopolítico que pretende dar garantia para o exercício de direitos humanos e para a consolidação de sociedades verdadeiramente democráticas, justas e equitativas. • Necessidade de incluir a dimensão comunicativa no debate sobre a cidadania. Cidadania Comunicativa • Os meios de comunicação de massa podem atuar na constituição da cidadania estimulando a autonomia (social, política, econômica e cultural) dos sujeitos individuais e sociais. Diante da oferta da mídia, as pessoas constroem uma cidadania comunicativa. • Para Camacho Azurduy, mediante o modelo de cidadania comunicativa, pode-se dizer que as pessoas assumem, por meio do consumo cultural da oferta informativa, uma competência política coadjuvante com a esfera pública. Nesse caso, as pessoas e grupos tomam decisões, fiscalizam, demandam e executam as ações que os levam a defender interesses comuns em um contexto deliberativo (participação cidadã). Duas dimensões da cidadania comunicativa (Camacho Azurduy, 2003, p. 93) • – Exercício da cidadania (“Também exerço minha cidadania através dos meios”): Nos meios, as pessoas expressam e exercem sua cidadania em diversos campos, por exemplo, por meio de diversas formas de controle social do poder. Os meios também podem substituir, de certa forma, uma participação a que realmente não se substituir, de certa forma, uma participação a que realmente não se tem acesso ou no caso em que os meios tentam substituir outras instâncias de participação. • – Aprendizagem de cidadania (“Também aprendo a ser cidadão em minha relação com os meios”): As pessoas definem e (re)configuram sua cidadania nas relações que estabelecem com a oferta midiática. A informação produzida aumenta o poder do cidadão. Gino Giacomini Filho, Monica PegurerCaprino. Apropriação de conteúdos e cidadania comunicativa. Comunicação & Sociedade, Vol. 29, No 48 (2007) Cidadania Comunicativa • A cidadania comunicativa não rompe com a constituição dos direitos civis, como a liberdade de expressão, direitos políticos, como as formas de participação dos cidadãos e direitos sociais, como direito à informação, educação, ao acesso ao conhecimento. No entanto, reflete sobre a capacidade desses direitos, já conquistados, serem ampliados com a adesão de novas vozes cidadãs. Isso requer qualificação nos debates e reorganização das próprias agendas públicas. Ou seja, implica reorganização das próprias agendas públicas. Ou seja, implica no desenvolvimento de práticas tendentes a garantir os direitos no espaço específico da comunicação (MATA, 2006). • De acordo com Mata (2006, p. 13), a noção de cidadania comunicativa “ultrapassa a dimensão jurídica e alude à consciência prática, à possibilidade de ação”. (MORIGI, Valdir; GUINDANI, Joel Felipe; ALMEIDA, Cristóvão Domingos. A prática de cidadania comunicativa na experiência de rádio comunitária. Compós, 2011) Tensão cidadania - público • A cidadania não identifica apenas o exercício de deveres e direitos dos indivíduos em relação ao Estado, mas também um modo específico de aparição dos indivíduos no espaço público. Ou seja, a capacidade dos sujeitos de aparecer e intervir no espaço público � papel dos meios de comunicação.dos meios de comunicação. • Uma ampliação da noção de cidadania permite pensar do indivíduo como sujeito privado e livre de ação, ao indivíduo como criador de projetos. (MATA) • Em nossas sociedades midiatizadas, os meios massivos e as redes informáticas adquirem centralidade como configuradores do espaço público. Como somos cidadãos nos meios de comunicação? • -O cidadão como sujeito de necessidades: perda de direitos básicos, expressa na pobreza, desnutrição, falta de acesso à educação, marginalização ao acesso a qualquer direito social = representação constante do cidadão nos meios de comunicação. Exibição da dor (lágrimas e gritos) ou cifras/especialistas. Sujeito de (lágrimas e gritos) ou cifras/especialistas. Sujeito de necessidades é indefeso e sua aparição encobre suas causas e vinculações estruturais. Como somos cidadãos nos meios de comunicação? • - O cidadão como sujeito de demandas: São os mesmos cidadãos carentes mostrados a partir de sua capacidade de reclamar, através de organizações específicas ou mobilizações de caráter amplo. Independente da abordagem e tratamento da mídia, a presença na cena midiática outorga visibilidade e condição cidadã, significa ocupar o espaço público. condição cidadã, significa ocupar o espaço público. • - O cidadão como sujeito de decisão: indivíduo com possibilidades de tomar decisões políticas. O eleitor, através de variados modos de consulta – enquetes, pesquisas de opinião, sondagens, voto, etc. Como somos cidadãos nos meios de comunicação? sondagens, voto, etc. • Se os sujeitos de necessidade estão nos meios como demonstração de marginalidade da vida em comum constituída por direitos e deveres, se os sujeitos de demanda dão visibilidade à debilidade Como somos cidadãos nos meios de comunicação? sujeitos de demanda dão visibilidade à debilidade de formas anteriores de política de representação, os sujeitos de decisão constituem o modelo midiático da democracia: o que se constitui com o voto individual, com a eleição feita a partir da intimidade do lar mediante o recurso de algum dispositivo técnico ou das pesquisas de opinião sobre diferentes questões de caráter público. Cidadania comunicativa • Mata analisa a crescente exibição nos meios de comunicação de práticas políticas, como ampliação do espaço público e consequente fortalecimento da cidadania através, por exemplo, do que ela define como uma maiorpossibilidade de vigilância e de controle de atos do governo e de outros setores do poder. • Partindo da análise de uma tendência da mídia de apenas retratar, de maneira mercantil e descontextualizada, representações de parcela dos cidadãos marginalizados e excluídos dos processos de tomada de decisão (apresentados quase sempre como sujeitos de necessidade ou demanda) até a ampliação rumo a um movimento de efetiva construção de participações cidadãs via acesso dos meios de comunicação, refletindo o papel dos cidadãos como sujeitos de ação. Cidadania comunicativa • “A noção de cidadania é o recurso necessário para repensar um modo de ser no mundo ampliado, ou seja, para pensar o intercâmbio e a vinculação simbólica dos indivíduos em um espaço tornado comum pelas tecnologias da informação e pelos produtos midiáticos, assim como pela desterritorialização de processos produtivos, processos migratórios e interações mundiais em termos de negócio e migratórios e interações mundiais em termos de negócio e entretenimento” (MATA, 2006). • Para Mata, a noção de cidadania comunicativa é o de que os sujeitos não se caracterizam apenas como público ou audiência dos meios, mas como cidadãos de direitos e deveres. Mata (2006) ressalta a necessidade de participação popular e problematiza o campo da comunicação e informação como espaço importante de intercâmbios simbólicos para a consolidação da cultura democrática. • A cidadania comunicativa adquire um sentido político, de estratégia e de necessidade do exercício para a ampliação desses direitos formais, instaurando-se como uma condição necessária para reverter, mediante a participação dos indivíduos na esfera pública e política, os crescentes níveis de exclusão econômica e social que existem em nossas sociedades e para consolidar um processo democrático (MATA, 2005). Cidadania comunicativa processo democrático (MATA, 2005). • Mata enfatiza a necessidade de se ultrapassar a visão político- jurídica de cidadania “e entender a cidadania como a irrupção na esfera pública do excluído, do negado, do que manifesta o direito a ter direito” (2006). Quer dizer, esta redefinição da noção de cidadania [comunicativa] está relacionada ao contexto das lutas e práticas dos movimentos sociais, mesmo valendo-se da história previa dos direitos assegurados pela cidadania regulada.
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