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Dietas para manutenção e dietas modificadas para animais de laboratório Conceitos básicos: - Nutrição → ação involuntária, ou inconsciente, em que o nutriente é absorvido e metabolizados pelas células alvo. - Alimentação → ação voluntária em que o animal ingere alimentos objetivando a saciedade. - Ração → alimentação fornecida ao animal no período de 24h, podendo ser o único alimento completo, ou a associação a diferentes tipos. Exigências nutricionais Composição alimentar Mínimo custo Fatores que afetam necessidades nutricionais Genética: - Espécies, linhagens, gêneros e indivíduos; - Ex: falta de L-gulonolactona oxidase, necessária para síntese de Ác ascórbico no porquinho da índia. Mas o rato wistar apresenta essa enzima, não necessitando de vit c na dieta. Estágios da vida: - Necessidades mudam de acordo com os estágios, ex no crescimento, gestação e lactação – estudo escassos. - Não se tem estabelecido necessidades para cada momento da vida dos diferentes modelos animais. - Reeves (1993) – recomendações para diferentes fases da vida de ratos e camundongos Impactos ambientais: - Mudança do ambiente altera necessidades nutricionais - Ex: ↓ temperatura ambiental → ↑demanda energética Status microbiológico: - Coprofagia → interfere em experimentos, sendo recomendado o uso de gaiolas metabólicas. Interações entre nutrientes: - Interações entre os minerais absorvidos e transportados pelas mesmas moléculas; - Ex: Ácido cólico ↑ absorção de gordura. Exigências nutricionais: - Quantidade de determinado nutriente que o animal necessita para manutenção dos processos vitais e otimização de fatores de desempenho → ganho de peso, conversão alimentar, depósito de músculo, produção de leite, reprodução e outros. Conhecimento da composição bromatológica das matérias primas e rações → adequar os programas alimentares ao objetivo da produção animal. Exigências nutricionais para animais Estimativa das exigências nutricionais: Empírico: Exigências nutricionais definidas com base na resposta a variados níveis de ingestão de nutrientes. - Método dose resposta. Fatorial: Modelos matemáticos, ou seja, equações de predição para estimar as exigências com base no desempenho e para manutenção das funções vitais. Tipos de formulações de dietas - Vários tipos de dietas são utilizados para animais de laboratório; - Seleção do tipo → grau de controle na quantidade, na necessidade de produto teste, dos potenciais efeitos dos micro-organismos da dieta sobre o animal, da aceitação e custo; - Atenção! → oferta de dieta palatável, atenda às necessidades nutricionais e livre de contaminantes tóxicos; - Classificação de acordo com o grau de refinamento. Dieta quimicamente definida: - Formulada por componentes quimicamente puros, como aminoácidos, triglicerídeos, ácidos Nutrição Experimental graxos essenciais, sais inorgânicos e vitaminas, é isenta de contaminantes e de fatores estimuladores de enzimas. - Utilizada em estudos com controle de determinados nutrientes e a adição de constituintes específicos. - Maior controle de seus constituintes. - Utilizada em animais germ free por ser esterilizada. - Baixa estabilidade à temperatura ambiente. - Elevado custo. Tipos de formulações de dietas Dieta purificada: - Formulada com ingredientes extraídos de determinados alimentos como a caseína e albumina (fontes proteicas); sacarose e o amido (CHO); e o óleo vegetal (lipídeo). - Composição relativamente conhecida. - Custo relativamente baixo. - Razoável estabilidade. - ↓ contaminação química comparada a comercial. Observações na dieta purificada: - Seleção de ingredientes → buscar sempre maior purificação. - Contaminação passível uma vez que fontes de nutrientes podem conter quantidades variáveis de outros nutrientes → proteicas (vitaminas, minerais e ácidos graxos essenciais); amido (lipídeos e ácidos graxos essenciais e óleos (vitaminas lipossolúveis). - A caseína contém fósforo e pode estar contaminada com ferro → considerar em estudos de disponibilidade. - A proteína de soja pode interferir na biodisponibilidade de minerais. Dieta comercial: - Formulada com alimentos processados como grãos de trigo, milho, soja e farinha de peixe. - Palatável ao animal - Baixo custo - Não recomendada para animais em experimentação → composição variável e risco de contaminação por metais pesados, pesticidas e outros que podem interferir no estudo. - Presença de fitatos, taninos e fibras → ↓ biodisponibilidade de alguns nutrientes Tipos de ração comercial extrusadas Extrusadas: - Umidecidas e expandidas em um tubo pela combinação de umidade (20-30%), alta pressão (30-40 Kgf/cm2), temperatura (120-200ºC) e tempo (5-10 segundos). - Processo causa gelatinização do amido →↑ maior exposição de moléculas às enzimas →↑ digestibilidade. Peletizadas: - Submetidas a processo de modelagem, que consiste em aglutinar partículas de farelo após submetê-las a umidade (14-20%), calor (40-95ºC), força (2 Kgf/cm2) e tempo (9-24 segundos). - Apresenta padrões com furação padronizada. - Dureza do pélete favorece o desgaste adequado do dente incisivos ao roer a ração. Efeito da autoclavagem no aspecto visual da ração Autoclavagem em calor úmido modifica qualidade da ração ↓ Perda vitamínica, desnaturação proteica e escurecimento da ração em função do tempo ↓ Reação de Maillard ↓ ↓palatabilidade e biodisponibilidade de aa - Para minimizar perdas → suplementar vitaminas 5x mais ou radiação gama (elevado custo). Nutrição Experimental Preparação e estocagem - Dietas preparadas em ambientes limpos e livres de contaminação. - Ingredientes pesados e misturados de modo a formar mistura homogênea. - Depois de pronta deve ser embalada e refrigerada → quanto mais baixa a temp e umidade melhor (4ºC por no máximo 90 dias. - Nutrientes com menor estabilidade (vit A e C) pode ser realizada quantificação afim de verificar perdas. Preparação de dieta purificada - Dieta purificada – ingredientes em grande quantidade são adicionados diretamente. - Ingredientes em menor quantidade são pré misturados e depois adicionados (pré mix) – evita degradação de vitaminas por oxidação e garante uniformização de mistura. - Ingredientes higroscópicos (ex: cloreto ou bitartarato de colina) devem ser misturados em ingredientes sólidos como amido ou açúcar. - Acrescenta-se por último o óleo. - Prefere-se misturar em bateredeira por 15 min e a cada 5min retirar o excesso aderido nas paredes da vasilha. Vias de administração da dieta Ad libitum: - Sem restrição - Consumo além das necessidades do animal Controlada: - Controle da dieta - ↓ deposição de gordura corporal, doenças e ↑ expectativa de vida. - Restrição durante o dia → a noite os ratos são mais ativos e consomem mais. - Garante recebimento de mesma dose (pair-fed) Pair-fed: Ex: Controlar ganho de hemoglobina em estudos de biodisponibilidade de ferro → fornecida mesma quantidade de dieta para todos os animais. Gavagem: - Condição em que o controle alimentar ou de algum constituinte específico requer mais rigor. Água: - Água ad libitum. - Hidratação reduz o consumo alimentar. - Manter qualidade da água → água purificada (filtrada e livre de patógenos e contaminantes). - Atenção ao tipo de água em estudos por exemplo que avaliam biodisponibilidade de minerais → água deionizada (isenta de sais minerais). Contaminantes em potencial Biológicos: - Ex: animais gnotobióticos demandam dieta descontaminada → autoclavagem → perda de nutrientes → doses adicionais de vitaminas e outros. - Radiação ionizantee óxido de etileno. Químicos: - Podem ocasionar toxicidade, alterações bioquímicas e fisiológicas - Importante monitoração e análise a fim de quantificar esses contaminantes → difícil Contaminantes em rações comerciais Nutrição Experimental Cálculo da quantidade de ração por dia Para realização de cálculos ligados ao experimento animal, é necessário saber as seguintes informações: 1. Qual o modelo experimental? 2. Quantos animais serão utilizados? 3. Quanto tempo os animais deverão ficar em dieta? 4. Qual deverá ser a composição da dieta? Manutenção (AIN 93M) ou crescimento (AIN 93G)? N° de animais × quantidade de ração (g)/dia (g/rato/dieta) × dias de experimento (dias) = X g de dieta X g de dieta + 10% do valor (para perdas) = Y g de dieta total a fazer (especificar o valor em gramas ou quilogramas) Rato →14g dieta/dia Camundongo→ 6g dieta/dia Ex: Luciana quer avaliar o efeito de uma dieta rica em gordura saturada e posterior exercício físico no risco de hipertensão em ratos. Ela precisa de 3 grupos de animais (onde cada grupo precisará de no mínimo 7 animais, sendo um grupo controle, um grupo de animais que receberão a dieta RGS e um grupo que recebeu a dieta e posteriormente foi submetido ao exercício físico). Quanto da dieta experimental RGS Luciana precisará produzir ou comprar para realizar esse experimento? 14 (animais) × 14 (g)/dia × 30 (dias de experimento) = 5.880g de dieta 5.880g de dieta + 588 (para perdas) = 6.468g ou 6,5 Kg de dieta total a fazer. Necessidades nutricionais para roedores de laboratório – ain 93 1973 – AIN-76 – dietas utilizadas eram baseadas em cereais e ingredientes naturais que se tornavam variáveis. 1989 – Reunião FASEB – Proposta de novas dietas AIN -93G – Crescimento, gestação e lactação AIN -93M – Manutenção do animal adulto. AIN – American Institute of Nutrition FASEB - Federation of the American Societies for Experimental Biology Composição da dieta ain-93 – Reeves et al, 1993 Exigências nutricionais para roedores nas dietas AIN-93 – Reeves et al, 1993 Composição de mistura de minerais Composição de mistura de vitaminas Nutrição Experimental Considerações sobre a dieta AIN-93 Lipídeo: - Dietas com alto teor de ác graxos saturados → maldigeridas. - Dietas com alto teor de ác graxos poli- insaturadas → ↑ antioxidantes Proteína: - Caseína é pobre e em cistina → adição de cistina - Caseína fonte de fósforo. Se houver substituição da caseína, deve-se acrescentar fósforo. Fibra: - Fibras de baixo custo são menos purificadas → ↑ ferro, manganês metais pesados e fatores antinutricionais (fitatos e taninos). - Observar com cautela estudos de avaliação de minerais. Minerais e vitaminas: - Minerais e vitaminas selecionados de acordo com a disponibilidade e estabilidade → considerar esses pontos de substituição. - Vitamina C → dispensável (roedores sintetizam). Elementos traço: - Elementos necessários para o bom funcionamento do organismo, mas com incertezas → optar por não acrescentar e substituir por sacarose (dieta modificada). Principais diferenças entre AIN-93G e AIN-76A - Para aumento do ácido linoleico → substituiu-se 7 g de óleo de soja por 5 g de óleo de milho, para cada 100 g de alimento; - O amido de milho foi substituído pela sacarose; - A quantidade de fósforo foi ↓ → eliminar os problemas de calcificações renais em ratos; - A L-cisteína foi substituída por DL-metionina como complemento da caseína; - ↑ vitaminas E, K e B12 e somadas às misturas dos minerais lítio, vanádio, níquel e molibdênio. Dietas modificadas: - Sofrem alterações para atender aos objetivos da pesquisa - Fornecem quantidades equitativas de determinado nutriente ou componente, ou para promover alterações metabólicas no animal. Ex: - Isoproteicas e isocalóricas. - Mesmo teor de Ferro. - Rica em colesterol. Dieta isoproteica e isocalórica: - Avaliar a qualidade proteica. - Mesma quantidade de proteína – 9,5%. - Diferentes fontes proteicas requerem ajuste em seus constituintes para manutenção de calorias. Dieta isenta de ferro: - Avaliação da biodisponibilidade de Fe – dietas com mesmo teor de Fe de fontes a serem testadas. - Única fonte de Fe deve ser o alimento em questão. - Considerar possíveis contaminações – uso de água para lavagem de vidrarias e para ingestão do animal. - Utilizar o mix de minerais isento de Ferro - Há substituição do Ferro pela sacarose Dieta hipercolesterolemiante: - Dietas com alterações nos teores de lipídeos, CHO e outros constituintes. - Elevar lipídeos sanguíneos → adição de gordura saturada e colesterol, ou ácidos biliares (ácido cólico). - Outros modelos: colesterol cristalino, ácido cólico e gordura saturada, na forma purificada ou semi purificada. Dieta de cafeteria: - Formuladas com ingredientes de alto valor calórico e apresentam alto teor de gordura saturada. Nutrição Experimental - Simulam dieta acidental → estimulam a deposição de gordura central, hiperfagia, e elevam a concentração de lipídeos e glicose → dislipidemia e obesidade. - Alta densidade energética, Elevação de lipídios e Pobre em fibras. Dieta hiperlipídica: - Tem altos teores de gordura saturada, geralmente banha de porco. - Adição de colesterol (0,1% a 5%) e ácido cólico (0,1% a 1%). - Podem ser adquiridas de fornecedores nacionais ou importados. - Escolha – pesquisador, objetivos do estudo e de recursos financeiros. Considerações finais - Deve-se ter cuidado no planejamento, execução, embalagem, armazenamento, forma e dose de administração das dietas → garantir qualidade. - Tipo de dieta e oferta depende dos objetivos do estudo. - Importante garantir a qualidade da matéria prima e do ambiente onde são preparadas - Estudos de qualidade nutricional – planejamento, preparo, administração e monitoramento são essenciais. Nutrição Experimental
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