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O PAPEL DA ESCOLA: Suas possibilidades de Ação contra a violência doméstica infantil docx - Documentos Google

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O PAPEL DA ESCOLA: Suas possibilidades de Ação contra 
 a violência doméstica infantil 
 THE ROLE OF THE SCHOOL: Its possibilities for Action against 
 Child Domestic Violence 
 Luana Pereira de O. Lima ; Juliana Mª de Moura Silva ; Hellen Dayane C. Ferreira ; José 1 2 3
 Carlos Ferreira . 4
 RESUMO : O presente artigo tem como tema Violência doméstica infantil. Possibilidade de 
 ação dos professores. Nosso objetivo foi compreender quais as possibilidades de ação dos 
 professores diante dos casos de violência doméstica sofrida por seus alunos. Para isso, foi 
 realizada uma pesquisa bibliográfica pautando-se em uma abordagem qualitativa de pesquisa, 
 na qual ao longo do trabalho levantamos a seguinte questão: Como a lei, a escola e o professor 
 podem amparar crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica? Como resposta 
 concluímos que a lei como instrumento máximo de garantia dos direitos, atua em função de 
 respaldar o trabalho das escolas e professores em casos de denúncias de violência contra 
 crianças e adolescentes. E que o trabalho em conjunto desses agentes da sociedade, deve 
 estar voltado ao desenvolvimento de estratégias eficazes na ampliação do tema, elaborando 
 ações de combate, controle e ajuda. 
 PALAVRAS – CHAVE : Estatuto da Criança e do Adolescente. Escola. Violência Doméstica. 
 Professor. 
 ABSTRACT : The present article has as its theme Child Domestic Violence. Possibility of 
 teachers' action. Our objective was to understand what are the possibilities of teachers' actions 
 when faced with cases of domestic violence suffered by their students. To do so, a bibliographic 
 research was carried out based on a qualitative research approach, in which throughout the 
 work we raised the following question: How can the law, the school and the teacher support 
 children and adolescents who are victims of domestic violence? As an answer, we concluded 
 that the law, as the maximum instrument to guarantee rights, acts as a support to the work of 
 schools and teachers in cases of violence against children and adolescents. And that the joint 
 work of these agents of society should be focused on the development of effective strategies in 
 the expansion of the theme, elaborating actions to combat, control and help. 
 KEYWORDS : Statute of the Child and Adolescent. School. Domestic Violence. Teacher. 
 4 Mestrando-FUNIBER- SC; Psicopedagogo-UNIVERSO, Recife-PE; Especialista-FUNESO, 
 Olinda-PE; Pedagogo-FUNESO, Olinda-PE 
 3 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – Polo Recife. E-mail: 
 Julimaisgeo@gmail.com 
 2 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – Polo Recife. E-mail: 
 heelendayanee@gmail.com 
 1 Graduanda em Pedagogia pela Universidade Estadual Vale do Acaraú – Polo Recife. E-mail: 
 luanapereira.olima@gmail.com 
 INTRODUÇÃO 
 A violência doméstica infantil é uma realidade que se constitui em um 
 problema de saúde pública, que acarreta danos de natureza física e 
 psicológica as suas vítimas. Esse tipo de violência abrange os maus-tratos 
 físico e emocional, abuso sexual, e a negligência, que diz respeito à falta de 
 todos os cuidados necessários para a garantia do bem estar da criança e do 
 adolescente. As consequências da violência doméstica em crianças e 
 adolescentes podem ser percebidas ao longo do seu desenvolvimento 
 cognitivo e comportamental, ocasionando emoções negativas e problemas com 
 autoestima. Nesse sentido, sofrer episódios constantes de violência doméstica 
 durante a infância reflete negativamente no dia a dia das vítimas e em suas 
 ações futuras. 
 A violência doméstica ocorre como sabemos, no ambiente familiar, 
 dentro de casa. Esse ambiente que deveria ser um lugar de segurança e apoio 
 para crianças e adolescentes se torna mediante a violência, um local de perigo 
 e desamparo. Dentro de casa, essas vítimas são obrigadas a conviver com seu 
 agressor e silenciar-se diante da agressão sofrida. Essa situação infelizmente 
 apresenta consequências extremamente prejudiciais, levando a vítima a 
 isolar-se cada vez mais, afetando diretamente suas funções cognitivas e 
 emocionais, seu rendimento escolar e sua vida social. 
 A violência contra crianças “é apontada como uma das principais 
 causas de morbi-mortalidade na infância” (Costa et al ., 2010). Para os autores, 
 é de responsabilidade de todos os profissionais que tratam diretamente com 
 esse público, inclusive os professores, identificar e notificar esses casos aos 
 órgãos competentes. Com base nesse contexto, responderemos a seguinte 
 questão: Como a lei, a escola e o professor podem amparar crianças e 
 adolescentes vítimas de violência doméstica? 
 Nesse sentido, a hipótese levantada foi compreender que a lei como 
 instrumento máximo de garantia dos direitos, atua em função de respaldar o 
 trabalho das escolas e professores em casos de denúncias de violência contra 
 crianças e adolescentes. E que o trabalho em conjunto desses agentes da 
 sociedade, deve estar voltado ao desenvolvimento de estratégias eficazes na 
 ampliação do tema, elaborando ações de combate, controle e ajuda. 
 O objetivo geral deste trabalho é compreender quais as possibilidades 
 de ação dos professores diante dos casos de violência doméstica sofrida por 
 seus alunos. E como objetivos específicos, iremos refletir sobre o que diz o 
 Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) em relação à proteção destes; o 
 papel da escola no trabalho ao combate e prevençaõ da violência doméstica 
 infantil e compreender a importância do professor no enfrentamento a violência 
 doméstica infantil. 
 Para chegarmos aos nossos objetivos, optamos por uma abordagem 
 qualitativa, através de pesquisa bibliográfica, analisando diferentes 
 interpretações com o intuito de compreender melhor o tema escolhido. 
 Segundo Serapioni (2000), a pesquisa qualitativa auxilia no trabalho de 
 construção do objeto estudado, revela novas dimensões envolvendo o 
 problema, permitindo estabelecer e comprovar novas hipóteses. 
 Por fim, este trabalho justifica-se pela importância de entender melhor sobre 
 como a lei, a escola e a ação dos professores, atuam em conjunto como uma rede de 
 proteção para crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica. Esses pontos 
 nos permitiram refletir sobre a importância de insistir na construção e 
 aprimoramento das ações que impeçam este tipo de violência cometida no 
 âmbito familiar, sempre com o intuito de garantir a proteção integral da criança 
 e do adolescente. 
 1 ECA E A PROTEÇÃO INTEGRAL DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE 
 A violência é interpretada como o desrespeito aos direitos humanos hoje 
 reconhecidos. A criança historicamente, em face de sua fragilidade física e 
 psíquica perante o adulto, principalmente nos primeiros anos de vida, vem 
 sendo reservada a cruel posição de vítima. Porém, sendo a sociedade passiva 
 de mudanças socioculturais, o sentido de infância e a inserção desse grupo 
 social como “sujeitos de direito” (BRASIL, 2008), refletiram-se na mobilização 
 de diferentes esferas da sociedade, no sentido de promoverem princípios 
 legais quegarantissem de fato os direitos e proteção de crianças e 
 adolescentes. 
 Nesse sentido, um dos principais marcos legais que protegem crianças e 
 adolescentes é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), aprovado pelo 
 senado em 13 de junho de 1990, a lei 8.069 que tem como princípio 
 fundamental a proteção integral das crianças e adolescentes, deixa expresso 
 em seu art. 5º que “Nenhuma criança ou adolescente será objeto de qualquer 
 forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e 
 opressão, punido na forma da lei qualquer atentado, por ação ou omissão, aos 
 seus direitos fundamentais”. (BRASIL, 1990). Sendo dever da família, da 
 comunidade, da sociedade em geral e do poder público assegurar com 
 absoluta prioridade os direitos inerentes a estas crianças e adolescentes. 
 (BRASIL, 1990). 
 O ECA caracteriza-se como um instrumento de mudança perante uma 
 sociedade que por muito tempo excluiu os menores, fazendo com que estes 
 vivessem em uma realidade que não supria com suas necessidades. A lei 
 8.069, colocou a criança e o adolescente em lugar de destaque, 
 proporcionando-lhes direitos até então inexistentes. 
 Art. 3o A criança e o adolescente gozam de todos os direitos 
 fundamentais inerentes à pessoa humana, sem prejuízo da proteção 
 integral de que trata esta Lei, assegurando-se lhes, por lei ou por 
 outros meios, todas as oportunidades e facilidades, a fim de lhes 
 facultar o desenvolvimento físico, mental, moral, espiritual e social, 
 em condições de liberdade e de dignidade. (BRASIL, 1990) 
 Art. 15 A criança e o adolescente têm direito à liberdade, ao respeito 
 e à dignidade como pessoas humanas em processo de 
 desenvolvimento e como sujeitos de direitos civis, humanos e sociais 
 garantidos na Constituição e nas leis. 
 Com o advento do ECA, a proteção de crianças e adolescentes se 
 tornou uma preocupação conjunta de todas as esferas da sociedade, 
 representando para estes mudanças significativas enquanto sujeitos de 
 direitos. 
 Ao longo do ECA percebemos que a violência é concebida de forma 
 genérica (com ressalva para o art. 5º), entretanto, a violação de qualquer 
 norma nele estabelecida, se configura como violência perante a lei. Desse 
 modo, 
 Art.17. O direito ao respeito consiste na inviolabilidade da integridade 
 física, psíquica e moral da criança e do adolescente, abrangendo a 
 preservação da imagem, da identidade, da autonomia, dos valores, 
 idéias e crenças, dos espaços e objetos pessoais. 
 Art. 18. É dever de todos velar pela dignidade da criança e do 
 adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, 
 violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor. 
 Art. 70. É dever de todos prevenir a ocorrência de ameaça ou 
 violação dos direitos da criança e do adolescente. (BRASIL, 1990) 
 Nesse sentido, é importante ressaltarmos que pelo princípio de proteção 
 integral, todos são responsáveis pela proteção e bem-estar das crianças e 
 adolescentes. Porém, em se tratando de violência doméstica, principalmente 
 quando acometida pelos próprios familiares, quais medidas de proteção o ECA 
 garante as crianças e adolescentes? A família é considerada a primeira 
 instância responsável por assegurar a proteção necessária que o menor 
 precisa, no art. 19 do ECA (1990), está exposto que “ toda criança ou 
 adolescente tem direito a ser criado e educado no seio da sua família e, 
 excepcionalmente, em família substituta, assegurada a convivência familiar e 
 comunitária, (...)”. (Brasil, 1990). O direito à convivência familiar diz respeito à 
 formação do menor, prevalecendo seus direitos e seu pleno desenvolvimento. 
 Quando a família não assegura a proteção da criança e do adolescente, 
 cabe ao Estado, à comunidade e a sociedade em geral, garantir que as leis 
 sejam aplicadas. A saber, 
 Art. 56. Os dirigentes de estabelecimentos de ensino fundamental 
 comunicarão ao Conselho Tutelar os casos de: 
 I - maus-tratos envolvendo seus alunos; 
 II - reiteração de faltas injustificadas e de evasão escolar, esgotados 
 os recursos escolares; 
 III - elevados níveis de repetência. 
 Art. 70-A. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios 
 deverão atuar de forma articulada na elaboração de políticas públicas 
 e na execução de ações destinadas a coibir o uso de castigo físico ou 
 de tratamento cruel ou degradante e difundir formas não violentas de 
 educação de crianças e de adolescentes. 
 Art. 70-B - Parágrafo único. São igualmente responsáveis pela 
 comunicação de que trata este artigo, as pessoas encarregadas, por 
 razão de cargo, função, ofício, ministério, profissão ou ocupação, do 
 cuidado, assistência ou guarda de crianças e adolescentes, punível, 
 na forma deste Estatuto, o injustificado retardamento ou omissão, 
 culposos ou dolosos. 
 Art. 98. As medidas de proteção à criança e ao adolescente são 
 aplicáveis sempre que os direitos reconhecidos nesta Lei forem 
 ameaçados ou violados: 
 I - por ação ou omissão da sociedade ou do Estado; 
 II - por falta, omissão ou abuso dos pais ou responsável; 
 III - em razão de sua conduta. 
 Art. 245. Deixar o médico, professor ou responsável por 
 estabelecimento de atenção à saúde e de ensino fundamental, 
 pré-escola ou creche, de comunicar à autoridade competente os 
 casos de que tenha conhecimento, envolvendo suspeita ou 
 confirmação de maus-tratos contra criança ou adolescente: 
 Pena - multa de três a vinte salários de referência, aplicando-se o 
 dobro em caso de reincidência. 
 Além disso, existem as medidas aplicáveis aos pais e responsáveis, 
 previstas nos arts. 129 e 130, que são tomadas quando estes não dispõem de 
 condições financeiras, psicológicas ou quando existir a hipótese de violência 
 contra crianças e adolescentes. 
 At. 129 São medidas aplicáveis aos pais ou responsável: 
 I - encaminhamento a serviços e programas oficiais ou comunitários 
 de proteção, apoio e promoção da família; (Redação dada dada pela 
 Lei nº 13.257, de 2016) 
 II - inclusão em programa oficial ou comunitário de auxílio, orientação 
 e tratamento a alcoólatras e toxicômanos; 
 III - encaminhamento a tratamento psicológico ou psiquiátrico; 
 IV - encaminhamento a cursos ou programas de orientação; 
 V - obrigação de matricular o filho ou pupilo e acompanhar sua 
 freqüência e aproveitamento escolar; 
 VI - obrigação de encaminhar a criança ou adolescente a tratamento 
 especializado; 
 VII - advertência; 
 VIII - perda da guarda; 
 IX - destituição da tutela; 
 X - suspensão ou destituição do poder familiar 
 Art. 130. Verificada a hipótese de maus-tratos, opressão ou abuso 
 sexual impostos pelos pais ou responsável, a autoridade judiciária 
 poderá determinar, como medida cautelar, o afastamento do agressor 
 da moradia comum. 
 Por fim, como representação da sociedade na proteção e garantia dos 
 direitos das crianças e dos adolescentes, temos o Conselho Tutelar, que 
 exerce um papel importante contra qualquer ação ou omissão por parte do 
 Estado e da família do menor, que posso resultar na violação desses direitos. 
 Nesse sentido, de acordo com o ECA, 
 Art. 131. O Conselho Tutelar é órgão permanentee autônomo, não 
 jurisdicional, encarregado pela sociedade de zelar pelo cumprimento 
 dos direitos da criança e do adolescente, definidos nesta Lei. 
 Art. 132. Em cada Município e em cada Região Administrativa do 
 Distrito Federal haverá, no mínimo, 1 (um) Conselho Tutelar como 
 órgão integrante da administração pública local (...). 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art34
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2016/Lei/L13257.htm#art34
 Quando criado, o órgão não pode ser extinto, mediante a autonomia que 
 exerce. Além disso, o Conselho tutelar possui dependência no exercício de 
 suas atribuições, é de sua competência, aconselhar pais, responsáveis e 
 professores, requisição de serviços públicos, como também, o 
 encaminhamento ao Ministério Público de qualquer notícia de infração contra 
 os direitos da criança e do adolescente. O Conselho Tutelar diante de 
 inúmeras funções atua como um “facilitador na elaboração e no 
 acompanhamento de Políticas Públicas, trabalhando em conjunto com 
 Conselhos dos Direitos Municipais e Estaduais, ao Poder Executivo e ao Poder 
 Legislativo”. (OAB Paraná, 2017). 
 2 COMBATE NO ÂMBITO ESCOLAR AOS MAUS TRATOS DA CRIANÇA 
 A escola é o lugar onde os indivíduos passam boa parte da infância e da 
 adolescência. E esse espaço além de proporcionar instrução e educação 
 assume juntamente com a comunidade, a função de garantir os direitos das 
 crianças e dos adolescentes, como constantes na lei. Esse espaço, segundo 
 Santos (2014), tem o dever de proporcionar um ambiente de respeito, 
 socialização e aprendizado, tendo em vista o desenvolvimento integral das 
 crianças e adolescentes. 
 A frequência diária das crianças nas escolas faz com que este local seja 
 considerado privilegiado, no processo de identificar e intervir em casos de 
 violência doméstica sofrida por seus alunos (Santos, 2014). Quando uma 
 criança ou adolescente estão sofrendo algum tipo de violência, é na escola que 
 eles começam a dar sinais de que algo errado está acontecendo, seja através 
 do seu comportamento com os demais, ou a queda no rendimento escolar. 
 Nesse sentido, segundo (UNICEF Brasil, 2019), 
 é nessa instituição (escola) que eles vivem longos períodos de suas 
 vidas. Além de espaço de aprendizagem, a escola é também de 
 relações, de afetos, de valores, de cultura e de direitos, que devem 
 estar refletidos em seu projeto pedagógico, seu currículo, suas 
 práticas e seus sujeitos. 
 É de responsabilidade de toda equipe escolar, principalmente do 
 profissional que está dentro da sala de aula, ficarem alertas constantemente 
 para os possíveis sinais de violência que o aluno esteja sofrendo. Entretanto, é 
 de extrema importância que para lidar com a identificação de casos de 
 violência doméstica, seja necessário um conhecimento prévio sobre o assunto, 
 tanto de maneira pedagógica, quanto sobre as leis que garantem os direitos 
 das crianças e dos adolescentes. (Santos, 2014). 
 No ECA (1990), em seu art. 56, como já mencionado, fica fundamentado 
 o dever das instituições de ensino fundamental, comunicar os casos de 
 maus-tratos, faltas, evasão escolar e elevados níveis de repetências, ao 
 Conselho Tutelar. Ou seja, a escola é concebida como um ponto de referência 
 para a identificação de situações de violência. 
 É no ambiente escolar que os alunos que vivem em situação de 
 violência doméstica, precisam encontrar um porto seguro que viabilize a este 
 menor, ações que visem interromper este tipo de violência. A escola como 
 órgão de proteção e fiscalização dos direitos das crianças e dos adolescentes, 
 deverá tomar todas as medidas cabíveis para que sejam feitas as intervenções 
 necessárias. (Santos, 2014). 
 Devido à importância que exerce na vida das crianças e adolescentes, a 
 escola não pode ser omissa quando relatados os casos de violência doméstica 
 (Santos, 2014). Embora a identificação de sinais de violência e a abordagem 
 das vítimas seja um processo delicado e que requer o devido cuidado, a escola 
 tem um papel fundamental na prevenção da violência familiar. É preciso a 
 colaboração de todos que estão presentes neste espaço, no intuito de mover 
 ações para que seus alunos deixem de serem vítimas desses abusos. Ainda 
 segundo Santos (2014), a ação principal da escola é fazer com que a equipe 
 escolar, e principalmente o professor, reflitam sobre a violência para que de 
 forma conjunta elaborem estratégias de combate e prevenção, garantindo 
 assim os direitos a proteção integral da criança e do adolescente. 
 É evidente que a escola por vezes ultrapassa a fronteira do 
 ensino-aprendizagem, ou seja, sua atuação corrobora, principalmente, no que 
 diz respeito ao progresso do desenvolvimento cognitivo e social dos indivíduos. 
 A escola sozinha, ainda não é capaz de acabar com a violência doméstica 
 sofrida por seus alunos, entretanto, este espaço privilegiado sempre procura 
 formas de desenvolver ações educativas e preventivas, a fim de romper o ciclo 
 da violência. Para Santos (2014), o Projeto Político Pedagógico (PPP), é um 
 dos principais instrumentos que pode ser utilizado pela escola na definição de 
 medidas contra a violência infanto-juvenil. É importante que na construção do 
 PPP, se inclua a temática de violência doméstica, bem como as ações de 
 combate e prevenção por parte de toda a comunidade escolar. 
 A escola é a instituição social que mais possibilita ao indivíduo o 
 desenvolvimento integral de suas habilidades cognitivas e sociais. São 
 inúmeras as contribuições da escola, quando o assunto é o combate à violação 
 dos direitos das crianças e dos adolescentes. É imprescindível que neste 
 espaço prevaleça o trabalho de conscientização que inclua toda a comunidade 
 escolar, pois, na ocorrência da identificação de casos de violência, esses 
 alunos possam ser incluídos em uma rede de proteção (Santos, 2014). É 
 importante que se estabeleça uma relação de confiança entre escola e aluno, 
 sendo o papel do professor de suma importância na identificação, acolhimento 
 e escuta desse aluno. 
 3 A IMPORTÂNCIA DO PROFESSOR NO ENFRENTAMENTO A VIOLÊNCIA 
 DOMÉSTICA INFANTIL 
 Com base no que foi visto anteriormente, fica evidente o papel da 
 escola, bem como de seus educadores no enfrentamento a violência doméstica 
 e na garantia de proteção integral da criança e do adolescente. Compreender 
 que a violência familiar gera impactos negativos no âmbito escolar, de modo a 
 comprometer tanto na aprendizagem, quanto no convívio social do aluno 
 (Bottoli e Machado, 2011), nos faz refletir sobre quais seriam as possibilidades 
 de ação dos professores em relação à busca de soluções sobre o tema. 
 O professor é o profissional da educação que está mais perto do aluno 
 dentro do espaço escolar, e isso facilita obter uma percepção maior das 
 atitudes e do comportamento negativo que este aluno possa estar 
 apresentando. Porém, por falta de formação adequada, nem sempre ele se 
 sente capaz de interferir, sentindo dificuldade de agirde forma adequada neste 
 tipo de situação. Desse modo, segundo Bottoli e Machado (2011), se faz 
 necessário uma movimentação maior para que pesquisas voltadas a discussão 
 da violência intrafamiliar (praticada por pais ou responsáveis, parentes 
 próximos ou não) sejam discutidas fora do lar, mas precisamente no contexto 
 escolar, de modo a compreender se realmente o aluno está demonstrando 
 sinais de violência que sofre em casa, neste ambiente. 
 Nesse sentido, o professor é um instrumento que precisa estar 
 preparado para lidar com as múltiplas situações que ocorrem no cotidiano 
 escolar. O papel do professor em sala de aula influência bastante na vida dos 
 alunos, fazendo com estes criem um vínculo fortalecendo de maneira positiva a 
 relação professor-aluno (Bottoli e Machado, 2011). É essa relação que irá 
 facilitar a ação do professor diante de casos de violência doméstica, pois seus 
 alunos se sentirão mais receptivos e confiantes em expressar as atitudes 
 abusivas que possam estar sofrendo em casa. 
 Desse modo, é indispensável à formação continuada dos professores, 
 mediante sua participação em treinamentos, debates e rodas de conversas 
 sobre o tema “Violência Doméstica contra crianças e adolescentes”. (Santos, 
 2014). Procurar entender sobre a violência doméstica e saber como se 
 posicionar, principalmente sobre o que rege o Estatuto da Criança e do 
 Adolescente se faz necessário, pois ainda se perpetua uma visão de que a 
 violência doméstica é uma questão exclusiva a ser lidada pela polícia, 
 esquecendo de que eles enquanto educadores precisam estar preparados 
 também, para lidarem com este tipo de situação. 
 A formação de professores contínua e atualizada deve ser prestada pelo 
 poder público, em forma de política pública. Essa formação deverá ser 
 direcionada para professores e todos aqueles que direta ou indiretamente 
 fazem parte do sistema de Educação, pois é importante que haja uma 
 consonância entre aqueles que atuam na administração, com aqueles que 
 aplicam na prática as orientações estabelecidas. Além do poder público, a 
 escola também precisa promover ações para o preparo de seus professores 
 em casos de denúncia de violência doméstica. O apoio da escola é 
 imprescindível no sentido de ajudar este profissional a amparar de maneira 
 correta a criança ou adolescente que esteja sendo vítima de algum tipo de 
 violência. (Santos, 2014). 
 A preparação do professor será fundamental para que suas 
 possibilidades de ação sejam ampliadas, mediante os casos de violência contra 
 seus alunos. Cabe ao professor identificar individualmente as necessidades de 
 cada aluno, mas para isso será preciso manter uma relação de respeito e 
 empatia, a partir de um diálogo aberto possibilitando ao profissional buscar a 
 melhor abordagem no sentido de diminuir os impactos negativos na vida dos 
 alunos. Para Santos (2014), a posição privilegiada do professor nem sempre é 
 suficiente para que este possa perceber e agir diante do problema da violência. 
 Por vezes, o medo e a falta de preparo imperam sobre a decisão do professor, 
 e a demora em notificar esses casos às autoridades competentes, previstas em 
 lei, refletem nos baixos índices de denúncia. 
 Em suma, o ambiente escolar além de ser um local que favorece a 
 aprendizagem de seus alunos, deverá também exercer o papel de rede de 
 apoio, as crianças e adolescentes vítimas de violência doméstica. Os 
 professores como profissionais que estão mais próximos a esses indivíduos 
 deverão pautar sua ação com base no acolhimento, empatia, compreensão e 
 afeto. Um olhar atento e preparado do professor (Santos, 2014), pode fazer 
 toda a diferença para diminuir as sequelas que a violência doméstica traz a 
 vida do ser humano, principalmente na área emocional e social. 
 CONCLUSÃO 
 Foi possível verificar de acordo com a contextualização teórica deste artigo que 
 a violência doméstica contra crianças e adolescentes é uma realidade que 
 sempre existiu em nossa sociedade, entretanto com o advento do Estatuto da 
 Criança e do Adolescente, esses menores passaram de um status de 
 marginalização, para uma posição na qual fosse garantida a eles o direito de 
 Proteção Integral e o respeito a pessoa em desenvolvimento que são. Além 
 disso, o Eca estabeleceu que é dever de todos a responsabilidade de proteger 
 e zelar pelo bem-estar das crianças e dos adolescentes. Nesse sentido, 
 buscamos refletir neste artigo como as possibilidades de ação dos professores 
 e o trabalho da escola, são fatores importantes no combate a violência 
 doméstica infantil. 
 Desse modo, levantamos a seguinte pergunta: Como a lei, a escola e 
 o professor podem amparar crianças e adolescentes vítimas de violência 
 doméstica? 
 A resposta para esta pergunta foi compreender que a lei como 
 instrumento máximo de garantia dos direitos, atua em função de respaldar o 
 trabalho das escolas e professores em casos de denúncias de violência contra 
 crianças e adolescentes. Como compreensão deste trabalho, ressaltamos aqui 
 a importância do trabalho em conjunto desses agentes da sociedade, a fim de 
 desenvolverem estratégias eficazes na ampliação do tema, elaborando ações 
 de combate, controle e ajuda. 
 O entendimento sobre a possibilidade de ação dos professores 
 baseou-se na atividade do poder público e da escola que este profissional atua 
 fomentarem sua capacitação através de formação continuada, e apoio na 
 tomada de decisão deste profissional. O professor precisa estar preparado para 
 que a qualquer sinal de violência que o aluno esteja demonstrando, ele possa 
 agir de maneira correta, de acordo com a lei e o mais rápido possível. O 
 profissional da educação precisa estar consciente de sua obrigação em garantir 
 a integridade do menor dentro e fora do ambiente escolar. Evidenciamos que o 
 papel do professor ultrapassa os limites da aprendizagem, onde sua mediação 
 em sala de aula estabelece vínculos importantes e necessários a uma boa 
 convivência no dia a dia com seus alunos. Além disso, os alunos se sentem 
 mais confiantes quando percebe que possuem um diálogo aberto, acolhedor e 
 principalmente, respeitoso. 
 A contribuição deste artigo partiu do objetivo de evidenciar que a 
 violência doméstica contra crianças e adolescentes trazem consequências 
 emocionais e sociais, que podem se perpetuar até a vida adulta. O trabalho 
 para interromper esse ciclo não é simples, e envolve inúmeras barreiras difíceis 
 de serem ultrapassadas. Entretanto, é preciso insistir na construção e 
 aprimoramento das ações que impeçam este tipo de violência cometida no 
 âmbito familiar, sempre com o intuito de garantir a proteção integral da criança 
 e do adolescente. 
 REFERÊNCIAS 
 BRASIL. Lei n°8.069, de 13 de julho de 1990. Dispõe sobre o Estatuto da 
 Criança e do Adolescente e dá outras providências. Brasília. DF: palácio do 
 planalto,1990. Disponível 
 em:<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8069.htm>. Acesso em: 17 de 
 agostode 2021. 
 BRASIL. Ministério da Educação - SEDAC. Coleção educação para todos . 
 Brasília, 2008. Disponível em: 
 < http://portal.mec.gov.br/secad/arquivos/pdf/escqprote_eletronico.pdf > Acesso 
 em: 16 de set. de 2021. 
 COSTA, Adriana Alves, et al. Formação e atitude dos professores de 
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