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2 Hipotireoidismo Deficiência hormonal causada quando a disfunção intrínseca da glândula tireoide reduz a síntese e a secreção de T4 e T3. Hipotireoidismo primário clínico · TSH > 10 um/L · T4 livre ↓ Hipotireoidismo subclínico · TSH pouco elevado · T4 livre faixa normal baixa ou normal Hipotireoidismo secundário ou central A hipófise não estimula adequadamente a glândula tireoide com TSH · Distúrbio hipofisário · hipotalâmico congênito ou adquirido · TSH ↓ ou não tem integridade funcional Epidemiologia · Mulheres · Brancos · Latino-americanos e japoneses · > 60 anos · A maioria é primário Fisiopatologia Causas de hipotireoidismo primário Deficiência de iodo Doença autoimune → tireoidite de Hashimoto Uma alteração da imunidade mediada por células T leva a um infiltrado linfocítico, inflamação e fibrose. Radiação Ressecção cirúrgica Contrastes com grandes quantidades de iodo podem interromper a produção de hormônios tireoidianos. Lítio – inibe a secreção de T4 e T3. Outros medicamentos → estavudina, talidomida, lenalidomida, imatinibe, sunitinibe, sorafenibe, motesanibe, bexaroteno, ipilimumabe e aminoglutetimida. Outras causas → agenesia da glândula tireoide, distúrbios infiltrativos (hemocromatose, amiloidose, esclerose sistêmica e tireoidite fibrosa invasiva [tireoidite de Riedel]). Tireoidite subaguda e tireoidite indolor (pós-parto) Causas de HT secundário Distúrbios hipotalâmicos infiltrativos · Sarcoidose · hemocromatose · histiocitose Outras causas · Adenomas hipofisários · Radioterapia ou cirurgias Quadro clínico · Letardia · Fadiga · Fraqueza · Mialgia · Diminuição da tolerância ao exercício · Intolerância ao frio · Humor deprimido · Ganho de peso apesar da falta de apetite · Rouquidão · Constipação intestinal · Artralgias · Parestesias · Pele seca, áspera e fria – vasoconstrição periférica · Alopecia difusa, fios finos · Unhas quebradiças · Hipotermia leve · Bradicardia – contratilidade miocárdica e frequência de pulso reduzidas – abaixo volume de ejeção sistólica · Bulhas cardíacas abafadas – derrame pericárdico · Maior resistência periférica – hipertensão diastólica · Edema periférico · Relaxamento retardado dos reflexos tendíneos · Síndrome do túnel do carpo · Derrames serosos das cavidades · Constipação intestinal · Libido diminuída · Fertilidade reduzida · Aumento da incidência de abortamento · Galactorreia · Síndrome do túnel do carpo e outras síndromes de encarceramento · Comprometimento da função muscular com rigidez, câimbra e dor · Memória e concentração diminuídas Em casos graves · Amenorreia · Menorragia · Galactorreia · Lapsos de memória até delirium, demência e coma mixedematoso · Redução da transpiração · Adelgaçamento da epiderme · Hiperceratose do estrato córneo · Retenção de agua – edema sem sinal de cacifo – mixedema · Faces inchadas com pálpebras edemaciadas e edema pré-tibial não depressivo · Palidez com matiz amarelado da debe deivo ao acumulo de caroteno · Baixo crescimento ungueal · Adelgaçamento do terço externo das sobrancelhas Crianças · Atraso do crescimento · Ganho de peso · Puberdade tardia ou precoce · Pseudo-hipertrofia muscular Alterações laboratoriais · Anemia macrocítica · Hiponatremia · Hipoglicemia · Creatinofosfoquinase ↑ · Colesterol total e LDL ↑ · Triglicerídeos · Homocisteína · Prolactina · Bradicardia sinusal · Baixa voltagem nas derivações dos membros Raio X · Alargamento da silhueta cardíaca – derrame pericárdico tireoidite de hashimoto Ocorre acentuada infiltração linfocítica da tireoide com formação de centros germinativos, atrofia dos folículos tireoidianos acompanhada por metaplasia oxifílica, ausência de coloide e fibrose leve a moderada. Na tireoidite atrófica, a fibrose é muito mais extensa, a infiltração linfocítica é menos pronunciada e os folículos tireoidianos estão quase completamente ausentes. A tireoidite atrófica é o estágio final da tireoidite de Hashimoto. O infiltrado linfocítico possui células T ativadas e células B. A destruição das células da tireoide é mediada pelas células T citotóxicas CD8+, porem algumas citocinas podem tornar as células tireoidianas suscetíveis à apoptose. Os anticorpos contra TPO e tireoglobulina (Tg) são marcadores clinicamente úteis da autoimunidade tireoidiana, porém qualquer efeito patogênico se restringe a um papel secundário na amplificação de uma resposta autoimune em progressão. Os anticorpos contra TPO fixam o complemento, e os complexos de ataque à membrana do complemento estão presentes na tireoide no hipotireoidismo autoimune. Entretanto, a passagem transplacentária dos anticorpos contra Tg ou TPO não exerce qualquer efeito sobre a tireoide fetal, o que sugere que a lesão mediada pela célula T é necessária para iniciar o dano autoimune à tireoide. Quadro clínico Início insidioso Bócio – irregular e de consistência firme Sintomas de hipotireoidismo Diagnóstico Diagnóstico Hipotireoidismo primário TSH ↑ T4 livre ↓ Hipotireoidismo primário subclínico TSH ↑ T4 livre normal baixo Normal 0,5 – 4,5 um/L Tratamento Objetivo Restaurar os níveis normais de TSH e de hormônio tireoidiano Dose inicial na ausência de função residual da tireoide Levotiroxina sódica (tiroxina T4) → Puran T4 Adultos → 1,6 – 1,8 mcg/kg 30 min antes do café da amanhã Os ajustes são feitos aumentando de 12,5 ou 25 mcg Repetir dosagem de TSH e T4 em 4 – 8 semanas Hipotireoidismo subclínico Levotiroxina sódica (tiroxina T4) → Puran T4 25 – 50 mcg/dia → se tiver sintomas ou quiser engravidar Se não fizer o uso da medicação acompanhar anualmente Meta HP primário TSH 0,5 – 2 um/L Após atingir a meta repetir os exames anualmente Meta HP secundário T4 → metade superior da faixa de referencia Complicações Coma mixedematoso O como mixedematoso é manifestação rara e potencialmente fatal do hipotireoidismo grave. Caracteriza-se por hipotensão, bradicardia, hipotermia, alteração do estado mental e falência de múltiplos órgãos e sistemas. Os fatores de risco para o mixedema podem incluir idade avançada, acesso precário aos cuidados de saúde, clima frio e doenças subjacentes graves. A maioria dos pacientes apresenta deficiência de hormônio tireoidiano grave e de longa duração, porém a exposição a agentes de contraste contendo iodo ou a outras fontes de iodo pode desencadear um grave declínio na liberação de hormônio tireoidiano. O tratamento consiste em tiroxina parenteral (1,8 μg/kg/dia após uma dose de ataque de 200 a 400 μg), porém alguns especialistas defendem a coadministração de liotironina (dose de ataque de 5 a 20 μg, seguida de 2,5 a 10 μg, a cada 8 horas) para compensar a conversão periférica temporariamente comprometida de T4 em T3. Com frequência, recomenda-se a administração intravenosa, em decorrência de possível coexistência de disfunção gastrintestinal; entretanto, o coma mixedematoso é tratado com sucesso pela administração de tiroxina por sonda alimentar em países onde não se dispõe de preparações intravenosas. Recomenda-se o uso de doses de estresse de glicocorticoides até obter o resultado de um teste de estimulação com cosintropina, que é realizado antes do tratamento para verificar a existência concomitante de insuficiência suprarrenal. A hipotermia deve ser tratada por meio de aquecimento externo passivo, de modo a reduzir o risco associado à vasodilatação periférica que leva ao colapso circulatório. Deve-se evitar o uso de agentes sedativos ou analgésicos. A idade avançada do paciente, a necessidade de ventilação mecânica, os vasopressores e escores desfavoráveis na Escala de Coma de Glasgow estão associados a taxas mais elevadas de mortalidade, que podem se aproximar de 30 a 50%. Doença não tireoidiana Em pacientes com doença não tireoidiana grave, os resultados das provas de função tireoidiana podem sugerir hipotireoidismo central, porém são compatíveis com a denominada “síndrome do eutireoidiano doente”.12 Em geral, o nível de T3 declina e é acompanhado de aumento das concentrações de T3 reversa (rT3). A atividade reduzida da desiodinase tipo 1 e o aumento de atividadeda desiodinase tipo 3 são, pelo menos parcialmente, responsáveis por essas alterações. Com o aumento da gravidade da doença, os níveis de T4 total e de T4 livre declinam progressivamente. Em geral, os níveis de TSH estão normais baixos ou baixos. Durante a recuperação do paciente, os níveis de TSH podem aumentar acima do valor normal, simulando, assim, o hipotireoidismo primário. É essencial uma correlação clínica (p. ex., história de doença tireoidiana ou hipofisária preexistente, existência de bócio ou características que sugiram outros elementos do hipotireoidismo) para determinar se existe verdadeiramente uma doença da tireoide que exija tratamento em pacientes em estado grave. Na ausência de doença tireoidiana, a abordagem preferida consiste em observação, com novos exames realizados 6 a 8 semanas após a recuperação, visto que a reposição de hormônio tireoidiano não tem nenhum benefício em pacientes com doença não tireoidiana. Tireotoxicose | hipertireoidismo Tireotoxicose → refere-se a qualquer condição em que os níveis de hormônio tireoidiano estão elevados, em decorrência da secreção pela própria glândula tireoide ou de qualquer outro meio. Hipertireoidismo → tireotoxicose causada quando a própria glândula tireoide produz hormônio tireoidiano em excesso, em decorrência de um estímulo tireotrópico ou da secreção autônoma de hormônio Doença de Graves é a causa mais comum. De hipertireoidismo Ver Plummer Metabolismo – Doenças da Tireoide Eloísa Natália Hoffmann
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