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BIOQUÍMICA A Faculdade Multivix está presente de norte a sul do Estado do Espírito Santo, com unidades presenciais em Cachoeiro de Itapemirim, Cariacica, Castelo, Nova Venécia, São Mateus, Serra, Vila Velha e Vitória, e com a Educação a Distância presente em todo estado do Espírito Santo, e com polos distribuídos por todo o país. Desde 1999 atua no mercado capixaba, destacando-se pela oferta de cursos de graduação, técnico, pós-graduação e extensão, com qualidade nas quatro áreas do conhecimento: Agrárias, Exatas, Humanas e Saúde, sempre primando pela qualidade de seu ensino e pela formação de profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho. Atualmente, a Multivix está entre o seleto grupo de Instituições de Ensino Superior que possuem conceito de excelência junto ao Ministério da Educação (MEC). Das 2109 instituições avaliadas no Brasil, apenas 15% conquistaram notas 4 e 5, que são consideradas conceitos de excelência em ensino. Estes resultados acadêmicos colocam todas as unidades da Multivix entre as melhores do Estado do Espírito Santo e entre as 50 melhores do país. MISSÃO Formar profissionais com consciência cidadã para o mercado de trabalho, com elevado padrão de quali- dade, sempre mantendo a credibilidade, segurança e modernidade, visando à satisfação dos clientes e colaboradores. VISÃO Ser uma Instituição de Ensino Superior reconhecida nacionalmente como referência em qualidade educacional. R E I TO R GRUPO MULTIVIX R E I 2 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 3 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIBLIOTECA MULTIVIX (Dados de publicação na fonte) Katiuscia Martins de Araújo Bioquímica / Martins de Araújo, Katiuscia - Multivix, 2022 Catalogação: Biblioteca Central Multivix 2022 • Proibida a reprodução total ou parcial. Os infratores serão processados na forma da lei. 4 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 LISTA DE FIGURAS UNIDADE 1 Figura 1 – O açúcar presente na nossa alimentação é obtido a partir da cana-de-açúcar 16 Figura 2 – Fórmula estrutural da adenosina trifosfato (ATP) formada a partir da quebra da glicose 17 Figura 3 – O leite contém lactose, um carboidrato de origem animal que origina glicose e galactose 18 Figura 4 –O carbono é um átomo presente em várias substâncias por isomeria óptica 19 Figura 5 – A glicose é indispensável para o funcionamento e a manutenção do tecido neuronal 20 Figura 6 – A mandioca é um alimento rico em amido resistente 22 Figura 7 – A membrana celular apresenta glicoproteínas em abundância 23 Figura 8 – A celulose é um polissacarídeo constituinte da parede celular das plantas 24 Figura 9 – A gliconeogênese pode ser desencadeada por compostos não glicosídeos 26 Figura 10 – A insulina é uma droga usualmente utilizada por portadores de diabetes tipo 1 27 Figura 11 – Gliconeogênese 28 Figura 12 – Glicogênio 29 Figura 13 – Oxidação da glicose por diferentes vias, incluindo a glicólise e a via das pentoses-fosfato 30 Figura 14 – A ingestão de alimentos ricos em carboidratos provocam altas taxas de glicose 31 Figura 15 – Na resistência insulínica há acúmulo de glicose no meio extracelular resultando em hiperglicemia 33 Figura 16 – Portadores de DM devem fazer o controle diário da glicemia para evitar complicações 34 Figura 17 – A obesidade é a principal doença envolvendo a ingestão de excesso de carboidratos associados a distúrbios endócrinos metabólicos 35 5 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 UNIDADE 2 Figura 1 – Alimentos ricos em lipídios 39 Figura 2 – Diagrama da membrana plasmática 41 Figura 3 – Ácido graxo saturado e insaturado 42 Figura 4 – Triacilglicerol insaturado com radicais carboxílicos diferentes 43 Figura 5 – Corte histológico de tecido adiposo 44 Figura 6 – Bicamada fosfolipídica 45 Figura 7 – Esqueleto dos glicerofosfolipídios 45 Figura 8 – Esqueleto dos esfingolipídios 46 Figura 9 – Resumo dos tipos de transportadores 48 Figura 10 – Bomba de sódio-potássio 50 Figura 11 – Processo de formação de malonil-CoA a partir da acetil-CoA 51 Figura 12 – Regulação da síntese de triacilgliceróis pela insulina 53 Figura 13 – Biossíntese do colesterol 55 Figura 14 – Etapas da oxidação de ácidos graxos 56 Figura 15 – Óleo vegetal 57 Figura 16 – Acúmulo de colesterol em vasos sanguíneos 58 Figura 17 – Formação de placas riscas em colesterol nos vasos sanguíneos 59 UNIDADE 3 Figura 1 – Alimentos ricos em proteínas: ovos, carnes e lacticínios. 64 Figura 2 – Estrutura geral de um aminoácido 65 Figura 3 – Grupos R apolares, alifáticos 66 Figura 4 – Grupos R aromáticos 67 Figura 5 – Grupos R polares, não carregados 67 Figura 6 – Grupos R carregados negativamente 68 Figura 7 – Grupos R carregados positivamente 68 Figura 8 – Equação de Henderson-Hasselbalch. 69 Figura 9 – Titulação de um aminoácido 70 Figura 10 - Visão geral do catabolismo dos aminoácidos nos mamíferos 72 Figura 11 – Ciclo da ureia 74 Figura 12 – Resumo do catabolismo de aminoácidos 75 Figura 13 – Os quatro níveis estruturais das proteínas 77 Figura 14 – Principais bases púricas e pirimídicas dos ácidos nucleicos 79 6 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 15 - Padrões de ligação de hidrogênio no pareamento de bases 81 Figura 16 – Catabolismo dos nucleotídeos púricos 82 Figura 17 – Catabolismo de uma pirimidina 83 Figura 18 – Alguns exemplos de agentes quimioterápicos 85 UNIDADE 4 Figura 1 – Representação esquemática de uma enzima como um sítio ativo, ligando-se à molécula do substrato 93 Figura 2 – Localização intracelular de algumas vias bioquímicas importantes 95 Figura 3 – Diagrama da coordenada da reação. 96 Figura 4 – Ligação de um substrato no sítio ativo de uma enzima 97 Figura 5 – Efeito da concentração do substrato sobre a velocidade da reação 98 Figura 6 – Um inibidor não-competitivo ligando-se à enzima e ao complexo enzima-substrato 99 Figura 7 – Estruturação química da adenosina trifosfato (ATP) (superior) e da guanina trifosfato (GTP) (inferior) 101 Figura 8 – Efeito da temperatura sobre uma reação catalisada por enzima 102 Figura 9 – Efeito do pH sobre reações catalisadas por enzimas 103 Figura 10 – Efeito da concentração do substrato em função da velocidade da reação, para uma reação catalisada por enzimA 104 Figura 12 – Liberação de enzimas a partir de células normais e de células doentes ou expostas a um trauma 106 Figura 13 – Estrutura tridimensional da enzima transcriptase reversa 107 UNIDADE 5 7 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Figura 1 – As principais vias de utilização da glicose 112 Figura 2 – Glicólise (A), via aeróbia (B) e via anaeróbia (C) 113 Figura 3 – Representação esquemática do transporte facilitado de glicose através de uma mebrana celular 114 Figura 4 – As duas fases da glicólise aeróbica 115 Figura 5 – Fase de investimento de energia: fosforilação da glicose 116 Figura 6 – Resumo da glicólise anaeróbia 117 Figura 7 – Os três destinos catabólicos possíveis do piruvato formado na glicólise 118 Figura 8 – Hans Adolf Krebs 119 Figura 9 – Descrição geral da oxidação de alimentos para produzir energia para a síntese de ATP dentro da mitocôndria 120 Figura 10 – Visão detalhada das reações que ocorrem no Ciclo de Krebs 121 Figura 11 – Diagrama de uma mitocôndria 123 Figura 12 – O gradiente eletroquímico consiste em um gradiente de cargas (∆pH) e concentração de prótons (∆ψ) através damembrana mitocondrial interna 124 Figura 13 – Lançadeiras para o transporte de elétrons através da membrana mitocondrial interna. A – lançadeira do glicerol-3-fosfato. B – Lançadeira de malato-aspartato. DHAP = di-hidroxiacetona-fosfato 125 Figura 14 – Detecção de tecidos cancerosos por tomografia por emissão de pósitrons (PET) 127 Figura 15 – Um isocitrato-desidrogenase mutante adquire uma nova função 129 Figura 16 – Micrografia eletrônica de mitocôndria anormal do músculo de uma pessoa com epilepsia mioclônica e fibra vermelha rota 130 8 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 UNIDADE 6 Figura 1 – Modelo em bastão da adenosina trifosfato (ATP) 134 Figura 2 – Estrutura da mitocôndria, organela chave na respiração celular e nos processos de transformação de energia 135 Figura 3 – Gradientes eletroquímicos das membranas 136 Figura 4 – Reações endergômicas e exergômicas 137 Figura 5 – Cadeia transportadora de elétrons 139 Figura 6 – A gliconeogênese 141 Figura 7 – Ciclo de Cori 142 Figura 8 – Tecido adiposo e adipócitos 143 Figura 9 – O fígado humano 144 Figura 10 – Taxas de glicose no sangue 148 9 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 10 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA 12 1 CARBOIDRATOS: CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES 15 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 15 1.1 MONOSSACARÍDEOS, DISSACARÍDEOS, POLISSACARÍDEOS E PROPRIEDADES DOS MONOSSACARÍDEOS 15 1.2 GLICONEOGÊNESE E GLICOGÊNIO 25 2 LIPÍDIOS: CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES 39 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 39 2.1 CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DOS LIPÍDIOS 40 2.2 BIOSSÍNTESE, DEGRADAÇÃO E CORRELAÇÕES CLÍNICAS DOS LIPÍDIOS 50 3 PROTEÍNAS – CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES 63 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 63 3.1 CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DE AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS 63 3.2 ESTRUTURA E PROPRIEDADES, CLASSIFICAÇÃO, FUNÇÃO, IMPORTÂNCIA DOS AMINOÁCIDOS E DOS ÁCIDOS NUCLÉICOS 77 4 ENZIMAS – CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES 91 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 91 4.1 CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DAS ENZIMAS 91 4.2 SÍNTESE, DEGRADAÇÃO E CORRELAÇÕES CLÍNICAS DAS ENZIMAS 101 5 OXIDAÇÕES BIOLÓGICAS – CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES 111 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 111 5.1 GLICÓLISE, CICLO DE KREBS E CADEIA RESPIRATÓRIA/ FOSFORILAÇÃO OXIDATIVA 111 5.2 CORRELAÇÕES CLÍNICAS 126 6 INTEGRAÇÃO E REGULAÇÃO METABÓLICA – CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES 133 INTRODUÇÃO DA UNIDADE 133 6.1 INTEGRAÇÃO E REGULAÇÃO METABÓLICA 133 6.2 CORRELAÇÕES CLÍNICAS: ESTADO ALIMENTADO, JEJUM, DIABETES, ESTRESSE E EXERCÍCIOS FÍSICOS 145 1UNIDADE 2UNIDADE 3UNIDADE 4UNIDADE 5UNIDADE 6UNIDADE 11 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 ATENÇÃO PARA SABER SAIBA MAIS ONDE PESQUISAR DICAS LEITURA COMPLEMENTAR GLOSSÁRIO ATIVIDADES DE APRENDIZAGEM CURIOSIDADES QUESTÕES ÁUDIOSMÍDIAS INTEGRADAS ANOTAÇÕES EXEMPLOS CITAÇÕES DOWNLOADS ICONOGRAFIA 12 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 APRESENTAÇÃO DA DISCIPLINA A disciplina apresenta os princípios de bioenergética e as vias metabólicas principais de carboidratos, lipídios, proteínas e nucleotídeos e suas principais inter-relações e regulações metabólicas. Objetiva fornecer ao estudante o co- nhecimento científico necessário para melhor compreender os mecanismos moleculares do processo saúde-doença, que serão exigidos em outras disci- plinas do curso. 13 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA UNIDADE 1 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 14 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA > Conhecer o papel dos componentes bioquímicos nas diferentes áreas da biologia humana. > Gerar conhecimento sobre as noções e as concepções básicas em bioquímica, nas quais serão revisitados seus princípios e caracteres. > Promover um primeiro contato com as estruturas e conformações moleculares dos seres vivos que resultem em interesse para a aplicação dos conhecimentos sobre bioquímica nos diversos cenários, destacando- se a análise química e biológica. > Identificar estruturas e funções dos componentes moleculares, celulares e compostos químicos biologicamente importantes para a saúde humana. > Compreender as reações envolvidas nos processos no metabolismo de proteínas, carboidratos e lipídios. 15 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA 1 CARBOIDRATOS: CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES INTRODUÇÃO DA UNIDADE A bioquímica é uma ciência que estuda diferentes processos biológicos e químicos em organismos vivos, de modo que contribui na elucidação da fi- siologia e fisiopatologia por meio da compreensão sobre os diversos com- ponentes moleculares do ponto de vista estrutural e metabólico das micro e macromoléculas. Destacam-se, dentre as micro e macromoléculas, proteínas, carboidratos, lipídios, ácidos nucléicos e outras biomoléculas, especialmente as obtidas de reações enzimáticas e as propriedades das proteínas, portanto uma área interdisciplinar entre a biologia e a química. A disciplina de bioquímica compõe a área básica do currículo e é considera- da indispensável na formação dos profissionais de saúde, sendo considerado de alta relevância a compreensão desses processos moleculares envolvidos na fisiologia e patologia humana para o desenvolvimento de habilidades es- senciais para o atendimento ao paciente cliente não somente em estado de doença, como também na manutenção da saúde. 1.1 MONOSSACARÍDEOS, DISSACARÍDEOS, POLISSACARÍDEOS E PROPRIEDADES DOS MONOSSACARÍDEOS O monossacarídeo (mono- = “um”; sacarídeo- = “doce” ou “glicídio simples”) é o carboidrato mais simples conhecido na natureza, formado pela junção de carbonos e outros elementos, destacando-se o hidrogênio (H) e oxigênio (O), cuja fórmula é , variando de 3 a 7 carbonos. Apresentam diferentes características, como gosto adocicado, solubilidade em água e higroscopicidade, ou seja, capacidade de adsorção em razão da presença do grupo hidroxila (OH). 16 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Soluções preparadas podem apresentar configurações alfa e beta, na qual a primeira é mais doce do que a segunda após encontrar o ponto de equilíbrio físico-químico. A viscosidade é outra característica a ser notada, pois é alta o suficiente para impedir a cristalização do açúcar, ou seja, uma textura mais arenosa. FIGURA 1 – O AÇÚCAR PRESENTE NA NOSSA ALIMENTAÇÃO É OBTIDO A PARTIR DA CANA-DE-AÇÚCAR Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: a figura representa uma plantação de cana-de-açúcar. Os carboidratos também são classificados de acordo com o número de seus carbonos, gerados por diferentes reações, incluindo oxidação, desoxigenação, introdução de outros grupos substituintes, alquilação ou acilação das hidroxi- las e ramificações. A glicose é o monossacarídeo mais conhecido e importan- te da biologia, apresentando a fórmula , assim como outros monossa- carídeos, a exemplo da galactose e frutose, diferenciando-se na organização de seus átomos, tornando-se isômeros uma molécula da outra. A frutose é o açúcar natural das frutas, a galactose é encontrada no leite, e a glicose está presente em inúmeros alimentos, incluindo mel, farinha e batatas. 17 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA São eles: 1) trioses, com três carbonos e fórmula geral . Exemplo:D-Gli- ceraldeído; 2) tetroses, com quatro carbonos e fórmula geral . Exemplo: D-Eritrose e D-Treose; 3) pentoses, com cinco carbonos e fórmula geral . Exemplo: D-Ribose, D-Xilose e D-Lixose; 4) hexoses, com seis carbonos e fór- mula geral . Exemplo: D-frutose, D-glicose, D-galactose, D-manose; 5) heptoses, com sete carbonos e fórmula geral . Exemplo: Sedoeptulose. FIGURA 2 – FÓRMULA ESTRUTURAL DA ADENOSINA TRIFOSFATO (ATP) FORMADA A PARTIR DA QUEBRA DA GLICOSE Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: a figura representa a fórmula estrutural de um composto orgânico, a ATP. Nesse sentido, do ponto de vista estrutural, a frutose é um isômero estrutural da glicose e galactose e estas são estereoisômeros uma da outra, com orga- nização tridimensional diferente e mudança na orientação do grupo OH. Os monossacarídeos têm papel essencial na vida de inúmeros organismos, des- tacando-se a ribose presente na molécula do ácido ribonucleico (DNA) e o de- soxirribonucléico presente na molécula de ácido desoxirribonucleico (RNA). Logo, o dissacarídeo (di- = “dois”; sacarídeo- = “doce”) é constituído por duas unidades de monossacarídeos unidos por ligação glicosídica. Como podemos observar, os monossacarídeos apresentam uma grande variedade e a junção de diferentes unidades favorece a formação de síntese de dissacarídeos en- contrados nos seres vivos. Assim, a sacarose é formada pela união de glicose + frutose, sendo extraída da cana-de-açúcar. Já a lactose é formada pela união de glicose + galactose, estando presente no leite. A maltose, por sua vez, é for- mada pela união de glicose + glicose, sendo encontrada na cevada. 18 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 O trissacarídeo (tri- = “três”; sacarídeo- = “doce”) é considerado um polissaca- rídeo (união de três ou mais monossacarídeos pela ligação glicosídica), que pode ser encontrado no feijão, no repolho, no brócolis e em outros alimentos. Já a hidrólise de polissacarídeos promove a quebra das ligações glicosídicas, resultando em glicose, frutose e galactose. E, assim: FIGURA 3 – O LEITE CONTÉM LACTOSE, UM CARBOIDRATO DE ORIGEM ANIMAL QUE ORIGINA GLICOSE E GALACTOSE Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: A figura representa um homem diante de uma prateleira de supermercado, analisando o rótulo de uma garrafa de leite. 1.1.1 ISOMERIA, A GLICOSE E SUA IMPORTÂNCIA, PENTOSES, HEXOSES E DISSACARÍDEOS ENDÓGENOS As moléculas formadas a partir da união de diferentes monossacarídeos não são sempre lineares (uma reta), surgindo uma propriedade chamada de iso- meria óptica. A isomeria é um fenômeno molecular pelo qual a mesma subs- tância pode apresentar diferentes fórmulas estruturais. Com isso, a isomeria 19 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA óptica, ou seja, um tipo de isomeria espacial que analisa o comportamento das substâncias quando colocadas em um feixe de luz polarizada, é observa- da em quase todos os monossacarídeos, resultando em estruturas dextrógi- ras (D) e levógiras (L). Dextrógiro (D) significa que o isômero óptico ativo des- via a luz polarizada para a direita; logo, no levógiro (L), o isômero óptico ativo desvia a luz polarizada para a esquerda. FIGURA 4 –O CARBONO É UM ÁTOMO PRESENTE EM VÁRIAS SUBSTÂNCIAS POR ISOMERIA ÓPTICA Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: A figura representa um desenho com vários objetos constituídos por carbono. O carbono quiral ou assimétrico é um átomo que possui a capacidade de fazer até quatro ligações, representado por C*. 20 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A glicose é a principal fonte de energia em seres vivos, aeróbios e anaeróbios, proveniente da alimentação ou da quebra do glicogênio. É um carboidrato que apresenta função energética, via respiração celular, pois um grama pro- duz quatro quilocalorias de energia. FIGURA 5 – A GLICOSE É INDISPENSÁVEL PARA O FUNCIONAMENTO E A MANUTENÇÃO DO TECIDO NEURONAL Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: A figura representa um cérebro humano, com partes coloridas. Essa molécula é transportada por difusão facilitada e proteínas transporta- doras observadas na face externa da membrana celular. Tecidos como cére- bro, sistema nervoso, hemácias e embrionários têm a glicose como a principal fonte de energia para manter o seu funcionamento adequado. 21 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Encéfalo ou cérebro Esse tecido consome cerca de 5 gramas de glicose em cada 100 gramas por minuto, representando 20% do gasto energético. Hemácias A produção de energia é realizada pela via glicolítica por não haver mitocôndrias nesse tipo celular. Tecido embrionário A formação do blastocisto favorece a produção de energia a partir da glicose para o embrião, permitindo o seu desenvolvimento. 1.1.2 AMIDO, GLICOPROTEÍNAS E CARBOIDRATOS DAS MEMBRANAS O amido é um polímero natural e carboidrato do tipo polissacarídeo, formado a partir da união por duas cadeias de alfaglicose, sendo uma amilose (apro- ximadamente 25%) e outra de amilopectina, ambas com fórmula estrutural (aproximadamente 75%), sendo encontrado em abundância na natureza em vegetais incluindo sementes, raízes, caules e folhas, assim como em alimentos como batata, macarrão e pães. É utilizado como fonte de ener- gia por meio da ingestão desses alimentos. A formação desse composto é re- sultante do excesso de glicose produzida na fotossíntese. São moléculas que possuem grande quantidade de grupos OH e, com isso, tornam-se hidrata- das após o contato com o oxigênio. 22 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 6 – A MANDIOCA É UM ALIMENTO RICO EM AMIDO RESISTENTE Fonte: Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: A figura representa um pedaço de mandioca com casca cortado em fatias. Em seres vivos, o amido sofre hidrólise na cavidade oral, especialmente pela ação da enzima amilase presente na saliva, originando a glicose, como mostra a seguinte equação: . Outros alimentos: batata, batata-doce, trigo, banana-verde, milho, aveia e arroz. 23 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Assim, essa glicose consumida em alimentos como a batata se unirá a outras moléculas de glicose no fígado e todas serão transformadas em glicogênio, assunto do próximo tópico. Além do amido, gerado pela união de monossa- carídeos, outras moléculas são formadas com os resíduos de açúcar por meio de associações covalentes ligadas a uma ou mais cadeias laterais de polissa- carídeos, como as glicoproteínas (glicose + proteína). Glicoproteínas são macromoléculas glicoconjugadas biologicamente ativas, basicamente formadas pela união entre oligossacarídeos e uma proteína que realiza inúmeras ações fundamentais na fisiologia dos seres vivos, destacan- do-se em mecanismos de infecção por bactérias e vírus, contribuindo na imu- nidade. A localização mais comum das glicoproteínas é na membrana plasmática ou na face extracelular. FIGURA 7 – A MEMBRANA CELULAR APRESENTA GLICOPROTEÍNAS EM ABUNDÂNCIA Fonte: Adaptada de Clube da Biologia (2017). #PraCegoVer: A figura representa uma membrana celular, com glicoproteínas em abundância. 24 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Das principais funções das glicoproteínas, podemos citar a: estrutural — quiti- na (dá suporte em insetos com exoesqueleto) e celulose (presente na parede celular das plantas). FIGURA 8 – A CELULOSE É UM POLISSACARÍDEO CONSTITUINTE DA PAREDE CELULAR DAS PLANTAS Fonte:Plataforma Deduca (2021). #PraCegoVer: A figura representa uma ampliação da celulose a partir deuma planta. Glicoproteínas, também conhecidas como proteoglicanos, fazem o controle do tráfego das células e atuam como receptores regulando várias funções. 25 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Armazenamento de energia — glicogênio e amido. Sinalização — glicoprote- ína associada à mielina (um exemplo presente na bainha de mielina respon- sável pelas interações em células neurais). Transportadora — glicoproteína-P relacionada à resistência a drogas no tratamento de tumores. Adicionalmen- te, os carboidratos podem estar presentes na membrana plasmática, encon- trados em formas conjugadas como as glicoproteínas e glicolipídeos, sendo o terceiro maior componente biológico na membrana plasmática. Suas funções mais importantes são: Reconhecimento celular — marcadores celulares que permitem a identificação de diferentes moléculas. Adesão — como fibronec- tina, vinculina e laminina — permitem a adesão de diferentes moléculas pre- sentes no organismo com a membrana plasmática por meio de receptores. 1.2 GLICONEOGÊNESE E GLICOGÊNIO A glicose circulante é obtida especialmente na ingestão de alimentos ricos em carboidratos e é utilizada como fonte de energia para a realização de exercícios físicos intensos, jejuns prolongados, entre as refeições e a sobrevi- vência dos diferentes tecidos. No entanto, o gasto energético gerado nessas condições levam a ativação da quebra do glicogênio formado no fígado e nos músculos para que as concentrações sanguíneas e teciduais de glicose sejam restauradas e mantidas em níveis fisiológicos adequados. Contudo, a formação de moléculas de glicose envolve uma série de reações químicas complexas realizadas principalmente pelo tecido hepático em con- dições de jejum. A gliconeogênese tem como papel promover a manutenção dos níveis de glicose, especialmente na ausência de carboidratos. Assim, essa rota bioquímica permite a formação de glicose a partir de componentes não glicanos, ou seja, que não são açúcares ou não são carboidratos, como os ami- noácidos, lactato e glicerol. Hormonal — hCG é produzida pelas células trofoblásticas e ela é considerada um marcador de teste de gravidez. 26 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 9 – A GLICONEOGÊNESE PODE SER DESENCADEADA POR COMPOSTOS NÃO GLICOSÍDEOS Fonte: Facebook (2021). #PraCegoVer: A figura representa o processo de gliconeogênese. A gliconeogênse acontece por meio de substratos como: lactato, piruvato, glicerol e aminoácidos. São transformados em piruvato ou entram na via na forma de intermediários: oxalaocetato e diidroxiacetona fosfato. Formação de glicose a partir de precursores não glicídicos: lactato, glicerol e aminoácido. O armazenamento do glicogênio é realizado não somente no fígado, como também no tecido muscular esquelético, onde fica “estocado” para suas ne- cessidades. No entanto, essas alterações provocadas no metabolismo da gli- cose são constantemente reguladas pela ação dos hormônios insulina e glu- cagon. A insulina apresenta efeitos opostos ao glucagon, sendo observados em níveis elevados no estado alimentado e no jejum, respectivamente. A sín- tese de glicogênio é favorecida pela ação da enzima glicogênio sintetase e a sua degradação pela enzima glicogênio fosforilase, reguladas pela ação dos hormônios insulina e glucagon. Adicionalmente, esse fenômeno metabólico ativa a “queima” de gorduras, desde que haja a ingestão de proteínas e gor- duras em níveis nutricionais adequados. 27 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA FIGURA 10 – A INSULINA É UMA DROGA USUALMENTE UTILIZADA POR PORTADORES DE DIABETES TIPO 1 Fonte: Freepik (2021). #PraCegoVer: A figura representa uma pessoa manipulando uma agulha contendo insulina. Nesse sentido, a síntese de glicose ocorre a partir da conversão do piruvato e de demais compostos orgânicos mencionados anteriormente (lactato, glice- rol e aminoácidos). • O lactato é produzido pela via glicólise anaeróbica em tecidos musculares, células do sangue e adipócitos, posteriormente convertidos em piruvato pela ação da enzima lactato desidrogenase. • O glicerol é liberado das reservas adiposas de triacilglicerol e participa dessa rota como diidroxiacetona fosfato (DHAP). • Os aminoácidos são captados do tecido muscular por degradação de proteína muscular. • Os aminoácidos, exceto a leucina e a lisina, podem gerar glicose ao serem convertidos em piruvato ou oxaloacetato presentes no ciclo de Krebs. • A alanina é o principal aminoácido gliconeogênico, sintetizada no músculo a partir de outros aminoácidos e da glicose. 28 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Gliconeogênese O processo de formação da glicose a partir de precursores não glicídicos. FIGURA 11 – GLICONEOGÊNESE Fonte: Facebook (2021). #PraCegoVer: A figura representa a fórmula química do glicerol, glicerol 3-fosfato e diidroxiacetona fosfato. 29 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Glicogênio É um polissacarídeo e é a principal reserva de energia nas células animais e bactérias, encontrado, principalmente, no fígado e nos músculos. Geralmente também é encontrado nos fungos, sendo, neste caso, a principal substância de reserva. FIGURA 12 – GLICOGÊNIO Fonte: GratisPNG (2021). #PraCegoVer: A figura representa um desenho do glicogênio. https://www.gratispng.com/png-i1ee1s/ 30 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 1.2.1 VIA DAS PENTOSES A via das pentoses-fosfato é uma via alternativa para a oxidação da glicose-6- -fosfato sem gerar adenosina trifosfato (ATP), que é ativada quando o organis- mo vivo apresenta altas taxas de glicose (hiperglicemia). FIGURA 13 – OXIDAÇÃO DA GLICOSE POR DIFERENTES VIAS, INCLUINDO A GLICÓLISE E A VIA DAS PENTOSES-FOSFATO Fonte: Elaborado pela autora (2021). #PraCegoVer: A figura representa um esquema das quatro vias de oxidação da glicose: matriz extracelular e polissacarídeos de parede celular; glicogênio, amido e sacarose; ribose-5-fosfato (via da pentose-fosfato); piruvato (glicólise). Com isso, durante esse processo oxidativo, 6 moléculas de glicose-6P são in- troduzidas na via, 6 moléculas de CO2 são liberadas e 6 moléculas de pentose- -5P são geradas, resultando em regeneração de 5 moléculas de glicose-6P, e produção de três compostos: ribose-5-fosfato, CO2 e NADPH, uma enzima do- adora de hidrogênio em reações para proteção contra compostos oxidantes. 31 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA FIGURA 14 – A INGESTÃO DE ALIMENTOS RICOS EM CARBOIDRATOS PROVOCAM ALTAS TAXAS DE GLICOSE Fonte: Freepik (2021). #PraCegoVer: A figura representa uma pessoa obesa, tendo ao redor objetos que representam fatores que contribuem para essa condição. Nesse sentido, quando a razão ATP/ADP é baixa, a glicose é degradada pela via glicolítica, produzindo ATP. Assim, inibe a síntese de ácidos graxos e a rela- ção NADPH/NADP é alta, sendo a via das pentoses inibida. Contudo, se a relação ATP/ADP é alta, a via glicolítica será inibida, favorecendo a síntese de ácidos graxos, gastando NADPH e inibindo as desidrogenases. Portanto, quando a carga energética das células é alta, o consumo de glicose-6-fosfato pela via das pentoses é favorecido (BONAFE et al., 2018). 32 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Ribose 5-P A produção de ribose 5-P é indispensável na síntese de ácidos nucléicos presente no material genético. #PraCegoVer A figura representa o DNA. NADPH A produção de NADPH é realizada principalmente no fígadoe nos rins, onde ocorre a síntese de ácidos graxos e gliceróis. #PraCegoVer A figura representa um desenho do fígado e outro dos rins. A produção de NADPH é realizada principalmente no fígado e nos rins, onde ocorre a síntese de ácidos graxos e gliceróis. 1.2.2 CORRELAÇÕES CLÍNICAS Desordens metabólicas associadas com a ingestão de carboidratos podem ser desenvolvidas em diferentes fases da vida. Seguem alguns exemplos: Síndrome da Resistência Insulínica (SRI) Essa condição fisiopatológica é desenvolvida quando a ação da insulina é re- duzida, sendo gerada pela combinação de vários fatores, incluindo sedenta- rismo, obesidade e hipercolesterolemia, resultando em hiperglicemia, ou seja, um fenômeno que precede o desencadeamento da diabetes mellitus. Os principais exames necessários para a identificação da SRI são: a. Teste oral de intolerância à glicose (normal: inferior a 140 mg/dL; resis- tência à insulina: entre 140 e 199 mg/dL; diabetes: igual ou superior a 200 mg/dL). 33 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA b. Exame de glicose de jejum (normal: inferior a 99 mg/dL; glicemia de je- jum alterada: entre 100 mg/dL e 125 mg/dL; diabetes: igual ou superior a 126 mg/dL). c. Índice de HOMA, avalia a relação entre a quantidade de açúcar e a quan- tidade de insulina no sangue (valor de referência do HOMA-IR: inferior a 2,15; valor de referência do HOMA-Beta — atividade do pâncreas: entre 167 e 175). FIGURA 15 – NA RESISTÊNCIA INSULÍNICA HÁ ACÚMULO DE GLICOSE NO MEIO EXTRACELULAR RESULTANDO EM HIPERGLICEMIA Fonte: Wikimedia Commons (2012). #PraCegoVer: A figura representa a resistência a insulina. Diabetes mellitus (DM) É um grupo de doenças — diabetes gestacional, pré-diabetes, diabetes tipo 1 (insulino dependente/congênita) e diabetes tipo 2 (hereditário, desenvolvido especialmente na fase adulta) — causadas pela elevação da glicose na corren- te sanguínea, conhecida por hiperglicemia. As principais causas dessa doença incluem redução da produção de insulina https://pt.wikipedia.org/wiki/Resist%C3%AAncia_%C3%A0_insulina 34 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 e resistência insulínica, que resultam em inúmeros distúrbios hormonais e metabólicos. Os sintomas mais destacados dessa condição são: aumento da sede (polidipsia), da micção (poliúria) e da fome (polifagia). Os principais exames necessários para a identificação da DM são: a. Hemoglobina A1C — hemoglobina glicosilada ou glicada (normal: Hb1Ac entre 4,7% e 5,6%. b. Pré-diabetes: Hb1Ac entre 5,7% e 6,4%; diabetes: Hb1Ac acima de 6,5% em dois exames realizados separadamente. Teste oral de tolerância à glicose, exame de glicose de jejum e índice de HOMA (ler no tópico SRI). FIGURA 16 – PORTADORES DE DM DEVEM FAZER O CONTROLE DIÁRIO DA GLICEMIA PARA EVITAR COMPLICAÇÕES Fonte: Freepik (2021). #PraCegoVer: A figura representa uma mulher fazendo o controle glicêmico com um aparelho em um dos dedos da mão. Esteatose hepática Conhecida popularmente como fígado gorduroso, é um distúrbio caracteri- zado por aumento tecidual do tecido hepático gerado por acúmulo de gordu- ra. Contudo, essa condição fisiopatológica pode ser revertida, principalmente com mudanças no estilo de vida e reeducação alimentar. 35 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Obesidade É uma doença causada por excesso de gorduras, geralmente associada ao consumo exagerado de alimentos e à redução do gasto energético, resultan- do em um índice de massa corporal (IMC) acima de 30 e sérios riscos à saú- de humana, com o desenvolvimento de uma série de patologias, como as já mencionadas (SRI, DM e esteatose hepática). Intolerância a carboidratos É a incapacidade de digerir alguns tipos de carboidratos em decorrência da falta de uma ou de mais enzimas digestivas, resultando em diferentes distúr- bios gastrintestinais crônicos, sendo a mais conhecida a Síndrome do Intes- tino Irritável (SII). As causas dessa doença são pouco conhecidas. Com isso, os sintomas mais comuns incluem dor abdominal, diarreia e constipação, re- querendo tratamento médico. FIGURA 17 – A OBESIDADE É A PRINCIPAL DOENÇA ENVOLVENDO A INGESTÃO DE EXCESSO DE CARBOIDRATOS ASSOCIADOS A DISTÚRBIOS ENDÓCRINOS METABÓLICOS Fonte: Freepik (2021). #PraCegoVer: A figura representa um homem com uma fita métrica medindo a circunferência da barriga. 36 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 CONCLUSÃO Após a conclusão desta unidade, podemos perceber resumidamente que os carboidratos têm papéis bioquímicos complexos e essenciais para a manu- tenção dos organismos vivos, em razão de a sua função principal ser o forne- cimento de energia e calor, fundamentais para a execução das atividades dos mais variados tecidos nos diferentes organismos. 37 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA UNIDADE 2 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 38 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA > Conhecer as diferentes formas dos lipídios. > Conhecer as diferentes vias bioquímicas que envolvem os lipídios e as correlações clínicas. 39 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA 2 LIPÍDIOS: CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES INTRODUÇÃO DA UNIDADE Esta unidade abordará o conceito, a classificação e a importância biológica dos lipídios, que são moléculas orgânicas muito conhecidas por causa de sua presença no nosso dia a dia, como em gorduras e óleos, e muito importantes para o fornecimento de energia ao nosso corpo, pois atuam como estoque de energia, além de auxiliarem na absorção e no transporte de vitaminas e fun- cionarem como importante isolante térmico. Iremos conhecer as diferentes formas dos lipídeos, por meio da sua classifica- ção, da composição química e estrutural, das funções nos organismos, com ênfase nos humanos, e das associações clínicas, uma vez que essas moléculas são encontradas tanto em alimentos de origem vegetal quanto animal, es- tando associadas a inúmeras doenças (e sendo peças-chave nessa dinâmica), pois o consumo em excesso de gorduras ruins (gorduras saturadas e trans) podem gerar problemas como obesidade, doenças cardiovasculares e doen- ças inflamatórias. FIGURA 1 – ALIMENTOS RICOS EM LIPÍDIOS Fonte: Mustefaga (2019). #PraCegoVer: A figura representa uma posta crua de salmão, um abacate pela metade, sementes de variados tipos, castanhas, nozes e uma jarra de azeite. Tudo está sobre uma tábua de madeira. 40 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 2.1 CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DOS LIPÍDIOS Podemos dizer que os lipídios fazem parte de um amplo e diverso grupo de óleos, gorduras e substâncias gordas que ocorrem em organismos vivos e cujas características principais são sua solubilidade em solventes orgânicos e a hidrofobia, ou seja, insolubilidade em solventes aquosos (BERG; TYMOCZKO; STRYER, 2008; CAMMACK, 2006; TELLINGEN, 2001). Agora vamos entender como os lipídios são classificados, sua importância, sua estruturação e suas funções biológicas. 2.1.1 CLASSIFICAÇÃO, IMPORTÂNCIA, ESTRUTURA, SATURAÇÃO E INSATURAÇÃO, TRIGLICERÍDEOS E FOSFOLIPÍDIOS As funções biológicas dos lipídios são tão diversas quanto a sua composição química. Dentre as principais, podemos citar: Reserva de energia Os lipídios são poderosas fontes de energia, liberando até o dobro de energia que carboidratos; no entanto, a célula que precisa de energia recorre primeiramente ao consumo da glicose e só depois ao de lipídios.Isolamento térmico e físico A camada mais profunda da nossa pele é chamada de hipoderme, e é formada basicamente por tecido adiposo, que armazena muita gordura. Tais características conferem à pele proteção mecânica contra impactos e também proteção contra variações de temperatura. Estrutural A membrana plasmática, estrutura encontrada em todas as células existentes, é formada em grande parte por fosfolipídios. 41 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Absorção de vitaminas O transporte das vitaminas A, D, E e K é realizado com a ajuda dos lipídios lipossolúveis (se dissolvem no óleo). FIGURA 2 – DIAGRAMA DA MEMBRANA PLASMÁTICA Fonte: Wikimedia Commons (2022). #PraCegoVer: A figura representa um diagrama que mostra a estrutura e composição de uma membrana plasmática de célula animal com o nome de todas as moléculas que a compõem: canal proteico (proteína de transporte), proteína globular, glicoproteína, glicídio, cabeças hidrofílicas, bicamada fosfolipídica, fosfolipídio, caudas hidrofóbicas, proteína em hélice alfa (proteína transmembranar), proteína extrínseca, filamentos de citoesqueleto, proteína transmembranar (proteína globular), glicolipídio, colesterol. Baseado na estrutura, lipídios podem ser classificados como derivados, sim- ples ou complexos. Os lipídios derivados incluem os ácidos graxos e os álco- ois, que são os blocos de construção para os lipídios simples e complexos. Os lipídios simples, compostos de ácidos graxos e componentes alcoólicos, incluem acigliceróis, éter acigliceróis, esteróis e seus ésteres e ésteres de cera. Os lipídios complexos incluem glicerofosfolipídios (fosfolipídios), gliceroclicoli- pídios (glicolipídios) e esfingolipídios. Essas estruturas produzem três ou mais compostos diferentes na hidrólise (BERG; TYMOCZKO; STRYER, 2008; AKOH; MIN, 2008). 42 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 3 – ÁCIDO GRAXO SATURADO E INSATURADO Fonte: Costa (2022). #PraCegoVer: A figura representa duas cadeias de ácidos graxos, com 10 carbonos cada, sendo a primeira saturada, com apenas ligações simples entre os carbonos, e a segunda insaturada, com ligações duplas entre os carbonos 7 e 8. As gorduras e os óleos utilizados de modo quase universal como formas de armazenamento de energia nos organismos vivos são derivados de ácidos graxos, que por sua vez são derivados de hidrocarbonetos. Os ácidos graxos são ácidos carboxílicos com cadeias hidrocarbonadas e em alguns casos, essa cadeia é totalmente saturada, ou seja, possui somente ligações simples en- tre os átomos de carbono e os de hidrogênio e não é ramificada. Em outros, a cadeia é insaturada, ou seja, é composta por uma ou mais ligações duplas entre os átomos de carbono (DAVID; MICHAEL; LEHNINGER, 2006; NELSON; COX, 2014). Os lipídios mais simples construídos a partir de ácidos graxos são os triacilgli- ceróis (TAG) (AKOH; MIN, 2008), também chamados de triglicerídeos, gordu- ras ou gorduras neutras. O termo triglicerídeo é um termo antigo para denominar os triacilgliceróis, e, portanto, sua usagem não deve ser encorajada, uma vez que é somente um termo genérico para compostos que possuem três resíduos de gliceril. 43 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Os TAGs são compostos por três ácidos graxos, cada um em ligação éster com uma molécula de glicerol. A maioria dos triacilgliceróis de ocorrência natural é mista, pois contém dois ou três ácidos graxos diferentes. (AKOH; MIN, 2008; NELSON; COX, 2014). FIGURA 4 – TRIACILGLICEROL INSATURADO COM RADICAIS CARBOXÍLICOS DIFERENTES Fonte: Wikimedia Commons (2022). #PraCegoVer: A figura representa uma cadeia estrutural de um triacilglicerol insaturado com radicais carboxílicos diferentes. Porção à esquerda mostra um glicerol. Porção à direita (de cima para baixo) mostra um ácido palmítico, ácido oleico, ácido alfa-linolênico. Na maioria das células eucarióticas, os TAGs servem como depósitos de com- bustível metabólico. Em vertebrados, os adipócitos armazenam grandes quantidades de TAGs em gotículas de gordura que quase preenchem a cé- lula. Esses adipócitos contêm lipases, enzimas que catalisam a hidrólise dos TAGs armazenados, liberando ácidos graxos para serem transportados para os locais onde são necessários como combustível (DAVID; MICHAEL; LEHNIN- GER, 2006; NELSON; COX, 2014). Uma sugestão para entender melhor como funciona a composição e nomenclatura de triacilgliceróis é assistir a essa videoaula: https:// youtu.be/fDC0PjrO0cA. https://youtu.be/fDC0PjrO0cA https://youtu.be/fDC0PjrO0cA 44 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 5 – CORTE HISTOLÓGICO DE TECIDO ADIPOSO Fonte: Histologia Interativa (2022). #PraCegoVer: A figura representa um corte histológico de tecido adiposo, mostrando os adipócitos (células grandes) com setas apontando para o núcleo da célula, que está deslocado para a periferia. Existem duas vantagens significativas em se usar TAGs para o armazenamen- to de energia, em vez de polissacarídeos, como glicogênio e amido (ver Uni- dade 1). 1. Os átomos de carbono dos ácidos graxos estão mais reduzidos do que os açúcares, e a oxidação de um grama de TAGs libera mais que o dobro de energia do que a oxidação de um grama de carboidratos. 2. Como os TAGs são hidrofóbicos o organismo que carrega gordura como combustível não precisa carregar o peso extra da água da hidratação que está associada aos polissacarídeos armazenados. Além das TAGs, lipídios focados no armazenamento de energia, existem ou- tras moléculas lipídicas focadas na estruturação das membranas celulares. Os lipídios que constituem as membranas biológicas podem ser divididos basi- camente em três grandes grupos: fosfolipídios, glicolipídios e lipídios éter de Archaea (CAMPBELL, 2000; NELSON; COX, 2014). 45 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA FIGURA 6 – BICAMADA FOSFOLIPÍDICA Extracelular Bicamada Fósfolipídica Parte hidrofóbica Parte hidrofólica Intracelular Fonte: Adaptado de Wikimedia Commons (2022). #PraCegoVer: A figura representa um diagrama de uma bicamada fosfolipídicas, com esferas vermelhas nas duas extremidades representando a parte hidrofílica da membrana, e duas partes ciliadas no interior que representam a parte hidrofóbica. Os fosfolipídios podem ser divididos em duas classes principais, dependendo se eles contêm na sua estrutura principal um glicerol ou uma esfingosina (AKOH; MIN, 2008). Os glicerofosfolipídios, também chamados de fosfoglicerídios, são lipídios de membrana nos quais dois ácidos graxos estão unidos por ligação éster ao pri- meiro e segundo carbono do glicerol, e um grupo fortemente polar ou carrega- do está unido por ligação fosfodiéster ao terceiro carbono (NELSON; COX, 2014). FIGURA 7 – ESQUELETO DOS GLICEROFOSFOLIPÍDIOS Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: A figura representa a estruturação química dos glicerofosfolipídios. 46 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Os esfingolipídios também têm um grupo cabeça polar e duas caudas apo- lares; contudo, ao contrário dos glicerofosfolipídios, eles não contêm glicerol. Os esfingolipídios são compostos por uma molécula de aminoálcool, uma esfingosina, uma molécula de um ácido graxo e um grupo polar unido por uma ligação glicosídica, em alguns casos, uma ligação fosfodiéster (NEL- SON; COX, 2014). FIGURA 8 – ESQUELETO DOS ESFINGOLIPÍDIOS Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: A figura representa a estruturação química dos esfingolipídios. 2.1.2 COMPOSIÇÃO LIPÍDICA E PROTEICA DAS MEMBRANAS CELULARES As membranas definem os limites externosdas células e controlam o tráfego molecular por esses limites. Nas células eucarióticas, elas funcionam como di- visores de espaço interno, separando processos e componentes, sendo funda- mentais tanto para a conservação da energia biológica quanto para a comuni- cação célula-célula (DAVID; MICHAEL; LEHNINGER, 2006; NELSON; COX, 2014). As membranas celulares não são simplesmente barreiras. Na superfície celu- lar, transportadores movem solutos orgânicos e íons inorgânicos específicos através da membrana; dentro da célula, as membranas organizam processos celulares como a síntese de lipídios e certas proteínas (NELSON; COX, 2014). 47 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Todas as membranas biológicas compartilham algumas propriedades funda- mentais: • As membranas são impermeáveis para a maioria dos solutos polares, porém permeáveis a compostos polares. • Elas possuem de 5 a 8 nm de espessura. • Os fosfolipídios formam uma bicamada, na qual as regiões apolares das moléculas lipídicas em cada camada são orientadas para o centro da bicamada, enquanto seus grupos polares são orientados para fora. • As proteínas estão inseridas nessa lâmina da bicamada, que as mantém por meio das interações hidrofóbicas entre os lipídios da membrana e os domínios hidrofóbicos das proteínas. • A orientação das proteínas é assimétrica, conferindo à membrana uma “lateralização”. A bicamada lipídica é o elemento estrutural básico das membranas e possui 3 nm de espessura, onde os lipídios são distribuídos assimetricamente entre as duas lâminas da bicamada, embora a assimetria não seja absoluta, ao con- trário das proteínas da membrana. 2.1.3 TRANSPORTE ATRAVÉS DAS MEMBRANAS: MICRO E MACROMOLÉCULAS, ÍONS E ÁGUA E OS TIPOS DE TRANSPORTES O movimento de compostos polares e de íons através de membranas bio- lógicas requer proteínas transportadoras. Solutos podem ser transportados pelas membranas por vários métodos: difusão, osmose, difusão facilitada e transporte ativo. O transporte passivo não requer o uso de energia (ATP). Um exemplo disso é a difusão de partículas através da membrana plasmática. Uma única substân- cia tende a se mover de uma área de alta concentração para uma área com baixa concentração, no que chamamos de gradiente de concentração, até que ambas as concentrações se tornem iguais (WESTIN, 2022). 48 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 9 – RESUMO DOS TIPOS DE TRANSPORTADORES Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: A figura representa o esquema de uma célula, ilustrando os tipos de transportes que ocorrem através das membranas, difusão simples, difusão facilitada e os transportes ativos. Na osmose ocorre a difusão da água através da membrana, sendo um pro- cesso importante para as células, já que o movimento da água pode alterar o volume da célula. A osmolaridade descreve o total da concentração do soluto na solução, o que origina a pressão osmótica. Uma solução com baixa osmo- laridade possui um maior número de moléculas de água relativas ao número de partículas de soluto; uma solução com alta osmolaridade possui menos moléculas de água em relação às partículas de soluto (WESTIN, 2022). Nos organismos, isso leva a três situações: 49 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Solução hipotônica O fluido extracelular possui menor osmolaridade que o fluído intracelular, então as moléculas de água entram na célula. Solução hipertônica O fluido extracelular possui maior osmolaridade que o fluido intracelular, então as moléculas de água saem da célula. Solução isotônica O fluido extracelular possui a mesma osmolaridade que o fluído intracelular, então as moléculas de água não se movimentam para fora ou para dentro da célula. O transporte facilitado é um outro exemplo de transporte passivo. Nele, existe um gradiente de concentração que permite que esses materiais se difundam na célula sem gastar energia celular. No entanto, esses materiais são íons ou moléculas polares que são repelidos pelas partes hidrofóbicas da membrana celular. Proteínas de transporte facilitado, como canais, protegem esses ma- teriais da força repulsiva da membrana, permitindo que eles se difundam na célula (WESTIN, 2022). Já o transporte ativo requer energia para mover as substâncias contra um gradiente de concentração, de uma área com baixa concentração para uma área com alta concentração de solutos. O exemplo mais comum desse tipo de transporte em células é o da bomba de sódio-potássio, ilustrada na imagem a seguir (WESTIN, 2022). 50 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 10 – BOMBA DE SÓDIO-POTÁSSIO A bomba de sódio- -potássio liga três íons de sódio e uma molécula de ATP. A divisão do ATP fornece energia para alterar a forma do canal. Os íons de sódio são conduzidos através do canal. Os íons de sódio são liberados para fora da membrana, e a nova forma do canal permite que dois íons de potássio se liguem. A liberação do fosfato permite que o canal volte à sua forma original, liberando os íons potássio no interior da membrana. Fonte: Adaptado de Westin (2022). #PraCegoVer: A figura representa os mecanismos em etapas de 1 a 4 da bomba de sódio- potássio em uma membrana celular. 1. A bomba de sódio-potássio liga três íons de sódio e uma molécula de ATP. 2. A divisão do ATP fornece energia para alterar a forma do canal. Os íons de sódio são conduzidos através do canal. 3. Os íons de sódio são liberados para fora da membrana, e a nova forma do canal permite que dois íons de potássio se liguem. 4. A liberação do fosfato permite que o canal volte à sua forma original, liberando os íons potássio no interior da membrana. 2.2 BIOSSÍNTESE, DEGRADAÇÃO E CORRELAÇÕES CLÍNICAS DOS LIPÍDIOS A biossíntese e a degradação dos ácidos graxos ocorrem por meio de diferen- tes vias, são catalisadas por diferentes grupos de enzimas e localizam-se em compartimentos distintos na célula. Entenderemos agora os mecanismos de biossíntese e degradação dos diferentes tipos de lipídios e finalizaremos com as correlações clínicas envolvendo essas moléculas. 2.2.1 BIOSSÍNTESE DE LIPÍDIOS A biossíntese requer uma sintetização a partir da adição interativa de malonil- -CoA a uma cadeia de acila em uma proteína transportadora de grupos acila. Esse processo é realizado pelas enzimas acetil-CoA carboxilase (ACCase) e áci- do graxo-sintase (AGS). As enzimas de FAS vêm em duas formas: 51 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA AGS I É um complexo multienzimático, formado por polipeptídios multifuncionais, encontrado principalmente em mamíferos, fungos e plantas. AGS II É uma série de enzimas separadas que recapitulam as atividades enzimáticas do complexo FAS I. Trata-se de um sistema dissociado, encontrado principalmente em bactérias e vários protozoários parasitas. A formação de malonil-ACP a partir de acetil-CoA é um processo irreversível, catalisado pela acetil-CoA-carboxilase. A síntese de ácidos graxos é regulada na etapa de formação de malonil-CoA (figura a seguir) (NELSON; COX, 2014). FIGURA 11 – PROCESSO DE FORMAÇÃO DE MALONIL-COA A PARTIR DA ACETIL-COA 52 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: A figura representa um diagrama vertical apresentando diversas cadeias químicas que ilustram as reações para a formação de Malonil-CoA a partir de Acetil-CoA. A maior parte dos ácidos graxos sintetizados ou ingeridos por um organismo possui um de dois destinos: a incorporação de triacilgliceróis para o armaze- namento de energia metabólica ou a incorporaçãonos componentes fosfoli- pídicos da membrana. As duas vias iniciam no mesmo ponto: a formação de ésteres acil-graxo de glicerol. Agora iremos entender como ocorre a formação de triacilgliceróis e a sua regulação, bem como a produção de glicerol-3-fosfa- to no processo de gliceroneogênese (NELSON; COX, 2014). Uma sugestão para entender melhor como funciona a biossíntese de ácidos graxos é assistir a essa videoaula: https://youtu.be/wLbb5a2RZsU. https://youtu.be/wLbb5a2RZsU 53 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA A síntese de triacilglicerol em tecidos de mamíferos requer glicerol-3-fosfato, que é derivado da glicose na dieta via glicólise, no estado alimentado. Duran- te o jejum, quando o nível de insulina baixa e inibe-se a utilização de glicose, o glicerol-3-fosfato para a reesterificação de ácidos graxos livres é gerado por gliceroneogênese, uma versão abreviada da gluconeogênese. Nessa via, piru- vato é convertido em glicerol-3-fosfato via di-hidroxiacetona fosfato. A enzina que controla a velocidade da via de gliceroneogênese é a fosfoenolpiruvato carboxiquinase, que tem alta atividade em tecido adiposo (DEVLIN, 2007). A velocidade da biossíntese dos triacilgliceróis é profundamente alterada pela ação de diversos hormônios. A insulina, por exemplo, promove a conversão de carboidrato em triacilgliceróis (NELSON; COX, 2014). FIGURA 12 – REGULAÇÃO DA SÍNTESE DE TRIACILGLICERÓIS PELA INSULINA Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: A figura representa um esquema em cadeia que mostra a regulação da síntese de triglicerídeos e a participação da insulina no processo. Por fim, falaremos sobre os processos de síntese do colesterol, que é um dos lipídios mais conhecidos devido à forte correlação entre altos níveis de coles- terol no sangue e incidência de doenças cardiovasculares em humanos. No 54 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 entanto, sua relação com doenças é tão importante quanto seus papéis es- senciais como um componente das membranas celulares e também como um precursor dos hormônios esteroides e dos ácidos biliares. Trata-se de uma molécula essencial aos seres humanos, mas não existe a necessidade da pre- sença dela na nossa dieta, uma vez que as células do nosso corpo são capazes de sintetizá-la a partir de precursores simples (NELSON; COX, 2014). O colesterol é formado a partir da acetil-CoA em quatro etapas: 1. Síntese do mevalonato a partir do acetato Duas moléculas de acetil-CoA condensam-se para formar acetoacetil- CoA, que por sua vez se condensa com uma terceira molécula acetil- CoA, gerando β-hidroxi-β-metilglutaril-CoA (HMG-CoA). As duas primeiras reações são catalisadas pela acetil-CoA-acetil transferase e pela HMG-CoA-sintase, respectivamente. 2. Conversão de mevalonato em dois isoprenos ativados Três grupos fosfato são transferidos de três moléculas de ATP para o mevalonato. O fosfato ligado ao grupo hidroxil no terceiro carbono da cadeira do mevalonato no intermediário 3-fosfo-5-pirofosfomevalonato é um grupo de saída; a partir daí, tanto este fosfato quando o grupo carboxila vizinho saem, produzindo uma ligação dupla no produto de cinco carbonos, o -isopentenil-pirofosfato, o primeiro isopreno ativado. A isomerização do -isopentenil-pirofosfato gera o segundo isopreno, o dimetilalil-pirofosfato. 3. Condensação de seis unidades isopreno ativadas para formar esqualeno O isopetenil-pirofosfato e o dimetilalil-pirofosfato sofrem agora uma condensação em que o grupo pirofosfato é deslocado, sendo formada uma cadeia de 10 carbonos; o geranil-pirofosfato, que por sua vez sofre outra condensação com o isopentenil-pirofosfato, gerando o farnesil- pirofosfato. Finalmente, duas moléculas de farnesil-pirofosfato ligam- se, com a eliminação de ambos os grupos pirofosfato, formando o esqualeno. 55 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA 4. Conversão do esqualeno no núcleo esteroide de quatro anéis Ocorre o que se chama de esqualeno monoxigenase, que basicamente é a adição de um átomo de oxigênio à cadeia do esqualeno, formando um apóxido. A primeira etapa nessa sequência é catalisada por uma oxidase de função mista (monoxigenase), para a qual o cossubstrato é o NADPH. As ligações duplas do produto, o esqualeno-2,30 epóxido, estão posicionadas de modo que uma notável reação em concerto é capaz de converter o esqualeno apóxido linear em uma estrutura cíclica, o lanosterol. O produto final dessas reações nas células animais é o colesterol. Então basicamente temos: FIGURA 13 – BIOSSÍNTESE DO COLESTEROL Fonte: Adaptado de Biomedicina (2020). #PraCegoVer: A figura representa um fluxograma ilustrando a biossíntese do colesterol em sequência de cima para baixo e da esquerda para direita. Acetil-CoA, HMG- CoA, Mevalonato, 5-pirofosfomevalonato, Isopnetilpirofosfato, 3,3-dimetilpirofosfato, Geranilpirofosfato, Farnesilpirofosfato, Esqualeno, Lanosterol, Colesterol. 2.2.2 DEGRADAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS A taxa de oxidação de ácidos graxos muda em resposta ao nosso estado nutri- cional e hormonal. A taxa de oxidação de ácidos graxos é alta durante o jejum, mas baixa quando estamos alimentados (NELSON; COX, 2014; SHULZ, 2013). 56 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Sendo assim: a oxidação de ácidos graxos ocorre em três etapas: 1. Um ácido graxo de cadeia longa é oxidado para produzir resíduos de ace- til na forma de acetil-CoA, num processo que chamamos de β-oxidação. 2. Os grupos acetil são oxidados a CO2 no ciclo do ácido cítrico. 3. Os elétrons derivados das oxidações das etapas 1 e 2 passam ao O2 por meio da cadeia respiratória mitocondrial, fornecendo a energia para a síntese de ATP por fosforilação oxidativa. FIGURA 14 – ETAPAS DA OXIDAÇÃO DE ÁCIDOS GRAXOS Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: A figura representa as 3 etapas da oxidação de ácidos graxos, com etapa 1 no canto superior esquerdo, etapa 2 no canto superior direito e etapa 3 centralizada abaixo das etapas 1 e 2. 57 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA 2.2.3 CORRELAÇÕES CLÍNICAS Existem inúmeras correlações clínicas relacionadas a lipídios, tanto de arma- zenamento (ácidos graxos) quanto de membrana (fosfolipídios e colesteróis). Nós vimos anteriormente que existem os ácidos graxos cis e trans. A maioria das gorduras naturais, como as dos óleos vegetais, dos laticínios e da gordura animal, são misturas complexas de triacilgliceróis simples e mistos, que con- têm uma variedade de ácidos graxos que diferem no comprimento da cadeia e no grau de saturação. Quando alimentos ricos em lipídios são expostos por muito tempo ao oxigênio do ar, eles podem estragar e tornarem-se rançosos. Para aumentar o prazo de validade e a estabilidade às altas temperaturas uti- lizadas na fritura, os óleos vegetais são preparados por hidrogenação parcial. Esse processo converte muitas das ligações duplas cis dos ácidos graxos em ligações simples e aumenta o ponto de fusão dos óleos, de forma que eles ficam mais próximos do estado sólido à temperatura ambiente. FIGURA 15 – ÓLEO VEGETAL Fonte: Plataforma Deduca (2022) #PraCegoVer: A figura representa um óleo sendo derramado na colher de uma garrafa de vidro. 58 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 A hidrogenação parcial, no entanto, tem um efeito indesejado: conversão de gorduras cis em trans (que chamamos de gorduras trans), e o consumo des- sas gorduras leva a uma maior incidência de doenças cardiovasculares. Por isso, evitar o consumo dessas gorduras na nossa dieta reduz consideravel- mente o risco de doenças cardíacas (NELSON; COX, 2014). Os ácidosgraxos trans na dieta aumentam o nível de triacilgliceróis e de co- lesterol LDL, que chamamos de colesterol “ruim”, no sangue, além de dimi- nuir o nível do colesterol “bom”, o HDL. Essas mudanças por si só são suficien- tes para aumentar o risco de doenças cardíacas, mas podem ter outros efeitos adversos, como o aumento da resposta inflamatória do corpo, outro fator de risco para doenças cardíacas (NELSON; COX, 2014). FIGURA 16 – ACÚMULO DE COLESTEROL EM VASOS SANGUÍNEOS Fonte: Google Imagens (2022). #PraCegoVer: A figura representa um corte bilateral de um vaso sanguíneo, com moléculas de colesterol acumuladas nas duas paredes internas do vaso, ilustrando a dificuldade da passagem de glóbulos vermelhos pelos vasos. Quando a soma do colesterol sintetizado e do colesterol obtido na dieta ex- cede a quantidade necessária para a síntese de membranas, sais biliares e esteroides, o acúmulo patológico do colesterol (placas) pode obstruir os vãos sanguíneos, condição que chamamos de aterosclerose. A falência cardíaca devido à oclusão das artérias coronárias é a principal causa de morte nas so- ciedades industrializadas. Essa doença está relacionada a altos níveis de coles- terol no sangue e particularmente a altos níveis de colesterol LDL. A formação 59 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA de placa nos vasos sanguíneos é iniciada quando o LDL contendo grupos acil- -graxo parcialmente oxidados adere-se e acumula-se na matriz extracelular das células epiteliais que revestem as artérias. Ocasionalmente, uma placa se solta do local de sua formação e é transportada pelo sangue para uma região mais estreita de uma artéria no cérebro ou no coração, causando o acidente vascular cerebral ou infarto (NELSON; COX, 2014). FIGURA 17 – FORMAÇÃO DE PLACAS RISCAS EM COLESTEROL NOS VASOS SANGUÍNEOS 1 3 4 5 6 2 7 Lipoproteínas oxidadas se agregam e aderem à matriz extracelular Os monócitos se diferenciam em macrófagos As células espumosas (macrófagos) ingerem as lipoproteínas Colesterol livre acumula-se em gotículas nas membranas Apoptose, necrose, dano tecidual Placas ricas em colesterol Monócitos atraídos para a região das lipoproteínas oxidadas Monócito Parede da artéria Macrófago Lúmen da artéria Célula espumosa Gotículas de éster de colesterila acumuladas Célula espumosa carregada com colesterol Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: A figura representa os eventos sequenciais da esquerda para a direita da formação de placas ricas em colesterol no vaso sanguíneo. A velocidade da biossíntese dos triacilgliceróis é profundamente alterada pela ação de diversos hormônios. A insulina, por exemplo, promove a conversão de carboidratos em triacilgliceróis. Pessoas com diabetes melito grave, de- vido à falha na secreção ou na ação da insulina, além de não serem capazes de utilizar glicose de modo apropriado, falham também em sintetizar ácidos graxos a partir de carboidratos e aminoácidos. Se o diabetes não é tratado, essas pessoas apresentam velocidade aumentada na oxidação de gorduras e na formação de corpos cetônicos (produtos da transformação de lipídios em glicose) e, portanto, perdem peso (NELSON; COX, 2014). CONCLUSÃO Esta unidade teve como objetivo conhecer as diferentes formas dos lipídios e conhecer as diferentes vias bioquímicas que envolvem os lipídios e as correla- ções clínicas. Conseguimos compreender a importância dessas moléculas para 60 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 o funcionamento do nosso organismo, seja pelo armazenamento de energia ou pela sua importância na constituição das membranas celulares e nos trans- portes através das membranas, além de poder visualizar esses processos em situações clínicas envolvendo doenças muito presentes no nosso cotidiano. CONTEÚDO COMPLEMENTAR Gostou do conteúdo deste material? Aqui tem mais sobre o assunto, para que você possa ampliar suas ideias! LACERDA, D. D. S.; BOCK, P. M.; FUNCHAL, C. Consumo exacerbado de lipídeos provoca dano celular em algumas doenças metabólicas e cardiovasculares. Nutrire, v. 40, n. 2, p. 200-213, 2015. Disponível em: https://biblat.unam.mx/pt/revista/nutrire/articulo/ consumo-exacerbado-de-lipideos-provoca-dano- celular-em-algumas-doencas-metabolicas-e- cardiovasculares. Acesso em: 26 jan. 2022. DEVLIN, T. M. Manual de bioquímica com correlações clínicas. 6. ed. São Paulo: Blücher, 2009. 128 p. Disponível em: https://issuu.com/editorablucher/ docs/issu_manual_bioquimica_9788521204060/83. Acesso em: 26 jan. 2022. AKOH, C. C.; MIN, D. B. Food Lipids: Chemistry, Nutrition, and Biotechnology. 3. ed. Boca Raton: CRC Press, 2008. Videoaula sobre lipídios disponível nesse endereço eletrônico: https://youtu.be/7Vkx7buEzyw. FERRARI, C. K. B. Oxidação lipídica em alimentos e sistemas biológicos: mecanismos gerais e implicações nutricionais e patológicas. Revista de Nutrição, v. 11, n. 1, p. 3-14, 1998. https://biblat.unam.mx/pt/revista/nutrire/articulo/consumo-exacerbado-de-lipideos-provoca-dano-celular-em-algumas-doencas-metabolicas-e-cardiovasculares https://biblat.unam.mx/pt/revista/nutrire/articulo/consumo-exacerbado-de-lipideos-provoca-dano-celular-em-algumas-doencas-metabolicas-e-cardiovasculares https://biblat.unam.mx/pt/revista/nutrire/articulo/consumo-exacerbado-de-lipideos-provoca-dano-celular-em-algumas-doencas-metabolicas-e-cardiovasculares https://biblat.unam.mx/pt/revista/nutrire/articulo/consumo-exacerbado-de-lipideos-provoca-dano-celular-em-algumas-doencas-metabolicas-e-cardiovasculares https://issuu.com/editorablucher/docs/issu_manual_bioquimica_9788521204060/83 https://issuu.com/editorablucher/docs/issu_manual_bioquimica_9788521204060/83 https://youtu.be/7Vkx7buEzyw 61 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA UNIDADE 3 OBJETIVO Ao final desta unidade, esperamos que possa: 62 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA > Conhecer as diferentes formas das proteínas. > Conhecer as diferentes vias bioquímicas que envolvem as proteínas e suas correlações clínicas. 63 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA 3 PROTEÍNAS – CONCEITO, PROPRIEDADES E APLICAÇÕES INTRODUÇÃO DA UNIDADE Nesta unidade falaremos sobre as proteínas: moléculas grandes e complexas que desempenham muitos papeis críticos no nosso corpo. Elas estão presen- tes em alimentos como feijão, peixes, carnes, ovos e leite e fazem a maior parte do trabalho nas células e são necessárias para a estrutura, função e regulação dos tecidos e órgãos no corpo. Portanto, trataremos aqui sobre os conceitos, as classificações, a importância biológica, o metabolismo e as correlações clí- nicas relacionadas às proteínas. Bons estudos! 3.1 CONCEITOS, CLASSIFICAÇÃO E IMPORTÂNCIA BIOLÓGICA DE AMINOÁCIDOS E PROTEÍNAS As proteínas são os produtos finais do processo de decodificação que come- ça com a informação no DNA celular. Como verdadeiras “trabalhadoras” da célula, as proteínas compõem os elementos estruturais e motores da célula e servem como catalisadores para praticamente todas as reações bioquímicas que ocorrem nos seres vivos. Essa incrível variedade de funções deriva de um código muito simples que especifica o conjunto extremamente diversificado das estruturas (DEVLIN, 2009; HARVEY; FERRIER, 2012, NELSON; COX, 2014). 64 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 FIGURA 1 – ALIMENTOS RICOS EM PROTEÍNAS: OVOS, CARNES E LACTICÍNIOS. Fonte: Pixabay (2022). #PraCegoVer: Imagem mostrando uma refeição na qual há alimentos considerados ricos em proteínas: ovos, carnes e lacticínios. Cada gene do nosso DNA celular contém umcódigo para uma estrutura proteica única. Essas proteínas não são apenas montadas com diferentes se- quências de aminoácidos, mas também são mantidas juntas por diferentes ligações e dobradas em uma variedade de estruturas tridimensionais. A for- ma dobrada, ou conformação, depende diretamente da sequência linear de aminoácidos da proteína. Nesta unidade, falaremos sobre os aminoácidos, sua classificação, impor- tância biológica, estruturação química, síntese e algumas correlações clí- nicas inerentes a essas moléculas (DEVLIN, 2009; HARVEY; FERRIER, 2012; NELSON; COX, 2014). 3.1.1 AMINOÁCIDOS: IMPORTÂNCIA, CLASSIFICAÇÃO, ESTRUTURA E FUNÇÃO Os blocos de construção das proteínas são chamados de aminoácidos, que consistem em pequenas moléculas orgânicas de um átomo de carbono alfa (central) ligado a um grupo amino, um grupo carboxila, um átomo de hidro- gênio e um componente variável chamada cadeia lateral. Dentro de uma proteína, vários aminoácidos estão ligados por ligações peptídicas, formando assim uma longa cadeia (NELSON; COX, 2014). 65 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA As ligações peptídicas são formadas por uma reação bioquímica que estrai uma molécula de água ao unir o grupo amino de um aminoácido ao grupo carboxila de um aminoácido vizinho. A sequência linear de aminoácidos den- tro de uma proteína é considerada a estrutura primária da proteína (NELSON; COX, 2014). FIGURA 2 – ESTRUTURA GERAL DE UM AMINOÁCIDO Fonte: Nelson e Cox (2014) #PraCegoVer: Diagrama que ilustra uma molécula de aminoácido, com um átomo de carbono dentro de um círculo cinza no centro, ligado a funções do grupo amino em círculo azul na esquerda e ao grupo carboxila na parte de cima, a um átomo de hidrogênio em círculo branco na direita, e a um agrupamento lateral variável, denominado R em círculo roxo. As proteínas são construídas a partir de um conjunto de apenas vinte amino- ácidos, cada um com uma cadeia lateral única. As cadeias laterais dos ami- noácidos têm química diferente. O maior grupo de aminoácidos tem cadeias laterais apolares. Vários outros aminoácidos têm cadeias laterais com cargas positivas ou negativas, enquanto outros têm cadeias laterais polares, mas não carregadas. A química das cadeias laterais de aminoácidos é crítica para a estrutura da proteína porque essas cadeias laterais podem se ligar umas às outras para manter um comprimento de proteína em uma determinada for- ma ou conformação. 66 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 Cadeias laterais de aminoácidos carregadas podem formar ligações iônicas e aminoácidos polares são capazes de formar ligações de hidrogênio. As cadeias laterais hidrofóbicas interagem umas com as outras por meio de interações fracas de van der Waals. A grande maioria das ligações formadas por essas cadeias laterais são não-covalentes. As cisteínas são os únicos aminoácidos capazes de formar ligações covalentes, o que elas fazem com suas cadeias laterais particulares. Por causa das interações da cadeia lateral, a sequência e a localização dos aminoácidos em uma determinada proteína orienta onde ocorrem as curvas e dobras nessa proteína (DEVLIN, 2009; HARVEY; FERRIER, 2012; NELSON; COX, 2014). Classificação dos grupos R (cadeia lateral) segundo Nelson e Cox (2014): 1. Grupos R apolares, alifáticos: os grupos R nessa classe são aminoácidos apolares e hidrofóbicos. Fazem parte dessa classe a alanina, valina, leuci- na e isoleucina, glicina, metionina e prolina. FIGURA 3 – GRUPOS R APOLARES, ALIFÁTICOS Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: Estruturas químicas de aminoácidos de grupos R apolares. Da esquerda para direita na parte superior: glicina, alanina, prolina e valina. Da esquerda para direita na parte inferior: leucina, isoleucina, metionina. Os grupos R de cada aminoácido está destacado em rosa. 2. Grupos R aromáticos: com suas cadeias laterais aromáticas (cadeias de carbono fechadas), são relativamente apolares (hidrofóbicos). Fazem par- te dessa classe a fenilalanina, tirosina e triptofano. 67 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA FIGURA 4 – GRUPOS R AROMÁTICOS Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: Estruturas químicas de aminoácidos de grupos R aromáticos. Da esquerda para direita: fenilalanina, tirosina e triptofano. Os grupos R de cada aminoácido está destacado em rosa. 3. Grupos R polares, não carregados: os grupos R desses aminoácidos são mais solúveis em água, ou mais hidrofílicos do que aqueles dos aminoá- cidos apolares. Essa classe de aminoácidos inclui a serina, treonina, cisteí- na, asparagina e glutamina. FIGURA 5 – GRUPOS R POLARES, NÃO CARREGADOS Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: Estruturas químicas de aminoácidos de grupos R polares, não carregados. Da esquerda para direita na parte superior: serina, treonina e cisteína. Na parte inferior da esquerda para direta: asparagina e glutamina. Os grupos R de cada aminoácido está destacado em rosa. 68 BIOQUÍMICA MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 4. Grupos R carregados negativamente (ácidos): aminoácidos que apre- sentam grupos R com carga negativa final em pH 7. Fazem parte dessa classe o aspartato e o glutamato. FIGURA 6 – GRUPOS R CARREGADOS NEGATIVAMENTE Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: Estruturas químicas de aminoácidos de grupos R carregados negativamente. Da esquerda para direita: aspartato e glutamato. Os grupos R de cada aminoácido está destacado em rosa. 5. Grupos R carregados positivamente (básicos): aminoácidos com carga positiva significativa em pH 7. Os grupos R mais hidrofílicos são aqueles carregados positivamente ou negativamente. Fazem parte desse grupo a lisina, arginina e a histidina. FIGURA 7 – GRUPOS R CARREGADOS POSITIVAMENTE Fonte: Nelson e Cox (2014). #PraCegoVer: Estruturas químicas de aminoácidos de grupos R carregados positivamente. Da esquerda para direita: lisina, arginina e histidina. Os grupos R de cada aminoácido está destacado em rosa. 69 MULTIVIX EAD Credenciada pela portaria MEC nº 767, de 22/06/2017, Publicada no D.O.U em 23/06/2017 BIOQUÍMICA Os aminoácidos são ácidos polipróticos fracos. Eles estão presentes como íons dipolares em pH neutro e são moléculas anfotéricas que podem ser inti- tulados com ácidos e bases. Todos os aminoácidos possuem um grupo ácido (COOH) e um grupo básico (NH2) ligados ao carbono α, e também contêm grupos ionizáveis que atuam como ácidos ou bases fracas, liberando ou rece- bendo prótons quando o pH é alterado (NELSON; COX, 2014). A forte carga positiva no grupo amino induz uma tendência do grupo ácido carboxílico a perde um próton, de modo que os aminoácidos são considera- dos ácidos fortes. Alguns aminoácidos possuem outros grupos ionizáveis em suas cadeias laterais e estes também podem ser titulados (HARVEY; FERRIER, 2012). Quando um aminoácido é dissolvido em água, ele existe predominantemen- te na forma isoelétrica. O ponto isoelétrico, pl, é o pH de uma solução aquosa de um aminoácido no qual as moléculas não têm carga líquida. Em outras palavras, os grupos carregados positivamente são exatamente equilibrados pelos grupos carregados negativamente. Quando esse aminoácido dissolvido é titulado com ácido, ele atua como base e, com base, atua como um ácido, o que os torna uma molécula anfotérica (HARVEY; FERRIER, 2012). Esses processos de ionizações seguem a equação de Henderson-Hasselbalch: FIGURA 8 – EQUAÇÃO DE HENDERSON-HASSELBALCH. Fonte: Produção do autor (2022). #PraCegoVer: Equação de Henderson-Hasselbalch - ph = pka +log forma desproteinada sobre forma proteinada. Quando a concentração da forma desprotonada é igual à da forma protona- da, a razão de suas concentrações é igual a 1 e log 1 = 0. Assim,
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