Buscar

Metodologias de alfabetização e letramento

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 67 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

DESCRIÇÃO
Reflexões sobre as práticas de linguagens, gêneros discursivos e multiletramentos nos
processos de ensino-aprendizagem da escrita e da leitura, de alfabetização e de letramento.
PROPÓSITO
Compreender as práticas de linguagem recomendadas na Base Nacional Comum Curricular
para ampliar o conhecimento sobre os processos de alfabetização e de letramento.
PREPARAÇÃO
Antes de iniciar os estudos, tenha à mão a Base Nacional Comum Curricular, disponibilizada no
portal do MEC, bem como um dicionário para consultar os termos específicos dos estudos da
linguagem e da alfabetização. Na internet, você acessa o Dicionário de Termos Linguísticos,
hospedado no Portal da Língua Portuguesa, e o Glossário CEALE, hospedado no portal da
UFMG.
OBJETIVOS
MÓDULO 1
Identificar as práticas de linguagem recomendadas na Base Nacional Comum Curricular
MÓDULO 2
Reconhecer os fundamentos da alfabetização para a formação de autores/leitores
MÓDULO 3
Identificar possibilidades de atividades linguísticas com uso de recursos tecnológicos
INTRODUÇÃO
Metodologias de Alfabetização e Letramento é uma temática que nos aproxima das
percepções das práticas de linguagem leitora, oral e escrita e da análise linguística semiótica
propostas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Para nos apropriarmos desses pressupostos, porém, temos que ter fortalecidos os conceitos
de alfabetização e letramento.
Por isso, no Módulo 1, em que abordamos o eixo da produção de texto, iniciamos uma breve
apresentação desses conceitos. Em seguida, apresentamos cada uma das práticas de
linguagem, mostrando também o trabalho educativo que orienta produções de textos em
diferentes gêneros textuais pautados em projetos enunciativos.
No Módulo 2, em que abordamos a formação de leitores, reforçamos as   fundamentações
sobre alfabetização, integrando-as com a prática de linguagem leitora. Em seguida, sugerimos
práticas de ensino que contribuem para formação leitora das crianças nos primeiros anos
escolares.
No Módulo 3, promoveremos reflexões sobre a ortografização e a pontuação no processo da
produção de textos a partir do uso de recursos tecnológicos.
MÓDULO 1
 Identificar as práticas de linguagem recomendadas na Base Nacional Comum Curricular
ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
A Base Nacional Comum Curricular (BNCC) enfatiza a participação dos estudantes nas
diversificadas práticas de linguagem, objetivando ampliar suas capacidades expressivas, como
também, seus conhecimentos sobre essas práticas, dando continuidade ao letramento já
iniciado nos meios sociais: escola e família.
No entanto, antes de nos apropriarmos dos conceitos dessas práticas de linguagem,
precisamos nos ater aos conceitos de alfabetização e de letramento.
Trabalhar brevemente esses conceitos é importante, pois devemos entender que o
conhecimento teórico será elemento fundamental para a atuação autônoma do educador e,
para tanto, deverá integrar a sua formação. Logo, metodologia e teoria são duas faces de uma
mesma moeda e são, por isso, inseparáveis. Diante disso, a valoração da teoria será a âncora
para a prática.
A atuação autônoma dos educadores, em sala de aula, sem o conhecimento do objeto que se
deseja ensinar, resulta em uma prática educativa que não se sustenta. Isso é ainda mais
relevante se esse conhecimento relacionado com o que se quer ensinar decorre de princípios,
diretrizes e procedimentos metodológicos, como é o caso da alfabetização e do letramento
(SOARES, 2005).  
Diante disso, nós, educadores, precisamos entender as teorias sobre alfabetização e
letramento.
ALFABETIZAÇÃO
Designa o ensino e o aprendizado de um sistema de representação da linguagem humana que
toma como objeto de representação inicial os sons da fala; a escrita alfabético-ortográfica.
Mas, a aprendizagem desse objeto não ocorre em si mesmo, pois acontece no interior de
processos de leitura e de escrita. Isso significa que capacidades ou procedimentos como, por
exemplo, reconhecer letras, categorizar letras grafadas de formas diferentes, realizar processos
de análise e síntese de sílabas e palavras, adquirir fluência em leitura e rapidez na escrita são
também importantes dimensões daquilo que aprendemos quando nos alfabetizamos. Esse
processo implica conhecimentos e procedimentos ligados à representação e às capacidades
motoras e cognitivas (SOARES, 2005).
javascript:void(0)
Imagem: Shutterstock.com
ESCRITA ALFABÉTICO-ORTOGRÁFICA
A escrita alfabético-ortográfica é um sistema de representação e se distingue de outros
sistemas de representação, como o desenho, por exemplo. O sistema da escrita
representa certas propriedades do signo linguístico; sua utilização envolve uma
automatização das relações entre o escrito e aquilo que representa (SOARES, 2005, p.
24).
Imagem: Shutterstock.com
LETRAMENTO
O conceito de letramento surgiu de uma ampliação progressiva do próprio conceito de
alfabetização. Entendemos por letramento o uso da leitura e da escrita para exercer uma
prática social em que a escrita é necessária. É o conjunto de conhecimentos, atitudes e
capacidades envolvidos no uso da língua em práticas sociais e necessários para uma
participação ativa e competente na cultura escrita. Assim, para corresponder adequadamente
às características e demandas da sociedade atual, é necessário que as pessoas sejam
alfabetizadas e letradas; no entanto, há alfabetizados não letrados e é possível haver
analfabetos com certo nível de letramento (SOARES, 2005, p. 50).
PRÁTICAS DE LINGUAGEM
Com os conhecimentos de alfabetização e letramento já estabelecidos, seguiremos com a
conceitualização das práticas de linguagem.
As práticas de linguagem se estruturam e contribuem para a produção de textos orais e
escritos, que propiciam o processo de ensino e de aprendizagem da língua materna.
As práticas de linguagem são:
LEITURA
É uma prática de linguagem resultante da interação ativa do leitor/ouvinte/espectador com os
textos escritos, orais e multissemióticos, a ser desenvolvida nas escolas por estratégias
compartilhadas e autônomas em diversos e complexos gêneros textuais. O trabalho não se dá
apenas com o texto escrito, não apenas escutando o texto, mas também acontece pelo olhar
estético em observação de imagens estáticas ou em movimento e em todas as suas
possibilidades de circulação impressas ou digitais.
javascript:void(0)
Imagem: Shutterstock.com
MULTISSEMIÓTICOS
Os gêneros discursivos multissemióticos ou multimodais são aqueles compostos por
várias linguagens e combinam diferentes modalidades, tais como as linguagens verbal
(oral e escrita), visual, sonora, corporal e digital, por exemplo, textos que misturam a
linguagem verbal e desenhos ou gráficos.
Imagem: Shutterstock.com
ORALIDADE
É uma prática de linguagem discursiva relacionada com estratégia de fala e escuta, ocorrendo
na interação com o outro no ambiente familiar e, no processo de alfabetização e letramento, no
contexto escolar. A oralidade será ampliada na dimensão dos processos de percepção,
compreensão e representação, e nas características de interações discursivas e nas
estratégias de fala e escuta em intercâmbios orais; elementos importantes para a apropriação
do sistema de escrita alfabética e, consequentemente, na produção textual.
ESCRITA
É uma prática de linguagem compartilhada e autônoma que propicia o domínio progressivo da
habilidade de produzir textos em diferentes gêneros, sempre tendo em vista a interatividade e a
autoria. Assim como a oralidade e a leitura, a escrita também ampliará o letramento adquirido
nas práticas sociais já absorvidas.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem: Shutterstock.com
ANÁLISE LINGUÍSTICA E SEMIÓTICA
Indica a sistematização da alfabetização, sendo uma prática de linguagem que se articula com
as demais práticas, já aqui apresentadas. A partir da análise linguística e semiótica, são
propostas reflexões sobre o sistema de escrita alfabética e o funcionamento da língua e de
outras linguagens.As práticas de linguagem não são estanques e tampouco possuem um fim em si mesmas. A
articulação existente entre elas possibilitará o trabalho com a produção de texto, na qual a
prática leitora pode ser contemplada por meio de contações de histórias, por exemplo. Essas
mesmas histórias posteriormente serão recontadas, fortalecendo, assim, a prática oral. Em
seguida, o estímulo para a recriação das histórias em gêneros diferentes do apresentado
ressignificará a escrita, valorando esta prática e proporcionando a análise linguística (BRASIL,
2018).
CONSTRUINDO PROJETOS ENUNCIATIVOS
PARA A PRODUÇÃO DE TEXTOS
A característica básica dos projetos escolares é o conceito de experiência, que reconhece a
educação das crianças como um processo realizado por meio do estímulo de práticas sociais,
culturais, criativas e interativas, nas quais todos têm o ritmo de ação e iniciativa respeitados.
Assim, partindo de uma perspectiva enunciativa-discursiva da linguagem, os projetos objetivam
a interação social e têm como pilares o texto, o discurso, o enunciado e o gênero.
Diante disso, o trabalho escolar com projetos ampliará os eventos de letramento alcançados,
no entanto, os eventos de letramentos serão apropriados para promover reflexões sobre a
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
javascript:void(0)
prática oral e a prática escrita que os motiva, dessa maneira, será viabilizada a conscientização
e o aperfeiçoamento dessas práticas situadas em seus contextos de produção (BRASIL, 2018).
TEXTO
O texto é um todo organizado que produz sentido, podendo ser escrito ou oral. Além
disso, outras linguagens não verbais também podem fazer parte de um texto. Podemos
dizer, também, que o texto é um produto da enunciação.
DISCURSO
Discurso é o texto em atividade comunicativa; vindo a público e se realizando. O discurso
pode se realizar a partir de um texto escrito ou oral. Também pode se manifestar em
textos que trabalham com múltiplas linguagens.
ENUNCIADO
O enunciado é o produto ou o resultado da enunciação. A enunciação corresponde ao
funcionamento ou uso da língua por meio da interação ou da atividade social do
enunciador. O enunciador é quem interage pela língua, seja ela escrita ou oral,
considerando um enunciatário, ou seja, aquele a quem se fala ou se escreve.
GÊNERO
O conceito de gênero ou de gênero do discurso foi elaborado por Bakhtin e corresponde a
características relativamente estáveis quanto ao tema e à forma composicional de
enunciados: “Todos os diversos campos da atividade humana estão ligados ao uso da
linguagem [...]. O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados (orais e escritos)
concretos e únicos, proferidos pelos integrantes desse ou daquele campo da atividade
humana [...]. Evidentemente, cada enunciado particular é individual, mas cada campo de
utilização da língua elabora seus tipos relativamente estáveis de enunciados, os quais
denominamos gêneros do discurso” (BAKHTIN, 2016, p. 11).
 ATENÇÃO
É importante que se considere desde o início da aprendizagem escolar que os estudantes
possam se apropriar das características e das práticas dos discursos sociais em suas diversas
funções. Para isso, os professores devem organizar numerosas e variadas práticas de leitura e
escrita.
As crianças, embora pequenas, são muito capazes quando bem orientadas, assim, o trabalho
escolar por meio dos projetos enunciativos deverá constituir uma abordagem essencial aos
interesses destas crianças em descobrir o seu mundo. Eles surgem da identificação das
questões que os estudantes querem investigar. O educador será o orientador do processo de
busca, a partir de estratégias voltadas para atividades em grupo e de aprendizagem
cooperativa e colaborativa.
Atividades que estimulam a observação do cotidiano se tornarão significativas na medida em
que considerarem os saberes trazidos pelo contexto em que a criança está inserida; assim, a
proposta de observar os entornos na intencionalidade de construir projetos enunciativos é
tarefa necessária.
 EXEMPLO
Projeto “Os habitantes do jardim e da horta”, com visita guiada a jardins ou hortas no espaço ou
entorno da escola. Por meio desse projeto, é possível incitar olhares para os jardins e para as
hortas familiares ou escolares, para os processos de plantação de verduras, legumes, ervas
medicinais, temperos e para as flores do jardim.
Foto: Ted Alexander Somerville/Shutterstock.com
Também é possível a observação dos pequenos insetos que frequentam tais lugares. Partindo
desses saberes já constituídos, também se incitarão aprendizagens sobre a germinação, os
cuidados com a terra, passando pelas características das plantas, dos frutos, do uso das ervas
medicinais e da biodiversidade dos insetos. Os estudantes compreenderão na prática os
modos de vida dos animais e das plantas que ali habitam. Essas unidades de aprendizagem
poderão ser utilizadas para a articulação de todas as áreas curriculares, colocando situações
de aprendizagem significativas perante a realidade de cada turma.
As situações de aprendizagem que se desenham no projeto enunciativo de nosso exemplo
passam a ser uma referência articuladora de toda a sequência didática estabelecida,
permitindo e promovendo a participação ativa das crianças no processo de aprendizagem.
Além disso, a partir da situação, podemos projetar uma rede conceitual que evidencia as
múltiplas possibilidades de conexão e articulação das áreas curriculares de forma espontânea.
Como se nota, demais situações de aprendizagem poderão ser incitadas, todavia, a produção
textual, nesse processo, será a mais oportunizada.
A sequência didática estabelecida organizará um conjunto de atividades ancoradas ao
conteúdo proposto e buscará favorecer a aprendizagem dos estudantes, sempre focando os
objetivos já estipulados no planejamento elencado pelo educador. Fato este que salienta a
importância de visualizar que projetos educativos requerem organização, planejamento e
envolvimento para que o educador consiga se organizar e se orientar em relação aos
estudantes.
Diante de tal organização, o projeto enunciativo é elencado com algumas possibilidades:
Imagem: Shutterstock.com
A confecção de placas de identificação para os canteiros e para as plantas ou um folheto com
fotos do passo a passo de como plantar e cultivar uma hortaliça.
Imagem: Shutterstock.com
A construção de um álbum de insetos ou de plantas construído de acordo com o interesse da
turma.
Imagem: Shutterstock.com
A produção de um almanaque que exemplificará as espécies de plantas coletadas e
investigadas.
Imagem: Shutterstock.com
A criação de uma história em quadrinhos onde as personagens possam ser alguns dos animais
observados na horta ou no jardim.
Todas essas atividades do nosso exemplo de projeto enunciativo fomentarão situações reais
do uso da língua na sala de aula e incitarão as crianças para a escrita, mesmo que elas não se
apropriem da escrita alfabética por ainda se expressarem por desenhos ou de maneira não
convencional.
A produção textual coletiva de um roteiro ou a produção de legendas sobre “As plantas e os
insetos da horta escolar”, por exemplo, também estimulará nas crianças uma prática
significativa de escrita, pois oportunizará a elas a observação da transcrição, feita pelo
educador, das produções orais ali ditas por cada criança.

DEPOIS DE ESTAR ATENTA APENAS AOS ASPECTOS
GRÁFICOS DA ESCRITA, A CRIANÇA PODE VOLTAR SUA
ATENÇÃO PARA A FINALIDADE DA ESCRITA: PARA QUE
ELA SERVE? FAZENDO ESSA PERGUNTA, A CRIANÇA
PROGRESSIVAMENTE – VIVENCIANDO SITUAÇÕES EM
QUE A ESCRITA É UTILIZADA – INFERE QUE ELA SERVE
PARA “DIZER ALGUMA COISA”, ISTO É, QUE TEXTOS
“DIZEM ALGO”, MANIFESTAM UMA INTENÇÃO
COMUNICATIVA. SÃO, PORTANTO, ALGO QUE TEM POR
FUNÇÃO SIMBOLIZAR OU REPRESENTAR OUTRA COISA E
QUE ESSA “COISA” É UM SIGNIFICADO LINGUÍSTICO, EM
GERAL, PARA A CRIANÇA, UM NOME. DESCOBRINDO QUE
A ESCRITA REPRESENTA UM SIGNIFICADO LINGUÍSTICO,
A CRIANÇA DÁ, ASSIM,UM PASSO EXTREMAMENTE
IMPORTANTE PARA SUA ALFABETIZAÇÃO: ELA
DESCOBRE, NA VERDADE, QUE A ESCRITA REPRESENTA
UMA DIMENSÃO DA LINGUAGEM HUMANA.
(SOARES, 2005, p. 37)
Ao compreender o contexto de produção da escrita, a criança torna-se capaz de perceber como
a intencionalidade do texto interfere na maneira de escrever. Além de observar a existência de
vários gêneros textuais que facilitam a transmissão das ideias, ou seja, a prática da linguagem
comunicativa da escrita.
Foto: Shutterstock.com
Sendo assim, o projeto enunciativo que exemplificamos foca o trabalho com os diversos
gêneros discursivos ou textuais, tais como: folhetos, placas, álbum, almanaque, roteiro,
legendas e história em quadrinhos. O trabalho com esses gêneros provocará leituras e
produções textuais que promoverão a articulação e a integração entre as demais práticas
linguísticas.

[...] AS DIVERSAS PRÁTICAS DE LINGUAGEM PODEM SER
RELACIONADAS, NO ENSINO, POR MEIO DOS GÊNEROS –
VISTOS COMO FORMAS RELATIVAMENTE ESTÁVEIS
TOMADAS PELOS ENUNCIADOS EM SITUAÇÕES
HABITUAIS, ENTIDADES CULTURAIS INTERMEDIÁRIAS
QUE PERMITEM ESTABILIZAR OS ELEMENTOS FORMAIS E
RITUAIS DAS PRÁTICAS DE LINGUAGEM. OS GÊNEROS
LIGADOS A CADA UMA DESSAS PRÁTICAS SÃO UM
TERMO DE REFERÊNCIA INTERMEDIÁRIO PARA A
APRENDIZAGEM, UMA “MEGAFERRAMENTA” QUE
FORNECE UM SUPORTE PARA A ATIVIDADE NAS
SITUAÇÕES DE COMUNICAÇÃO E CONSTITUI UMA
REFERÊNCIA PARA OS APRENDIZES.
(KOCK; ELIAS, 2018, p. 62)
À luz dos conceitos e das abordagens que estamos estudando, a criança construirá seu próprio
entendimento de que a língua mobiliza os diferentes saberes, pois é na produção de discursos
que a criança articula, em momento real, um ponto de vista sobre a sua realidade, e se
compromete com a sua palavra e com a sua articulação discursiva, mesmo quando ainda não
está consciente. 
Considerar a produção de textos (orais e escritos) como pontos de partida e chegada de todo o
processo de ensino e aprendizagem da língua não será apenas uma inspiração ideológica de
inserção da voz das classes desfavorecidas, para delas ouvirmos suas histórias contidas e não
contadas. Deve ser, sobretudo, o entendimento de que, no texto, a língua se revelará em sua
totalidade, quer em seu conjunto de formas, quer em seu discurso (GERALDI, 1995, p. 135).
Entretanto, é necessário que os educadores estejam atentos a esses saberes e tenham em
mente os espaços, físicos e sociais, aos quais os estudantes pertencem, para obter elementos
reais do cotidiano dos seus alunos, tais como:
Imagem: Shutterstock.com
Problemas a resolver.
Imagem: Shutterstock.com
Características socioculturais e patrimônios da comunidade que contribuirão para a construção
de experiências válidas e significativas de aprendizagem.
Imagem: Shutterstock.com
Diversas capacidades, necessidades e experiências dos estudantes, para permitir que as
sugestões oferecidas por eles se concretizem em planos e em projetos organizados
integralmente pelos membros do grupo.
Desta maneira, será favorecido o engajamento “verdadeiramente” social para, assim, promover
uma mudança de estado de coisas (KLEIMAN et al., 2013, p.71).
Isto posto, o projeto enunciativo favorecerá uma aprendizagem significativa por meio da
colaboração e da negociação entre os pares envolvidos (estudantes, educadores e toda
comunidade escolar) e ampliará as práticas de linguagem e os eventos de letramento. Além do
mais, as crianças interagirão com textos autênticos de circulação e função social, com a
diversidade de gêneros e com a flexibilidade organizacional dos diversos graus de
familiaridade de práticas letradas e com os gêneros que os viabilizam. As crianças ainda
aprenderão sobre seus usos e características, sobre suas diferentes formas de ler e escrever de
acordo com suas intenções comunicativas. Assim, nessa produção, as crianças realizam
atividades autênticas para alcançar objetivos concretos para a sua vida, como também
atingem os conteúdos presentes nos programas curriculares.
 RESUMINDO
As práticas de linguagem (oral, escrita, leitura e análise linguística e semiótica) se estruturam
em suas especificidades, todavia, não são estanques e muito menos possuem um fim em si
mesmas, elas se articulam e contribuem para a produção de textos orais e escritos que
propiciam o processo de ensino e de aprendizagem da língua materna.
Os projetos escolares apresentam o conceito de experiência que reconhece que a educação
das crianças se faz pelo estímulo de práticas sociais, culturais, criativas e interativas, em que
todos têm o ritmo de ação e iniciativa respeitados, assim, partindo de uma perspectiva
enunciativa-discursiva da linguagem os projetos objetivam a interação social, e têm como
pilares o texto, o discurso, o enunciado e o gênero.
ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E PRÁTICAS
DE LINGUAGEM
Assista ao vídeo abaixo com a professora Rita Spíndola contando sobre as práticas de
linguagens recomendadas pela BNCC no contexto da alfabetização e do letramento e
destacando o trabalho com os projetos enunciativos no ambiente escolar.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS A CONCEITUAÇÃO DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO
PARA RESGATARMOS A FUNDAMENTAÇÃO DAS PRÁTICAS DE LINGUAGEM
RECOMENDADAS NA BASE NACIONAL COMUM CURRICULAR (BNCC). ASSIM,
ASSINALE A ALTERNATIVA QUE MELHOR CARACTERIZA A CONCEITUAÇÃO
DESSES TERMOS:
A) Alfabetização refere-se ao ensino de escrita, e letramento ao ensino da leitura de mundo,
dando sentido às produções de texto das crianças.
B) Letramento implica processos de representações sociais; já alfabetização implica processos
ligados à leitura e à escrita.
C) Alfabetização ocorre no interior de processos de leitura e de escrita; já o letramento é o uso
da leitura e da escrita para exercer uma prática social.
D) Alfabetização implica a representação da fala, e o letramento é a representação social da
fala.
E) Alfabetização implica a representação da escrita; o letramento é a representação social da
escrita.
2. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR.
I - OS PROJETOS ESCOLARES DEVEM ESTIMULAR AS PRÁTICAS SOCIAIS,
CULTURAIS, CRIATIVAS E INTERATIVAS.
II - OS PILARES DOS PROJETOS ENUNCIATIVOS ESCOLARES SÃO AS
TÉCNICAS DE ALFABETIZAÇÃO E O LETRAMENTO.
III - AS ATIVIDADES PROPOSTAS NOS PROJETOS ESCOLARES DEVEM
RESPEITAR O RITMO DE AÇÃO E A INICIATIVA DAS CRIANÇAS.
IV - OS PROJETOS ESCOLARES DEVEM PARTIR DE UMA PERSPECTIVA
ENUNCIATIVO-DISCURSIVA.
ESTÁ CORRETO APENAS O QUE SE AFIRMA EM:
A) I e II
B) I, II e III
C) I, II e IV
D) I, III, IV
E) II, III e IV
GABARITO
1. Estudamos a conceituação de alfabetização e letramento para resgatarmos
a fundamentação das práticas de linguagem recomendadas na Base Nacional
Comum Curricular (BNCC). Assim, assinale a alternativa que melhor
caracteriza a conceituação desses termos:
A alternativa "C " está correta.
Alfabetização e letramento são conceitos inter-relacionados e interdependentes, mas podemos
distinguir a alfabetização como o ensino e o aprendizado da leitura e da escrita, a partir de um
sistema de representação da linguagem humana que relaciona os sons da fala com a escrita
alfabético-ortográfica. Já o conceito de letramento é a ampliação progressiva do próprio
conceito de alfabetização. Entendemos por letramento o uso da leitura e da escrita para
exercer uma prática social em que a escrita é necessária.
2. Analise as afirmativas a seguir.
I - Os projetos escolares devem estimular as práticas sociais, culturais,
criativas e interativas.
II - Os pilares dos projetos enunciativos escolares são as técnicas de
alfabetização e o letramento.
III - As atividades propostas nos projetos escolares devem respeitar o ritmo de
ação e a iniciativa das crianças.
IV - Os projetos escolares devem partir de uma perspectiva enunciativo-
discursiva.
Está correto apenas o que se afirma em:
A alternativa "D " está correta.
Os projetos enunciativos no contexto escolar devem ter como objetivo a interação social por
meio da linguagem. Os pilaresdesses projetos são, como estudamos, o texto, o discurso, o
enunciado e o gênero discursivo. O trabalho com a língua, valendo-se de projetos que
mobilizam as crianças em atividades sociais, culturais e interativas, pode apresentar resultados
promissores nos processos de alfabetização e letramento.
MÓDULO 2
 Reconhecer os fundamentos da alfabetização para a formação de autores/leitores
CONCEITOS E QUESTIONAMENTOS INICIAIS
Neste módulo, entraremos em contato com metodologias que fomentarão a formação leitora
nas crianças em fase de alfabetização. Para tanto, é necessária a aproximação de algumas
impressões que a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) propõe.
Em um primeiro momento, importa conceituar que atividades humanas se realizam nas
práticas sociais, mediadas por diferentes linguagens: verbal (oral ou visual-motora, como
Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital. É por meio dessas práticas que as pessoas
interagem consigo mesmas e com os outros, constituindo-se como sujeitos sociais. Nessas
interações, estão conectados conhecimentos, atitudes e valores culturais, morais e éticos
(BRASIL, 2018, p. 63).
Diante desse conceito inicial, devemos ter a perspectiva de que a leitura compreende as
práticas de linguagem decorridas das interações ativas que leitores e ouvintes constroem com
as mais diversificadas formas textuais (escritas, orais e multissemióticas) e das possíveis
interpretações ocorridas, sendo exemplos as leituras para:
Fruição estética de textos e obras literárias
Pesquisa e embasamento de trabalhos escolares e acadêmicos
Realização de procedimentos
Conhecimento, discussão e debate sobre temas sociais relevantes
Sustentação da reivindicação de algo no contexto de atuação da vida pública
Obtenção de mais conhecimento para o desenvolvimento de projetos pessoais, entre
outras possibilidades (BRASIL, 2018, p. 71)
A leitura se estabiliza como uma prática da linguagem, que se amplia no contexto escolar por
estratégias compartilhadas e autônomas em diversos e complexos gêneros textuais impressos
ou digitais.
Assim, encontramos alguns questionamentos referentes à nossa prática educativa:
Imagem: Shutterstock.com
Como nossos estudantes se constituem como leitores?
Quais as compreensões traçadas perante essas diversidades textuais circundantes em
nossa sociedade?
Necessitamos refletir sobre as questões que envolvem a construção de sentido com aquilo que
se lê e quais as suas finalidades.
LEITURA COMO ATIVIDADE COGNITIVO-
SOCIAL
Durante algum tempo, o processo de alfabetização era entendido como um processo de
aquisição do sistema de escrita, correspondendo à codificação. Consequentemente, a leitura
estava inserida nesse processo como a decodificação, quando a criança conseguia decifrar o
que havia escrito, juntando letras e sílabas, para formar palavras, ou as palavras para formar
frases.
Nessa dinâmica, não se garantia a compreensão leitora. A leitura feita pelas crianças nos anos
iniciais de escolarização era considerada como uma atividade mecânica de decodificar
palavras, de explorar sentidos que estariam prontos no texto.
Com isso, acreditava-se que, para formar um leitor competente, bastava ensinar a ler no
primeiro ano de escolaridade, ou seja, no período de alfabetização, e depois a criança já estaria
apta para ler qualquer texto (CAFIERO, 2005, p. 11).
Contudo, sabemos que a leitura é uma atividade complexa. Os sentidos que os estudantes
constroem ocorrem por meio das relações que se estabelecem entre as informações trazidas
no texto e os conhecimentos absorvidos de suas vivências. Isso significa que a leitura é uma
atividade cognitiva e social (KLEIMAN et al., 2013).
LEITURA COMO ATIVIDADE COGNITIVA
Entendemos que, quando as crianças leem, elas executam uma série de operações mentais
que extrapolam a decodificação, e utilizam estratégias inconsciente e conscientemente. Assim,
como atividade cognitiva, a leitura pode ser ensinada, isto é, podem ser ensinadas estratégias
que ajudarão as crianças a lerem melhor.
Imagem: Shutterstock.com
Imagem: Shutterstock.com
LEITURA COMO ATIVIDADE SOCIAL
A leitura é compreendida como um ato de interação com o outro, uma relação existente entre
um escritor e um leitor, que mesmo distantes se comunicam pelo texto.
Isso ocorre dentro de condições muito específicas de comunicação, uma vez que cada um
deles tem seus próprios objetivos, suas próprias expectativas e suas próprias vivências de
mundo. Tal como atividade social, a leitura implica objetivos e necessidades que são
determinados na interação.
Diante disso, devemos fazer as seguintes reflexões:
Ler para quê?
Ler com que objetivos?
Ler para interagir com quem?
Ler por que motivo?
A principal vantagem de se entender a leitura como um processo cognitivo-social é a de
mostrar que existem formas para ampliar a competência leitora ao longo da vida, isto é, que o
ensino de leitura não é uma etapa pontual que se esgota na alfabetização (CAFIERO, 2005).
Diante disso, lançaremos olhares sobre a dimensão cognitiva da leitura, sobretudo em dois
aspectos vivenciados pelas crianças em processo de alfabetização: a decodificação e a
construção da coerência.
Neste contexto, executa-se uma sequência de operações. Entre elas, podemos mencionar:
Imagem: Shutterstock.com
Perceber
Imagem: Shutterstock.com
Memorizar
Imagem: Shutterstock.com
Analisar
Imagem: Shutterstock.com
Sintetizar
Imagem: Shutterstock.com
Inferir
Imagem: Shutterstock.com
Relacionar
Imagem: Shutterstock.com
Avaliar
PROCESSO DE LEITURA
Compreender os processos que se realizam na leitura é importante porque nós, educadores,
poderemos intervir no momento adequado, criando atividades que ajudarão os estudantes a
solucionar dificuldades apresentadas (CAFIERO, 2005).
DECODIFICAÇÃO
De acordo com Cafiero (2005), o momento inicial do processo de leitura é a decodificação, no
qual a criança executará o reconhecimento de palavras e o processamento sintático, ou seja,
juntará letras para formar sílabas, sílabas para formar palavras, e palavras para formar frases.
Na medida em que processa as informações, a criança as armazenará em sua memória, para
que possa organizar as informações em unidades cada vez maiores.
javascript:void(0)
Imagem: Shutterstock.com
PROCESSAMENTO SINTÁTICO
A criança começa a construir a ideia da função da palavra.
Como podemos notar, nesse processo de decodificação, além de se fomentar a memorização,
outras operações mentais serão elencadas, como a percepção e a síntese, por meio das quais
a criança observará unidades menores da palavra (fonemas, sílabas) para unidades maiores
(palavra, frase, texto). Além disso, ocorrerá a análise, por meio da qual a criança fará a
observação do todo para as partes.
Diante desse processo, a criança rapidamente começará a organizar na memória, porém, sem
controle consciente, as relações do código linguístico escrito.
A criança organizará as palavras e as comporá em frases, seguindo as regras e os princípios
que farão parte do conhecimento funcional da língua materna.
Imagem: Shutterstock.com
CONSTRUÇÃO DA COERÊNCIA
A coerência será o segundo passo para a compreensão e produção de sentido da leitura
realizadas pela criança, a partir da organização e do funcionamento social dos textos.
Conforme Cafiero (2005, p. 38), “nesse processo, o texto escrito é objeto que busca gerar uma
resposta ou um efeito de sentido no leitor”. O texto apresenta organização linguística e da
estrutura dos enunciados ou frases. O texto é parte de um funcionamento social, sendo
processado por um leitor. Para que o leitor compreenda o texto, ele “realiza ações como
percepção, memorização, análise, síntese, estabelecimento de relações, previsão, levantamento
de hipóteses, associações, verificação de hipóteses, inferência, generalização e avaliação”.
A compreensão do texto por parte do leitor implica, então, os dois aspectos que temos visto:
Imagem: Shutterstock.com
DECODIFICAÇÃOAo reunir informações fonológicas, fonéticas, morfológicas, sintáticas.
Imagem: Shutterstock.com
CONSTRUÇÃO DA COERÊNCIA
Ao integrar as informações da decodificação aos seus conhecimentos.
CONHECIMENTO PRÉVIO E CONHECIMENTOS
INTERPESSOAIS
Cafiero (2005, p. 38) ainda nos lembra que o leitor mobiliza diversos tipos de conhecimentos
prévios, além de se valer de estratégias antes, durante e depois do processamento de
informações.
Imagem: Shutterstock.com
Os conhecimentos são interpessoais, porque resultam das relações com o outro, do grupo
social e da cultura em que a criança está inserida. Por exemplo, saber que o ônibus é um
transporte coletivo, como essa dinâmica funciona, mesmo sem nunca ter usado o serviço, é
um conhecimento construído nas relações socioculturais. Esses conhecimentos interpessoais
surgem da identificação das questões que os estudantes querem investigar.
Diante de um fato gerador, o educador orientará o processo de busca, a partir de estratégias
voltadas para atividades em grupo e de aprendizagem cooperativa e colaborativa.
Foto: Shutterstock.com
Esse ensino compreende lidar com a diversidade de gêneros usando estratégias específicas
para a leitura que cada criança fará. Diante disso, será importante estabelecer quais as
finalidades da leitura. Por isso, é importante orientar as crianças para que aprendam a fazer
perguntas ao texto e possam ter os meios para encontrar e avaliar suas respostas.
Na opinião de Delia Lerner (apud KAUFMAN; LERNER, 2015), isso é possível sempre que
articulamos diferentes situações de leitura e escrita, desde que entendamos que a leitura, para
as crianças em fase de alfabetização, envolverá uma prática educativa que se desenvolverá de
duas maneiras:
Imagem: Shutterstock.com
Pela leitura direta de textos imagéticos pelas crianças.
Imagem: Shutterstock.com
Pela leitura orientada do educador para ensiná-las a construir sentidos cada vez mais
complexos.
Do mesmo modo, escrever histórias implicará o relato oral dessas narrativas ao educador e a
escrita convencional ou espontânea das próprias crianças.
A estratégia de promover situações de reescrita de textos conhecidos favorecerá as crianças a
se concentrarem em aplicar as características dos diversos gêneros em questão,
características estas que foram inferidas e descobertas por meio de inúmeras leituras do
mesmo gênero em sala de aula (KAUFMAN; LERNER, 2015).
PESQUISA E INVESTIGAÇÃO COMO PRINCÍPIO
GERADOR DA FORMAÇÃO DO LEITOR
Atividades que incitam a investigação podem promover exposições orais sobre as informações
coletadas e argumentações para a criação de um roteiro de estudos.
 EXEMPLO
Exemplo de atividades: Investigar os animais ou as plantas que ocupam o jardim, a praça ou a
horta da escola, do bairro ou da própria habitação da criança.
Tais interações estimularão as crianças a escutar, observar e a comentar sobre a investigação.
Essa prática significativa da oralidade na escola promoverá discussões intencionais para a
construção da prática de linguagem comunicativa da criança.
Para estimular a interação das crianças com a diversidade de gêneros textuais, a escola deve
se converter em um ambiente letrado. Para tanto, os projetos significativos de aprendizagem
devem contribuir para o contato da criança com diferentes articulações de leitura e escrita, pois
a leitura, tanto a guiada como a autônoma, promoverá aos estudantes a construção de
sentidos linguísticos cada vez mais complexos.
 RELEMBRANDO
Alguns dos projetos significativos de aprendizagem, considerando o contexto do projeto
enunciativo que exemplificamos no Módulo 1, são:
A contação de histórias sobre os bichos ou plantas do jardim.
Seguir o passo a passo das receitas (microrroteiros) dos chás feitos com as ervas da
horta da escola ou da casa.
Receber um convite escrito para a exposição das histórias em quadrinhos sobre os
“habitantes do jardim da minha casa”.
Assim, o ambiente escolar letrado contribuirá para que as crianças leiam uma diversidade de
gêneros textuais autorais, oferecendo-lhes oportunidades de construir critérios de seleção, de
enriquecimento de suas interpretações e de aprofundamento da construção de significados.
Dessa maneira, as práticas de linguagem leitora serão efetivamente estimuladas.
Nessa perspectiva, o espaço escolar possibilita a construção do conhecimento, pois envolve
momentos de interação que objetivam garantir experiências significativas no cotidiano da
criança.
A criação de um ambiente escolar letrado e alfabetizador possibilita concretamente que a
criança, durante a alfabetização, use a linguagem escrita antes mesmo de dominar as
“primeiras letras”. De acordo com Soares (2005, p. 53), uma das formas de organizar a sala de
aula com base na escrita é trabalhando com práticas como:
Imagem: Shutterstock.com
Registro de rotinas.
Imagem: Shutterstock.com
Uso de etiquetas para organização do material.
Imagem: Shutterstock.com
Emprego de quadros para controlar a frequência.
Foto: Shutterstock.com
Para Soares (2005, p. 53), a criação de um ambiente alfabetizador se justifica conceitualmente
pela “constatação de que saber para que a escrita serve (suas funções de registro, de
comunicação à distância, por exemplo) e saber como é usada em práticas sociais (organizar a
sala de aula, fixar regras de comportamento na escola, transmitir informações, divertir,
convencer, por exemplo) auxiliariam a criança em sua alfabetização”.
Esses saberes também auxiliariam dando significado e função à alfabetização, criando a
necessidade da alfabetização; favorecendo a exploração, pela criança, do funcionamento da
linguagem escrita (SOARES, 2005, p. 53).
Assim, no ambiente letrado, por motivar vários tipos de conhecimentos, a criança adquirirá
competências para mobilizar uma série de habilidades, atitudes e valores diversos que a
tornarão capaz de executar diversas ações sobre o texto, para compreendê-lo durante o
processo de leitura.
AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM DA LEITURA
Chegamos ao processo de avaliação da aprendizagem leitora. Avaliar esse processo envolve
por parte do educador a observação do todo e não somente de um produto final. Envolve
registrar os avanços em fichas específicas, indicando as habilidades, as atitudes, os valores;
comparar e utilizar os resultados da avaliação para preparar novas intervenções.
Imagem: Shutterstock.com
Acreditamos ser o papel dos educadores que se dispõem a ensinar a leitura: levar as crianças a
se entenderem como atores sociais que agem sobre o texto escrito. Nesse sentido, a leitura
será sempre resultante de uma complexa atividade, marcada não só por fatores ligados ao
próprio sujeito interpretante e à situação na qual a interação comunicativa se processa.
Defendemos que o papel da escola é de ser o ambiente letrado que não se omitirá, tampouco
se negará ao seu papel de incentivar a leitura dos textos e a leitura de mundo. A escola é o
ambiente onde as crianças se constituem como cidadãs em suas interações, pelo uso da
linguagem.
 RESUMINDO
Aprendemos sobre a importância da formação de leitores. Vimos como esse processo é
incentivado pelo estímulo da pesquisa e da investigação, levando a dois aspectos
fundamentais para a alfabetização: a concepção cognitiva e a concepção social da leitura.
A prática da linguagem oral promoverá discussões intencionais para a construção
comunicativa da criança em processo de alfabetização, pois estimulará a interação das
crianças com a diversidade de gêneros textuais. Para tanto, a escola deve se converter em um
ambiente letrado. Será nesse ambiente que as pesquisas e as investigações proporcionarão
aos estudantes a construção de sentidos linguísticos cada vez mais complexos.
ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E FORMAÇÃO
DE AUTORES/LEITORES
Assista ao vídeo abaixo com a professora Rita Spíndola, destacando leitura como atividade
cognitivo-social, a decodificação e a construção da coerência no processo de leitura, a
importância do conhecimentoprévio e dos conhecimentos interpessoais, e o ambiente
alfabetizador.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. ESTUDAMOS QUE A LEITURA ABRANGE A DIMENSÃO COGNITIVA, E
APRENDEMOS QUE ELA IMPLICA DOIS ASPECTOS IMPORTANTES QUE
FUNDAMENTAM A FORMAÇÃO DO LEITOR. ASSINALE A ALTERNATIVA QUE
APONTA ESSES DOIS ASPECTOS.
A) Decodificação e construção de coerência
B) Alfabetização e letramento
C) O texto e o contexto
D) A compreensão e produção de sentido
E) O discurso e o enunciado
2. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR.
I - A ESCOLA DEVE SER UM AMBIENTE LETRADO PARA INCENTIVAR O
CONTATO COM VÁRIOS TIPOS DE CONHECIMENTO E PRÁTICAS SOCIAIS DE
ESCRITA E DE LEITURA.
II - OS PROJETOS INVESTIGATIVOS DE APRENDIZAGEM EXCLUEM A
CONTAÇÃO DE HISTÓRIAS, POIS OUVIR NARRATIVAS COLOCA AS CRIANÇAS
EM UMA POSTURA PASSIVA DE APRENDIZAGEM.
III - É NO AMBIENTE LETRADO QUE A CRIANÇA ADQUIRE COMPETÊNCIAS
PARA MOBILIZAR UMA SÉRIE DE HABILIDADES, ATITUDES E VALORES
DIVERSOS.
IV - A INTERAÇÃO COM O AMBIENTE LETRADO TORNA A CRIANÇA CAPAZ DE
EXECUTAR DIVERSAS AÇÕES SOBRE O TEXTO, PARA COMPREENDÊ-LO
DURANTE O PROCESSO DE LEITURA.
ESTÁ CORRETO APENAS O QUE SE AFIRMA EM:
A) I e II
B) I e III
C) I, III e IV
D) II e III
E) II, III e IV
GABARITO
1. Estudamos que a leitura abrange a dimensão cognitiva, e aprendemos que
ela implica dois aspectos importantes que fundamentam a formação do leitor.
Assinale a alternativa que aponta esses dois aspectos.
A alternativa "A " está correta.
A dimensão cognitiva da leitura está apoiada em dois aspectos vivenciados pelas crianças em
processo de alfabetização: a decodificação e a construção da coerência. Na decodificação,
trabalha-se com a criança a partir de elementos linguísticos, como as informações fonológicas,
fonéticas, morfológicas, sintáticas. Na construção da coerência, a atividade de leitura busca
integrar os subsídios advindos da decodificação com o conhecimento prévio da criança.
2. Analise as afirmativas a seguir.
I - A escola deve ser um ambiente letrado para incentivar o contato com vários
tipos de conhecimento e práticas sociais de escrita e de leitura.
II - Os projetos investigativos de aprendizagem excluem a contação de
histórias, pois ouvir narrativas coloca as crianças em uma postura passiva de
aprendizagem.
III - É no ambiente letrado que a criança adquire competências para mobilizar
uma série de habilidades, atitudes e valores diversos.
IV - A interação com o ambiente letrado torna a criança capaz de executar
diversas ações sobre o texto, para compreendê-lo durante o processo de
leitura.
Está correto apenas o que se afirma em:
A alternativa "C " está correta.
A prática significativa da oralidade na escola deve promover discussões intencionais para a
construção da prática de linguagem comunicativa da criança. Deve haver interação das
crianças com diversos gêneros textuais, buscando o trabalho com a leitura a partir de um
ambiente letrado. Assim, o desenvolvimento de projetos significativos de aprendizagem, como
a contação de histórias, pode ser proveitoso na promoção do contato da criança com as
diferentes práticas de leitura e escrita.
MÓDULO 3
 Identificar possibilidades de atividades linguísticas com uso de recursos tecnológicos
ASPECTOS LINGUÍSTICOS DO APRENDIZADO
DA ESCRITA NA BNCC
Aprenderemos neste módulo sobre o eixo da análise linguística, no tocante à pontuação e à
ortografia. Para tanto, precisamos entender que:

[...] AS PRÁTICAS DE LINGUAGEM DA ANÁLISE
LINGUÍSTICA/SEMIÓTICA COMPREENDEM OS
PROCEDIMENTOS E ESTRATÉGIAS (META)COGNITIVAS
DE ANÁLISE E AVALIAÇÃO CONSCIENTE, DURANTE OS
PROCESSOS DE LEITURA E DE PRODUÇÃO DOS DIVERSOS
TEXTOS E SUAS DIMENSÕES, RESPONSÁVEIS POR SEUS
EFEITOS DE SENTIDO, SEJA NO QUE SE REFERE ÀS
javascript:void(0)
FORMAS DE COMPOSIÇÃO, DETERMINADAS PELA
DIVERSIDADE DE GÊNEROS E PELA SITUAÇÃO DE
PRODUÇÃO, SEJA NO QUE SE REFERE AOS ESTILOS
ADOTADOS, COM FORTE IMPACTO NOS EFEITOS DE
SENTIDO.
(BRASIL, 2018, p. 80)
(META)COGNITIVAS
Conhecimento que um indivíduo tem acerca dos próprios processos cognitivos (mentais),
sendo capaz de refletir ou entender sobre o estado da sua própria mente (pensamento,
compreensão e aprendizado).
Isso quer dizer que dominar o sistema de escrita do português do Brasil não é uma tarefa tão
simples. A BNCC apresenta esse processo como a “construção de habilidades e capacidades
de análise e de transcodificação linguística” (BRASIL, 2018), pois tratamos de uma língua que
apresenta variedades de fala regionais e sociais. Não lidamos com uma língua que apresenta
fonemas neutralizados e desconectados de sua vida na língua falada local.
De certa maneira, é o alfabeto que promove essa neutralização das variações na escrita. Por
isso, alfabetizar está relacionado com o trabalho de apropriação pelo estudante da ortografia
do português do Brasil escrito. É preciso compreender como esse longo processo de
construção dos conhecimentos acerca do funcionamento fonológico da língua se dá no
processo de aprendizagem do estudante (BRASIL, 2018).
TRANSCODIFICAÇÃO LINGUÍSTICA
javascript:void(0)
A transcodificação linguística pode ser entendida, no contexto da BNCC, a partir da
relação entre sons e letras, entre oralidade e escrita, estando relacionada com o modo
pelo qual se dá o reconhecimento dos sons, a forma como se separam, juntam-se em
novas palavras e como são registrados por meio da escrita. Ao focalizar a alfabetização a
partir da transposição linguística, a BNCC tem sido criticada por autores que veem no
documento um reducionismo da alfabetização a aspectos fonológicos apenas.
Para isso, é preciso conhecer a forma como a escrita alfabética funciona na prática da leitura e
da escrita. Isso implica perceber as relações bastante complexas estabelecidas entre os sons
da fala (fonemas) e as letras da escrita (grafemas). Esse processo envolve a “consciência
fonológica da linguagem: perceber seus sons, como se separam e se juntam em novas
palavras” (BRASIL, 2018, p. 90).
Assim, conforme Oliveira (2005), os desvios ortográficos que toda criança apresenta em suas
escritas iniciais são sinais de que ela está construindo seu conhecimento sobre o que seja
escrever e, ao fazer isso, a criança relaciona diretamente o que ela fala com o que escreve.
Diante disso, podemos identificar que a língua falada está organizada em dois níveis:
NÍVEL HETEROGÊNEO
Corresponde à fala.
NÍVEL RELATIVAMENTE HOMOGÊNEO
Corresponde à língua como sistema ou estrutura.
javascript:void(0)
javascript:void(0)
Foto: Shutterstock.com
É por meio dos sons que a criança se guia nas suas primeiras produções escritas.
A fala é individual e heterogênea, a língua é coletiva e homogênea. Toda fala, ou ato de fala, é
única; ela tem um começo e um fim. Mas, a língua que permite esses atos de fala é constante.
No entanto, o português escrito padrão, como sistema alfabético de representação, liga-se aos
sons da língua, dispensando as diferenças de fala que não implicam diferença de sentido. A
criança, ao longo de seu processo de aprendizado da escrita, move-se de um sistema de
representação calcado na fala para um sistema de representação calcado na língua (OLIVEIRA,
2005, p. 29).
A natureza das hipóteses que a criança faz na construção de um sistema de escrita é a
natureza das relações que se estabelecem entre os sons e os grafemas da escrita ortográfica.
A vantagem de ter uma classificação dos problemas de escrita é exatamente a de poder
separar esses problemas segundo a sua natureza. Feito isso, torna-se muito mais eficaz
qualquer proposta de intervenção pedagógica.
A escrita ortográfica incorpora outras nuanças que a criança deverá superar ao longo de seu
processo de aprendizado, pois permitirá que a criança modifique suas ações à medida que
incorpora novos objetos e situações (OLIVEIRA, 2005).
RECURSOS TECNOLÓGICOS NO
APRENDIZADO DA ORTOGRAFIA E DA
LEITURA
Vamos, agora, tratar da utilização de softwares de edição de textos, de desenhos, imagens e
áudiospara produzir textos com o uso correto dos sinais de pontuação ou desenvolver a leitura
a partir da pontuação do texto escrito.
As mídias digitais podem estabelecer uma relação significativa de aprendizado da escrita
ortográfica e da pontuação. A BNCC reconhece que a compreensão e o uso das tecnologias
digitais podem contribuir para o processo de alfabetização e de letramento, desde que esse
processo aconteça de “forma crítica, significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas
sociais” (BRASIL, 2018, p. 63).
A BNCC menciona o trabalho com as ferramentas digitais para desenvolvimento das
habilidades relacionadas com a escrita e a leitura, contribuindo para a produção de efeitos de
sentidos ligados a elementos e recursos não só linguísticos, mas também semióticos (BRASIL,
2018, p. 71).
Em nosso caso, podemos trabalhar com as estruturas silábicas da escrita ortográfica e as
regras de pontuação estabelecidas como convenções da Língua Portuguesa do Brasil e que já
são conhecidas pelas crianças, como:
javascript:void(0)
SEMIÓTICOS
Recursos de linguagens diversas, como aquelas que utilizam desenhos, fotografias,
ícones, pinturas, gráficos etc.
Imagem: Shutterstock.com
O uso de letras maiúsculas e minúsculas.
Imagem: Shutterstock.com
A segmentação convencional de palavras.
Imagem: Shutterstock.com
O uso de pontuações (ponto final, ponto de interrogação, ponto de exclamação, vírgula, ponto e
vírgula, dois-pontos).
Esse trabalho pode ser realizado não apenas com o uso do corretor ortográfico de um editor de
texto em atividades nas quais as crianças digitam e corrigem palavras, frases e pequenos
textos.
É possível realizar um trabalho em textos do gênero história em quadrinhos (HQ), abordando as
possíveis dificuldades de expressão oral dos sentidos trazidos por textos escritos nesse
gênero, decorrentes da falta de sistematização dos conhecimentos prévios ou das
especificidades do gênero a ser trabalhado.
 DICA
Para a produção desse trabalho, sugerimos a utilização de softwares de edição de texto e de
áudio para a criação de textos escritos e orais. Para os textos escritos, a sugestão é usar um
editor de texto como o Word, por ser versátil e popular.
Imagem: Shutterstock.com
O editor de texto pode ser usado para:
Melhorar a habilidade leitora e escritora.
Aumentar a capacidade de repertório, fluência e precisão na leitura e escrita.
Auxiliar na compreensão e realização de conexões com o objeto de ensino.
Permitir a criação de uma história em quadrinhos.
TRABALHANDO COM CRIAÇÃO DE HISTÓRIA EM
QUADRINHOS
Nossa história em quadrinhos pode retomar o contexto da atividade escolar enunciativa que
apresentamos no Módulo 1. Assim, proporíamos a criação de uma história em quadrinhos
sobre os “habitantes do jardim da minha casa” (ou da minha escola).
Para a melhor organização da execução da atividade, o educador poderá distribuir fichas com
as devidas orientações e mediar as crianças na exploração prática desse recurso,
estabelecendo um ambiente colaborativo.
Imagem: Shutterstock.com
Seguindo dessa maneira, o educador promoverá as reflexões sobre o processo de
ortografização dos nomes (próprios) das personagens e dos nomes comuns, introduzindo a
regra da utilização das letras maiúsculas e minúsculas.
Posteriormente, introduzirá o conceito do gênero textual – história em quadrinhos – chamando
a atenção para as características desse texto. Em seguida, o professor estabelecerá o
processo do ensino da pontuação, ampliando, assim, os mecanismos da alfabetização, mas,
sobretudo, proporcionando uma aprendizagem prazerosa e significativa.
ORTOGRAFIZAÇÃO
Trata-se de um processo complementar, que busca a fixação das regras da língua escrita,
principalmente do modo como os itens lexicais são expressos por meio das letras do
alfabeto. Portanto, a ortografização representa a apropriação do nosso sistema
ortográfico da Língua Portuguesa
javascript:void(0)
TRABALHANDO COM PODCAST
Ainda na intencionalidade de produzir sentido na produção textual escrita e oral, sugerimos a
utilização do recurso digital de gravação de áudio para produção de um podcast.
O recurso que possibilita o podcast funciona como um gravador digital por meio do qual se
pode gravar a fala. Posteriormente, após ouvir o que foi gravado, pode ser criado o podcast
com a utilização do software livre e gratuito Audacity. Esse programa permite editar o áudio
gravado e mixar vozes e músicas, além de ser interativo e bem intuitivo.
O arquivo das produções dos estudantes poderá ser baixado no computador ou no aparelho de
celular, facilitando a interatividade escolar e familiar.
Imagem: Shutterstock.com
Esse trabalho educativo pode valorizar a criatividade, a oralidade, a escuta ativa e a percepção
do ambiente, desenvolvendo habilidades cognitivas que contribuem para o processo de
alfabetização da criança. Essa é uma forma de dar voz às crianças e permitir que elas sejam
protagonistas em uma aprendizagem mais ativa e efetiva.
Foto: Shutterstock.com
 ATENÇÃO
Lembre-se de que os aplicativos de gravação de voz dos celulares é um recurso bastante
acessível e que pode facilitar esse tipo de atividade. Além de haver diferentes aplicativos e
recursos que permitem a produção de um podcast, também há recursos que permitem o
armazenamento e o compartilhamento dos arquivos gerados na gravação dos podcasts.
A partir de Garofalo (2019), propomos a seguinte sequência didática para a criação do podcast:
Escolher um tema para o podcast.
Definir os alunos participantes do podcast.
Criar o roteiro para abordar o tema do podcast.
Realizar um ensaio para a gravação.
Realizar a gravação em um ambiente com pouco ruído.
Editar o podcast.
Publicar o podcast.
Também é possível desenvolver a integração das atividades. Pode-se gravar um podcast que
produza a narração da história em quadrinhos da outra atividade. Esse trabalho deve ser
realizado promovendo a reflexão sobre os mecanismos da pontuação para a noção de sentido
da leitura do texto escrito.
Essas atividades, entre outras, podem contribuir para os alunos estabelecerem relação entre
letras e sons, perceberem a ortografia das palavras e desenvolverem práticas de leitura e de
escrita.
Conforme nos lembra Soares (2003), as atividades promovem a entrada da criança no mundo
da escrita e da leitura integrando:
A aquisição do sistema convencional de escrita – a alfabetização.
O desenvolvimento de habilidades de uso desse sistema nas práticas sociais que
envolvem a língua escrita – o letramento.
 ATENÇÃO
As mídias digitais e suas tecnologias, de certa maneira, desenvolvem a autonomia nos
estudantes; todavia, utilizar tais ferramentas e procedimentos digitais por si só não é garantia
da aprendizagem.
Considerando a natureza e a utilização das tecnologias digitais no contexto da alfabetização,
desde uma perspectiva histórica do processo de aprendizagem da escrita e da leitura,
Teberosky afirma que podemos chegar a duas conclusões.
A primeira conclusão é de que a escrita é uma tecnologia que se manifesta através de
diferentes instrumentos técnicos.
A segunda conclusão é de que a tecnologia eletrônica requer capacidades cada vez maiores de
leitura e escrita (TEBEROSKY, 2004, p. 154).
Diante disso, as metodologias de alfabetização e letramento devem promover a inserção da
criança em um processo de aprendizagem que dê conta das diferentes manifestações da
linguagem em uma sociedade tecnológica. 
ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E RECURSOS
TECNOLÓGICOS
Já temos visto que a entrada da criança no mundo da escrita ocorre simultaneamente pelos
processos de alfabetização e de letramento. Não são processos independentes, mas
interdependentes, e indissociáveis: a alfabetização é desenvolvida no contexto de e por meio
de práticas sociais de leitura e de escrita. Essas práticas sociais de leitura e de escrita
correspondem ao letramento que, por sua vez, só se pode desenvolver no contexto da e por
meio da aprendizagem das relaçõesfonema-grafema, isto é, em dependência da alfabetização
(SOARES, 2005, p.14).
Trabalhar com os meios tecnológicos na educação parece-nos atraente, porém, além de
educadores e estudantes aprenderem a utilizar os meios tecnológicos na educação, é
necessário pensar essa tecnologia para a busca reflexiva do sistema da leitura e escrita. 
Precisamos refletir sobre utilização na mediação tecnológica no ensino e em como o estudante
é desafiado nas atividades propostas. Isso significa não transitar somente pelo entretenimento
proporcionado por alguns recursos e pelo contexto tecnológico, mas traçar um planejamento
com intencionalidade, agregado ao projeto político pedagógico da escola.
As práticas da análise da linguagem devem promover reflexões que permitam aos estudantes
ampliarem suas capacidades de uso da língua e de outras linguagens (em leitura e em
produção textual), em práticas situadas de linguagem.
Foto: Shutterstock.com
Para tanto, é necessário contemplar o trabalho com textos e produções multissemióticas nos
diferentes campos de atuação considerados. Devemos explorar as diferentes linguagens e
trabalhar com diversos recursos digitais, sobretudo editores de textos, de áudios, de vídeos e
de fotos.
Precisamos levar em conta as práticas colaborativas, de curadoria de conteúdo, de integração
de linguagens diferentes. Ainda devemos garantir que a dimensão ética, estética e política
perpasse os processos de produção. Além disso, é fundamental considerar tanto os processos
de compreensão e análise desses textos multissemióticos quanto de produção, de maneira a
assegurar que as crianças tenham voz e interação significativas.
No processo de alfabetização e letramento, as crianças devem ter a oportunidade de
experimentar por meio da linguagem diversos papéis sociais. Devem ser introduzidas em
processos educativos que permitam “mobilizar práticas da cultura digital, diferentes
linguagens, mídias e ferramentas digitais para expandir as formas de produzir sentidos (nos
processos de compreensão e produção), aprender e refletir sobre o mundo e realizar diferentes
projetos autorais” (BRASIL, 2017, p. 85).
 RESUMINDO
Alfabetizar é trabalhar com a apropriação pela criança da ortografia da Língua Portuguesa,
compreendendo como ocorre esse longo processo de construção de um conjunto de
conhecimentos sobre o funcionamento fonológico da língua pela criança.
A apropriação das linguagens multissemióticas aliadas às ferramentas digitais proporcionará
maior significado no ensino da pontuação e da ortografia às crianças em fase de alfabetização.
RECURSOS TECNOLÓGICOS EM ATIVIDADES
DE LEITURA E DE ESCRITA
Assista ao vídeo abaixo com a professora Rita Spíndola destacando algumas possibilidades de
atividades, inclusive com o uso de recursos tecnológicos.
VERIFICANDO O APRENDIZADO
1. CONFORME APRESENTADO NO TEXTO DA BNCC, ASSINALE A
ALTERNATIVA QUE MELHOR COMPLETA A FRASE:
APROPRIAR-SE DO SISTEMA DE ESCRITA DO PORTUGUÊS DO BRASIL É
________________.
A) uma tarefa simples que deve ser desenvolvida exclusivamente a partir da língua culta.
B) tratar de um processo de construção de habilidades e capacidades de análise e de
transcodificação linguística.
C) desenvolver métodos que tratem de uma língua sem variedades de fala regionais e sociais.
D) abordar a estrutura da língua e tratar os seus fonemas como neutralizados.
E) despir-se da língua falada local porque essa língua impede a alfabetização e o letramento.
2. ANALISE AS AFIRMATIVAS A SEGUIR.
I - A UTILIZAÇÃO DE SOFTWARES DE EDIÇÃO DE TEXTO E DE ÁUDIO PARA A
CRIAÇÃO DE TEXTOS ORAIS E ESCRITOS PODE DESENVOLVER HABILIDADES
LEITORAS E ESCRITORAS.
II – PRÁTICAS COLABORATIVAS DE APRENDIZAGEM PODEM SER
DESENVOLVIDAS EM ATIVIDADES DE LEITURA E PRODUÇÃO DE TEXTOS
REALIZADAS EM GRUPOS E A PARTIR DE RECURSOS TECNOLÓGICOS.
III – OS RISCOS DA TECNOLOGIA E AS CARACTERÍSTICAS DO TEXTO DIGITAL
IMPEDEM OU IMPOSSIBILITAM A REALIZAM DE ATIVIDADES PEDAGÓGICAS
QUE ENVOLVAM O APRENDIZADO DA LEITURA E DA ESCRITA.
ESTÁ CORRETO APENAS O QUE SE AFIRMA EM:
A) I
B) II
C) III
D) I e II
E) II e III
GABARITO
1. Conforme apresentado no texto da BNCC, assinale a alternativa que melhor
completa a frase:
Apropriar-se do sistema de escrita do português do Brasil é ________________.
A alternativa "B " está correta.
A escrita do português do Brasil não é dominada pela criança de uma forma tão simples, pois
implica um processo no qual é preciso realizar a análise linguística e lidar com a decodificação,
a partir de um contexto de variedades no uso da língua falada. A ortografia é que vai
estabelecer a regularidade ou o padrão dessa codificação, definindo a escrita considerada
“correta”.
2. Analise as afirmativas a seguir.
I - A utilização de softwares de edição de texto e de áudio para a criação de
textos orais e escritos pode desenvolver habilidades leitoras e escritoras.
II – Práticas colaborativas de aprendizagem podem ser desenvolvidas em
atividades de leitura e produção de textos realizadas em grupos e a partir de
recursos tecnológicos.
III – Os riscos da tecnologia e as características do texto digital impedem ou
impossibilitam a realizam de atividades pedagógicas que envolvam o
aprendizado da leitura e da escrita.
Está correto apenas o que se afirma em:
A alternativa "D " está correta.
A utilização de softwares de edição de texto e de áudio para a criação de textos escritos e orais
pode desenvolver a habilidade leitora e escritora das crianças em processo de alfabetização e
de letramento, pois aproxima a atividade de leitura e escrita das situações reais de
comunicação e interação em um mundo interconectado digitalmente. Além disso, esse tipo de
atividade pode contribuir para a fluência digital aliada ao aprendizado da escrita e da leitura.
CONCLUSÃO
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Neste conteúdo, refletimos sobre as práticas de linguagem (oral, escrita, leitura e análise
linguística e semiótica) estabelecidas na Base Nacional Comum Curricular (BNCC).
Estudamos os conceitos de alfabetização e letramentos, acompanhamos a importância dos
projetos enunciativos como veículos para o ensino de diferentes gêneros textuais implicados
nas produções de textos que darão significados ao processo de alfabetização das crianças.
Também aprendemos que a prática da linguagem oral promoverá discussões intencionais para
a construção comunicativa da criança em processo de alfabetização, pois estimulará a
interação das crianças com a diversidade de gêneros textuais. Para isso, a construção de um
ambiente letrado pode ajudar os estudantes na produção de sentidos linguísticos cada vez
mais complexos.
Finalmente, refletimos sobre ortografização e o quanto esse processo está imbricado com as
ideias de alfabetização, apresentando também algumas possibilidades de se trabalhar com a
leitura, a escrita e a produção oral por meio de recursos das novas tecnologias.
AVALIAÇÃO DO TEMA:
REFERÊNCIAS
BAKHTIN, M. Os gêneros do discurso. Organização, tradução, posfácio e notas de Paulo
Bezerra; notas da edição russa Serguei Botcharov. São Paulo: Editora 34, 2016.
BRASIL. Base Nacional Comum Curricular. Brasília, DF: Ministério da Educação, 2018.
CAFIERO, D. Leitura como processo: caderno do professor. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG,
2005. (Coleção Alfabetização e Letramento).
GAROFALO, D. Chegou a hora de inserir o podcast na sua aula. Revista Nova Escola, 2019.
GERALDI, J. W. Portos de Passagem. 3. ed. São Paulo: Martins Fontes, 1995.
KAUFMAN, A.; LERNER, D. Documento transversal 1: la alfabetización inicial. Buenos Aires:
Ministerio de Educación de la Nación, 2015.
KLEIMAN, A. B. et al. Projetos de letramento no ensino médio. In: BUNZEN, C. MENDONÇA, M.
(orgs.). Múltiplas Linguagens para o ensino médio. São Paulo: Parábola Editorial, 2013.
KOCK, I. V.; ELIAS, V. M. Ler e escrever: estratégias de produção textual. 2. ed. São Paulo:
Contexto, 2018.
OLIVEIRA, M. A. Conhecimento linguístico e apropriação do sistema de escrita:caderno do
formador. Belo Horizonte: Ceale/FaE/UFMG, 2005. Coleção Alfabetização e Letramento.
SOARES, M. Alfabetização e letramento: caderno do professor. Belo Horizonte:
Ceale/FaE/UFMG, 2005. Coleção Alfabetização e Letramento.
SOARES, M. Letramento e escolarização. In: RIBEIRO, V. M. (org.). Letramento no Brasil. São
Paulo: Global, 2003.
TEBEROSKY, A. Alfabetização e tecnologia da informação e da comunicação (TIC). In:
TEBEROSKY, A.; GALLART, M. S. (orgs.). Contextos de alfabetização inicial. Porto Alegre:
Artmed, 2004.
EXPLORE+
Para saber mais sobre os assuntos explorados neste conteúdo:
Leia:
Os textos da Coleção Alfabetização e letramento, desenvolvida pelos pesquisadores do
Centro de Alfabetização, Leitura e Escrita (Ceale) da Faculdade de Educação da UFMG. Os
volumes da coleção são disponibilizados no site do Ceale.
O artigo As práticas de linguagem contemporâneas e a BNCC, de Jacqueline Barbosa,
publicado no site Escrevendo o Futuro.
Assista aos seguintes vídeos disponíveis no YouTube:
Alfabetização e letramento, com Magda Soares, produzido e disponibilizado pela Alfaletrar
Cenpec.
A escola e as práticas de linguagem contemporânea, com Jacqueline Barbosa,
disponibilizado pela OlimpíadaLP Centec.
CONTEUDISTA
Rita de Cássia Souza Spíndola
Í
 CURRÍCULO LATTES
javascript:void(0);

Continue navegando