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CUIDADOS FARMACÊUTICOS E PRESCRIÇÃO PROF.A MA. DANIELLY CHIERRITO Reitor: Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira Pró-reitor: Prof. Me. Ney Stival Gestão Educacional: Prof.a Ma. Daniela Ferreira Correa PRODUÇÃO DE MATERIAIS Diagramação: Alan Michel Bariani Thiago Bruno Peraro Revisão Textual: Felipe Veiga da Fonseca Letícia Toniete Izeppe Bisconcim Luana Ramos Rocha Produção Audiovisual: Eudes Wilter Pitta Paião Márcio Alexandre Júnior Lara Marcus Vinicius Pellegrini Osmar da Conceição Calisto Gestão de Produção: Kamila Ayumi Costa Yoshimura Fotos: Shutterstock © Direitos reservados à UNINGÁ - Reprodução Proibida. - Rodovia PR 317 (Av. Morangueira), n° 6114 Prezado (a) Acadêmico (a), bem-vindo (a) à UNINGÁ – Centro Universitário Ingá. Primeiramente, deixo uma frase de Só- crates para reflexão: “a vida sem desafios não vale a pena ser vivida.” Cada um de nós tem uma grande res- ponsabilidade sobre as escolhas que fazemos, e essas nos guiarão por toda a vida acadêmica e profissional, refletindo diretamente em nossa vida pessoal e em nossas relações com a socie- dade. Hoje em dia, essa sociedade é exigente e busca por tecnologia, informação e conheci- mento advindos de profissionais que possuam novas habilidades para liderança e sobrevivên- cia no mercado de trabalho. De fato, a tecnologia e a comunicação têm nos aproximado cada vez mais de pessoas, diminuindo distâncias, rompendo fronteiras e nos proporcionando momentos inesquecíveis. Assim, a UNINGÁ se dispõe, através do Ensino a Distância, a proporcionar um ensino de quali- dade, capaz de formar cidadãos integrantes de uma sociedade justa, preparados para o mer- cado de trabalho, como planejadores e líderes atuantes. Que esta nova caminhada lhes traga muita experiência, conhecimento e sucesso. Prof. Me. Ricardo Benedito de Oliveira REITOR 33WWW.UNINGA.BR UNIDADE 01 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ..............................................................................................................................................................5 1. CONCEITUAÇÃO DE CUIDADO FARMACÊUTICO ............................................................................................... 6 2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CUIDADO FARMACÊUTICO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA .. 6 2.1 O PACIENTE COMO FOCO DO CUIDADO FARMACÊUTICO .............................................................................. 6 2.2 A IMPORTÂNCIA DO CUIDADO FARMACÊUTICO PARA A QUALIDADE DE VIDA DO PACIENTE ................ 7 2.3 AS RESPONSABILIDADES DO FARMACÊUTICO NO CUIDADO FARMACÊUTICO ......................................... 8 3. O PROCESSO DO CUIDADO FARMACÊUTICO ...................................................................................................10 3.1 ACOLHIMENTO DO PACIENTE, COLETA E ORGANIZAÇÃO DE DADOS .......................................................... 11 3.2 AVALIAÇÃO E IDENTIFICAÇÃO DE PROBLEMAS RELACIONADOS À FARMACOTERAPIA ..........................12 3.3 DELINEAMENTO DE UM PLANO DE CUIDADO ...............................................................................................13 PRINCÍPIOS E PROCESSOS DO CUIDADO FARMACÊUTICO PROF.A MA. DANIELLY CHIERRITO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CUIDADOS FARMACÊUTICOS E PRESCRIÇÃO 4WWW.UNINGA.BR 3.4 SEGUIMENTO INDIVIDUAL DO PACIENTE .......................................................................................................14 3.5 MODELO DE CONSULTA FARMACÊUTICA ........................................................................................................16 3.6 OUTROS MÉTODOS DE ATENÇÃO FARMACÊUTICA ........................................................................................ 17 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................................................................... 20 5WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O Sistema Único de Saúde (SUS) possibilita o acesso universal ao sistema público, envolvendo a atenção básica, média e alta complexidade, serviços de urgência e emergência, atenção hospitalar, ações e serviços das vigilâncias epidemiológica, sanitária e ambiental, e assistência farmacêutica, com foco na prevenção e promoção da saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2018). Neste contexto, uma ação e serviço de saúde é a integração da Assistência Farmacêutica (AF) nas Redes de Atenção à Saúde (RAS), com o intuito de aumentar o acesso da população aos medicamentos. No Brasil, a Política Nacional de Medicamentos foi responsável pela inclusão da AF no campo das Políticas Públicas, com a � nalidade de garantir a qualidade, e� cácia, segurança e uso racional dos medicamentos, assim como o acesso aos considerados essenciais (BRASIL, 1998; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). Para isso, o sistema desa� a os gestores, pro� ssionais e demais trabalhadores da saúde a garantirem a integralidade do cuidado ao paciente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). Assim, o objetivo desta Unidade é fornecer uma visão ampla e especí� ca dos princípios e processos do cuidado farmacêutico, abordando conceitos necessários para melhor compreensão do assunto, sua importância para saúde pública e etapas do processo deste serviço. 6WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 1. CONCEITUAÇÃO DE CUIDADO FARMACÊUTICO Segundo o Ministério da Saúde (2014a, p. 61), o cuidado farmacêutico é de� nido como: Ação integrada do farmacêutico com a equipe de saúde, centrada no paciente, para promoção, proteção e recuperação da saúde e prevenção de agravos. Visa à educação em saúde e à promoção do uso racional de medicamentos prescritos e não prescritos, de terapias alternativas e complementares, por meio dos serviços da clínica farmacêutica e das atividades técnico-pedagógicas voltadas ao indivíduo, à família, à comunidade e à equipe de saúde. Outra conceituação interessante de� ne o cuidado farmacêutico na atenção básica, especialmente no Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF), como: ações que envolvem as duas dimensões do apoio matricial: a clínico-assistencial e a técnico-pedagógica. A primeira refere-se ao cuidado farmacêutico e às ações clínicas diretas aos pacientes, de forma individual ou compartilhada. Já a segunda se refere às ações que atendam, mais diretamente, às necessidades das equipes envolvidas no cuidado, por meio de educação permanente e de outras ações compartilhadas. A aposta, então, é que o farmacêutico possa quali� car a atenção integral aos pacientes a partir da sua prática clínica, e também potencializar ações realizadas pelos demais pro� ssionais no que se refere ao uso racional de medicamentos, seja no âmbito da promoção, da prevenção ou da reabilitação em saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a, p. 14). 2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CUIDADO FARMACÊUTICO E A SUA IMPORTÂNCIA PARA A SAÚDE PÚBLICA 2.1 O Paciente Como Foco do Cuidado Farmacêutico De acordo com Gomes et al. (2007, p. 14), a Atenção Farmacêutica (AF) é de� nida como: uma atividade clínica, com foco central de ação no paciente, que se estrutura em ações técnico-assistenciais e ações técnico-gerenciais. Sua ação integrada com as outras práticas da atenção à saúde contribuem decisivamente para a melhoria da qualidade desta atenção e tendo o paciente como referencial reelabora as suas estratégias e métodos de trabalho. Conforme o exposto, a AF não é centrada no medicamento, e sim, no paciente. Além disso, os pesquisadores a� rmam que a função principal da AF envolve propostas educativas que auxiliam o paciente compreender a sua condição de saúde e o quanto é importante o uso racional dos medicamentos e o cumprimento do plano de cuidado elaborado pelo farmacêutico. Assim, a AF envolve o autocuidado do paciente e o acompanhamento dos resultados do tratamento medicamentoso (GOMES et al., 2007).7WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA 2.2 A Importância do Cuidado Farmacêutico Para a Quali- dade de Vida do Paciente A importância e impacto do cuidado farmacêutico para a qualidade de vida do paciente tem sido avaliada cienti� camente. Estudos controlados demonstram que intervenções planejadas e realizadas podem resultar em melhoria das condições de saúde. O tratamento farmacoterapêutico foi determinado conforme as características da população de cada estudo, os quais foram conduzidos com diferentes grupos de pacientes, variando faixa etária, diagnóstico de doenças e comorbidades, como hipertensão arterial, diabetes mellitus tipo 2, síndrome metabólica e alto risco coronariano (ANDRADE; PELÁ, 2005; CASTRO et al., 2006; CORRER et al., 2009; AMARANTE et al., 2010; BORGES et al., 2010; PLASTER, et al., 2012). Os pesquisadores supracitados relataram: a) Melhor controle da pressão arterial. b) Redução dos níveis glicêmicos (glicemia de jejum, glicemia pós-prandial e hemoglobina glicosilada). c) Redução do risco de doença arterial coronariana. d) Aumento da adesão ao tratamento medicamentoso. e) Melhoria da qualidade de vida relacionada à saúde. f) Satisfação dos pacientes com o serviço prestado. O Ministério da Saúde (2014a) divulgou estratégias de intervenção farmacêutica, de acordo com a literatura encontrada, que podem resultar em efeitos bené� cos na qualidade de vida dos pacientes e para o sistema de saúde, as quais estão expostas no Quadro 1. Quadro 1a - Exemplos de estratégias de intervenção farmacêutica. Fonte: Ministério da Saúde (2014a, p. 73-74). 8WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Quadro 1b - Exemplos de estratégias de intervenção farmacêutica. Fonte: Ministério da Saúde (2014a, p. 73-74). 2.3 As responsabilidades do Farmacêutico no Cuidado Far- macêutico Na Assistência Básica à Saúde (ABS), os serviços farmacêuticos devem estar de acordo com a Política Nacional de Assistência Farmacêutica, os quais são aplicados no SUS, e considerados como: conjunto de ações no sistema de saúde, que buscam garantir uma atenção integral, coordenada, contínua, segura e efetiva às necessidades e aos problemas de saúde dos pacientes, das famílias e da comunidade (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a, p. 55). Estes serviços podem ser organizados conforme � uxograma a seguir (Figura 1) (ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE LA SALUD, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). Figura 1 - Serviços de Assistência Farmacêutica nas redes de Atenção à Saúde. Fonte: adaptado de Ministério da Saúde (2014a, p. 56). 9WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA O cuidado farmacêutico envolve atividades educativas permanentes com a � nalidade do paciente compreender seu quadro clínico e a importância do cumprimento das intervenções de� nidas em seu plano de cuidado, visando a promoção da saúde. Além disso, promove o uso racional de medicamentos por meio de atividades técnico pedagógicas e assistenciais (praticadas em pontos de atenção), e auxilia na avaliação dos resultados do tratamento realizado (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). As atividades técnico-pedagógicas estão vinculadas à família, comunidade e gestão do conhecimento da equipe de saúde, com o objetivo de favorecer o acesso a informações sobre uso racional de medicamentos. Para esta � nalidade, foram consideradas a formação de círculos de qualidade, por meio dos Comitês de Uso Racional de Medicamentos (CURAMES), e a realização de atividades de divulgação de dados cientí� cos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). O Comitê Nacional para a Promoção do Uso Racional de Medicamentos foi instituído pelo Ministério da Saúde pela Portaria n°834, de 14 de maio de 2013 (BRASIL, 2013). Suas ações são realizadas no âmbito da Secretaria, macrorregiões e Unidades Municipais de Saúde, distritos sanitários e equipes de saúde locais, como (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a): a) Conhecer e monitorar o per� l de utilização de medicamentos e o nível de adesão dos pacientes ao tratamento. b) Propor intervenções para resolver casos de uso inadequado de medicamentos. c) Atuar, em caráter consultivo, de forma integrada a outros comitês, comissões e grupos de trabalho existentes, assim como promover a integração e a articulação entre órgãos e entidades de competências relacionadas à promoção do uso racional de medicamentos. d) Sugerir e desenvolver atividades de capacitação de pro� ssionais de saúde e eventos de caráter técnico-cientí� co, o que inclui iniciativas de pesquisas e desenvolvimento. e) Estimular e facilitar a articulação e o trabalho colaborativo das equipes. f) Contribuir para a ampliação e a quali� cação do acesso no município, a medicamentos de qualidade, seguros e� cazes. g) Propor o aprimoramento de marco regulatório e de vigilância de medicamentos e de serviços farmacêuticos no âmbito do município. h) Elaborar documentos técnicos e informativos para divulgação ao público interno e externo à Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba. Em relação a divulgação de dados cientí� cos sobre os medicamentos, esta pode ser realizada pelo farmacêutico e outros pro� ssionais da saúde, por meio de discussão de casos, atendimento conjunto, o� cinas, reuniões com as equipes de ABS e outros, o que contribui para a aproximação do farmacêutico e prescritor, e melhora os serviços clínicos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). 10WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Por sua vez, os serviços de clínica farmacêutica, incluídos nas atividades assistenciais, podem ser desenvolvidos individual e/ou coletivamente, em atendimentos com outros membros da equipe de saúde, e estão vinculados às responsabilidades do farmacêutico diretamente relacionadas ao paciente (CORRER; OTUKI; SOLER, 2011b; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). O caderno de serviços farmacêuticos na ABS, disponibilizado pelo Ministério da Saúde (2014a, p. 71-72), lista como metas deste serviço: a) Orientação integral do usuário, direcionada ao acesso aos medicamentos de que necessita, tanto no âmbito da ABS como nos componentes estratégico e especializado da assistência farmacêutica e da farmácia popular; b) Educação do paciente sobre seus medicamentos e problemas de saúde, de modo a aumentar sua autonomia sobre o tratamento e a promover o autocuidado apoiado; c) Promoção da adesão do paciente aos medicamentos, por meio da orientação terapêutica, da redução da complexidade do tratamento e da provisão de recursos que apoiem a utilização de medicamentos; d) Otimização da farmacoterapia, por meio da revisão da polimedicação e, quando possível, da redução da carga de comprimidos e do custo do tratamento; e) Avaliação da efetividade dos tratamentos e o ajuste da farmacoterapia, quando necessários, com o prescritor e a equipe de saúde; f) Identi� cação, a prevenção e o manejo de erros de medicação, interações medicamentosas, reações adversas e riscos associados aos medicamentos; g) Educação do paciente para a guarda e a destinação adequada dos medicamentos vencidos e demais resíduos de saúde ligados ao tratamento. Além disso, o farmacêutico está envolvido nas atividades de seleção, programação, aquisição, armazenamento e distribuição dos medicamentos nas unidades. O estudo e acompanhamento do uso dos medicamentos são realizados por meio da farmacoepidemiologia, farmacovigilância e gestão, os quais também estão relacionadas as atividades de organização e controle de serviços farmacêuticos mais e� cazes e e� cientes (SOLER, 2010; ORGANIZAÇÃO PANAMERICANA DE LA SALUD, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). Desta forma, o pro� ssional farmacêutico deve atuar efetivamente na equipe de saúde, sendo necessário aprimoramento e atualização de seus conhecimentos sobre as doenças e comorbidades, característicasdos medicamentos utilizados e implicações na adesão, hábitos e comportamentos no estilo de vida dos pacientes (GOMES, 2007). 3. O PROCESSO DO CUIDADO FARMACÊUTICO Diante do exposto nos tópicos anteriores, para realizar as atividades propostas e alcançar os objetivos esperados, o farmacêutico deve desenvolver o processo do cuidado ao paciente, o qual é composto por uma sequência de etapas conhecida como método clínico (Figura 2). O farmacêutico é responsável por conduzir consultas, as quais podem ser em consultório ou domicílio, e de forma individual ou em conjunto com outros pro� ssionais da saúde. 11WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Este método utiliza ferramentas e ações disponibilizadas por pesquisadores e pro� ssionais de vários países, sendo derivado do método proposto por Weed e colaboradores, em 1964 e 1968 (CORRER; OTUKI, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). As etapas são: 1) Coleta e organização dos dados do paciente. 2) Avaliação e identi� cação de problemas relacionados à farmacoterapia. 3) Elaboração de um plano de cuidado com o paciente. 4) Seguimento individual do paciente. Figura 2 - Etapas do método clínico. Fonte: Ministério da Saúde (2014a) - reproduzido de Correr e Otuki (2013). 3.1 Acolhimento do Paciente, Coleta e Organização de Dados A primeira etapa do processo do cuidado farmacêutico é o acolhimento do paciente, coleta e organização dos dados para de� nir uma intervenção completa. O farmacêutico deve cumprimentar, apresentar-se ao paciente, e explicar os objetivos e estrutura da consulta. 12WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A coleta de dados é realizada por meio de anamnese farmacológica, com informações relatadas pelo próprio paciente (principal fonte), familiares, pessoas próximas e outros pro� ssionais da saúde. É importante registrar o relato que o paciente faz sobre sua saúde, problemas médicos, tratamentos realizados e prescrições, exames clínicos e laboratoriais e documentos que fazem parte de seu prontuário clínico. Para isto, deve ser solicitado que o paciente leve os medicamentos que está em uso e documentos citados acima. O foco da entrevista clínica é o per� l do paciente, sua história clínica, medicação e adesão aos tratamentos. Com isto, o per� l farmacoterapêutico é determinado, incluindo os medicamentos prescritos, utilizados por automedicação, plantas medicinais, suplementos vitamínicos, vacinas, resultados obtidos com a medicação, histórico de reações adversas e alergias. Todos os dados coletados e organizados pelo farmacêutico devem compor uma “foto” do paciente, ou seja, seu estado situacional (CORRER; OTUKI 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a; 2014b). 3.2 Avaliação e Identificação de Problemas Relacionados à Farmacoterapia A segunda etapa do processo do cuidado farmacêutico é a avaliação e identi� cação de problemas relacionados à farmacoterapia, referida como o “coração” do método clínico. Estes problemas podem ocorrer em qualquer um dos processos da farmacoterapia, que são o processo de seleção, administração, biofarmacêutico, farmacocinético, farmacodinâmico e de avaliação dos resultados terapêuticos (Figura 3). Desta forma, os problemas relacionados à farmacoterapia podem ocorrer devido falhas na escolha, administração e/ou uso do medicamento pelo paciente; falta de acesso ao medicamento ou do acompanhamento correto de seu uso; desvios de qualidade dos produtos; interações medicamentosas; erros de dispensação; falha terapêutica e eventos adversos (CORRER; OTUKI, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). Figura 3 - De� nição dos seis processos da farmacoterapia. Fonte: Ministério da Saúde (2014b) - adaptado de Correr e Otuki (2013). 13WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Nesta etapa, o farmacêutico deve elaborar uma lista de problemas identi� cados, associados ao tratamento prescrito e expectativas do paciente, por meio de avaliação sistemática e raciocínio clínico, denominado revisão da farmacoterapia. Em conjunto com a etapa anterior, é realizado até este momento a avaliação inicial do paciente (CORRER; OTUKI, 2013). 3.3 Delineamento de um Plano de Cuidado A terceira etapa do processo do cuidado farmacêutico é o delineamento de um plano de cuidado, ou plano de intervenções, com o paciente. A � nalidade desta etapa é de� nir ações para resolver os problemas identi� cados na etapa anterior, controlar ou retirar fatores de risco da farmacoterapia e manter resultados positivos já observados (CORRER; OTUKI, 2013). Nesta etapa, são realizadas intervenções sugeridas pelo farmacêutico com o intuito de resolver ou evitar problemas clínicos. São elas (CORRER; OTUKI, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a, 2014b): a) Inclusão de intervenções farmacêuticas, como reorganização da terapêutica, fornecimento de materiais, atividades educativas e de aconselhamento ao paciente, além de encaminhamento a outros pro� ssionais, quando necessário. b) Os problemas identi� cados podem ser compartilhados com o médico ou à equipe Estratégia Saúde da Família (ESF) responsável pelo paciente. c) O farmacêutico pode escrever um parecer escrito ao médico prescritor, em casos de ajustes na farmacoterapia, composto por apresentação do paciente, motivo do encaminhamento, avaliação farmacêutica, fechamento, data, carimbo e assinatura (Figura 4). d) O farmacêutico pode entregar uma lista completa de medicamentos em uso com as respectivas recomendações para o paciente, ao � nal da consulta. e) A consulta farmacêutica deve ser declarada e registrada por meio de sistema de registro de dados SOAP, composto pelos seguintes dados: subjetivos (queixas dos pacientes e informações relatadas por eles e familiares), objetivos (dados de exames físicos e complementares), avaliação (conclusão sobre a situação do paciente) e plano (exames que podem ser solicitados, e orientações e recomendações necessárias). 14WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 4 - Componentes de um parecer farmacêutico. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 3.4 Seguimento Individual do Paciente A quarta etapa do processo do cuidado farmacêutico é o seguimento individual do paciente. Neste momento do ciclo do método clínico, o farmacêutico consegue acompanhar as mudanças de comportamento e estado do paciente, prescrição médica, exames clínicos e laboratoriais, durante as consultas de retorno. Um ponto crítico desta etapa, é a de� nição das datas entre uma consulta e outra, que deve considerar a farmacoterapia e não a doença. Para isso, deve ser considerado as orientações do Quadro 2 (CORRER; OTUKI, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). 15WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Quadro 2 - Orientações que devem ser consideradas em relação a marcação de retornos dos pacientes. Fonte: Mi- nistério da Saúde (2014a, p. 81-82). De acordo com as informações obtidas e complexidade do per� l farmacoterapêutico é de� nido o serviço de clínica farmacêutica, o qual in� uencia diretamente no atendimento realizado. Desta forma, o processo de cuidado farmacêutico resulta em mais benefícios aos pacientes com maior risco de danos relacionados aos medicamentos, como os expostos no Quadro 3 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). 16WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Quadro 3 - Exemplos de pacientes que mais se bene� ciam do cuidado farmacêutico. Fonte: Ministério da Saúde (2014a, p. 78). 3.5 Modelo de Consulta Farmacêutica Correr e Otuki (2013) disponibilizaram um modelo único de consulta farmacêutica (Tabela 1), que compreende as etapas descritas anteriormente, e pode ser aplicado a diferentesserviços farmacêuticos clínicos, de acordo com o objetivo da consulta. 17WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Tabela 1 - Método clínico farmacêutico aplicado a diferentes serviços farmacêuticos clínicos. Fonte: adaptado de Correr; Otuki (2013). 3.6 Outros métodos de atenção farmacêutica O método Dáder foi proposto pelo grupo de pesquisa em AF da Universidade de Granada, e é baseado nos problemas de saúde, medicamentos em uso e avaliação do estado situacional do paciente, sendo o processo construído por nove fases: (1) Oferta do serviço, (2) Primeira entrevista, (3) Estado de situação, (4) Fase de estudo, (5) Fase de avaliação, (6) Fase de intervenção, (7) Resultado da intervenção, (8) Novo estado de situação, e (9) Entrevistas sucessivas (HERNÁNDEZ; CASTRO; DÁDER, 2007; CORRER; OTUKI, 2013). 18WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA A primeira fase do método é realizada após seleção do paciente, para que o serviço seja oferecido. Caso o paciente aceite, deve marcar a entrevista inicial e solicitar que o paciente traga os medicamentos em uso, prescrições e exames. Na primeira entrevista, o farmacêutico deve perguntar sobre os problemas de saúde que mais preocupam o paciente, e associá-los aos medicamentos trazidos, solicitando informações sobre o uso de cada um deles. Também deve ser realizado uma revisão sistemática por órgãos e sistemas, com a � nalidade do paciente relatar medicamentos ou problemas de saúde ainda não ditos. Além disso, deve ser coletado informações pessoais e determinar como serão os próximos encontros. Considera estado de situação, o formulário onde serão resumidas todas as informações obtidas, é uma “foto” do paciente, que relaciona os problemas de saúde com os medicamentos. A fase de estudo consiste em uma revisão sobre os problemas de saúde e medicamentos, para que o pro� ssional possa avaliar cada medicamento em uso de acordo com sua necessidade, efetividade e segurança, e também se existem problemas de saúde não tratados. Neste contexto são identi� cados os Resultados Negativos da Medicação (RNMs), classi� cados em seis categorias (Quadro 4). Além disso, também devem ser identi� cados os Problemas Relacionados com Medicamentos (PRMs), para que seja elaborado um plano de ação para resolvê-los. Os PRMs são classi� cados em 7 categorias, conforme exposto no Quadro 5. Com isso, a fase de intervenção consiste em uma proposta de atuação sobre o tratamento e/ou sobre o paciente, a qual faz parte da história farmacoterapêutica do paciente, juntamente com o estado situacional e entrevista inicial. Todo o processo deve ser registrado, o qual deve ser considerado e compreendido pelo paciente e médico (COMITÉ DE CONSENSO, 2007; CORRER; OTUKI, 2013). Quadro 4 - Classifi cação de Resultados Negativos da Medicação. Fonte: Comité de Consenso (2007). Quadro 4 - Classi� cação de Resultados Negativos da Medicação. Fonte: Comité de Consenso (2007). Quadro 5 - Classi� cação dos Problemas Relacionados com Medicamentos. Fonte: Cipolle et al. (1998). O método Pharmacotherapy Workup foi desenvolvido por Cipolle e colaboradores (2004) e é baseado no raciocínio clínico desenvolvido pelo pro� ssional na identi� cação das necessidades e problemas relacionados à farmacoterapia do paciente, sendo o processo de AF constituído por três fases: (1) Avaliação, (2) Plano de cuidado e (3) Acompanhamento (CORRER; OTUKI, 2013). 19WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Na fase de avaliação, é realizado a coleta de dados sobre todos os medicamentos em uso, problemas de saúde, história de vacinações, hábitos de vida, dados clínicos e demográ� cos, por meio de entrevista clínica. Para obter informações adicionais é realizado uma revisão por sistemas e órgãos. Além disso, a experiência de medicação é investigada, o que envolve as expectativas, crenças e o comportamento do paciente em relação ao uso dos medicamentos. Por meio de avaliação sistemática da adesão, efetividade, segurança e indicação é possível identi� car os PRMs (Quadro 5). Após � nalização da primeira etapa, o pro� ssional farmacêutico deve elaborar um plano de cuidado com o objetivo de resolver os problemas identi� cados e prevenir o surgimento de novos, além de auxiliar o paciente atingir suas metas com o tratamento. A evolução do paciente deve ser acompanhada, de forma que seja possível detectar novos problemas e se de fato o plano de cuidado está sendo seguido. Todas as etapas devem ser registradas em formulários separados (CIPOLLE et al., 1998; CORRER; OTUKI, 2013). “A Classifi cação das Atividades da Prática Farmacêutica (PPAC) se iniciou com a Associação Americana de Farmacêuticos (APhA) com o objetivo de prover uma linguagem uniformizada, que, se usada de forma consistente, poderia permitir comparação de dados entre estudos científi cos. A PPAC pode contribuir para a construção de bancos de dados consistentes para determinações estatísticas so- bre as atividades farmacêuticas centradas no paciente” (SES-MG, 2010). “A atenção farmacêutica e os serviços farmacêuticos clínicos devem estar ade- quados às demandas dos pacientes da farmácia comunitária. O farmacêutico deve especializar sua consulta nos problemas comuns de sua região e nas so- licitações que normalmente são subtendidas no balcão da farmácia”. (CORRER; OTUKI, 2013, s.p.). Diante do exposto, nota-se que os fatores que devem elaborar o serviço clínico farmacêutico são o perfi l epidemiológico dos pacientes e suas necessidades relacionadas aos medicamentos. Para mais informações sobre Serviços Farmacêuticos na Atenção Básica de Saú- de, acesse o material do Ministério da Saúde: O Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica, publicado em 2014. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publi- cacoes/servicos_farmaceuticos_atencao_basica_saude.pdf>. 20WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 1 ENSINO A DISTÂNCIA Uma explicação interessante sobre o Acompanhamento Farmacoterapêutico pode ser vista no vídeo: [ACOMPANHAMENTO FARMACOTERAPÊUTICO]. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=Veurw6SdKc8 >. Acesso em: 29 jan. 2018. Este vídeo discorre sobre a importância do Acompanhamento Farmacoterapêuti- co, suas atividades e aplicações. 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Nesta unidade foram abordados conceitos necessários para a contextualização do assunto, de forma que auxilie no estudo e compreensão de cada etapa do processo do cuidado farmacêutico, assim como sua importância e impacto na qualidade de vida dos pacientes. 2121WWW.UNINGA.BR UNIDADE 02 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO .............................................................................................................................................................22 1. CONDIÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DOS SERVIÇOS DO CUIDADO FARMACÊUTICO......................................23 2. CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS FARMACÊUTICOS ..................................................................................23 2.1 COMUNICAÇÃO DO FARMACÊUTICO COM O PACIENTE E A EQUIPE DE SAÚDE ........................................23 2.2 IDENTIFICAÇÃO E AGENDAMENTO DE PACIENTES .......................................................................................24 2.3 MODELO DE CAPACITAÇÃO PARA O SERVIÇO DE CLÍNICA FARMACÊUTICA ..............................................25 3. FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS PARA O CUIDADO FARMACÊUTICO ......................................................26 4. ESTRUTURA FÍSICA DO AMBIENTE DESTINADO AOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS .................................. 40 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................42 IMPLANTAÇÃO DO CUIDADO FARMACÊUTICOPROF.A MA. DANIELLY CHIERRITO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CUIDADOS FARMACÊUTICOS E PRESCRIÇÃO 22WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O desenvolvimento do Cuidado Farmacêutico promove o reencontro do pro� ssional farmacêutico com o paciente, sendo necessário uma relação mais íntima com o paciente do que com o medicamento, o que exige do farmacêutico o conhecimento e prática de habilidades e competências para atuar como provedor da saúde, juntamente com uma equipe multidisciplinar (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). Desta forma, ações devem ser propostas e executadas com o objetivo de aumentar a participação do farmacêutico no cuidado do paciente, como no uso racional dos medicamentos, diminuição da mortalidade e morbidade relacionadas à farmacoterapia, melhora do quadro clínico do paciente e de sua qualidade de vida (CORRER; ORUKI, 2013). Assim, o objetivo desta unidade é fornecer uma visão ampla e especí� ca das condições e atividades que devem ser de� nidas e executadas na implantação dos serviços do Cuidado Farmacêutico, de forma complementar aos princípios e processos abordados na Unidade 1. 23WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 1. CONDIÇÕES PARA IMPLANTAÇÃO DOS SERVIÇOS DO CUIDADO FARMACÊUTICO Para a implantação do serviço do Cuidado Farmacêutico em um município, devem ser consideradas duas etapas: (1) Preparo do município para o processo de implantação dos serviços de Cuidado Farmacêutico na Atenção Básica e (2) Execução da implantação dos serviços propriamente ditos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014c). Primeiramente, é necessário criar uma “Equipe de Condução”, formada por farmacêuticos de todas as regionais do município e um representante da Secretaria Municipal da Saúde, com o intuito de determinar estratégias de implantação, desenvolvimento e continuidade dos serviços farmacêuticos. Para isso, os pro� ssionais farmacêuticos devem ser sensibilizados e motivados para o serviço. A equipe de condução deve realizar um diagnóstico situacional para veri� car quais as atividades desenvolvidas pelos farmacêuticos e seus níveis de formação acadêmica. Este diagnóstico é importante para discutir necessidades para implantação dos serviços de clínica farmacêutica, como inclusão de consultas na agenda dos farmacêuticos. Para isso, os locais de serviço devem ser selecionados, para assim disponibilizarem um espaço físico para a realização do serviço. Além disso, instrumentos disponíveis nos prontuários devem ser reconhecidos pelos pro� ssionais, os quais devem receber capacitação por meio de cursos direcionados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014c). Um projeto técnico, realizado em Curitiba, de parceria com o Ministério da Saúde, foi composto por proposta de atividade assistencial, atividade técnico-pedagógica, instrumentos técnicos necessários aos serviços e aos indicadores, considerando as diretrizes propostas e o diagnóstico realizado pela equipe de condução. Para sua elaboração, foram consideradas as seguintes atividades (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014c, p. 40-42): 1) Contratar supervisores técnicos com capacidade e experiência na implantação de serviços de clínica farmacêutica para elaboração do projeto técnico, capacitação do farmacêutico e implantação dos serviços; 2) Elaboração do projeto: Apresentação, discussão e aprimoramento do projeto técnico para implantação dos serviços de cuidado farmacêutico; Sensibilização da equipe de saúde e gestores; Elaboração de curso de capacitação. 2. CAPACITAÇÃO DOS PROFISSIONAIS FARMACÊUTICOS 2.1 Comunicação do Farmacêutico com o Paciente e a Equipe de Saúde Habilidades comunicativas devem ser praticadas e desenvolvidas pelo farmacêutico, como o acolhimento, aconselhamento, empatia, escuta ativa e assertividade. O paciente deve sentir que está em um ambiente de saúde, especializado neste tipo de atendimento. O primeiro passo para estabelecer uma relação de respeito e con� ança é o momento do acolhimento ao paciente. 24WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA O farmacêutico deve se apresentar como pro� ssional da saúde e agir de forma gentil e cordial. Em relação ao vestuário, deve estar sempre com roupa limpa, de jaleco e crachá de identi� cação. O farmacêutico deve avaliar a condição física e emocional, para determinar intervenções e orientações necessárias, de acordo com os métodos discutidos na Unidade I (CORRER; OTUKI, 2013; MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). Na interação com a equipe de saúde, as relações devem ser colaborativas e horizontais, com o objetivo de ser inter e transdisciplinar, com foco em intervenções bené� cas ao paciente (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). 2.2 Identificação e Agendamento de Pacientes Para identi� car e selecionar os pacientes, devem ser considerados pacientes polimedicados, com diagnóstico de doenças e comorbidades, e esquemas terapêuticos complexos, uma vez que o número de medicamentos, identi� cação de problemas relacionados à farmacoterapia e de fatores de risco para desenvolvimento de problemas referentes à farmacoterapia devem ser os principais critérios nesta etapa (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b, 2014c). Lembrem-se de que, além do maior benefício do serviço aos pacientes mais graves, normalmente a demanda de pacientes é maior do que a resposta do serviço, principalmente no início. Esse é um dos principais motivos que justi� cam a triagem e a seleção de pacientes, pois, já que não é possível atender a toda a população, é necessário selecionar aqueles que mais necessitam do atendimento” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b, p. 34). O agendamento de pacientes para o início do serviço de clínica farmacêutica pode ser realizado por meio da busca ativa pelo farmacêutico (pela lista de pacientes), e indicações oriundas das equipes de saúde, pelos pro� ssionais médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem, agentes comunitários de saúde e demais integrantes das equipes dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASFS). O Ministério da Saúde disponibilizou um roteiro organizado de como deve ser realizado o agendamento telefônico desta consulta (Quadro 1). (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b, 2014c). Consideramos uma estratégia muito pertinente: a de promover reuniões com a equipe de saúde ou, se possível, uma reunião com cada grupo de categoria pro� ssional para explicar a natureza do serviço proposto. Nestas esclarecer sobre o conteúdo da consulta e posicionar-se como colaborador para a melhoria do quadro clínico do paciente. Este momento também pode ser propositivo para estimular momentos de discussão e de compartilhamentos de caso e, principalmente, explicar que, caso encontrem pacientes com as características citadas anteriormente, podem encaminhá-lo para consulta farmacêutica. Neste momento é interessante expor os horários de agenda dedicados ao atendimento e explicar como devem proceder para marcar o paciente para atendimento farmacêutico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b, p. 36). 25WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Quadro 1 - Roteiro para agendamento dos pacientes para as consultas. Fonte: Ministério da Saúde (2014b, p. 40). 2.3 Modelo de Capacitação Para o Serviço de Clínica Farmacêutica Para a implantação de um serviço de clínica farmacêutica é essencial a padronização do processo de trabalho dos farmacêuticos. Um modelo misto foi elaborado (Figura 1), o qual inclui estratégias pedagógicas, como por exemplo, estudo dirigido, aprendizagem baseada em projetos e problemas, atividades práticas em serviço com e sem supervisão direta, e seminários integrativos para discussão de assuntos relacionados à clínica farmacêutica (Figura 2). Para o desenvolvimento do modelo de capacitação, estima-se um período de pelo menos seis meses (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014c).Figura 1 - Modelo misto de capacitação para o serviço de clínica farmacêutica. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 26WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 - Estratégias pedagógicas incluídas no modelo de capacitação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 3. FERRAMENTAS E INSTRUMENTOS PARA O CUIDADO FARMACÊUTICO As ferramentas e instrumentos auxiliam no processo do cuidado farmacêutico, sendo parte do modelo de atendimento, discutido na unidade anterior, e utilizados com o intuito de avaliar a efetividade e segurança da farmacoterapia. Além disso, facilitam a avaliação de indicadores de qualidade e e� ciência do serviço. Algumas das ferramentas, disponibilizadas pelo Ministério da Saúde, são: formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica (Figura 3-13); modelo de lista de medicamentos a ser entregue ao paciente (Figura 14) e Instrumento para avaliação da adesão ao tratamento, considerando as crenças, as necessidades e as preocupações do paciente (Figura 15). 27WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Outras ferramentas disponíveis são: monitoramento da pressão arterial (MRPA); diário glicêmico e monitorização da glicemia capilar; estrati� cação do risco cardiovascular e de� nição de metas terapêuticas em pacientes com dislipidemia; instrumento para avaliação da depressão: PHQ 9; instrumento para avaliar as habilidades do farmacêutico para realização de consulta com o paciente; casos clínicos para realização de atividade de simulação de atendimento e exercícios de � xação (MINISTÉTIO DA SAÚDE, 2014b). Figura 3 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 28WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 4 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica – Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 29WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 5 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica – Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 30WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 6 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica - Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 31WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 7 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica – Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 32WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 8 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica – Continuação. Fonte Ministério da Saúde (2014b). 33WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 9 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica - Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 34WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 10 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica - Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 35WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 11 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica - Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 36WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 12 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica - Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 37WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 13 - Formulário padronizado para realização da consulta farmacêutica - Continuação. Fonte: Ministério da Saúde (2014b). 38WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 14 - Modelo de lista de medicamentos a ser entregue ao paciente. Fonte: adaptado de Ministério da Saúde (2014b) - cedida pela Coordenação de Atenção Farmacêutica da Secretaria Municipal de Saúde de Curitiba/PR. 39WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 15 - Instrumento para avaliação da adesão ao tratamento, considerando as crenças, as necessidades e as pre- ocupações do paciente. Fonte: Ministério da Saúde, (2014b). 40WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA 4. ESTRUTURA FÍSICA DO AMBIENTE DESTINADO AOS SERVIÇOS FARMACÊUTICOS O ambiente destinado aos serviços farmacêuticos clínicos deve ser diferente do local destinado à dispensação e circulação de pessoas em geral, sendo, muitas vezes, necessário adaptações que que permitam o acolhimento, privacidade e conforto necessário ao paciente (CORRER; OTUKI, 2013). Espaços físicos são sempre muito disputados em instituições de saúde. Na grande maioria das vezes o consultório no qual o farmacêutico realiza os atendimentos será compartilhado com outros pro� ssionais que atendem em outros horários. Quando a condição estética do consultório não for agradável, o farmacêutico pode conversar com os demais pro� ssionais e com os responsáveis administrativos, sugerindo uma readequação estética do espaço de atendimento. Na grande maioria das vezes isso gera custos mínimos e, apesar de parecer supér� uo para muitos, pequenas mudanças no ambiente podem fazer com que o paciente se sinta mais confortável e valorizado como indivíduo (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b, p. 31). Durante o atendimento, o pro� ssional farmacêutico pode realizar administração de medicamentos, determinar pressão arterial, glicemia capilar e temperatura, por isso, o ambiente de realização destes procedimentos deve ser apropriado, conforme características expostas no Quadro 2 (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014c; BRASIL, 2015). Quadro 2 - Características de um bom ambiente para a atenção farmacêutica. Fonte: Correr; Otuki (2013, p. 243). 41WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Os documentos necessários para que os estabelecimentos possam realizar os serviços farmacêuticos são (BRASIL, 2015): 1) Autorização de Funcionamento de Empresa (AFE) expedida pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária. 2) Autorização Especial de Funcionamento (AE) para farmácias, quando aplicável. 3) Licença ou Alvará Sanitário expedido pelo órgão estadual ou municipal de Vigilância Sanitária, segundo legislação vigente em que conste claramente quais são os serviços farmacêuticos permitidos para o estabelecimento em questão. 4) Certidão de Regularidade Técnica, emitido pelo CRF da respectiva jurisdição. 5) Manual de Boas Práticas Farmacêuticas, conforme a legislação vigente e as especi� cidades de cada estabelecimento. Na página do Conselho Federal de Farmácia encontra-se disponível o material Cuidado Farmacêutico no Sistema Único de Saúde (SUS) - Capacitação em ser- viço. Para mais informações, acesse o link: <http://www.cff.org.br/userfi les/cui- dado%20farmac%C3%AAutico_FINAL_21x15_2018CTP%20(1).pdf>. Este material tem como objetivo geral fornecer os fundamentos para que os farmacêuticos co- nheçam, compreendam e apliquem o processo de raciocínio clínico, para aprimo- rar o cuidado farmacêutico no âmbito do SUS. “Durante muito tempo, o farmacêutico teve seu papel de profi ssionalde saúde negligenciado com relação ao cuidado em saúde. As mudanças históricas nos processos produtivos e a infl uência dessas mudanças nos currículos acadêmicos culminaram em um profi ssional tecnicista, de conhecimentos multicompartimen- tados, descontextualizado da equipe multidisciplinar, mantendo uma relação mais íntima com o produto (medicamento) do que com o paciente do produto (pacien- te)” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). A partir desta consideração, refl ita sobre quais habilidades e competências você considera que deve aprimorar e praticar para conseguir desenvolver um serviço de qualidade, que atenda às necessidades do paciente. 42WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 2 ENSINO A DISTÂNCIA Para mais informações sobre os Princípios da comunicação interpessoal para a prática clínica, recomenda-se a leitura da Parte 3 - Conteúdos complementares, Capítulo 16, do livro “A prática farmacêutica na farmácia comunitária”, de Correr e Otuki, publicado em 2013. Uma explicação sobre a atuação do farmacêutico e suas implicações nas unida- des de saúde pode ser vista no vídeo: A prática do cuidado farmacêutico nas uni- dades de saúde de Curitiba. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?- v=bMl9CC5u8o0>. Acesso em: 29 jan. 2018. Este vídeo discorre sobre as ações realizadas para implantação do projeto de Atenção Farmacêutica em Curitiba/ Paraná, em conjunto com o Ministério e Secretaria da Saúde. 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS Esta unidade retrata os aspectos da implantação do cuidado farmacêutico, com foco na organização das atividades e estrutura física do ambiente destinado aos serviços farmacêuticos clínicos. O pro� ssional farmacêutico deve se preparar para as responsabilidades que são necessárias para implantação de um serviço adequado e de qualidade, que vise promover o uso racional de medicamentos e atender às necessidades do paciente, como atingir os resultados terapêuticos esperados. 4343WWW.UNINGA.BR UNIDADE 03 SUMÁRIO DA UNIDADE INTRODUÇÃO ............................................................................................................................................................ 44 1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O SISTEMA DE SAÚDE ............................................................................................ 45 2. O CUIDADO FARMACÊUTICO INSERIDO NO SISTEMA DE SAÚDE ................................................................. 45 3. CUIDADO FARMACÊUTICO AO PACIENTE ......................................................................................................... 46 3.1 GESTANTE E PEDIÁTRICO ................................................................................................................................. 46 3.2 IDOSO ...................................................................................................................................................................47 3.3 DIABÉTICO .......................................................................................................................................................... 48 3.4 HIPERTENSO ...................................................................................................................................................... 49 3.5 ASMÁTICO ...........................................................................................................................................................51 3.6 ONCOLÓGICO ......................................................................................................................................................53 4. USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS .................................................................................................................... 55 5. CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................................................................57 O PAPEL DO FARMACÊUTICO NO CUIDADO AO DOENTE PROF.A MA. DANIELLY CHIERRITO ENSINO A DISTÂNCIA DISCIPLINA: CUIDADOS FARMACÊUTICOS E PRESCRIÇÃO 44WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA INTRODUÇÃO O processo do cuidado farmacêutico exerce papel fundamental na Atenção Básica à Saúde, uma vez que avalia e estabelece a farmacoterapia mais adequada para cada paciente, considerando de forma especí� ca, sua condição de saúde. Para isso, a disponibilidade de medicamentos deve estar de acordo com as necessidades epidemiológicas da população, para que o serviço possa acompanhar a sua utilização de forma correta e racional, identi� car problemas, resolvê-los e atingir resultados terapêuticos de� nidos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a). Desta forma, o cuidado farmacêutico tem caráter clínico, sendo que o pro� ssional deve ter interação direta com o paciente, comprometido a buscar atender as necessidades relacionadas à farmacoterapia, de forma individualizada, respeitando os limites éticos e atuando em prol da promoção da saúde do paciente (CORRER; OTUKI; SOLER, 2011b). Assim, o objetivo desta unidade é discutir a prática do cuidado farmacêutico em diferentes grupos de doentes, além de sua inserção no sistema de saúde. 45WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 1. CONSIDERAÇÕES SOBRE O SISTEMA DE SAÚDE Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), os sistemas de atenção à saúde são de� nidos como: um conjunto de atividades cujo propósito é promover, restaurar e manter a saúde de uma população, a � m de atingir os seguintes objetivos: o alcance de um nível ótimo de saúde, distribuído de forma equitativa; a garantia de uma proteção adequada contra os riscos, para todos os cidadãos; o acolhimento humanizado dos cidadãos; a provisão de serviços seguros e efetivos e sua prestação de modo e� ciente” (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014a, p. 16). O Sistema Único de Saúde (SUS), no Brasil, estabelecido pela Constituição Federal de 1988, tem como princípios doutrinários a universalização, equidade e integralidade, princípios organizativos a regionalização e hierarquização, descentralização e comando único, e participação popular (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2011; 2014a). Para que os cidadãos brasileiros conheçam seus direitos nos sistemas de saúde, foi aprovada pelo Conselho Nacional de Saúde (CNS), em 2009, a Carta dos direitos dos usuários da saúde, com os seguintes princípios (MINISTÉRIO DA SAÚDE 2011, p. 3-4): 1) Todo cidadão tem direito ao acesso ordenado e organizado aos sistemas de saúde; 2) Todo cidadão tem direito a tratamento adequado e efetivo para seu problema; 3) Todo cidadão tem direito ao atendimento humanizado, acolhedor e livre de qualquer discriminação; 4) Todo cidadão tem direito a atendimento que respeite a sua pessoa, seus valores e seus direitos; 5) Todo cidadão também tem responsabilidades para que seu tratamento aconteça da forma adequada; 6) Todo cidadão tem direito ao comprometimento dos gestores da saúde para que os princípios anteriores sejam cumpridos. 2. O CUIDADO FARMACÊUTICO INSERIDO NO SISTEMA DE SAÚDE O farmacêutico, em sua atuação clínica, é considerado provedor de cuidado em saúde, sendo necessário a relação farmacêutico-paciente, de forma integrada com a equipe de saúde, com foco na promoção, proteção, recuperação da saúde e prevenção de agravos. O Ministério da Saúde de� ne como principais metas deste serviço (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b): 1) Orientação dos pacientes sobre acesso aos medicamentos. 2) Educação dos pacientes sobre informações necessárias dos medicamentos e problemas de saúde, para que auxilie e promova o autocuidado, facilite sua compreensão e promova a adesão ao tratamento. Além disso, sobre o armazenamento correto, descarte de medicamentos vencidos e resíduos de saúde ligados à terapêutica. 46WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3ENSINO A DISTÂNCIA 3) Otimização da farmacoterapia, avaliando o tratamento medicamentoso, de modo a considerar apenas medicamentos necessários, sendo avaliado critérios de efetividade e segurança, com a equipe de saúde. 4) Identi� cação, prevenção e controle de erros relacionados à farmacoterapia, interações medicamentosas, reações adversas, intoxicações e riscos associados aos medicamentos. De acordo com o exposto acima, deve ser determinado um � uxo organizado de trabalho, sendo indispensável a comunicação e cooperação dos farmacêuticos da Rede de Atenção à Saúde. O acompanhamento farmacoterapêutico vem sendo implantado em farmácias públicas e privadas e é necessário que os pro� ssionais sejam conscientizados de sua responsabilidade no processo, para que assim, seja possível desenvolver um serviço de qualidade com pro� ssionais quali� cados e capacitados (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2014b). 3. CUIDADO FARMACÊUTICO AO PACIENTE 3.1 Gestante e Pediátrico O início do acompanhamento de um ser humano é na gravidez, por meio da monitorização de seu desenvolvimento e crescimento, sinais vitais e condições de saúde. Desta forma, é essencial que as gestantes sejam encaminhadas ao pré-natal e recebam atenção cuidadosa (SES-MG, 2010). A assistência farmacêutica está diretamente relacionada a promoção da saúde, o que envolve prevenção, diagnóstico precoce e recuperação da saúde da criança, sendo a amamentação a ferramenta mais efetiva e de baixo custo para o seu desenvolvimento e crescimento saudável. O uso de medicamentos deve ser evitado por lactantes, porém, em casos necessários, deve-se escolher medicamento pouco excretado no leite materno ou que não apresente risco aparente para a saúde da criança. Assim, alguns critérios devem ser considerados para prescrição de medicamentos para lactantes e serem analisados com cautela no processo de cuidado ao paciente (Quadro 1) (SES-MG, 2010). Quadro 1 - Considerações para prescrição de medicamentos em mães durante a lactação. Fonte: Secretaria de Esta- do de Saúde de Minas Gerais (2010, p. 48). Avaliar se a terapêutica realmente é necessária e indispensável. Utilizar medicamentos considerados seguros para a criança (de menor efeito colateral). Em caso de risco para o lactente, deve ser realizada avaliação clínica e dosagens laboratoriais para determinar os níveis plasmáticos. Acompanhar o horário de administração do medicamento, de forma que evite o pico no sangue e leite materno no mesmo horário da amamentação. Evitar fármacos de ação prolongada pela maior difi culdade de serem excretados pelo lactente. Observar se a criança apresenta algum sinal ou sintoma, antes não apresentado. 47WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 3.2 Idoso O acompanhamento do paciente idoso deve ser desenvolvido com foco na melhoria de sua qualidade de vida, com ações que promovam envelhecimento saudável e ativo. Os pro� ssionais de saúde devem � car atentos a história clínica do paciente, de modo a prevenir e identi� car problemas que afetam sua saúde. Assim, o farmacêutico é responsável por avaliação completa, considerando os fatores de risco que o paciente apresenta. O acompanhamento farmacoterapêutico envolve considerações especí� cas para este grupo de pacientes, como exposto no Quadro 2 (SES-MG, 2010). Quadro 2 - Considerações para realizar o acompanhamento farmacoterapêutico de idosos. Fonte: Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais (2010, p. 76-77). Desta forma, o pro� ssional farmacêutico pode desenvolver ações para orientar de forma efetiva o paciente e otimizar os resultados da terapêutica, como: elaborar � chas de controle para o acompanhamento de seus parâmetros clínicos; � chas de controle com esquemas terapêuticos, podendo usar recursos grá� cos que auxiliem na compreensão da posologia dos medicamentos; diferenciar as caixas dos medicamentos por meio de símbolos ou coloração; recomendar a inclusão de medidas não farmacológicas em sua rotina, como exercícios físicos e alimentação saudável (FIDÊNCIO; YAMACITA, 2011). Dados da literatura relatam a importância do cuidado farmacêutico na identi� cação e quanti� cação de Problemas Relacionados com a Medicação (PRMs) em pacientes idosos. Estudo observacional descritivo conduzido com 16 pacientes idosos com idade média de 61 anos. A média de medicamentos utilizados foi de 2,75 medicamentos/paciente, sendo a população caracterizada como polimedicada. Para avaliação farmacoterapêutico foi utilizado o método Dáder, que resultou na identi� cação de 17 PRMs, sendo 41% relacionados a efetividade (o paciente toma um medicamento, que estando indicado para sua situação, está mal selecionado), 29% relacionados à segurança (o paciente toma um medicamento que provoca uma reação adversa), 30% relacionado a necessidade (12%: o paciente não toma os medicamentos de que necessita e 18%: o paciente toma medicamentos que não necessita) (ZANELLA; ASSINI; 2008). Conhecer os efeitos do envelhecimento, de forma que auxilie na avaliação do quadro do paciente. Estabelecer as prioridades do tratamento. Avaliar se o medicamento é realmente necessário e se medidas não farmacológicas podem auxiliar na melhora do quadro clínico. Em caso de reação adversa, esta não deve ser tratada com outra opção terapêutica. O tratamento deve iniciar com doses mais baixas possíveis, sendo que esta deve ser aumentada gradativamente, de acordo com a resposta e a sensibilidade do paciente. Estabelecer os objetivos do tratamento e o período de tempo. Analisar periodicamente o regime terapêutico, revendo a necessidade de modifi cá-lo. Trabalhar em conjunto com a equipe de saúde, com outros profi ssionais que acompanham o paciente. Pedir que o paciente traga os medicamentos que está usando (prescritos e não prescritos). Medicamentos de escolha são os mais custo-efetivos, de fácil manejo e posologia, que resultam na adesão ao tratamento. 48WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 3.3 Diabético De acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes, o diabetes mellitus (DM) consiste em um distúrbio metabólico caracterizado por hiperglicemia persistente, decorrente de de� ciência na produção de insulina ou na sua ação, ou em ambos os mecanismos, ocasionando complicações em longo prazo (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2017). Algoritmo e triagem para prática farmacêutica comunitária, envolvendo pacientes com risco para DM, foram elaborados como forma de � uxo de rastreamento, utilizado em campanhas de diabetes em farmácias na Suíça (Figura 1) (CORRER; OTUKI, 2013). Figura 1 - Fluxo de rastreamento para pacientes com risco para diabetes. Fonte: Correr; Otuki (2013) - adaptado de Hersberger et al. (2006). 49WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Estudos foram realizados com o objetivo de avaliar o impacto do seguimento farmacoterapêutico nos resultados glicêmicos (glicemia em jejum, glicemia pós-prandial e hemoglobina glicosilada) de pacientes portadores de DM tipo 2. Estudo longitudinal prospectivo foi conduzido por 6 meses com 44 pacientes inscritos em programa de atendimento no serviço de saúde pública. De acordo com os resultados, foi observada redução dos níveis glicêmicos a partir do terceiro mês da intervenção, sendo que a diferença passou a ser estatisticamente signi� cativa, entre o grupo que recebia a intervenção e o grupo controle, apenas no sexto mês (ANDRADE; PELÁ, 2005). Outro estudo foi conduzido com 71 pacientes com DM tipo 2, por 12 meses, o qual também observou redução signi� cativa dos níveis de glicemia em jejum e hemoglobina glicosilada. Além isso, o serviço farmacêutico identi� cou e resolveu 62,7% dos 142 problemas relacionados à farmacoterapia, como dosagem inadequada, reações adversas a medicamentos, incompatibilidade, necessidade detratamento medicamentoso adicional ou tratamento desnecessário (BORGES et al., 2010). Correr e colaboradores (2011a) avaliaram 161 pacientes DM tipo 2, por 12 meses, e identi� caram 119 problemas relacionados à farmacoterapia, sendo a maioria relacionado à efetividade da medicação. Entre os parâmetros clínicos, o grupo que recebeu a intervenção também apresentou redução, estatisticamente signi� cativa, da glicemia em jejum e hemoglobina glicosilada. Estudos foram conduzidos com outros objetivos, como por exemplo, o impacto do acompanhamento farmacoterapêutico na avaliação de resultados humanísticos de pacientes com DM tipo 2, como qualidade de vida relacionada à saúde (HRQoL) e o índice de satisfação. Estudo controlado, de período de tempo de 12 meses, avaliou 161 pacientes de 6 farmácias comunitárias. Foram realizadas 119 intervenções, a partir da identi� cação dos problemas relacionados à farmacoterapia, como melhora da adesão ao tratamento medicamentoso e alteração de dose. Os pesquisadores relataram melhoria estatisticamente signi� cativa da HRQoL, quando comparado o grupo que recebeu a intervenção e grupo controle, e a satisfação dos pacientes acompanhados (CORRER et al., 2009). Plaster e colaboradores (2012) realizaram seguimento farmacoterapêutico com 120 pacientes com DM tipo 2 e portadores de síndrome metabólica, por um período de seis meses. No grupo que recebeu a intervenção foi veri� cado redução do risco de doença arterial coronariana (22±2 para 14±2%; p<0,01), enquanto que no grupo controle foi observado aumento (22±2 para 26±3; p<0,05), o que demonstra o auxílio da intervenção farmacêutica na melhora do quadro clínico dos pacientes. 3.4 Hipertenso Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, a hipertensão arterial (HA) é uma condição clínica multifatorial caracterizada por elevação sustentada dos níveis pressóricos ≥ 140 e/ou 90 mmHg. O diagnóstico e prognóstico correto é possível por meio de uma avaliação clínica e laboratorial, a qual envolve anamnese detalhada do paciente, exame físico e investigação laboratorial básica, avaliação de lesões subclínicas e clínicas em órgãos-alvo, para que assim seja de� nida a melhor terapêutica para o paciente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2010). O pro� ssional farmacêutico pode exercer atividades que visam a escolha adequada do tratamento, medicamento e não-medicamentoso, para promoção da saúde do paciente. As recomendações devem ser baseadas na interpretação dos resultados da pressão arterial (PA), sendo possível constituir uma história de medidas da PA durante um período de tempo, por meio de medidas em diferentes dias e horários e assim, avaliar a efetividade e segurança do tratamento medicamentoso. Um � uxo de atendimento ao paciente hipertenso (Figura 2) foi elaborado para facilitar a avaliação da PA (CORRER; OTUKI, 2013). 50WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Figura 2 - Fluxo de avaliação da pressão arterial durante a atenção farmacêutica. Fonte: adaptado de Correr; Otuki (2013). 51WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Estudos foram realizados para avaliar o impacto do processo do cuidado farmacêutico neste grupo de pacientes. Amarante et al. (2010) realizaram Acompanhamento Farmacoterapêutico (AFT) durante 10 meses, com 27 pacientes hipertensos de ambos os sexos e faixa etária entre 40 a 70 anos ou mais. Os pacientes eram usuários de uma Farmácia Popular. Fatores que resultavam a não adesão à terapêutica, como esquecimento da administração dos medicamentos, falta de compreensão do uso dos medicamentos, falta de informação sobre a doença, foram solucionados com o acompanhamento. Além disso, todos os pacientes relataram que o ATF foi satisfatório e que indicariam para familiares e amigos. Estudo clínico, randomizado, duplo-cego, avaliou 71 pacientes adultos hipertensos em um hospital. Os resultados foram obtidos por meio de monitorização ambulatorial da pressão arterial (MAPA) e identi� cação de níveis plasmáticos de hidroclorotiazida ao � nal da participação no estudo. O processo de cuidado farmacêutico foi realizado por 6 meses, sendo que 57 (80,3%) dos pacientes selecionados � nalizaram todas as atividades. Foi observado redução da pressão arterial no grupo que recebeu a intervenção, porém a diferença não foi estatisticamente signi� cativa em relação aos resultados do grupo controle. Problemas relacionados à farmacoterapia (indicação, efetividade e segurança) foram identi� cados em 50 pacientes (78,1%) (CASTRO et al., 2006). Desta forma, é notável que o AFT é importante para o controle da pressão arterial sistêmica e melhora da qualidade de vida dos pacientes, sendo determinantes atividades desenvolvidas pelo farmacêutico, como: orientar e monitorar o paciente quanto as informações referentes à medicação, identi� car as potenciais reações adversas e interações medicamentosas, bem como melhorar a adesão ao tratamento (OLIVEIRA; MENEZES, 2009). 3.5 Asmático A Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia de� ne asma como “uma doença in� amatória crônica das vias aéreas, na qual muitas células e elementos celulares têm participação. A in� amação crônica está associada à hiperresponsividade das vias aéreas, que leva a episódios recorrentes de sibilos, dispneia, opressão torácica e tosse, particularmente à noite ou no início da manhã” (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2012). O acompanhamento do paciente asmático visa o controle da doença, que é caracterizado por dois domínios: controle de limitações clínicas atuais e redução de riscos. As limitações clínicas atuais estão relacionadas às últimas quatro semanas, incluindo sintomas, necessidade de medicação de alívio, di� culdades para atividades físicas e limitação ao � uxo aéreo, o que classi� ca a doença em controlada, parcialmente controlada e não controlada. Já a prevenção de riscos futuros engloba a redução da instabilidade da asma e suas crises, perda acelerada da função pulmonar e reações adversas ao tratamento medicamentoso (SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2012). Neste sentido, existem três ferramentas adaptadas de monitorização da asma: (1) Asthma Control Questionnaire (ACQ), (2) Asthma Control Test (ACT) e (3) Asthma Control Scoring System (ACSS). Estes instrumentos são formados por questões relacionadas aos sinais e sintomas, uso de medicamentos e limitação de atividades. Também é importante que o paciente seja informado sobre sua condição, fatores de risco, cuidados ambientais e tratamento não medicamentoso (JUNIPER et al., 1999; NATHAN et al., 2004; LEBLANC et al., 2007; SOCIEDADE BRASILEIRA DE PNEUMOLOGIA E TISIOLOGIA, 2012). 52WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA O protocolo clínico e terapêutico de asma (Portaria SAS/MS nº 1.317, de 25 de novembro de 2013), disponibilizado pelo Ministério da Saúde, abrange conceitos, critérios e avaliações relacionadas ao diagnóstico e tratamento do paciente asmático. Além disso, disponibiliza um modelo de � cha farmacoterapêutica (Figura 3) para ser usada durante o processo de cuidado ao paciente, que envolve seus dados pessoais e perguntas que compreendem a avaliação realizada pelo pro� ssional farmacêutico (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2013). Figura 3 - Modelo de � cha farmacoterapêutica - Asma. Fonte: Ministério da Saúde (2013). 53WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA 3.6 Oncológico Uma revisão de literatura reuniu evidências das atividades desenvolvidas pelo cuidado farmacêutico na oncologia, entre 2009 e 2015. O pro� ssional farmacêutico é responsável por atividades relacionadas a terapia medicamentosa e seu uso correto de acordo com cada quadro clínico do paciente. Entre essas atividades,destacam-se (OMS, 1994; ANVISA, 2004; SANTOS et al., 2018): a) Adquirir, armazenar e padronizar os componentes para a manipulação e dispensação dos antineoplásicos, de acordo com os critérios internacionais de segurança. b) Analisar a prescrição médica: quantidade, qualidade, compatibilidade, estabilidade, dose, diluição, tempo de infusão, via, frequência de administração e interações de seus componentes. c) Informar dados sobre a manipulação dos antineoplásicos: identi� car nome do cliente, preencher rótulo, informar a quantidade de cada componente e dados de estabilidade e administração, assinar e carimbar. d) Orientar e supervisionar os procedimentos de manipulação dos antineoplásicos. e) Acompanhar e avaliar os pacientes (per� l farmacoterapêutico) sobre os medicamentos prescritos e não prescritos. f) Farmacovigilância: identi� car reações adversas, desenvolver ações de intervenção e prevenção que otimizem os resultados do tratamento medicamentoso e evite a ocorrência de internações. g) Melhorar adesão ao tratamento medicamentoso. h) Contribuir para o uso racional dos medicamentos. i) Participar de programas de educação para a saúde. j) Atuar em equipe multipro� ssional, como previsto na Resolução da Diretoria Colegiada (RDC) nº 220 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), publicada em 2004. Com a publicação da RDC nº 220, foi estabelecida a Equipe Multipro� ssional de Terapia Antineoplásica (EMTA), que deve ser formada por pelo menos um farmacêutico, um médico especialista e um enfermeiro. Na Tabela 1, estão reunidas algumas informações dos anexos que compõem a RDC em questão (ANVISA, 2004): 54WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Anexos Anexo I - Regulamento técnico de funcionamento para os serviços de terapia antineoplásica Anexo II - Atribuições gerais Anexo III - Boas Práticas de Preparação de Terapia Antineoplásica (BPPTA) Anexo IV - Boas Práticas de Administração de Terapia Antineoplásica (BPATA) Anexo V - Biossegurança Informações 1) A Terapia Antineoplásica (TA) deve abranger, obrigatoriamente, as seguintes etapas: - Observação clínica e prescrição médica; - Preparação: avaliação da prescrição, manipulação, controle de qualidade e conservação; - Transporte, administração, descarte; - Documentação e registros que garantam rastreabilidade em todas as etapas do processo. 2) O Serviço de Terapia Antineoplásica (STA) deve contar com: Farmacêutico responsável técnico pelas atividades de farmácia, com registro no CRF, podendo ser este profi ssional vinculado à Farmácia contratada. 3) Todos os medicamentos, produtos farmacêuticos e produtos para a saúde utilizados pelo STA devem estar regularizados junto a ANVISA/MS, conforme legislação vigente. 1) Atribuições da Equipe Multiprofi ssional de Terapia Antineoplásica (EMTA): - Executar, supervisionar e avaliar permanentemente todas as etapas da TA; - Criar mecanismos para o desenvolvimento da farmacovigilância, tecnovigilância e biossegurança em todas as etapas da TA; - Estabelecer protocolos de prescrição e acompanhamento da TA; - Assegurar condições adequadas de indicação, prescrição, preparação, conservação, transporte, administração e descarte da TA; - Capacitar os profi ssionais envolvidos, direta ou indiretamente, com a aplicação do procedimento, por meio de programas de educação permanente, devidamente registrados. 1) As Boas Práticas de Preparação da Terapia Antineoplásica (BPPTA) estabelecem as orientações gerais para aplicação nas operações de: análise da prescrição médica, preparação, transporte e descarte da TA. 2) Deve existir procedimento operacional escrito para todas as etapas do processo de preparação. 3) Toda TA deve apresentar rótulo com as seguintes informações: nome do paciente, n.º do leito e registro hospitalar (se for o caso), composição qualitativa e quantitativa de todos os componentes, volume total, data e hora da manipulação, cuidados na administração, prazo de validade, condições de temperatura para conservação e transporte, identifi cação do responsável pela manipulação com o registro do conselho profi ssional. 1) As BPATA estabelecem os critérios a serem seguidos pelos STA na administração da TA, a nível hospitalar, ambulatorial ou domiciliar. 2) O profi ssional envolvido na administração da TA deve receber treinamento inicial e permanente, garantindo a sua capacitação e atualização profi ssional. 3) Deve existir protocolo escrito para o atendimento de acidentes de punção e extravasamento de drogas. 1) O STA deve manter um “Kit” de Derramamento identifi cado e disponível em todas as áreas onde são realizadas atividades de manipulação, armazenamento, administração e transporte. 2) O Kit de Derramamento deve conter, no mínimo, luvas de procedimentos, avental de baixa permeabilidade, compressas absorventes, proteção respiratória, proteção ocular, sabão, descrição do procedimento e o formulário para o registro do acidente, recipiente identifi cado para recolhimento dos resíduos. Tabela 1 - Informações referentes a RDC nº 220, de 21 de setembro de 2004. Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (2004). 55WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Diante do exposto, pode-se a� rmar que o pro� ssional farmacêutico na oncologia é indispensável para a qualidade do processo farmacoterapêutico. Oliboni e colaborador (2009) adaptou um sistema de veri� cação de uma prescrição médica (Figura 4) da ASHP Guidelines on Preventing Medication Errors with Antineoplastic Agents (2002) com o intuito de rastrear todos os dados do paciente e manipulação e garantir maior segurança e qualidade ao paciente. Figura 4 - Sistema de veri� cação de uma prescrição médica. Fonte: Oliboni; Camargo (2009) - adaptado de Ameri- can Society of Health-System Pharmacists (2002). 4. USO RACIONAL DE ANTIBIÓTICOS Um dos maiores problemas mundiais em saúde pública é a resistência aos antibióticos, devido a consequências ao paciente por falta de e� cácia e efetividade, como prolongamento da doença e permanência no hospital e aumento da taxa de mortalidade (ANVISA, 2017). A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) publicou a Diretriz Nacional para Elaboração de Programa de Gerenciamento do Uso de Antimicrobianos em Serviços de Saúde, a � m de orientar os pro� ssionais de saúde na elaboração e de desenvolvimento de programas de gerenciamento do uso de antimicrobianos nos serviços de saúde. O documento reporta como ações necessárias: apoio da alta direção; de� nição de responsabilidades; educação dos pro� ssionais da saúde; educação dos pacientes/acompanhantes; melhora da prescrição; elaboração de protocolos clínicos; indicadores de processo para avaliação do consumo e uso de antimicrobianos. Neste contexto, o pro� ssional farmacêutico pode atuar de forma ativa para otimizar os resultados destas ações, por meio de atividades expostas no Quadro 3 (ANVISA, 2017). 56WWW.UNINGA.BR CU ID AD OS F AR M AC ÊU TI CO S E PR ES CR IÇ ÃO | U NI DA DE 3 ENSINO A DISTÂNCIA Participação no desenvolvimento e atualização de protocolos de indicação e uso. Auditoria prospectiva da prescrição após a dispensação inicial pela farmácia. Auxílio na detecção e prevenção de interações indesejáveis tais como medicamento-medicamento, medicamento-alimento, medicamento-nutrição enteral. Auxílio na detecção e prevenção de reações adversas e erros de medicação. Auxílio na otimização da posologia conforme características clínicas do paciente (peso, função e hepática, hemodiálise, diálise peritoneal), agente etiológico, sítio infeccioso e características farmacocinéticas e farmacodinâmicas do medicamento. Otimização da forma de preparo (ex.: reconstituição, diluição, forma de administração via sondas, equipo adequado, velocidade de infusão, tempo total de infusão para manutenção de estabilidade
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