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Avaliação da Tilapicultura Brasileira

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AVALIAÇÃO SOCIOECONOMICA E MERCADOLOGICA DA TILAPICULTURA 
BRASILEIRA: O PROJETO PRODUTIVO CURUPATI - PEIXE 
 
NAPIE GALVÊ ARAÚJO SILVA; FABIANO PORTO DE AGUIAR. 
 
UFC, FORTALEZA, CE, BRASIL. 
 
napiegalve@yahoo.com.br 
 
APRESENTAÇÃO ORAL 
 
SOCIOECONOMIA SOLIDARIA E DESENVOLVIMENTO LOCAL 
 
 
AVALIAÇÃO SÓCIOECONÔMICA E MERCADOLÓGICA DA TILAPICULTURA 
BRASILEIRA: O PROJETO PRODUTIVO CURUPATI-PEIXE 
 
GRUPO DE PESQUISA: ECONOMIA SOLIDÁRIA E DESENVOLVIMENTO 
LOCAL 
 
UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ 
 
FORTALEZA – CE – BRASIL 
 
 
RESUMO 
 
Na busca pela sobrevivência no campo, várias atividades foram, ao longo do tempo, evoluindo 
no sentido de gerar sustentabilidade à vida rural. Conforme passam-se os anos, algumas 
atividades saem da linha de subsistência para ganhar ares de grandes negócios, como é o caso 
da cotonicultura, da carcinicultura, da piscicultura e outras atividades que saíram do campo 
para as páginas de negócios do mundo inteiro. No caso da criação da tilápia em cativeiro não 
há exceção, destacada como uma atividade rentável para os grandes produtores, a produção 
mundial de tilápia vêm crescendo e gerando cada vez mais divisas. Em contrapartida essa é 
uma atividade que está sendo utilizada como meio de sobrevivência para algumas 
comunidades do interior, como é o caso das famílias que vivem próximas à Barragem do 
Castanhão, assunto este que foi abordado através da alusão feita ao Projeto Curupati, que se 
utiliza da criação de tilápia. 
Palavras Chaves: Piscultura , Tilápia , Sustentabilidade 
ABSTRACT 
 
the sense of producing sustentabilidade to the rural life. As they spend the years, some 
activities go out from the line of subsistence to gain air of great business, since it is the case 
of the cultivation of cotton, of the carcinicultura, of the fish farming and other activities that 
In the search for the survival in the field, several activities were, along the time, evolving in 
went out from the field for the business pages of the whole world. In case of the creation of 
the tilápia in captivity there is no exception, pointed out how a profitable activity for the great 
producers, the world-wide production of tilápia are growing and produce more and more 
emblems. In this counterentry it is an activity that is being used like way of survival for some 
communities of the interior, as it is the case of the families that live near to the Dam of the 
Castanhão, I pay attention to this one that was boarded through the allusion done to the 
Project Curupati, which makes use of the creation of tilápia. 
INTRODUÇÃO: 
A cadeia produtiva da tilápia é considerada uma das mais importantes da aqüicultura 
brasileira. A tecnologia para produção de alevinos está bem desenvolvida e o produto final é 
comercializado inteiro, eviscerado, em forma de filés, defumados, entre outros, e os subprodutos 
do processamento, como vísceras, restos de carcaça e couro, constituem uma renda alternativa à 
agroindústria (SIPAÚBA, 1995). As tilápias são nativas do continente africano e da Ásia menor. 
Cerca de 70 espécies estão taxonomicamente classificadas. A primeira espécie que chegou ao 
Brasil foi a T. rendalli, em 1952. As tilápias são predominantemente de águas quentes. A 
temperatura da água do cultivo pode variar de 20 a 30°C, embora possam tolerar temperaturas de 
aproximadamente 12°C. (SIPAÚBA, 1995) 
Na grande maioria das tilapiculturas brasileiras, é freqüente constatar o início de 
reprodução nos viveiros 3 - 4 meses após a estocagem dos alevinos, sendo que esta reprodução 
prematura em animais de 30 a 40 gramas pode conduzir à ocorrência da indesejada 
superpopulação dos viveiros, embora a maturidade sexual nas tilápias seja função da idade e do 
tamanho (MACEDO-VIEGAS, 1997).As tilápias de importância comercial estão divididas em 
três principais grupos taxonômicos, distinguidos basicamente pelo comportamento reprodutivo. 
São eles o gênero Tilapia (os peixes incubam seus ovos em substratos), Oreochromis (incubam 
os ovos na boca da fêmea) e Sarotherodon (incubam os ovos na boca do macho ou de ambos). 
(SIPAÚBA, 1995) 
A despeito de haver várias espécies de peixes nativos que apresentam crescente potencial 
para a atividade da piscicultura, as espécies exóticas já introduzidas no Brasil como a tilápia, a 
carpa, a truta e o catfish americano, mostram uma grande vantagem sobre elas no que diz respeito 
ao conhecimento técnico disponível, tanto no campo da biologia quanto no da piscicultura 
propriamente dita. Tais conhecimentos são imprescindíveis para viabilizar técnica e 
comercialmente qualquer programa de piscicultura, seja ele público ou privado. Dentre as 
espécies exóticas encontradas no Brasil a tilápia merece destaque. 
O presente conceito de tilapicultura é bastante ufanista, sobretudo quando abordado pela 
imprensa especializada. Alguns acadêmicos ao fazerem uma analogia entre a avicultura e a 
piscicultura, garantem que a tilápia tornar-se-á a “galinha dos viveiros”. As estatísticas 
comprovam um surto desenvolvimentista da tilapicultura, tanto que as tilápias já são o segundo 
grupo de peixes mais cultivado no mundo, superado apenas pelas carpas. A produção mundial de 
tilápias praticamente dobrou entre 1984 e 1994, alcançando 620.000 toneladas. Em 1996, a 
produção saltou para 800.800 toneladas apresentando o maior crescimento percentual entre os 
principais grupos de peixes cultivados do mundo. 
Os países asiáticos foram responsáveis pela produção de 700.400 toneladas de tilápia, das 
quais 56,3% foram produzidas pela China. Outros grandes produtores foram Indonésia, 
Tailândia, Filipinas e Taiwan. A produção brasileira de 1996 foi de 19.200, o que correspondeu a 
2,4% da produção mundial. Nos capítulos seguintes, serão apresentados números sobre a criação 
da tilápia, bem como os impactos sócio-econômicos de sua criação para o Ceará, Brasil e 
Mundo.1 
 
 
1.0 ASPECTOS GERAIS DA TILAPICULTURA 
1.1 Características da criação de tilápias 
As tilápias caracterizam-se por ser um dos peixes com maior potencial para a piscicultura 
SIPAÚBA-TAVARES (1995), pois: alimentam-se dos itens básicos da cadeia trófica; aceitam 
uma grande variedade de alimentos; respondem com a mesma eficiência a ingestão de proteínas 
de origem vegetal e animal; apresentam resposta positiva à fertilização (adubação) dos viveiros; 
são bastante resistente às doenças, super-povoamentos e baixos teores de oxigênio dissolvido, e; 
desovam durante todo o ano nas regiões mais quentes do país. 
Além disso, possuem boas características orgânicas e nutricionais, tais como: carne 
saborosa, baixo teor de gordura (0,9 g/100g de carne) e de calorias (172 kcal/100g de carne), 
ausência de espinhos em forma de “Y” e rendimento de filé de aproximadamente 35% a 40 %, 
em exemplares com peso médio de 450 g, o que as potencializa como peixes para 
industrialização. 
Ainda segundo Sipaúba-Tavares (1999), a espécie de peixe que apresenta o melhor perfil 
para cultivo em todo mundo é a tilápia nilótica, de origem africana. É utilizada tanto em cultivos 
puros como em cruzamentos com as primeiras, chamadas de “nativas”. Em qualquer dos casos, 
os resultados no oeste do Paraná não evidenciam a campo rendimentos significativamente 
diferentes. Trata-se de uma espécie onívora que aceita com facilidade vários tipos de alimento, 
dócil ao manejo em todas as fases de cultivo, boa rusticidade, prolífica e de fácil domínio da 
reprodução, precoce, com alta qualidade de carne (filé). Estas são, basicamente, as razões da 
opção por esta espécie. 
 
 
1
 Site: http://www.mercadodapesca.com.br/cadeias_tilapia – acesso em 30/08/2005 
 
1.1.1- Água 
 
Além dos parâmetros de qualidade físico / química, a água deve ser livre de agentes 
contaminadores (agrotóxicos, ovos, larvas ou peixes indesejáveis ao cultivo, argila, por exemplo). 
A origem da água de abastecimento necessita ser externa ao viveiro para permitir o controle do 
volume e da qualidade.Uma criação segura de tilápias necessita, para cada hectare de viveiro, 
uma vazão mínima de 15 litros por segundo. SIPAÚBA-TAVARES (1995) 
As decisões relativas ao manejo da água e da criação são tomadas tendo em vista um 
conjunto de fatores. Dessa forma, considerando o viveiro um organismo vivo, ele é um resultado 
da interação de vários fatores. Se alterarmos esses fatores, ou por qualquer razão houver um 
desequilíbrio de um deles, todos os demais também serão influenciados. Entender essas 
correlações é fundamental para o sucesso da criação. 
O viveiro é um sistema biológico e por esta razão está diretamente ligado às variações da 
temperatura da água. É a temperatura que determina a intensidade do metabolismo dos 
organismos vivos no viveiro. A tilápia desenvolve-se bem na temperatura de água entre 26 a 
28ºC. Os outros organismos vivos, principalmente os fitoplânctons e os zooplânctons, que estão 
presentes nos viveiros são importantes para a tilápia e precisam ser mantidos em condições 
adequadas ou desejáveis. 
Para se buscar o melhor crescimento dos peixes é necessário administrar o conjunto 
“peixe e água”, dando a cada um as condições para o desenvolvimento equilibrado. Nos períodos 
do ano em que as temperaturas são mais altas, a água do viveiro pode atingir níveis superiores 
aos limites confortáveis (28ºC). 
No entendimento de Sipaúba-Tavares (1995) as fontes de oxigênio num viveiro de criação 
de tilápia são: o contato com o ar, o fitoplâncton, a renovação de água e também os equipamento 
aeradores elétricos. A quantidade de oxigênio disponível na água é que determina a capacidade 
do viveiro em manter equilibrado (vivo) os peixes e os demais organismos. O oxigênio produzido 
e acumulado no viveiro durante o dia é consumido durante a noite. 
A implantação da atividade exige: 
• Água de boa qualidade 
• Licenciamento ambiental; 
• Planejamento e projeto técnico da construção dos viveiros e do manejo da criação; 
• Acesso de caminhões na propriedade e nos viveiros em qualquer época do ano; 
• Profissionalização do produtor, pois é uma atividade complexa; 
• Inserção no mercado comprador – frigoríficos e pesque & pagues. SIPAÚBA-
TAVARES (1995) 
 
1.1.2 - Investimentos Iniciais 
 
Comparada com a avicultura ou a suinocultura, que requerem um investimento inicial de 
R$ 50,00 a R$ 100,00/m² (valores de maio/04), a piscicultura em tanques escavados requer um 
investimento em torno de R$ 2,00/m². KUBITZA (2005) 
 
1.1.3 - Viveiros 
 
No entendimento de Sipaúba-Tavares (1995), os viveiros devem atender as necessidades 
de produção de “juvenis” e de “engorda”, com estocagem de volumes compatíveis com os 
contêineres de transporte, em parâmetros de construção que minimamente contemplem: formato 
retangular, tamanho de 2.000 a 3.000 m² para engorda, profundidade média de 1,20 m (0,80 a 
1,80 m) com caixa para despesca, camada de lodo máximo de 10 cm, abastecimento de água 
individualizado e escoamento através de comporta. 
• Serviço de esteira (D 50) ..................................................................140 horas/ha 
• Serviço de retro escavadeira ...............................................................25 horas/ha 
• Monges, canos, taxas, etc ................................................................. R$ 2.470,00 
 
Para a produção de juvenis, os viveiros podem ser menores (500 a 1.000 m²) isentos de 
lodo, profundidade média 1,00 m (0,5 a 1,5 m). Viveiros com essas dimensões não são indicados 
para estocagem de alevinos durante o inverno devido ao risco de quedas de Temperatura. 
 
1.1.4 - Reprodução 
 
Os criadores especializados - os alevinocultores – são os que mantêm um plantel de 
reprodutores e fornecem alevinos aos demais criadores: os piscicultores “terminadores”. Para 
maior rendimento, somente os machos - porque tem maior crescimento – são cultivados. Para 
obter esta população, as larvas são submetidas ao processo de reversão sexual e após 30 dias 
estão prontas para iniciar a fase seguinte, ou seja, o cultivo. SALDANHA (1998) 
 
1.1.4.1 – Reversão Sexual 
É possível fazer com que indivíduos que geneticamente são fêmeas desenvolvam fenótipo 
de machos, através da administração de hormônios masculinizantes adicionados a ração. Chama-
se isso de reversão sexual. 
Para obterem-se alevinos revertidos, alimentam-se as larvas com rações contendo de 40 a 
60mg de 17 alfa-metiltestosterona/kg de alimento (Panorama da Aqüicultura, 1995) por 3 a 4 
semanas em condições de temperatura entre 24 a 29°C, quando todos os alevinos têm, pelo 
menos, 14 mm de comprimento. O percentual de machos após o tratamento freqüentemente fica 
acima de 95 %, mas ocasionalmente podem ocorrer percentuais de 80 a 90 %. A eficácia da 
reversão sexual é similar para O. niloticus, O. aureus e O. mossambicus. O início do tratamento 
com o hormônio, por precaução, deve ser o mais cedo possível, ou seja logo após o consumo do 
saco vitelíno, isto porque o "timing" onde o peixe decide pelo sexo pode variar de acordo com as 
condições ambientais, principalmente com a temperatura da água. O mais comum, atualmente, é 
utilizar - se como referência o tamanho de até 13 mm. Aparentemente, parece não haver nenhum 
dano ao consumidor, já que o peixe é criado muitos meses sem esteróides antes do abate. 
SALDANHA (1998) 
1.1.5 - Produção do Juvenil 
 
O criador pode optar por adquirir os “juvenis” de outro criador especializado ou produzi-
los em sua propriedade. Em ambos os casos, alguns cuidados são fundamentais: procedência e 
idoneidade da estação produtora de alevinos; garantia do índice mínimo de reversão sexual de 
98%; lotes homogêneos (mesma idade e tamanho) e livre de doenças. Os viveiros de produção de 
“juvenis” podem ser considerados como uma “quarentena” pois em aproximadamente 40 dias 
terão tamanho e peso adequado para povoar os viveiros de engorda. Por essa razão, a água que sai 
do berçário não deve ser utilizada por outros viveiros como forma de evitar a disseminação ou 
contágio de doenças. Se ocorrer algum problema sanitário o viveiro e a água devem ser tratados. 
 
1.1.6 - Viveiros-berçário 
 
Devem ter localização privilegiada para proteção contra predadores e para acesso do 
tratador; evitar trocas de água, para não perder nutrientes primários importantes no equilíbrio do 
ambiente. Na maioria dos casos a manutenção do volume já é suficiente. A estabilidade dos 
parâmetros físico/químico e nutricionais, são determinantes do desenvolvimento do juvenil e 
repercutirá na fase posterior: a engorda; a programação da produção (e da comercialização) 
somente será possível com o domínio da disponibilidade de juvenis; 
 
1.1.7 - Alimentação 
 
Como na maioria das atividades pecuárias, a alimentação é o que mais pesa no custo de 
produção, representa de 68 a 79% do custo total de produção. A conversão alimentar da tilápia 
nas propriedades acompanhadas nas Redes de Referências e no Processo Piscicultura, situou-se 
em torno de 1,3 kg de ração/kg de peixe produzido. O alimento natural dos peixes é composto de 
inúmeros organismos vegetais (algas, plantas aquáticas, frutas, sementes, entre outros) ou 
animais (crustáceos, larvas e ninfas de insetos, vermes, moluscos, anfíbios, peixes, entre outros). 
De acordo com os autores, algumas espécies de tilápias, em particular a tilápia do Nilo, 
aproveitam de forma eficiente o fito e o zooplancton. SALDANHA (1998) 
 
1.1.8 - Despesca 
 
Esse é o momento que se poderia chamar de “hora da verdade”. O manejo dos peixes na 
despesca é tão importante quanto durante o cultivo, pois se realizado de forma incorreta, poderá 
causar estresse e comprometer a sobrevivência no transporte. 
Os principais canais de comercialização são os frigoríficos e os pesque & pagues. 
Considerando o mercado, os fatores de oportunidade precisam ser observados para a tomada de 
decisão sobre o momento de efetuar a venda. A partir de 350g, a tilápia entra na fase de melhor 
rendimento econômico para o produtor, mas o mercadoé restrito. O mercado, de forma geral 
(frigoríficos, pesque & pague, exportação), apresenta tendência a exigir peixes com peso mínimo 
de 500g. EUCLYDES (1983) 
Peixes maiores são mais atrativos tanto aos pesque & pagues quanto aos frigoríficos: são 
mais procurados pelos pescadores, produzem filés mais adequados a exportação e rendem mais 
na linha de processamento dos frigoríficos, embora não apresentem maior rendimento de filé que 
os peixes de 350 a 500g. 
 
A decisão sobre a que mercado atender ou produzir, deve levar em conta a capacidade de 
investimento do criador, a estrutura da propriedade e a oportunidade de negociar. A origem dos 
peixes e as boas práticas de manejo também são fatores determinantes do rendimento que a 
criação apresentará no momento da comercialização. 
 
1.1.9 - Escolha do Alevino 
 
A escolha dos alevinos é um dos fatores de maior importância no sucesso de uma 
piscicultura. O produtor deverá adquirir alevinos geneticamente adequados em estações que 
garantam qualidade sanitária e potencial de desempenho. 
Algumas populações de espécies exóticas de peixes (carpas, tilápias-do-Nilo e catfish) 
apresentam melhoramento genético, produzindo um rápido crescimento e uma grande 
uniformidade nos lotes. Entretanto, devido a um recente processo de manejo, a domesticação das 
espécies brasileiras ainda apresenta um desempenho muito variável entre lotes e dentro de um 
lote. Nestas condições, mesmo em lotes homogêneos de alevinos, podem ser encontradas baixas 
taxas de sobrevivência e grandes variações. 
 
1.1.9.1 - Transporte dos Alevinos 
 
Os alevinos são transportados em embalagens hermeticamente fechadas - sacos plásticos 
preenchidos com água e oxigênio puro injetado sob pressão. O tamanho das embalagens, a 
quantidade de água e alevinos é muito variável, depende da espécie, do período estimado de 
transporte e da temperatura da água. 
Antes de se trazer os alevinos, é importante assegurar que a água onde serão colocados 
apresente características adequadas aos alevinos. O condicionamento do viveiro antes da 
colocação dos peixes é fundamental. 
 
1.1.9.2 - Estocagem dos Alevinos 
 
 Os alevinos devem ser protegidos contra a ação dos predadores (insetos – odonatos, 
hemipteros, coleópteros - peixes carnívoros, anfíbios, aves e mamíferos), sendo de grande 
importância a completa drenagem dos viveiros ao final das transferências de juvenis ou nas 
despescas finais. 
Os viveiros devem permanecer secos e expostos ao sol pelo menos 24 horas antes de 
receber o calcário ou cal virgem na operação de pousio (permanecem vazios), eliminando dessa 
forma insetos, peixes e anfíbios, além de inviabilizar os ovos desses animais. Os projetos com 
captação de água a partir de represas e barragens já estabelecidas devem possuir telas, cercas e 
filtros de água ou outras instalações necessárias para o recolhimento e expurgo de todo o animal 
ou material estranho à operação de cultivo. 
 
 
1.1.10 – Capacidade de Suporte, Biomassa Crítica e Econômica 
 
 Existem conceitos econômicos e de produção que são necessários para que a produção da 
piscicultura seja otimizada e dos quais devem ser entendidos e seguidos como regra, são eles: 
- Capacidade de Suporte: É a máxima biomassa de peixes capaz de ser sustentada em 
uma unidade de produção (viveiro, tanque-rede, etc). O crescimento dos peixes ou da população 
de peixes é zero no momento em que a capacidade de suporte é atingida. Qualquer tentativa de 
ultrapassar esse limite de biomassa sem a incrementação da estratégia de cultivo pode resultar em 
perda parcial ou até mesmo total da produção. A capacidade de suporte pode ser expressa em 
relação à área (kg/ha, kg/m²) ou ao volume (hg/m³) da unidade de produção; 
 
- Biomassa Crítica: Constitui-se como o momento do cultivo em que o crescimento 
diário dos peixes atinge um valor máximo, ou seja, o máximo de ganho de peso possível por 
peixe (g/dia) ou por unidade de área (kg/ha/dia) ou volume (kg/m³/dia). A partir desse ponto, o 
crescimento dos peixes passa a ser cada vez mais reduzido até que o sistema atinja a capacidade 
de suporte e os peixes parem de crescer. 
- Biomassa Econômica: Corresponde a uma biomassa entre a biomassa de suporte e a 
biomassa crítica. Representa o valor de biomassa onde há maior lucro acumulado durante o 
cultivo (máximo lucro possível) e o ponto onde a despesca (parcial ou total) deve ser realizada. 
Avançar o cultivo além da biomassa econômica resulta em redução da receita líquida por área ou 
volume, ou seja, redução no lucro além do gasto adicional de tempo com a ocupação 
desnecessária da unidade de produção. NETO (2004) 
- 
1.2 - Sistemas de Produção de Tilápias 
 
São várias as formas de produzir tilápias, podendo ser basicamente classificadas de 
acordo com o grau de interferência do homem e intensidade do uso de insumos. Em termos de 
produtividade, podem ser divididos da seguinte forma: HAYASHI (1995) 
 
1.2.1 - Sistema Extensivo 
 
 A produção extensiva de tilápias é semelhante à pecuária extensiva. Consta da simples 
estocagem de 150 a 1.000 alevinos / ha de lâmina d’água, dependendo do porte dos peixes. O 
corpo d’água, geralmente um açude não sistematizado, sem forma definida. A interferência do 
homem é mínima e as tilápias crescem às expensas da produtividade natural do viveiro ou açude. 
Produtividade da ordem de 300 a 500 kg/ha/ano tentam ser obtidos nestas condições, porém as 
taxas de recuperação das tilápias estocadas são muito baixas. 
 
1.2.2 - Sistema Semi-Extensivo 
 
 O sistema semi-extensivo é atualmente o mais utilizado na piscicultura brasileira. Trata-se 
da estocagem de 1.000 a 5.000 alevinos / ha de lâmina d’água. O corpo d’água sistematizado, 
geralmente com forma retangular, com entrada e saída de água em cantos opostos. O grau de 
interferência do produtor ainda é mínimo, restringindo-se a colocação eventual de matéria 
orgânica como estercos, resíduos, ração caseira ou destinada a outras espécies animais. 
 
1.2.3 - Sistema Semi-Intensivo 
 
 O sistema semi-intensivo consiste na estocagem de 2.000 a 15.000 alevinos / ha de lâmina 
d’água. O piscicultor torna-se mais atuante, alimentando diariamente as tilápias com rações 
comerciais e suplementando a alimentação das tilápias com adubações ocasionais que podem ser 
químicas e / ou orgânicas. Realiza, eventualmente, o controle da qualidade de água, uma vez que 
as trocas diárias de água neste sistema são maiores, de 5 a 10% do volume total do viveiro. 
 
1.2.4 - Sistema intensivo 
 
 Este sistema consiste na colocação de 5.000 a 80.000 alevinos / ha de lâmina d’água. 
Utiliza viveiros escavados e rações comerciais de boa qualidade. As adubações são diárias, 
somente químicas, são realizadas. Visam quase que exclusivamente a qualidade de água do 
sistema. O monitoramento diário da qualidade de água é essencial, mesmo com trocas de água 
mais intensas, superiores a 10%. 
 
1.2.5 - Sistema Super-Intensivo 
 
 As taxas de estocagem variam de 40 a 80 peixes / m3 de lâmina d’água. Utiliza viveiros 
ou tanques de pequeno porte com taxas de renovação de água elevadas que podem ser superiores 
a 100% do volume/hora. O controle da qualidade de água e o manejo da alimentação são 
realizados várias vezes ao dia, o uso de aeradores é opcional. A alimentação das tilápias é 
exclusivamente proveniente de uma ração balanceada específica quanto a espécie e fase. As 
produtividades obtidas com a linhagem Chitralada variam de 15 a 50 kg/m3. 
 
1.2.6 - Gaiolas e Tanques-Rede 
 
 É aparentemente a forma mais intensiva de se cultivar tilápias, pois confina num espaço 
reduzido uma elevada população de peixes, 50 a 600/m3 de lâmina d’água. Entretanto, o número 
de tilápias no corpo d’água não é elevado, portanto, o sistema não é demasiadamente intensivo. 
As gaiolas, estruturas rígidas, ou tanques-rede, estrutura de panagem flexível, são 
construídas de diversas formas, predominando a forma quadrada. São compostaspor vários 
materiais, telas tipo alambrado de plástico, aço inox, alumínio ou ferro com revestimento de 
PVC. Apresentam volume reduzido, 2 a 30 m3. 
Esse sistema apresenta uma série de vantagens tais como: menor variação dos padrões 
físico-químicos da água durante a criação; maior facilidade de retirada dos peixes para venda 
(despesca); menor investimento inicial (60% a 70% menor que os viveiros convencionais); 
facilidade de movimentação e relocação dos peixes; intensificação da produção; facilidade de 
observação dos peixes, melhorando o manejo; redução do manuseio dos peixes; e, diminuição 
dos custos com tratamento de doença. Como desvantagens, podemos citar: necessidade de fluxo 
constante de água; dependência total do sistema de rações balanceadas; risco de rompimento da 
gaiola e perda total da produção; possibilidade de introdução de doenças ou peixes no ambiente, 
prejudicando a população natural. 
 
1.3 – A Tilápia do Ponto de Vista Comercial 
 
 A comercialização é hoje, junto com a regularização do empreendimento junto aos órgãos 
ambientais, um dos principais entraves da cadeia produtiva do pescado cultivado. 
 Sabemos que o lucro, em qualquer negócio, é obtido da diferença entre a receita e as 
despesas, ou seja, quanto maior a receita e menor as despesas, maior será o lucro. Geralmente, o 
modo mais usado para se aumentar os lucros é o corte nas despesas. O problema é que muitas 
vezes quando se adota essa tática, diminui-se a qualidade do produto e do serviço ofertado. 
 
 O que ocorre muito na atualidade, são improvisações e decisões tomadas de última hora. 
Sem muito planejamento, os produtores se deparam com muitos imprevistos na rotina do cultivo, 
quando as surpresas deveriam ser apenas as imponderáveis, como o clima, surto de doenças, 
acidentes, etc. 
 
1.3.1 – Aumento das Receitas 
 
 A primeira medida para aumentar a receita é aumentar o volume de vendas. Com um 
pouco investimento, planejamento e organização é possível aumentar a produção. Dividir o 
cultivo em fases, aproveitando ao máximo a capacidade de suporte de cada viveiro, é o método 
mais simples de se chegar ao aumento da produção. Além disso, a receita pode ser aumentada 
pela venda de peixes e sub-produtos que normalmente não são vendidos, como por exemplo, os 
peixes fora de padrão de tamanho ou mesmo das vísceras, que podem compor rações de muito 
boa qualidade para outros animais da mesma propriedade, ou até mesmo vendida na região. 
 Outra medida importante é aumentar o valor do produto oferecido, de forma que o cliente 
perceba um valor maior naquilo que ele está adquirindo. Lotes de peixes uniformes tem mais 
valor do que heterogêneo, no entanto é muito comum, encontrar lotes com tamanhos e pesos 
diferentes entre os peixes. Por exemplo: a média do lote pode ser de 900g, porém no mesmo lote 
estão peixes variando entre 300g e 1,5kg. A média pode está conforme o combinado, mas o 
cliente com certeza não esperava isso. 
 Um volume de produção constante é outro fator que faz com que o comprador fique 
cativo. Pouco adianta ter peixes de boa qualidade e uniformes, se não houver peixes quando o 
cliente quer. Se for difícil atendê-lo durante todo o ano, arranje parceiros, forme grupos, mas não 
deixe de atender o cliente. 
Como qualquer outro negócio, receba bem o seu cliente. A aparência do ambiente conta muito. É 
preciso manter a estrada de acesso em ordem, funcionários bem treinados, motivados e sempre de 
prontidão para facilitar a despesca, assim como equipamentos em bom estado. E para finalizar, 
um lanche simples para após o serviço faz a diferença, que estão nos detalhes, que sempre são 
mais notados pelos clientes.Tentar comercializar diretamente com os compradores, evitando a 
intermediação, é uma alternativa. O intermediário é visto erradamente como vilão, porque a 
maioria dos negócios não aconteceriam sem a presença dele. Os intermediários ganham a parte 
deles, que às vezes é exageradamente grande, mas é justo que ganhe uma remuneração, afinal 
eles assumem riscos, procuram estar sempre bem informados, conhecem bem o mercado, etc. 
 Como todo negócio, é preciso encantar o cliente, presenteando-o com um exemplar 
diferente do que ele costuma comprar, entregar o produto antes do prazo combinado e 
principalmente, antecipar-se a outros vendedores, pois quando eles chegarem seu cliente já vai 
estar abastecido. Por isso, é de suma importância o conhecimento total do mercado. Portanto, o 
seu produto deve ser diferenciado, na verdade a tilápia é igual, o seu serviço e sua preocupação 
com a qualidade ofertada é que é diferente. 
1.3.2 – Valor Agregado 
 
 Agregar valores também é um diferencial. Instalar um frigorífico, por exemplo, pode ser 
uma alternativa para se agregar mais valor ao pescado, mas demanda investimentos que podem 
ser muito altos para o produtor. A solução seria novamente a junção de pessoas, formando uma 
empresa, uma cooperativa ou associação.O produto deve ser bem embalado, uma embalagem 
higiênica e eficiente valoriza o produto. Pescados são produtos altamente perecíveis e esse é um 
dos motivos da alta rejeição entre os brasileiros: a falta de garantia de frescor e higiene. 
 
1.4 – Viabilidade Econômica da Tilapicultura 
 
O Brasil tem o potencial de ser o maior produtor de tilápia do mundo. É possível produzir 
tilápia em qualquer parte do território brasileiro. A tilápia, que era um peixe praticamente 
desconhecido há alguns anos, é hoje uma estrela no mercado americano. É atualmente o sexto 
pescado mais consumido nos EUA. No Estado do Paraná está concentrado um enorme número de 
piscicultores e a introdução e difusão da linhagem permitirá melhor rentabilidade para o setor 
produtivo. Atinge o peso comercial mais rapidamente (maior ganho de peso e crescimento, 
quantidade de filé), quando comparada com as linhagens de outros peixes convencionais; Possui 
maior resistência a doenças e variações climáticas, diminuindo assim o índice de mortalidade e 
conseqüentemente maior produção. 
A piscicultura é uma atividade que tem sido realmente levada a sério no Brasil há pouco 
mais de uma década. Mas na década de 30 já haviam relatos e documentação científica que 
indicavam o lugar de destaque que a atividade teria na produção animal brasileira. KUBITZA 
(2005) 
 No início da década de 90 foi difundida a técnica de reversão sexual de tilápias, o que 
possibilitou um maior controle na criação desta espécie, aumentando substancialmente a 
produtividade. Houve então uma “explosão” na produção de peixes, pois a atividade mostrou-se, 
a exemplo do que ocorreu em outros países, um grande empreendimento no Brasil. 
 Nesse mesmo período, a partir da iniciativa de alguns empresários / produtores e com o 
auxílio financeiro do Governo do Estado do Ceará, foram implantadas as primeiras indústrias de 
processamento de peixes. Isto promoveu a difusão do produto para outras regiões do Estado. Ao 
mesmo tempo que a atividade crescia, alavancada pela industrialização, crescia também uma 
atividade original, os pesque-pagues, que levaram a piscicultura também aos estados vizinhos. 
 
 O rápido crescimento da atividade de pesque-pagues veio novamente pressionar a 
produção, tendo como conseqüência um aumento substancial no número de produtores e rápido 
aumento na produção de uma grande diversidade de espécies de peixes. Observou-se um aumento 
na lucratividade da atividade, garantia de mercado, evolução nas técnicas de produção, melhoria 
na qualidade e aumento no número de indústrias produtoras de rações ou dietas completas para 
peixes. Neste momento, a piscicultura teve um grande salto na produção, deixando 
definitivamente de ser uma atividade alternativa e regional para tornar-se uma fonte de renda e 
ser difundida a outros estados brasileiros que, a exemplo do Paraná, tiveram a sua história na 
atividade e sofreram a influência da revolução da produção piscícola do Estado do Ceará. 
 Apesar da grande contribuição para o crescimento da atividade piscícola que ospesque-
pagues tiveram, seu efeito foi sentido negativamente nas indústrias recentemente instaladas. 
Estas, como produziam um produto diferenciado de altíssima qualidade, o filé, não podiam, por 
questões econômicas, competir com os preços pagos aos produtores de peixe pelos pesqueiros, 
gerando uma crise na indústria de filetagem. 
A atividade de venda de peixe vivo em pesqueiros cresceu e se difundiu até quase o final 
dos anos noventa. A pressão gerada foi negativa na indústria, mas positiva na produção e no 
preço dos peixes e dos insumos, principalmente das rações. 
Entretanto, já no final dos anos noventa, em uma fase de alta oferta do produto, a 
implantação de pesqueiros diminuiu, anunciando uma crise no setor. 
 A crise gerada neste momento foi agravada pelo custo da produção e descapitalização das 
indústrias instaladas, pelo baixo investimento em marketing e pelo baixo interesse das empresas 
produtoras de rações, equipamentos e insumos (e mesmo das filetadoras) em promover 
investimentos em pesquisa nas áreas da atividade piscícola. KUBITZA (2005) 
 
1.4.1 – Aspectos que afetam a Produção do Peixe 
 
As mudanças na conjuntura econômica vêm obrigando muitos piscicultores a reavaliar a 
continuidade da atividade, em função de algumas reduções nos lucros ou mesmo pelos prejuízos 
amargados em algumas safras. Diversos aspectos do mercado têm afetado diretamente a produção 
das tilápias cultivadas, dentre os quais podemos destacar: 
a) Grande oferta de peixe a um baixo preço: piscicultores se deparam com a necessidade de 
competir, no preço, com produtos de custo e qualidade inferiores aos seus. Trata-se de 
uma competição desleal para com um produtor que investe recursos e tempo à produção 
de peixes com qualidade inferior; 
b) Exigência por preços maiores: os produtores estão sendo obrigados a se adaptar a essa 
nova exigência, tanto nos pesques-pagues quanto nas indústrias de beneficiamento. No 
entanto, o preço não sofreu alteração, o que ocasiona uma redução na margem de lucro 
por quilo, visto o maior custo envolvido na produção de peixes maiores; 
c) A inadimplência: aproximadamente 70% a 80% da tilápia cultivada tem como destino 
estabelecimentos de pesca recreativa. A característica marcante desse mercado é a venda 
para intermediários que se encarrega de distribuir o peixe a diversos pesque-pagues, como 
o pagamento pelo peixe vivo tem sido feito em prazos longos, de até 60 dias, tem sido 
cada vez mais freqüente os casos de inadimplência, impondo grandes riscos e prejuízos ao 
produtor. 
 
1.4.2 – Vantagens Competitivas do Brasil na Produção de Tilápias 
 A tilápia é hoje o peixe mais produzido no Brasil. É o peixe de melhor desempenho 
zootécnico, maior rendimento de carcaça, melhor preço e ganhador de prêmios de degustação. 
 Dentre as outras vantagens, podemos citar ainda: 
- o país é auto suficiente na produção de grãos; 
- 70% do território em regiões de clima tropical; 
- altas taxas de insolação permitindo boa produtividade primária; 
- autonomia na produção de insumos; 
- o país possui 12% de toda a água doce disponível no planeta; 
- existência de parque industrial de pescado trabalhando com alta ociosidade; 
- tecnologia nacionalizada. KUBITZA (2005) 
 
Da tilápia tudo se aproveita. Extraído o filé, seu couro é muito requisitado para a 
fabricação de bolsas, cintos carteiras e sapatos. O resto, é utilizado na fabricação de farinha de 
peixe que é utilizada como componente das rações que vão alimentar outros peixes. Do resto de 
peixes, também é extraído um óleo muito utilizado na indústria de cosméticos. 
A piscicultura quando comparada a bovinulcutura e a caprinocultura tem elevada 
vantagem econômica em razão da taxa de conversão alimentar do peixe (alimento ingerido / 
ganho de peso – grama), isto é, transformar produto vegetal em produto animal, a taxa para o 
peixe é cerca de 1:2, enquanto na bovinocultura e caprinocultura, a taxa é de 6:1. Isso deve-se ao 
fato do peixe viver em ambiente líquido e serem animais de sangue frio, tais características 
demandam menos energia corporal e para locomoção, o que não acontece com animais terrestres, 
gerando mais eficiência na conversão alimentar, SILVA (2005). 
Outro dado interessante é que o consumo per capta de derivado de peixe médio 
recomendado pela FAO (1997) é de 14 kg hab./ano, enquanto no Brasil se consome 7 kg 
hab./ano, no Nordeste Brasileiro cerca de 6,8 kg hab./ano e o Ceará, onde está inserida a área 
objeto de nosso estudo, 6,4 kg hab./ano. Portanto no pondo de vista de demanda ela é 
praticamente infinita, segundo FAO (1997). 
Há que se preocupar com o aumento da produtividade, com a redução dos custos e com a 
elaboração de dietas que contribuam com a competitividade do setor. Além disso, é preciso 
pensar na redução dos riscos de contaminação ambiental e deterioração da qualidade de água, 
aumentando a possibilidade de sobrevivência dos peixes em condições de produção com índices 
satisfatórios de lucratividade. 
 
1.4.3 – Prognósticos da Tilapicultura Brasileira para 20102 
 
No longo prazo, em 2010, a produção brasileira de tilápias poderá ultrapassar 420.000 
toneladas/ano, com uma área cultivada de cerca de 50.790 ha, atingindo uma produtividade 
média de 8,28 t/ha/ano e gerar, só a nível de produtor, receitas da ordem de US$ 247.000.000,00. 
O número de produtores deverá ficar em torno de 43.000 e o número de empregos gerados pela 
atividade deverá saltar para 152.300. Assim sendo, a relação entre empregos gerados por 
propriedade subiria para 3,5, o que seria mais um indicativo do fortalecimento e do 
desenvolvimento da cadeia produtiva como um todo. 
 
Contudo não se espera um aumento na área total alagada por propriedade, que deverá 
ficar em torno de 1,18 ha. Isso porque, apesar da implantação de grandes empreendimentos, 
como é o caso do Projeto Curupati Peixes, a tilapicultura continuará sendo uma atividade atrativa 
para produtores rurais que empreguem mão-de-obra familiar. 
 
2.0 Licenciamento Ambiental3 
 
O licenciamento ambiental se faz necessário para a localização, construção, instalação, 
ampliação, modificação e operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos 
ambientais, quando consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras, bem como os 
empreendimentos capazes de causar degradação ambiental. 
Licenciar uma atividade significa avaliar os processos tecnológicos em conjunto com os 
parâmetros ambientais e sócio-econômicos, fixando medidas de controle, levando-se em conta os 
objetivos, critérios e normas para conservação, defesa e melhoria do ambiente e, especialmente, 
as diretrizes de planejamento e ordenamento territorial. 
O licenciamento ambiental para Aqüicultura, a nível Federal, tem o IBAMA como órgão 
competente e obedece ao estabelecido na legislação ambiental pertinente: Resolução CONAMA 
01/86, Resolução CONAMA 237/97, Resolução CONAMA 312/02. 
A nível Estadual a responsabilidade pelo licenciamento ambiental passa para os Órgãos 
Estaduais de Meio Ambiente (OEMAs) e obedecerá a legislação estadual vigente que não poderá 
ser mais permissível que o estabelecido na Lei Federal que regula o licenciamento. 
 
2
 Toda esta sub-seção foi extraída do site: http://mercadodapesca/cadeias_tilapias/beneficios - acesso em 02/10/2005 
3
 Toda esra sub-seção foi extraída do site: http://www.mercadodapesca.com.br/frame.php?pagina=/seap/aq. htm – 
acesso em 12/12/06 
Caso o Estado não possua competência para realizar o licenciamento de atividade com 
impacto a nível municipal ou estadual, o órgão federal torna-se responsável. Ainda pode 
acontecer do IBAMA, ressalvada sua competência supletiva, delegar aos Estados o licenciamento 
de atividade com significativo impacto ambiental de âmbito regional, uniformizando, quando 
possível, as exigências. 
Existem três tipos de licenças necessárias para o funcionamento do empreendimento: 
Licença Prévia (LP) - concedida na fase preliminardo planejamento do empreendimento 
ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a viabilidade ambiental e 
estabelecendo os requisitos básicos e condicionantes a serem atendidos nas próximas fases de sua 
implementação (validade 05 anos); 
Licença de Instalação (LI) - autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de 
acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos aprovados, incluindo 
as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da qual constituem motivo 
determinante (validade 06 anos); 
 
Licença de Operação (LO) - autoriza a operação da atividade ou empreendimento, após 
a verificação do efetivo cumprimento do que consta das licenças anteriores, com as medidas de 
controle ambiental e condicionantes determinados para a operação (validade de 04 a 10 anos). 
Entre os procedimentos adotados para o licenciamento ambiental, encontramos as 
seguintes etapas: 
a) definição pelo órgão ambiental competente dos documentos, projetos e estudos 
ambientais, necessários ao início do processo de licenciamento correspondente à 
licença a ser requerida; 
b) requerimento da licença ambiental pelo empreendedor, acompanhado dos 
documentos, projetos e estudos ambientais pertinentes, dando-se a devida publicidade; 
c) Análise dos documentos, projetos e estudos ambientais apresentados e a realização de 
vistorias técnicas, quando necessárias; 
d) solicitação de esclarecimentos e complementações, em decorrência da análise dos 
documentos, projetos e estudos ambientais apresentados, quando couber, podendo 
haver a reiteração da mesma solicitação caso os esclarecimentos e complementações 
não tenham sido satisfatórios; 
e) audiência pública, quando couber, de acordo com a regulamentação pertinente; 
f) emissão de parecer técnico conclusivo e, quando couber, parecer jurídico; 
g) deferimento ou indeferimento do pedido de licença, dando-se a devida publicidade. 
 
3.0 PROJETO PRODUTIVO DO CURUPATI PEIXE4 
Atualmente, os pequenos produtores rurais vêem a aquicultura, em especial a piscicultura, 
como meio de diversificar sua produção, reduzindo os riscos da atividade agrícola, e de 
complementar sua alimentação com proteínas de alta qualidade. Neste caso, o cultivo de peixes 
exige poucos investimentos e a produção, quase sempre, se mantém naturalmente com o próprio 
alimento gerado nos tanques de cultivo, suplementado com subprodutos e restos não 
aproveitáveis da atividade agropecuária. Obviamente, o sucesso desta atividade aqüícola em uma 
propriedade rural vai depender, fundamentalmente, da localização e disponibilidade da terra e de 
recursos hídricos. 
 
4
 Todos os dados do tópico, foram extraídos do site: http://www.ceara.gov.br – acesso em 15/06/2004 
A aqüicultura, não obstante, está sujeita a riscos ambientais e doenças. A aqüicultura 
marinha e estuarina sofre a ameaça da poluição costeira, cada vez mais intensa. Neste sentido, é 
de salientar os riscos da poluição orgânica, acarretada pelos esgotos, contaminação microbiana, 
sedimentação, poluição química, modificações ambientais, etc. Outrossim, a instalação de 
projetos de cultivos nas regiões litorâneas, por exemplo, passou a atuar, em contrapartida, como 
um importante obstáculo inibidor para projetos industriais potencialmente poluidores dessas 
áreas, bem como um importante indicador da ocorrência de poluição em conseqüência dos efeitos 
danosos sobre os cultivos. 
 
A importância da expansão de cultivos em áreas litorâneas, neste sentido, é da maior 
importância para a melhoria das suas condições ambientais, pelas conseqüências legais que 
poderão atingir os responsáveis pela poluição, obrigando-os a pagar pelos prejuízos não só 
ambientais como, também, pelos prejuízos econômicos e sociais causados aos cultivadores e por 
danos à saúde dos consumidores. A disseminação dos cultivos litorâneos, assim, além das 
vantagens sócioeconômicas que produzem, pressionarão as autoridades governamentais para 
serem mais exigentes e atuantes nas suas ações voltadas para a melhoria da qualidade dos 
ambientes estuarinos e marinhos. Uma das obras que mais podem contribuir para disseminar esta 
cultura longe da faixa litorânea é a Barragem do Castanhão. 
A construção do Açude Castanhão, entre 1995 e 2003, inundou e tirou do mapa 
Jaguaribara. O projeto do açude beneficia as regiões secas do Ceará. A Barragem, a maior do 
Ceará, deverá ser o principal produtor de tilápia em cativeiro do Estado e um dos maiores do 
Nordeste. Até o final de 2006, o governo espera atingir a metade da capacidade máxima, a partir 
do investimento de empresários ampliando a criação em cativeiro. 
Mais de cem famílias viviam nas margens do Rio Jaguaribe, fazendo cultivo de 
sobrevivência (milho, feijão, batata e jerimum) e tiveram suas terras cobertas pelas águas do 
Açude Castanhão. Eles receberam indenizações e casas e agora são piscicultores, do projeto 
Curupati-Peixe. A comunidade localizada no município de Jaguaribara, distante 297 km de 
Fortaleza, começa a viver uma nova experiência de vida. Já foram construídas 136 casas na 
agrovila e quase todas estão ocupadas. Depois de três anos, um grupo de 50 trabalhadores foi 
treinado para participar do projeto de piscicultura. 
Eles são oriundos de comunidades que foram cobertas pelas águas do açude Castanhão: 
Malhada Vermelha, Ilha Grande e Curupati. Deixaram para trás, as terras, as casas e o antigo 
modo de viver. Trouxeram e guardam consigo as lembranças de muitos anos vividos como 
pequenos agricultores de sobrevivência. Esses antigos trabalhadores rurais agora se 
transformaram em pescadores. Antes, só praticavam a pesca artesanal para sobrevivência. Outros 
nunca tinham pescado. 
O projeto Curupati-Peixe começou a ser implantado em janeiro de 2004. O DNOCS 
adquiriu mais 100 tanques-rede. Está construindo um galpão para sede da cooperativa de 
pescadores, um armazém e em breve vai implantar uma estação de reprodução de alevinos. Até o 
final de 2005, o DNOCS estará produzindo cerca de 100 milhões de alevinos por ano para 
povoamentos dos 320 açudes que o departamento mantém no Nordeste. 
A estação de piscicultura do Castanhão, que está em instalação, terá capacidade de 
produção de 25 milhões de unidades de alevinos por ano. Também estão em construção estações 
de piscicultura na Bahia, Alagoas, Sergipe e Rio Grande do Norte. Atualmente, o DNOCS produz 
25 milhões de unidades por ano de alevinos (Divisão de Comunicação Social do DNOCS). 
O projeto Curupati-Peixe faz parte de uma série de ações, executadas pelo Governo do 
Estado em parceria com DNOCS, que estão sendo projetadas para o Complexo do Castanhão, 
maior reservatório de água do Estado do Ceará, que possui uma lâmina d’água que pode chegar a 
32.500 hectares. Os produtores receberam capacitação de técnicos da Secretaria da Agricultura 
(SEAGRI) sobre todo o processo produtivo, além de orientações sobre gestão de negócios, 
associativismo e cooperativismo. 
 
 Os números do que pode se transformar o Castanhão em produção de tilápia em cativeiro 
são promissores. Segundo estimativa da SEAGRI esse reservatório poderá garantir 30% da 
produção nacional. O Açude Castanhão tem potencial para se transformar no maior produtor de 
pescado do Ceará e um dos maiores do Nordeste, nos próximos cinco anos. 
O mercado é favorável e há possibilidade de exportação do produto. Dentro das 
estimativas, mensalmente, haverá despescas em 45 tanques para proporcionar alimentação e 
renda às famílias participantes do projeto. Cada 120 gaiolas representam um hectare de área. A 
expectativa é de uma produção de aproximadamente 2 mil toneladas por ano. 
A maioria da população vivia na beira do rio sobrevivendo da pesca artesanal ou da 
agricultura de subsistência e do plantio de sequeiro. Com o projeto de piscicultura houve uma 
mudança total na vida das famílias do Projeto Curupati-Peixe, em Nova Jaguaribara, que 
passaram a ter uma fonte de renda apartir da piscicultura. Segundo dados da SEAGRI, com o 
projeto total de 640 gaiolas implantadas, poderá se produzir no Castanhão, 30% de toda a oferta 
nacional de tilápia, chegando a 45 mil toneladas. Todo o Ceará produz 12 mil toneladas de 
peixes. 
O Projeto de Piscicultura Curupati-Peixe foi implantado no Açude Castanhão. 
Inicialmente foi concebido em duas etapas prevendo-se, o envolvimento de 100 famílias na 
atividade piscícola, com produções e renda familiar. A meta final do projeto para 2006 é atender 
100 famílias, com um total de 640 tanques-rede, garantindo uma produção mensal de 96 mil kg 
de tilápia e uma renda de R$ 800,00. 
No inicio, foram instalados 70 tanques-rede para criação em cativeiro de tilápias. O 
projeto é realizado em parceria com o governo do Estado por meio da secretaria de Agricultura e 
Pecuária – SEAGRI e o Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS, que 
investiu R$ 561 mil na compra de gaiolas, barcos e insumos. Nas etapas seguintes, serão 
beneficiadas mais famílias que atuam em outros projetos de irrigação do Castanhão. 
Somente a primeira etapa: 
- Total de tanques-rede: 320 
- Produção mensal: 48.000 quilos 
- Renda mensal familiar: R$ 800,00 
- Número de famílias na atividade: 50 
Com a primeira despesca em sete tanques-rede de um total de 70 instalados até então, foi 
obtida uma produção de 3.400 quilos de tilápia que propiciou uma renda familiar de R$ 360,00 
mensais, a qual chegará a R$ 800,00/família/mês quando da produção do total de tanques-rede do 
projeto. Por enquanto, a produção abastece Fortaleza, mas o consumidor também pode adquirir o 
pescado no local. O quilo custa hoje cerca de R$ 3,50 ao produtor para peixes acima de 800 
gramas. 
Os peixes chegam aos tanques de 2 metros de comprimento por 2 de largura e 1,2 de 
profundidade com 35 gramas. Cada um tem condições de abrigar mil tilápias. No processo, a 
SEAGRI indicou um técnico, e faz o acompanhamento, o SEBRAE atua na capacitação, 
enquanto os recursos cabem ao DNOCS. 
A tilápia pode ser considerada o pargo da água doce, pois tem carne saborosa e poucas 
espinhas. Além disso, são expressivas as vantagens econômicas da tilapicultura: 1,8 empregos 
diretos por hectare, alto índice de reprodução, crescimento rápido, aproveitamento do couro para 
a confecção da sapatos e bolsas e grande potencial de exportação. Só os Estados Unidos têm uma 
demanda não atendida de 25 mil toneladas por ano. 
 
CONCLUSÕES 
 
Acredita-se que a piscicultura esteja passando por um grande momento em nosso país, 
com um crescimento anual superior aos 10% para a maioria das espécies mais cultivadas. A 
tilápia se tornou no final dos anos 90 o peixe mais cultivado do Brasil, com crescimento anual 
superior a 20% e hoje deve ser responsável por cerca de 40% do volume total da aqüicultura 
nacional (que é estimado em 200 mil toneladas para a safra de 2003/2004). 
O panorama nacional e internacional apresenta-se extremamente positivo para a 
piscicultura, e as cadeias produtivas das principais espécies cultivadas começam a se organizar, 
ao se criar esse ambiente favorável, grandes grupos ou empresas passarão naturalmente a ter uma 
maior segurança para investir na atividade, garantindo que as metas traçadas neste programa 
possam ser atingidas. 
As condições climáticas nordestinas tem favorecido crescimento e a produção das 
Tilápias do Congo e do Nilo, nos açudes da região Nordeste que foram povoados com as duas 
espécies, ficando comprovada a eficiência das mesmas para a melhoria da produção pesqueira. 
O Açude Castanhão, dada as suas dimensões e capacidade de armazenamento, que é de 
6,7 bilhões de metros cúbicos, dispõe de uma imensa potencialidade aquicola capaz de fortificar e 
alavancar o desenvolvimento econômico de toda a região, como também do Estado do Ceará, 
gerando divisas e empregos. 
Torna-se premente a adoção de um programa de fortalecimento da cadeia produtiva da 
tilápia, visando um crescimento ainda maior de sua produtividade. Para que isso ocorra, é 
necessário uma maior capacitação do produtor para o exercício da atividade, insumos e 
equipamentos de melhor qualidade, aperfeiçoamento da extensão rural e difusão de tecnologias 
apropriadas para o cultivo, bem como o fortalecimento dos canais de escoamento e 
processamento da produção. 
Depois de realizado o fortalecimento da cadeia produtiva, é necessário tornar a cadeia 
também competitiva para o mercado, para isso, é preciso que as Colônias e Associações de 
Pescadores dos açudes sejam fortalecidas, bem como as vantagens sociais (assistência médica e 
odontológica, educação primária, etc.) delas decorrentes. Com os produtores organizados, seus 
custos de produção são diminuídos, através da aquisição de equipamentos e insumos em maior 
escala; melhora sua logística operacional, através da aquisição de tecnologias adequadas e 
assistência técnica; realiza processos agrupados de registros, licenciamentos e outros; otimiza a 
logística do abastecimento de matéria-prima e adequa os processos industriais em função do 
mercado alvo. 
 Portanto, deve ser incentivada a adoção de qualquer tipo de associativismo, para que o 
crédito e a assistência técnica fluam com mais facilidade para os pescadores, criadores de tilápias 
e beneficiários. Para tanto é necessário concentração de esforços dos agentes públicos e privados. 
Embora os produtores de tilápias tenham adotado algum tipo de associativismo (colônias, 
associações e cooperativas), o mesmo ainda não alcançou os resultados desejados. 
Existem ainda, outros tipos de mercados potenciais para tilápias no Estado, tais como 
restaurantes institucionais, merenda escolar e lanchonetes, principalmente nas capitais. O 
mercado externo ainda é pouco explorado, devemos aproveitar mais esse filão, países como 
EUA, Japão e a União Européia como um todo, devem ter programas específicos do qual 
devemos explorar. Além do mais, o pescado é a fonte mais consumida do mundo, principalmente 
nos países de alta longevidade tais como Grécia e Japão 
Todos os aspectos analisados neste trabalho são positivos para o incremento da 
tilapicultura no Estado do Ceará. Com isso, haverá grande contribuição para o desenvolvimento 
social, econômico e tecnológico regional e nacional, gerando alimentos, empregos, divisas e 
novas oportunidades em ramos associados. 
Do que foi exposto antes, conclui-se que o Estado do Ceará oferece condições para ter na 
tilapicultura uma de suas melhores atividades rurais e até mesmo próximas aos grandes centros 
urbanos. A atividade gerará emprego e renda, diminuirá o desemprego ou subemprego rural e 
aumentará a oferta de alimentos para as populações cearenses, principalmente as interioranas, que 
mais sofrem com a escassez, pois estando longe da faixa litorânea não tem acesso ao pescado 
marinho, geralmente 
 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
 
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