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Prévia do material em texto

Brasília-DF. 
Fisiologia do sistema imunológico
Elaboração
Talissa Mozzini Monteiro 
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Sumário
APRESENTAÇÃO ................................................................................................................................. 4
ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA .................................................................... 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7
UNIDADE I
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA ............................................................................................................... 9
CAPÍTULO 1
IMUNIDADE INATA E IMUNIDADE ADQUIRIDA ............................................................................. 9
UNIDADE II
ORGÃOS LINFÓIDES ............................................................................................................................ 47
CAPÍTULO 1
ÓRGÃOS LINFOIDES PRIMÁRIOS E SECUNDÁRIOS ................................................................... 47
UNIDADE III
RESPOSTAS IMUNES ............................................................................................................................. 63
CAPÍTULO 1
SISTEMA COMPLEMENTO E GERAÇÃO DAS RESPOSTAS IMUNES .............................................. 63
UNIDADE IV
DOENÇAS DE HIPERSENSIBILIDADES ..................................................................................................... 79
CAPÍTULO 1
TIPOS DE HIPERSENSIBILIDADES ............................................................................................... 79
REFERÊNCIAS .................................................................................................................................. 89
4
Apresentação
Caro aluno
A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se 
entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade. 
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela 
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da 
Educação a Distância – EaD.
Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade dos 
conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos específicos da 
área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém ao profissional que 
busca a formação continuada para vencer os desafios que a evolução científico-tecnológica 
impõe ao mundo contemporâneo.
Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo 
a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na 
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno 
de Estudos e Pesquisa
Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em 
capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos 
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam a tornar 
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta, para 
aprofundar os estudos com leituras e pesquisas complementares.
A seguir, uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos Cadernos de 
Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes 
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor 
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita 
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante 
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As 
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Sugestão de estudo complementar
Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo, 
discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a 
síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões 
sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o 
entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
Para (não) finalizar
Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem 
ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.
7
Introdução
Imunologia é a ciência que estuda o sistema imunitário (ou imunológico) e todos os 
organismos, bem como a inter-relação entre esse sistema e os demais. O estado sadio 
de um ser vivo está intimamente ligado à homeostase do Sistema Imunológico, ou 
seja, o funcionamento fisiológico do sistema imune de um indivíduo no estado sadio. 
Um desequilíbrio no Sistema imunológico, que pode ser decorrente do seu mau 
funcionamento, gera doenças tais como: doenças autoimunes, hipersensibilidade, 
deficiência imune, rejeição pós-enxerto, entre outras. Diante do exposto, esta disciplina 
tem por objetivo introduzir terminologias específicas para uma boa familiarização dos 
alunos, introduzir a fisiologia do sistema imunológico para, assim, entender as doenças 
decorrentes da desregulação deste sistema.
Objetivos
 » Introduzir terminologias específicas imunológicas.
 » Introduzir a fisiologia do sistema imunológico e seus componentes.
 » Entender as doenças decorrentes da desregulação deste sistema.
8
9
UNIDADE IINTRODUÇÃO À 
IMUNOLOGIA
CAPÍTULO 1
Imunidade inata e imunidade adquirida
Às vezes, no nosso dia a dia, nos deparamos com algumas questões em relação ao nosso 
corpo que nos deixam cheios de dúvidas...
Figura 1.
Fonte: <www.ovencedordigital.com>.
O que acontece com o nosso corpo quando ficamos doentes? Por que no 
local de um corte fica quente e dolorido? O que é aquela coisa amarela 
que aparece depois de um certo tempo no local onde machucamos? 
Nosso corpo possui alguma barreira para evitar a entrada de bactérias 
ou vírus que causam doenças? Por que as vacinas nos protegem? Por 
que algumas doenças só pegamos “uma vez”?
Todas essas questões estão relacionadas ao nosso sistema imunológico, também 
conhecido como sistema imune. Esse sistema tem várias funções e uma delas é nos 
proteger contra microrganismos e substâncias estranhas que tentam entrar e se instalar 
em nosso corpo e até mesmo contra células do próprio corpo quando estas se tornam 
estranhas como, por exemplo, nos cânceres. Essas moléculas estranhas são chamadas 
de antígeno e os microrganismos são constituídos por milhares desses antígenos. 
10
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
A imunologia é uma ciência recente. Sua origem é atribuída, por alguns autores, a 
Edward Jenner, que, em 1796, verificou proteção induzida pelo cowpox (vírus da varíola 
bovina) contra a varíola humana, nomeando tal processo da vacinação. No entanto, é 
sabido que na antiguidade os chineses já inalavam o pó das crostas secas das pústulas 
de varíola ou as inseriam em pequenos cortes na pele, com o intuito de buscar proteção. 
Jenner, um médico inglês, observou que mulheres responsáveis pela ordenha de vacas 
que haviam se recuperado da vaccínia nunca contraíam a varíola, que era a forma mais 
grave. Com base nessa observação, ele injetou o material de uma pústula de vaccínia no 
braço de um menino de 8 anos de idade, o que fez com que o garoto não desenvolvesse 
a doença, denominando esse método de vacinação (do latim vaccinus, relativo a ou 
derivado de vacas), o qual foi publicado em 1798. Isso levou a uma ampla aceitação 
desse método para induzir imunidade a doenças infecciosas e a vacinação continua 
sendo o método mais efetivo de prevenção contradiversas doenças.
Estamos vivendo um momento de alerta com relação à gripe. Até o momento, foram 
registrados 444 casos de síndrome aguda respiratória grave por influenza A (H1N1) em 
todo o Brasil, sendo 71 mortes, de acordo com o Ministério da Saúde. O maior número 
de casos foi registrado em São Paulo, com 55 óbitos. A síndrome se caracteriza por febre, 
tosse e desconforto respiratório. Durante todo o ano passado, foram registradas 36 
mortes por H1N1 no país. Vacinação contra influenza é a intervenção mais importante 
na redução do impacto da doença. De acordo com o Ministério da Saúde, a ação é 
uma resposta da Organização Mundial da Saúde (OMS) para controlar a circulação de 
amostras dos vírus. Segundo a pasta, a constante mudança dos vírus influenza requer 
monitoramento global e frequente reformulação da vacina. Quais são os tipos de vacina 
de gripe? Como a vacina é elaborada? Por que a vacina muda todo o ano?
Conceitos básicos e terminologia científica 
utilizada em imunologia
Nós vivemos cercados de microrganismos e muitos deles causam doenças. Ainda, apesar 
dessa exposição contínua, apenas raramente nos tornamos doentes. Como o corpo se 
defende? Quando a infecção ocorre, como o corpo elimina o invasor e se recupera? 
E por que nós desenvolvemos uma imunidade duradoura a muitas doenças infecciosas 
encontradas uma vez e a superamos? Essas são questões direcionadas à imunologia, 
a qual estudaremos para entender nossas defesas corporais contra infecções a nível 
celular e molecular. Apesar de muitos livros relacionarem a imunologia como um 
estudo das nossas defesas, hoje esse conceitos tornou-se mais amplo, onde a luta do 
sistema imune seria para garantir a homeostase do organismo, ou seja, garantir a 
manutenção do equilíbrio interno.
11
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Quando introduziu a vacinação, Jenner não sabia nada a respeito dos agentes infecciosos 
causadores de doenças. Foi Robert Koch, no final do Século XIX, que provou que as 
doenças infecciosas eram causadas por microrganismos patogênicos, cada um 
responsável por uma determinada patologia. 
Atualmente, reconhecemos quatro grandes categorias de microrganismos, ou patógenos, 
causadores de doença: os vírus, as bactérias, os fungos patogênicos e os parasitas. 
As descobertas de Koch e de outros grandes microbiologistas do Século XIX estimularam 
a expansão da estratégia de vacinação de Jenner para outras doenças. 
Em 1880, Louis Pasteur projetou uma vacina contra a cólera aviária e desenvolveu 
uma vacina antirrábica, a qual obteve um sucesso espetacular em sua primeira 
aplicação em um rapaz mordido por um cão raivoso. Tantos triunfos práticos levaram 
à busca dos mecanismos de proteção imune e ao desenvolvimento da ciência da 
imunologia. No início da década de 1890, Emil von Behring e Shibasaburo Kitasato 
descobriram que o soro de animais imunes à difteria ou ao tétano continha uma 
“atividade antitóxica” específica que poderia conferir uma proteção a curto prazo 
contra os efeitos das toxinas de difteria ou tétano em pessoas. Esta atividade deve 
ao que agora chamamos de anticorpos, que se ligam especificamente a toxinas e 
neutralizam suas atividades. As respostas que desenvolvemos contra infecções por 
patógenos potenciais são conhecidas como respostas imunes. Uma resposta imune 
específica, assim como a produção de anticorpos contra um patógeno em particular 
ou seus produtos, é conhecida como uma resposta imune adaptativa, porque é 
desenvolvida durante a vida de um indivíduo como uma adaptação à infecção por 
aquele patógeno. Em muitos casos, uma resposta imune adaptativa também resulta 
em um fenômeno conhecido como memória imunológica, o que confere uma 
imunidade protetora, por toda a vida, contra reinfecções pelo mesmo patógeno. Esta é 
apenas uma das características que diferencia uma resposta imune adaptativa de 
uma resposta imune inata ou imunidade inata, que está sempre imediatamente 
disponível a combater uma grande gama de patógenos, mas não conduz a uma 
imunidade duradoura e não é específica para nenhum patógeno individual. Quando 
von Behring estava desenvolvendo a soroterapia para difteria, a imunidade inata era 
conhecida principalmente pelos trabalhos do grande imunologista russo Elie Metchnikoff, 
o qual descobriu que muitos microrganismos poderiam ser engolfados e digeridos 
por células fagocíticas, o que ele chamou de “macrófagos”. Essas células estão 
sempre presentes e prontas para atuar, e são componentes de linha de frente da 
resposta imune inata. Em contraste, uma resposta imune adaptativa leva tempo para 
se desenvolver e é altamente específica; anticorpos contra o vírus da influenza, por 
exemplo, não protegerão contra o vírus da pólio. 
12
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
Rapidamente tornou-se claro que os anticorpos poderiam ser induzidos contra um 
grande número de substâncias. Essas substâncias foram chamadas de antígenos, 
pois podiam estimular a produção de anticorpos (antibody generation, produção 
de anticorpos). Muito depois, foi descoberto que a produção de anticorpos não é a 
única função da resposta imune adaptativa e o termo antígeno agora é utilizado para 
descrever qualquer substância que pode ser reconhecida e combatida pelo sistema 
imune adaptativo. As proteínas, glicoproteínas e polissacarídeos de patógenos são os 
antígenos normalmente aos quais o sistema imune responde, mas este pode reconhecer 
e desenvolver uma resposta para um número muito maior de estruturas químicas, daí 
sua capacidade de produzir uma resposta imune alérgica contra metais como níquel, 
fármacos como a penicilina e compostos orgânicos das folhas da hera venenosa. 
As respostas imunes adaptativa e inata juntas proporcionam um sistema de defesa 
extraordinariamente eficaz. Muitas infecções são controladas com sucesso pela 
imunidade inata e não causam nenhuma doença, aquelas que não podem ser solucionadas 
desencadeiam uma resposta imune adaptativa e, se superadas, geralmente resultam em 
uma memória imunológica duradoura, o que impede a doença caso ocorra uma reinfecção. 
Barreiras mecânicas, microbiológicas e químicas
Para conseguir entrar no corpo, o antígeno depara-se com barreiras que se opõem a sua 
entrada. As barreiras são classificadas como barreiras mecânicas, microbiológicas 
e químicas.
As principais formas de comunicação entre o ambiente e o hospedeiro mamífero são a pele 
e as superfícies mucosas dos tratos gastrointestinal, respiratório e geniturinário. A perda da 
integridade dessas camadas epiteliais, por traumas ou outras razões, predispõe o indivíduo 
a infecções. A nossa pele também é considerada uma barreira mecânica, pois sua superfície, 
a epiderme, é constituída de células mortas ricas em queratina e fortemente aderidas uma 
na outra, impedindo a entrada de microrganismos por entre elas. A camada externa de 
queratina bloqueia a penetração microbiana em camadas mais profundas da epiderme.
Como exemplo de barreira mecânica, temos o muco presente na vagina, na cavidade 
nasal e no trato respiratório. Esse muco contém glicoproteínas chamadas de mucinas e 
é produzido por células epiteliais respiratórias, gastrointestinais e urogenitais. Por ser 
viscoso, o muco ajuda a proteger os locais contra infecções, sequestrando e inibindo a 
mobilidade dos microrganismos, sendo sua remoção facilitada pela ação ciliar da árvore 
brônquica e do peristaltismo intestinal. Normalmente, é expelido do corpo como, por 
exemplo, em um espirro. Outras formas de expulsar os corpos invasores são por meio 
do vômito, da tosse, da diarreia e da descamação da epiderme.
13
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Como barreira microbiológica, podemos citar a nossa flora normal de bactérias, 
que não nos prejudicam, localizadas no intestino, na boca, na pele e, no caso das 
mulheres, na vagina, que competem com potenciais patógenos por locais de fixação 
e comida, diminuindo a probabilidade desses últimos se multiplicarem em número 
suficiente para causar uma doença.A maioria das superfícies epiteliais são associadas 
à flora normal de bactérias não patogênicas, conhecidas como bactérias comensais, 
que competem com os microrganismos patogênicos pelos nutrientes e pelo sítio de 
adesão nas células epiteliais. Essa flora também produz substâncias antimicrobianas, 
como o ácido lático produzido pelos lactobacilos vaginais, e algumas linhagens também 
podem produzir peptídeos antibacterianos (bactericinas). Quando as bactérias não 
patogênicas são mortas pelos tratamentos com antibióticos, os microrganismos 
patogênicos frequentemente as substituem e causam doença. Sob algumas 
circunstâncias, as bactérias comensais podem causar doenças. A sobrevivência delas 
nas superfícies de nosso corpo é regulada pelo balanço entre crescimento bacteriano 
e eliminação pelos mecanismos da imunidade inata; falhas nessa regulação, como 
a causada pela deficiência hereditária de proteínas da imunidade inata, podem 
possibilitar que bactérias não patogênicas normalmente cresçam extensivamente e 
causem doença.
Como visto anteriormente, o tratamento com antibióticos pode levar à destruição da flora 
normal intestinal. Vamos pensar como isso acontece e qual é a principal consequência 
do tratamento com esses medicamentos para o nosso intestino.
Como exemplo de barreira química temos a lisozima e a fosfolipase, as quais são 
enzimas encontradas na lágrima, saliva e secreção nasal, que podem destruir a parede 
celular das bactérias e desestabilizar as membranas bacterianas. O suco gástrico 
presente no estômago possui o pH muito ácido, impedindo a proliferação e a passagem 
de microrganismos para outros locais. Como último exemplo de barreira química, 
podemos citar a presença de ácidos graxos no suor. Por causa do baixo pH, eles impedem 
a colonização de bactérias e de alguns fungos na epiderme, essas barreiras fazem parte 
da defesa inata.
Figura 2.
Pele Intestino Pulmões Olhos/Nariz
Mecânica
Química 
Microbiológica
Células epiteliais unidas pelas junções ocludentes 
Fluxo do ar e fluidos Movimento do 
muco por cílios 
Lágrimas, 
cílios nasais 
Peptídeos antibacterianos 
Baixo pH
Enzimas (pepsina) 
Ácidos graxos Enzimas 
salivares
(lisozima) 
Flora normal 
14
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
Pele Intestino Pulmões Olhos/Nariz
Mecânica
Química 
Microbiológica
Células epiteliais unidas pelas junções ocludentes 
Fluxo do ar e fluidos Movimento do 
muco por cílios 
Lágrimas, 
cílios nasais 
Peptídeos antibacterianos 
Baixo pH
Enzimas (pepsina) 
Ácidos graxos Enzimas 
salivares
(lisozima) 
Flora normal 
Pele Intestino Pulmões Olhos/Nariz
Mecânica
Química 
Microbiológica
Células epiteliais unidas pelas junções ocludentes 
Fluxo do ar e fluidos Movimento do 
muco por cílios 
Lágrimas, 
cílios nasais 
Peptídeos antibacterianos 
Baixo pH
Enzimas (pepsina) 
Ácidos graxos Enzimas 
salivares
(lisozima) 
Flora normal 
Fonte: Janeway.
Imunidade inata
O Sistema Imunológico é o sistema responsável pelo reconhecimento e pela resposta 
contra antígenos potencialmente patogênicos, com a finalidade de manter a homeostasia 
(equilíbrio), juntamente com os sistemas Nervoso e Endócrino. O sistema Imunológico 
reage a partículas por meio das reações imunes, as quais seriam, portanto, definidas 
como reações a substâncias estranhas e a pequenas substâncias químicas. É essa 
resposta imune que determina a aquisição ou não de uma determinada doença, e a 
duração desta. 
A imunidade inata forma a primeira barreira para infecções. Os microrganismos 
encontrados diariamente na vida de um indivíduo normal causam doença perceptível 
apenas ocasionalmente. Em sua maioria, os microrganismos são detectados e destruídos 
em questão de minutos ou horas por mecanismos de defesa. Esses são os mecanismos 
da imunidade inata.
Alguns mecanismos da imunidade inata começam a agir imediatamente no encontro 
com agentes infecciosos; outros são ativados e amplificados na presença de infecções 
e, em seguida, voltam aos níveis basais com o término da infecção. Os mecanismos 
da imunidade inata não geram memória imunológica protetora de longo prazo. 
Somente se o organismo infeccioso romper essa linha de defesa é que a resposta 
imune adaptativa será ativada. Na resposta adaptativa, ocorre a ativação de células 
efetoras antígeno-específicas, as quais têm como alvo os patógenos específicos, e 
células de memória, que proporcionam uma imunidade persistente contra reinfecções 
pelo mesmo microrganismo. O poder da resposta imune adaptativa é devido a sua 
especificidade ao antígeno, a qual será estudada nos próximos tópicos. Entretanto, 
ela depende, também, de muitos mecanismos utilizados no sistema imune inato para 
eliminar os patógenos. 
15
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
A primeira linha de defesa é responsável por bloquear mais de 85% dos patógenos, sua 
ação é primordial para que os patógenos não atinjam a corrente sanguínea. Nesta linha 
estão inclusas moléculas de secreção, componentes celulares e barreiras anatômicas 
como, por exemplo, a pele, mucosas, unhas e secreções (Lágrima, Saliva e Suco 
Gástrico), peristaltismo, oscilação dos cílios bronco-pulmonares etc.
Os microrganismos que causam doenças no homem e em animais entram no 
organismo em diferentes locais e produzem sintomas de doenças por uma variedade 
de mecanismos. Muitos agentes infecciosos distintos podem causar doença e danos 
aos tecidos, ou patologia, e são chamados de microrganismos patogênicos 
ou patógenos. As invasões por microrganismos são inicialmente contidas por 
mecanismos de defesa inata, os quais preexistem em todos os indivíduos e agem em 
minutos após o encontro com o agente infeccioso. Somente quando as defesas inatas 
do hospedeiro são contornadas, evadidas ou dominadas, é que se faz necessária uma 
resposta imune adaptativa. Embora a imunidade inata seja obviamente suficiente 
para prevenir que o organismo seja dominado pelo grande número de microrganismos 
que vivem dentro e fora dele, patógenos, por definição, são microrganismos que 
desenvolveram maneiras de burlar as defesas inatas do organismo mais eficientemente 
que outros microrganismos. Uma vez que tenham dominado, eles requerem um 
esforço conjunto das respostas imune inata e adaptativa para eliminá-los do 
organismo. Entretanto, nesse caso, o sistema imune inato normalmente cumpre sua 
função com um precioso retardo, mantendo alguns patógenos sob controle, enquanto 
o sistema imune adaptativo acelera sua ação. Na primeira parte deste capítulo, 
descreveremos brevemente os diferentes tipos de patógenos e suas estratégias 
de invasão.
Componentes celulares do sistema imune inato
As células do sistema imune procedem de precursores da medula óssea. Ambas as 
respostas imunes, inata e adaptativa, dependem de atividades das células sanguíneas 
brancas ou de leucócitos. Todas estas células são originárias da medula óssea, e 
muitas delas também se desenvolvem e maturam neste ambiente. Elas, então, 
migram para os dos tecidos periféricos – algumas delas permanecem dentro dos 
tecidos, outras circulam na corrente sanguínea e em um sistema particularizado de 
vasos chamado de sistema linfático, o qual drena fluidos extracelulares e células livres 
dos tecidos, transportando-as pelo corpo como linfa e, posteriormente, as devolve ao 
sistema sanguíneo. 
As células-tronco hematopoéticas (hematopoéticas pluripotentes) da medula 
óssea são precursoras de todos os elementos celulares do sangue, abrangendo as 
16
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
células sanguíneas vermelhas, as quais transportam oxigênio, as plaquetas (que 
deflagram a coagulação sanguínea em tecidos lesados) e as células sanguíneas brancas 
do sistema imune. Essas células também dão origem a células-tronco de potencial 
de desenvolvimento mais limitado, que são os progenitores imediatos das células 
sanguíneas vermelhas, plaquetas, e as duas principais categorias de células brancas, 
as linhagens linfoide e mieloide. Estascélulas do sistema imune inato e adaptativo 
normalmente estão presentes como células circulantes no sangue e na linfa, como 
aglomerados anatomicamente definidos nos órgãos linfoides e espalhadas praticamente 
em todos os tecidos. Ambas as respostas imunes, inata e adaptativa, dependem de 
atividades das células sanguíneas brancas ou de leucócitos. 
Resumindo, entendemos que todas estas células são originárias da medula óssea, 
e muitas delas também se desenvolvem e maturam neste ambiente. Elas, então, 
migram para cuidar dos tecidos periféricos – algumas delas residindo dentro dos 
tecidos, outras circulando na corrente sanguínea e em um sistema especializado de 
vasos chamado de sistema linfático, o qual drena fluidos extracelulares e células 
livres dos tecidos, transportando-as pelo corpo como linfa e, finalmente, as devolve 
ao sistema sanguíneo. Todos os elementos celulares do sangue, incluindo as células 
sanguíneas vermelhas, que transportam oxigênio, as plaquetas, que deflagram a 
coagulação sanguínea em tecidos lesados e as células sanguíneas brancas do sistema 
imune derivam de células-tronco hematopoéticas da medula óssea. Assim como 
essas células podem dar origem a todos os diferentes tipos de células sanguíneas, elas 
são geralmente conhecidas como células-tronco hematopoéticas pluripotentes. Elas 
dão origem a células-tronco de potencial desenvolvimento mais limitado, as quais 
são os progenitores imediatos das células sanguíneas vermelhas, plaquetas, e as duas 
principais categorias de células brancas, as linhagens linfoide e mieloide, como 
podemos observar na figura a seguir.
17
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Figura 3.
Fonte: Janeway.
O progenitor mieloide comum é o precursor de macrófagos, granulócitos, 
mastócitos e células dendríticas do sistema imune inato, e também de megacariócitos 
e células sanguíneas vermelhas, que não serão tratados aqui. As células da linhagem 
mieloide são apresentadas na figura acima.
Monócitos e macrófagos
Os macrófagos residem na maioria dos tecidos corporais e são a forma madura 
dos monócitos, que circulam no sangue e migram continuamente nos tecidos, 
18
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
onde se diferenciam. Juntos, os monócitos e macrófagos compõem um dos três 
tipos de fagócitos no sistema imune: os outros são os granulócitos (termo coletivo 
para células sanguíneas brancas chamadas neutrófilos, eosinófilos e basófilos) e as 
células dendríticas. 
Os macrófagos são células de vida relativamente longa e realizam muitas funções diferentes 
através da resposta imune inata e da resposta imune adaptativa subsequente. Uma de suas 
funções é a de engolfar e matar microrganismos invasores. Neste papel fagocítico, eles 
são uma importante defesa de primeira linha na imunidade inata e também descartam os 
patógenos e as células-alvo infectadas na resposta imune adaptativa. 
Os macrófagos são, então, considerados fagócitos profissionais, isto é, células 
cuja função primária é a de fagocitar partículas, sejam elas restos celulares, partículas 
inertes ou microrganismos. Como vimos, há outros tipos de células que eventualmente 
podem fagocitar e que não são, portanto, fagócitos profissionais. Atualmente se sabe 
que além de fagocitar, o macrófago tem uma enorme importância no desenrolar da 
resposta imunitária produzindo e secretando um grande número de moléculas que, 
entre outras funções:
1. atraem outras células para um local em que esteja ocorrendo uma reação 
inflamatória;
2. regulam o funcionamento de células envolvidas na resposta imunitária;
3. podem induzir a produção aumentada de células envolvidas em uma 
resposta inflamatória e/ou imunitária.
Além disso, os macrófagos têm a capacidade de expor, em suas superfícies, fragmentos 
de moléculas derivadas de sua ação fagocitária, exibindo estes fragmentos para células 
do sistema imunitário (linfócitos), as quais podem iniciar uma resposta imunitária após 
o reconhecimento destes fragmentos. Exercendo esta função, os macrófagos recebem 
também o nome de células apresentadoras de antígenos (APC).
O macrófago é uma célula esférica e relativamente grande em comparação com uma 
hemácia ou um linfócito, os quais têm cerca de 7 µm de diâmetro. Seu citoplasma é 
eosinófilo e seu núcleo esférico, às vezes, é excêntrico, isto é, situa-se fora do centro da 
célula, próximo à membrana celular. 
Macrófagos são encontrados em todos os locais de tecido conjuntivo e, além disso, 
se concentram em vários órgãos como, por exemplo, o fígado, baço, linfonodos, 
onde estão relacionados com a defesa do organismo e em cada local recebe uma 
nomenclatura específica.
19
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Figura 4.
Fonte: pt.wikipedia.org/wiki/Macr%C3%B3fago.
Granulócitos
Os granulócitos são assim chamados porque possuem grânulos densamente corados 
em seu citoplasma; são também chamados de leucócito polimorfonucleares devido 
ao seu núcleo de forma estranha. Existem três tipos de granulócitos: neutrófilos, 
eosinófilos e basófilos, os quais podem ser identificados pelas diferentes 
propriedades de coloração dos grânulos. Em comparação aos macrófagos, eles têm 
uma vida relativamente curta, sobrevivendo por apenas alguns dias, e são produzidos 
em maiores quantidades durante as respostas imunes, quando eles deixam o sangue e 
migram para os locais de infecção ou inflamação.
Neutrófilos
Os neutrófilos fagocíticos são as células mais numerosas e importantes nas respostas 
imunes inatas. Eles capturam uma variedade de microrganismos por fagocitose e os 
destroem eficientemente em vesículas intracelulares usando enzimas de degradação 
e outras substâncias antimicrobianas armazenadas em seus grânulos citoplasmáticos. 
Deficiências hereditárias na função dos neutrófilos levam a uma infecção bacteriana 
devastadora, sendo fatal se não tratada. 
Os neutrófilos têm um tempo de vida médio de 6h no sangue e 1-2 dias nos tecidos, 
são os primeiros a chegar às áreas de inflamação, tendo uma grande capacidade de 
fagocitose. Estão envolvidos na defesa contra bactérias e fungos. Os neutrófilos 
possuem receptores na sua superfície como os receptores de proteínas do complemento, 
receptores do fragmento Fc das imunoglobulinas e moléculas de adesão. Quando 
visualizado no sangue periférico através de um esfregaço sanguíneo e corado o neutrófilo 
apresenta-se como uma célula de diâmetro entre 12-15 µm (micrômetros). Seu núcleo é 
polilobulado, geralmente apresenta três lóbulos ligados por um fino filamento nuclear. 
Seu citoplasma é abundante e possui grânulos finos dispersos. Os seus grânulos são 
divididos em primários e secundários. Os primários aparecem no estágio promielócito. 
20
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
Os secundários (específicos) são encontrados no estágio mielocítico e predominantes 
no neutrófilo maduro.
Neutrófilos são fagócitos capazes de emitir prolongamentos citoplasmáticos que 
envolvem partículas estranhas, as quais são digeridas por enzimas presentes nos 
vacúolos celulares. Ao fagocitar, forma-se o fagossomo onde os microrganismos serão 
mortos pela liberação de enzimas hidrolíticas e de espécie reativa de oxigénio 
(ROS). O consumo de oxigênio durante a reação de espécies de oxigênio é chamado de 
queima respiratória, que nada tem a ver com respiração celular ou produção de energia.
A “queima respiratória”, ou “respiratory burst”, envolve a ativação da enzima NADPH-
oxidase, que produz grandes quantidades de superóxido, uma espécie reativa do 
oxigênio. Superóxido gera o peróxido de hidrogênio que é convertido em ácido 
hipocloroso (HClO) pela enzima mieloperoxidase. É o HClO que tem propriedades 
suficientes para matar a bactéria fagocitada.
Quadro 1.
Tipos de grânulos Proteína
Grânulos específicos (ou “secundários”) Lactoferrina e Catelicidina
Grânulos azurófilos (ou “primários”)
Mieloperoxidase, Proteína de aumento da permeabilidade /bactericida (BPI), Defensina e Serino 
protease neutrófilo elastase e Catepsina G
Grânulos terciários Catepsina,Gelatinase
Fonte: Janeway.
Figura 5. Neutrófilo em esfregaço sanguíneo.
Fonte: <http://medabc47.blogspot.com.br/2015/06/b07-celulas-do-sangue.htm>.
Eosinófilo
Eosinófilos são células do sistema imune responsáveis pela ação contra parasitas 
multicelulares e certas infecções nos vertebrados. Junto com os mastócitos, também 
controlam mecanismos associados com a alergia e asma. Desenvolvem-se na medula 
óssea antes de migrar para o sangue periférico.
21
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Tais células são eosinofílicas (possuem “afinidade por ácido”) ─ normalmente transparentes, 
aparecem de cor vermelho-tijolo após coloração com a eosina, um corante vermelho e 
ácido. A coloração fica concentrada em pequenos grânulos no citoplasma celular, o qual 
contém vários mediadores químicos, como a histamina e proteínas como a peroxidase de 
eosinófilos, ribonuclease (RNase), desoxirribonucleases, lipase, plasminogênio, e a proteína 
básica maior. Estes mediadores são liberados por um processo chamado degranulação 
após a ativação do eosinófilo, e são tóxicos para os tecidos do parasita e hospedeiro.
Em indivíduos normais, os eosinófilos constituem cerca de 1-6% das células brancas 
do sangue, e têm cerca de 12-17 micrômetros de tamanho. Em condições normais são 
encontrados na medula óssea, na junção entre o córtex e medula do timo, no trato 
gastrointestinal, ovário, útero, baço e linfonodos, mas não em órgãos como o pulmão, 
pele e esôfago. A presença de eosinófilos no último desses órgãos está associada a 
algumas doenças. 
Eosinófilos persistem na circulação por 8-12 horas, e podem sobreviver nos tecidos por 
um período adicional de 8-12 dias, na ausência de estimulação. Eosinófilos desenvolvem 
e amadurecem na medula óssea. Diferenciam-se a partir de células precursoras mieloides 
em resposta às citocinas: interleucina 3 (IL-3), interleucina 5 (IL-5), e fator de estímulo 
de colônias de granulócitos macrófagos (GM-CSF). Eosinófilos produzem e armazenam 
muitas proteínas do grânulo secundário antes da sua saída da medula óssea. Após a 
maturação, circulam no sangue e migram para locais de inflamação nos tecidos, ou para os 
locais de infecção por helmintos, em resposta a quimiocinas como CCL11 (eotaxina-1), 
CCL24 (eotaxina-2), CCL5 (RANTES), e leucotrienos como o leucotrieno B4 (LTB4).
Nos locais de infecção são ativados por citocinas do perfil tipo 2 e por um subconjunto 
específico das células T helper 2 (Th2). Se desenvolvem em aproximadamente uma 
semana, circulam com meia vida de 8 a 18 horas e se aderem nos tecidos (principalmente 
mucosas), ondem vivem por várias semanas. Para cada 1 eosinófilo circulante existem 
cerca de 300 a 500 nos tecidos.
Figura 6. Eosinófilos.
Fonte: http:<//www.fleury.com.br/medicos/educacao-medica/revista-medica/materias/Pages/eosinofilia-um-achado-comum-
que-merece-ser-investigado.aspx>.
22
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
Basófilos
Basófilo é um tipo de leucócito que se fixa com corantes básicos. Possui forma esférica 
e núcleo irregular em forma de trevo. Tem tamanho de aproximadamente 10-15 µm 
(micrometros). Seu núcleo geralmente é segmentado ou bilobulado, raramente com 
três ou mais lóbulos. Seu citoplasma é levemente basofílico (cor azul) e quase sempre 
ofuscado pelos vários grânulos grosseiros corados de roxo. Os grânulos estão dispostos 
irregularmente cobrindo também o núcleo. 
A célula envolvida nas reações de hipersensibilidade imediata participa também de 
processos alérgicos e quando ativados liberam histamina e heparina. Os basófilos 
são ativados pela presença de estímulos como as anafilotoxinas (complementos 
C3a, C4a e C5a) e os complexos IgE-antígeno.
A resposta dos basófilos apresenta-se em dois processos complementares: desgranulação 
e consequentemente liberação de histamina, bem como a síntese de produtos da cascata 
do ácido araquidônico: leucotrienos, tromboxanos e prostaglandinas. 
A sua participação no choque anafilático (sistêmico) é maior que o mastócitos, pois os 
basófilos são células que realmente estão presentes no sangue, e liberam os mediadores 
para a circulação. 
É a célula circulante menos encontrada no sangue periférico dentre os leucócitos. 
Aproximadamente de 0-1% dos leucócitos são basófilos. Quando há aumento da 
quantidade de basófilos no sangue periférico usa-se o termo basofilia.
Figura 7.
Fonte: <http://www.biomedicinapadrao.com.br/2012/04/conheca-os-leucocitos.html>.
Mastócito
O mastócito é uma célula do tecido conjuntivo, originado de células hematopoéticas 
situadas na medula óssea. Contém, no seu interior, uma grande quantidade de grânulos 
23
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
repletos de histamina (substância envolvida nos processos de reações alérgicas) 
e heparina (uma substância anticoagulante). Os grânulos dos mastócitos são 
metacromáticos (têm a capacidade de mudar a cor de determinados corantes básicos) 
em função de sua alta concentração de radicais ácidos presentes na heparina. O seu 
papel mais conhecido é na reação alérgica. 
Mastócitos da mucosa, presente no intestino e nos pulmões, em sua superfície contêm 
respostas específicas para imunoglobolina, principalmente IgE (Imunoglobulina tipo 
E). É a principal célula responsável pelo famoso choque anafilático local (no tecido 
conjuntivo).
Outros constituintes desses grânulos são a histamina, proteases neutras e o fator 
quimiotático dos eosinófilos na anafilaxia, mais conhecido pela sigla ECF-A (eosinophil 
chemotatic factor of anaphylaxis). São responsáveis também pela secreção de alguns 
leucotrienos (C4, D4, E4) ou SRS-A (slow reacting substance of anaphylaxis), no 
entanto estas substâncias não existem pré-formadas nas células. Elas são sintetizadas 
a partir dos fosfolipídios da membrana plasmática e imediatamente liberadas para o 
meio extracelular quando o mastócito recebe sinais apropriados como, por exemplo, 
na interação com os fibroblastos. As moléculas produzidas pelos mastócitos atuam 
localmente como secreções do tipo parácrina.
Embora sejam morfologicamente parecidas, existem no tecido conjuntivo pelo menos 
duas populações de mastócitos. Um tipo recebe o nome de mastócito do tecido conjuntivo, 
encontrada na pele e cavidade peritoneal, e seus grânulos contêm a heparina. O outro 
tipo é denominado de mastócito da mucosa e é encontrado na mucosa intestinal e 
pulmões, e seus grânulos contêm condroitim sulfatado.
Os mastócitos imaturos circulam na corrente sanguínea, cruzam a parede de vênulas e 
penetram nos tecidos, onde vão proliferar e se diferenciam. Embora em muitos aspectos 
sejam semelhantes aos leucócitos basófilos, os mastócitos originam-se de uma célula-
tronco distinta.
Na superfície destas células são encontrados receptores específicos para 
imunoglobulina E (IgE), os receptores FcεRI. Nos processos alérgicos, as IgEs ligam-se 
a esses receptores presentes nos mastócitos e sensibilizam essas células (ligação 
cruzada ou cross link). Esse processo de sensibilização é crucial no desenvolvimento 
de doenças alérgicas, pois ao ser exposto ao alérgeno este liga-se a mastócitos ligados 
às IgEs, e essa ligação promove a desgranulação desta célula e liberação dos seus 
grânulos contendo diversos mediadores, tais como histamina, leocotrienos e citocinas 
pró-inflamatórias.
24
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
Figura 8.
Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Macr%C3%B3fago>.
Figura 9.
Alergeno
Célula B
Produção 
de IgE
Ligação da IgE aos 
receptores de alta 
afinidade FcεRI 
Mastócito 
sensibilizado Ligação cruzada que leva a 
desgranulação da célula e 
liberação de mediadores 
inflamatórios
Segunda Exposição
Primeira Exposição
Fonte: <http://pt.123rf.com/photo_30827907_rea%C3%A7%C3%A3o-de-mast%C3%B3citos-%C3%A0-exposi%C3%A7%C3%A3o-
prim%C3%A1ria-e-secund%C3%A1ria-a-um-al%C3%A9rgeno,-mostrando-ige-apego-e-desgranu.html>.
Células dendríticas
As células dendríticas são a terceira classe das células fagocíticas do sistema imune. 
Elas possuem longos processos semelhantes a dedos,como os dendritos das células 
nervosas, o que dá a elas o seu nome. 
25
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
O seu nome faz referência a projeções ramificadas que se desenvolvem num determinado 
momento do seu processo de maturação, semelhantes aos dendritos dos neurônios. As 
células dendríticas foram descobertas em 1868 por Paul Langerhans, quando estudava 
o epitélio cutâneo humano, apesar de originalmente acreditar que formavam parte do 
sistema nervoso, a sua verdadeira função só foi revelada um século mais tarde. Um estudo 
recente revelou a presença de células dendríticas no cérebro, o que pode representar 
uma segunda linha de defensa contra os patógenos que consigam atravessar a barreira 
hematoencefálica. Estas formam parte da chamada “micróglia heterogénea”. 
As células dendríticas pertencem a um tipo de glóbulos brancos chamados fagócitos. 
Devido à sua elevada eficiência no momento de fagocitar material prejudicial ao corpo, 
as células dendríticas são consideradas fagócitos profissionais, como neutrófilos, 
monócitos, macrófagos e mastócitos. Parte da eficácia fagocítica das células dendríticas 
deve-se à presença de moléculas chamadas receptores na superfície, que podem detectar 
objetos nocivos, tais como bactérias, que normalmente se encontram dentro do corpo.
As células dendríticas existem em pequenas quantidades de tecidos que estão em contato 
com o meio exterior, principalmente a pele (que possui um tipo especializado de células 
dendríticas chamadas células de Langerhans) e o revestimento interior do nariz, os 
pulmões, o estômago e intestinos. Também estão presentes em estado imaturo no sangue.
Tal como outros glóbulos brancos, as células dendríticas derivam de células hematopoiéticas 
mieloides. Quando são ainda imaturas, a sua função é ir procurar constantemente 
patógenos no meio que as rodeiam mediante receptores de reconhecimento de 
padrões (PRRs – pattern recognized receptors). Assim que encontram um antígeno 
válido, começam a amadurecer e migram para os gânglios linfáticos, onde se 
encontram os linfócitos. Quando os linfócitos T detectam o antígeno na célula 
dendrítica, ativam-se, proliferam e diferenciam-se em células efetoras. Por sua vez, os 
linfócitos T ativam os linfócitos B, que produzem anticorpos, e a partir desse momento 
a defensa contra os patógenos passa para o domínio da imunidade adquirida.
As células dendríticas imaturas migram também da medula óssea para a corrente 
sanguínea com a finalidade de entrar nos tecidos. Elas capturam substâncias particuladas 
por fagocitose e ingerem continuamente grandes quantidades de fluído extracelular e seu 
conteúdo, por um processo conhecido como macropinocitose. Como os macrófagos 
e neutrófilos, elas degradam os patógenos que capturaram, mas sua principal função no 
sistema imune não é a eliminação de microrganismos. Ao contrário, as células dendríticas 
que encontraram microrganismos invasores maturam-se em células capazes de ativar 
uma determinada classe de linfócitos, os linfócitos T. As células dendríticas desempenham 
essa função apresentando os antígenos patogênicos em sua superfície (função de APC – 
célula apresentadora de antígeno), de modo que eles possam ser reconhecidos e tratados 
por este tipo de linfócitos. Mas apenas o reconhecimento do antígeno não é suficiente 
26
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
para ativar um linfócito T que nunca havia encontrado este antígeno anteriormente. 
As células dendríticas maduras, contudo, possuem propriedades adicionais que as 
permitem ativar os linfócitos T. Células que podem apresentar antígenos para inativar e 
ativar os linfócitos T pela primeira vez são conhecidas como células apresentadoras 
de antígenos (APCs) e estas células formam uma ligação crucial entre a resposta 
imune inata e a resposta imune adaptativa. Os macrófagos também podem atuar como 
células apresentadoras de antígeno, e são importantes em determinadas situações. 
As células dendríticas, contudo, são as células especializadas em apresentar o antígeno 
aos linfócitos e iniciar a resposta imune adaptativa.
Figura 10.
Fonte: <http://www.ebah.com.br/content/ABAAABZFEAB/celulas-sanguineas>.
Figura 11. Apresentação de antígeno pelas células dendríticas.
Fonte: <http://slideplayer.com.br/slide/282960/>.
Células matadoras naturais – Natural Killer (NK)
As células matadoras naturais ou células NK (do inglês Natural Killer Cell) são um 
tipo de linfócitos (glóbulos brancos responsáveis pela defesa específica do organismo). 
27
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Têm um papel importante no combate a infecções virais e células tumorais. Identificadas 
pela primeira vez em 1975, foram rotuladas de Matadoras Naturais (Natural Killer), 
pela sua atividade citotóxica contra células tumorais de diferentes linhagens, sem a 
necessidade de reconhecimento prévio de um antígeno específico, contrariamente 
ao funcionamento dos linfócitos T. Partilham um progenitor comum com os outros 
linfócitos, também sendo originados de linfoblastos. São produzidos na medula óssea e 
em análises histológicas são descritos como grandes e granulares. 
Elas são ativadas em resposta a diversos estímulos, nomeadamente por citocina 
produzidos por outros elementos do sistema imunitário, por estimulação dos receptores 
de Imunoglobulinas FcR, presentes na sua membrana celular, e pelos receptores de 
ativação ou inibição, específicos das células NK. Estas células são ativadas em resposta 
a interferons ou a citocinas provenientes de macrófagos. A sua principal função está 
relacionada com as infecções virais e o seu controle, através da eliminação das células 
infectadas, evitando assim a multiplicação dos vírus.
As células NK são componentes importantes na defesa da imunidade inata. Estas 
células destroem células infectadas ou que possam ser cancerígenas. Não são células 
fagocíticas. Destroem as outras células através de mecanismos semelhantes aos usados 
pelos linfócitos T CD8+ (linfócitos T Citotóxicos), através da desgranulação e 
libertação de enzimas que ativam os mecanismos de apoptose da célula atacada. São 
quimicamente caracterizadas pela presença de CD56 e ausência de CD3. 
Apesar das células NK serem linfócitos, estas não reconhecem patógenos de forma 
específica, por isso essas células fazem parte da imunidade inata.
Figura 12. Diferentes formas da célula NK eliminar uma célula infectada por antígeno.
Fonte: <http://www.sfb796-gk.forschung.uni-erlangen.de/projects/teufert/>.
28
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
Imunidade inata e suas respostas
Os microrganismos encontrados diariamente na vida de um indivíduo normal causam 
doença perceptível apenas ocasionalmente. Em sua maioria, os microrganismos são 
detectados e destruídos em questão de minutos ou horas por mecanismos de defesa 
que não se baseiam na expansão clonal de linfócitos antígeno-específicos e, dessa 
forma, não requerem um período prolongado de indução: esses são os mecanismos da 
imunidade inata. 
Alguns mecanismos da imunidade inata começam a agir imediatamente no encontro 
com agentes infecciosos; outros são ativados e amplificados na presença de infecções e, 
em seguida, voltam aos níveis basais com o término da infecção.
Os mecanismos da imunidade inata não geram memória imunológica protetora 
de longo prazo. Somente se o organismo infeccioso romper essa linha de defesa é que 
a resposta imune adaptativa será ativada. Na resposta adaptativa, ocorre a ativação 
de células efetoras antígeno-específicas, que têm como alvo os patógenos específicos, 
e células de memória, que proporcionam uma imunidade persistente contra 
reinfecções pelo mesmo microrganismo. O poder da resposta imune adaptativa é devido 
a sua especificidade ao antígeno. Entretanto, ela depende, também, de muitos 
mecanismos utilizados no sistema imune inato para eliminar os patógenos.
Os microrganismos que causam doenças no homem e em animais entram no organismo 
em diferentes locais e produzem sintomas de doenças por uma variedade de mecanismos.Muitos agentes infecciosos distintos podem causar doença e danos aos tecidos, ou 
patologia, e são chamados de microrganismos patogênicos ou patógenos. 
As invasões por microrganismos são inicialmente contidas, em todos os vertebrados, 
por mecanismos de defesa inata que preexistem em todos os indivíduos e agem em 
minutos após o encontro com o agente infeccioso. Somente quando as defesas inatas 
do hospedeiro são contornadas, evadidas ou dominadas, é que se faz necessária uma 
resposta imune adaptativa. Embora a imunidade inata seja obviamente suficiente para 
prevenir que o organismo seja dominado pelo grande número de microrganismos 
que vivem dentro e fora dele, patógenos, por definição, são microrganismos que 
desenvolveram maneiras de burlar as defesas inatas do organismo mais eficientemente 
do que outros microrganismos. 
Uma vez que tenham dominado, eles requerem um esforço conjunto das respostas imune 
inata e adaptativa para eliminá-los do organismo. Entretanto, nesse caso, o sistema 
imune inato normalmente cumpre sua função com um precioso retardo, mantendo 
alguns patógenos sob controle, enquanto o sistema imune adaptativo acelera sua ação. 
Descreveremos, brevemente, os diferentes tipos de patógenos e suas estratégias de invasão.
29
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Os agentes que causam doenças estão divididos em cinco grupos: vírus, bactérias, 
fungos, protozoários e helmintos (vermes). Os aspectos característicos de 
cada patógeno, seu modo de transmissão, mecanismo de replicação, mecanismo de 
patogênese – a maneira pelo qual cada um causa a doença – e a resposta que ele causa 
no hospedeiro, bem como os distintos habitats e os diferentes ciclos de vida dos patógenos 
requerem uma gama de mecanismos imunes inato e adaptativo distintos para destruí-los. 
Agentes infecciosos podem crescer em todos os compartimentos do corpo, e podemos 
dividi-los em dois compartimentos – extracelular e intracelular.
Tanto a resposta imune inata como a adaptativa têm diferentes maneiras de lidar com 
os patógenos encontrados nesses dois compartimentos. Muitos patógenos bacterianos 
vivem e se replicam no espaço extracelular, dentro dos tecidos ou na superfície do epitélio 
que delimitam as cavidades corporais. As bactérias extracelulares são, geralmente, 
suscetíveis à destruição por fagócitos, um ramo importante do sistema imune inato; 
no entanto, alguns patógenos, como as espécies Staphylococcus e Streptococcus, são 
protegidos por cápsulas de polissacarídeos que resistem ao aprisionamento. Isso pode 
ser superado até certo ponto pelo auxílio de outro componente da imunidade inata – o 
complemento –, que torna a bactéria mais suscetível à fagocitose. 
Na resposta imune adaptativa, as bactérias se tornam mais suscetíveis à fagocitose 
pela combinação da ação dos anticorpos e do complemento. Patógenos intracelulares 
obrigatórios, como os vírus, devem invadir a célula hospedeira para a replicação, ao 
passo que patógenos intracelulares facultativos, como a micobactéria, podem replicar 
tanto dentro como fora da célula. Os patógenos intracelulares devem ser impedidos de 
entrar nas células, ou serem detectados e eliminados logo após a sua entrada. Agentes 
infecciosos intracelulares frequentemente causam doenças por danificarem ou matarem 
as células hospedeiras. 
O sistema imune inato tem, em geral, dois meios de defesa contra esse tipo de patógeno. 
Os fagócitos devem aprisionar o patógeno antes que ele entre na célula, ao passo que 
as células NK podem reconhecer e matar diretamente a célula infectada por algum 
patógeno intracelular. As células NK colaboram para manter infecções virais sob 
controle até que a resposta adaptativa tenha sido gerada, quando então as células T 
citotóxicas são capazes de assumir o papel de matar as células infectadas por vírus.
Patógenos que vivem dentro de vesículas nos macrófagos podem tornar-se suscetíveis à 
morte após a ativação dos macrófagos como resultado da ação das células NK e células T. 
Uma vez que os patógenos tenham dominado as defesas da imunidade inata, eles crescerão 
e se replicarão no corpo, causando diferentes doenças que refletem as diversas formas 
de dano que podem causar ao tecido. Muitos dos mais perigosos patógenos bacterianos 
30
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
intracelulares causam doença liberando proteínas tóxicas, contra as quais o sistema imune 
inato tem pouca defesa. Dessa forma, os microrganismos mais patogênicos têm evoluído 
para se tornarem capazes de superar a resposta imune inata e continuarem seu crescimento, 
tornando os indivíduos doentes. A resposta imune adaptativa é necessária para eliminá-los 
e para prevenir reinfecções. Falaremos melhor da resposta imune adaptativa mais adiante.
Como vimos anteriormente, o contato com esses microrganismos pode ocorrer por meio 
das superfícies epiteliais internas e externas. A mucosa do trato respiratório fornece uma 
via de entrada para microrganismos transportados pelo ar, a mucosa gastrintestinal, 
para microrganismos presentes nos alimentos e na água; as picadas de insetos e feridas 
permitem a entrada dos microrganismos através da pele, e o contato direto entre indivíduos 
oferece oportunidade para a infecção cutânea, intestinal e da mucosa do trato reprodutivo. 
Sendo assim, as doenças infecciosas ocorrem quando o microrganismo atravessa as 
barreiras e é capaz de escapar da defesa inata do hospedeiro ou dominá-la com sucesso 
e, então, esse microrganismo é capaz de se replicar e permitir sua posterior transmissão 
dentro de nossos corpos. A expansão do patógeno é, frequentemente, controlada pela 
resposta inflamatória, que recruta moléculas e células efetoras do sistema imune inato 
provenientes dos vasos sanguíneos locais. Ao mesmo tempo, a cascata de coagulação é 
induzida para impedir que o patógeno se dissemine pelo sangue. 
A resposta imune inata induzida atua durante alguns dias. Durante esse tempo, a resposta 
imune adaptativa inicia sua ação em resposta à apresentação de antígenos do patógeno 
nos tecidos linfoides locais pelas células dendríticas. A resposta imune adaptativa difere 
da resposta inata por sua capacidade de se direcionar contra características específicas 
do patógeno. Essa resposta normalmente eliminará a infecção e protegerá o hospedeiro 
contra reinfecções pelo mesmo patógeno pela produção de células efetoras, anticorpos 
e pelo estabelecimento de uma memória imunológica contra o patógeno. 
Os macrófagos localizados nos tecidos da submucosa são as primeiras células 
encontradas pela maioria dos patógenos, porém eles são rapidamente ajudados pelo 
recrutamento de um grande número de neutrófilos para o local da infecção. Macrófagos 
e neutrófilos reconhecem patógenos pelos mesmos receptores de superfície celular que 
podem discriminar entre as moléculas de superfície expressas tanto pelos patógenos 
quanto pelas células do hospedeiro. A ligação de lipopolissacarídeos, por exemplo, 
presente na superfície de bactérias Gram-negativas permite que sejam reconhecidos 
por outro receptor chamado receptor semelhante ao Toll (Toll like receptor - TLR). 
Em muitos casos, a ligação do patógeno a esses receptores da superfície celular leva à 
fagocitose, seguido da morte do patógeno dentro do fagócito. 
A fagocitose é um processo ativo no qual o patógeno ligado é primeiro circundado pela 
membrana fagocítica e então internalizado em uma vesícula ligada à membrana conhecida 
31
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
como fagossoma ou vacúolo endocítico. O fagossoma torna-se, então, acidificado, o 
qual mata a maioria dos patógenos. Além da fagocitose, os macrófagos e os neutrófilos 
possuem grânulos circundados por membrana, denominados lisossomas, os quais 
contêm enzimas, proteínas e peptídeos que podem mediar uma resposta intracelular 
antimicrobiana. O fagossoma fusiona com um ou mais lisossomas produzindo o 
fagolisossoma, onde o conteúdo lisossomal é liberado para destruir o patógeno.
Além da fagocitose, macrófagos e neutrófilosproduzem uma variedade de outros produtos 
tóxicos que ajudam na morte do microrganismo englobado. O mais importante desses 
são os peptídeos antimicrobianos e o óxido nítrico (NO), ânion superóxido (O2-) 
e peróxido de hidrogênio (H2O2), que são diretamente tóxicos à bactéria. O óxido 
nítrico é produzido por uma forma de alto rendimento através do óxido nítrico sintetase, 
iNOS2. O superóxido é produzido por um multicomponente, a NADPH oxidase 
associada à membrana, em um processo denominado respiração oxidativa, porque 
é acompanhado por um aumento transitório do consumo de oxigênio; o superóxido é 
convertido pela enzima superóxido dismutase em H2O2. Além disso, reações químicas e 
enzimáticas produzem uma variedade de agentes químicos tóxicos de H2O2, incluindo o 
radical hidrogênio (OH) e hipoclorito (OCl-) e hipobrometo (OBr-). 
Os neutrófilos são células de vida curta, pois morrem logo depois de terem completado 
um ciclo de fagocitose. Os neutrófilos mortos e os que estão morrendo são os principais 
componentes do pus, que é formado em algumas infecções por bactérias extracelulares. 
As bactérias que dão origem a essas infecções são chamadas de bactérias piogênicas 
ou formadoras de pus. Os macrófagos, em contraste, têm vida longa e continuam 
gerando novos lisossomas. Pacientes com a chamada doença granulomatosa crônica 
tem uma deficiência genética na NADPH oxidase, o que significa que seus fagócitos não 
produzem derivados tóxicos de oxigênio, característico da respiração oxidativa, e são 
menos capazes de matar os microrganismos ingeridos e eliminar a infecção. Pessoas com 
esse defeito são surpreendentemente susceptíveis a infecções bacterianas e fúngicas, 
especialmente na infância.
Figura 13.
Fonte: Abbas.
32
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
Na figura acima, os macrófagos ativados pelos patógenos englobam e iniciam a resposta 
inflamatória. Os macrófagos derivam dos monócitos circulantes. Eles apresentam 
muitas características comuns, mas adquirem novas funções e novos receptores quando 
se tornam células em repouso no tecido conjuntivo por todo o organismo. Os macrófagos 
expressam receptores para muitos componentes bacterianos, incluindo os receptores 
para carboidratos bacterianos (receptores de manose e glicano), lipídeos (receptores de 
LPS) e outros componentes derivados dos patógenos (receptores semelhantes ao Toll 
(TLRs) e receptores de varredura. A ligação da bactéria aos receptores nos macrófagos 
estimula a fagocitose e a captura dos patógenos para as vesículas intracelulares, onde são 
destruídos. A sinalização por alguns receptores, tais como os receptores Toll, em resposta 
aos componentes bacterianos, causa a secreção de “citocinas pró-inflamatórias”, como 
interleucina-1 β (IL-1β), IL-6 e fator de necrose tumoral-α (TNF-α).
O segundo efeito importante da interação entre patógenos e macrófagos dos tecidos é a 
ativação dos macrófagos para liberar citocinas, quimiocinas (citocinas quimioatraentes) 
e outros mediadores que criam um estado de inflamação no tecido e atraem neutrófilos 
e proteínas plasmáticas para o local da infecção. Os receptores que sinalizam a presença 
de patógenos e induzem as citocinas têm também outro papel importante: induzir a 
expressão das denominadas moléculas coestimuladoras tanto em macrófagos quanto em 
células dendríticas, outro tipo de células fagocíticas presente nos tecidos, permitindo 
que essas células apresentadoras de antígeno iniciem uma resposta imune adaptativa As 
citocinas ativadas pelos macrófagos têm uma importante contribuição para o local da 
inflamação e para a indução de outras respostas inatas que ocorrem nos primeiros dias 
da nova infecção.
A imunidade inata está intimamente ligada ao processo inflamatório, sendo este 
uma resposta de defesa do corpo contra patógenos invasores. A inflamação tem 
três papéis essenciais no combate às infecções. O primeiro é o de oferecer células 
e moléculas efetoras adicionais aos sítios de infecção para aumentar a morte dos 
microrganismos invasores pelos macrófagos. O segundo é proporcionar uma barreira 
física, na forma de coagulação microvascular, para prevenir a propagação da infecção. 
O terceiro é para promover o reparo dos tecidos lesados, uma função que não faz 
parte do sistema imune e, portanto, não será mais discutida.
A inflamação no local da infecção é iniciada pelos macrófagos contra os patógenos. 
As respostas inflamatórias são operacionalmente caracterizadas por dor, 
vermelhidão, calor e edema no sítio da infecção, refletindo quatro tipos de 
mudanças nos vasos sanguíneos locais, os quais foram primeiramente descritos por 
Cornelius Celsus (30 a.c.). Posteriormente, em 1998, Virshow acrescentou o 5o sinal 
cardinal: a perda da função, como mostrado na Figura. 
33
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Figura 14.
Fonte: <http://consultadeenfermagem.com/tag/historia-da-inflamacao/>.
O primeiro é o aumento do diâmetro vascular, levando a um aumento do fluxo 
sanguíneo local – consequentemente calor e vermelhidão – e a redução na velocidade 
do fluido sanguíneo local, especialmente nas superfícies internas dos pequenos vasos 
sanguíneos locais. A segunda mudança ocorre nas células endoteliais que revestem os 
vasos sanguíneos, as quais são ativadas e passam a expressar moléculas de adesão 
celular que promovem a ligação dos leucócitos circulantes. A combinação do fluxo 
sanguíneo mais lento e das moléculas de adesão que permitem a adesão de leucócito ao 
endotélio e posterior migração para dentro do tecido é um processo conhecido como 
extravasamento, nele ocorre a migração das células dos vasos sanguíneos para o 
sitio inflamatório.
Todas essas mudanças são iniciadas por citocinas e quimiocinas produzidas por 
macrófagos ativados. Uma vez que a inflamação tenha começado, as primeiras células 
brancas atraídas para o local são os neutrófilos, seguidos pelos monócitos, os quais se 
diferenciam em macrófagos teciduais. 
No último estágio da inflamação, outros leucócitos, como eosinófilos e linfócitos, também 
são encontrados no local infectado. A terceira maior mudança nos vasos sanguíneos 
locais é o aumento da permeabilidade vascular. Em vez de estarem fortemente aderidas, 
as células do endotélio que revestem as paredes dos vasos sanguíneos se tornam 
separadas, levando à saída do fluido e de proteínas do sangue para o lado do tecido. 
Isso causa o inchaço ou edema e dor, bem como o acúmulo de proteínas plasmáticas 
que auxiliam na defesa do hospedeiro. As mudanças que ocorrem no endotélio como 
resultado da inflamação são conhecidas em geral como ativação endotelial. 
34
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
A quarta mudança, a coagulação em microvasos no local da infecção, previne a difusão do 
patógeno pelo sangue. Essas mudanças são induzidas por uma variedade de mediadores 
inflamatórios liberados como consequência do reconhecimento do patógeno pelo 
macrófago. Incluindo os mediadores lipídicos da inflamação – prostaglandinas, 
leucotrienos e fator ativador de plaquetas (PAF) – que são rapidamente 
produzidos pelos macrófagos por vias enzimáticas que degradam os fosfolipídeos de 
membrana. Suas ações são seguidas por aquelas das citocinas e as quimiocinas que são 
sintetizadas e secretadas pelos macrófagos em resposta aos patógenos. A citocina, fator 
de necrose tumoral-α (TNF-α), por exemplo, é um potente ativador do endotélio 
celular. Outra maneira pela qual o rápido reconhecimento dos patógenos induz uma 
resposta inflamatória é por meio da ativação da cascata do complemento. Um dos 
produtos de clivagem da reação do complemento é um peptídeo chamado C5a, um 
potente mediador da inflamação, com diferentes atividades. Além de aumentar a 
permeabilidade vascular e induzir a expressão de algumas moléculas de adesão, ele 
atua como um potente quimioatraente de neutrófilos e monócitos. O peptídeo C5a 
também ativa fagócitos e mastócitos locais, os quais, por sua vez, são estimulados 
para liberar seus grânulos que contêm as pequenas moléculasinflamatórias histamina 
e a citocina TNF-α. Em casos de ferimentos, o dano aos vasos sanguíneos induz 
imediatamente outras duas cascatas enzimáticas protetoras. O sistema quinina 
é uma cascata enzimática de pró-enzimas plasmáticas que é induzida pelo dano aos 
tecidos, produzindo vários mediadores inflamatórios, incluindo o peptídeo vasoativo 
bradicinina. O sistema quinina é o exemplo de cascata de protease, também conhecido 
como cascata enzimática de ativação, no qual as enzimas são inicialmente inativas, 
ou na forma pró-enzimática. Depois que o sistema é ativado, a protease ativada 
quebra e ativa a próxima protease da série, e assim por diante. A bradicinina causa um 
aumento na permeabilidade vascular que promove um influxo de proteínas plasmáticas 
para o local do tecido lesado. Isso também causa dor, embora desagradável para a 
vítima, chama atenção ao problema e leva à imobilização da região afetada do corpo, 
ajudando a limitar a disseminação da infecção. 
O sistema de coagulação é outra cascata de proteases que é iniciada no sangue depois 
do dano dos vasos sanguíneos. Essa ativação leva à formação de um grumo de fibrina, 
cujo papel normal é prevenir a perda de sangue. Em relação à imunidade inata, contudo, 
o coágulo barra a entrada de microrganismos infecciosos para a corrente sanguínea. 
A cascata de quinina e a cascata de coagulação sanguínea são igualmente iniciadas pelas 
células endoteliais ativadas e também têm importante papel na resposta inflamatória 
contra patógenos, mesmo que não ocorram ferimentos ou danos teciduais. Dessa forma, 
dentro de minutos após a penetração no tecido pelo patógeno, a resposta inflamatória 
causa um influxo de proteínas e células que podem controlar a infecção. Isso estabelece 
35
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
uma barreira física na forma de coágulo sanguíneo, limitando a dispersão da infecção e 
fazendo com que o hospedeiro fique alerta ao local da infecção.
Como o sistema imune inato reconhece 
os patógenos?
O sistema imune inato é capaz de reconhecer o próprio do não próprio, embora não 
possua especificidade de reconhecimento, uma vez que os receptores não são distribuídos 
clonalmente, como ocorre na imunidade adquirida. Sendo assim, o sistema imune inato 
reconhece padrões tipicamente presentes em microrganismos e ausentes no próprio, os 
chamados padrões moleculares associados a patógenos – PAMP (do inglês 
Pathogen-associated molecular pattern ou PAMPs). O ácido lipoteicoico da 
parede celular das bactérias Gram-positivas e o lipopolissacarídeo da parede exterior 
das bactérias Gram-positivas são, como vimos, importantes para o reconhecimento 
pelo sistema imune inato. Outros componentes microbianos também têm estruturas 
repetidas. Os flagelos bacterianos são feitos por subunidades repetidas de proteínas, 
e o DNA bacteriano contém repetições não metiladas de dinucleotídeos CpG. Os vírus 
quase sempre expressam RNA de dupla fita como parte de seu ciclo de vida. Essas 
estruturas repetidas são conhecidas comumente como PAMPs, e os receptores que 
as reconhecem como receptores de reconhecimento padrão (PRRs do inglês 
Pattern Recognition Receptors).
Assim, quando patógenos ultrapassam as barreiras epiteliais alcançando os tecidos 
subjacentes, entram em contato com populações de células da imunidade inata, 
como macrófagos e células dendríticas residentes. A interação dessas células com os 
agentes infecciosos ocorre por intermédio dos PRR que, por sua vez, reconhecem os 
PAMPs. Como exemplo de PAMP podemos citar a flagelina (componente do flagelo 
bacteriano), LPS (lipopolissacarídeo da parede de bactérias Gram-negativas), zimosan 
(componente da parede celular de fungos), dsRNA (RNA dupla fita, comum em alguns 
vírus), dentre outros. 
Os PRR podem ser encontrados em diferentes populações celulares e estar presentes 
tanto na membrana plasmática ou endossomal, como os receptores TLR (Toll-Like 
Receptors), quanto no citoplasma, como os receptores RLR (RIG-1-Like Receptors) 
e NLR (Nod-Like Receptors). Quando ocorre a interação de PAMP com PRR 
(PAMP-PRR), ocorre liberação de sinais intracelulares que culminam na indução 
da transcrição de genes importantes para a ativação celular ou a indução da 
fagocitose. Diferentes PRR são expressos numa mesma célula, possibilitando que esta 
tenha capacidade de reconhecer várias classes de microrganismos.
36
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
Figura 15.
Fonte: Janeway.
A figura acima mostra os diferentes tipos de PRR. Estes podem estar presentes na 
membrana, de forma superficial como, por exemplo, o TLR que se liga ao LPS bacteriano 
ou presente intracelularmente.
Figura 16.
PAMPs – Pathogen-Associates Molecular Patterns
O Sistema imune inato tem receptores que reconhecem os PAMPs
Diferentes antígenos são reconhecidos por diferentes TLRs:
TLR1 lipopeptídeo bacteriano
Localização
TLR2 peptídeoglicanos
TLR3 dsRNA (RNA dupla fita)
TLR4 lipopolissacarídeos; ácidos lipoteicoico
TLR5 flagelo bacteriano
TLR6 diacil-lipopeptídeos
TLR7 ssRNA (RNA fita simples, regiões ricas em uracila)
TLR8 ssRNA (RNA simples fita, regiões ricas em guanina)
TLR9 CpG DNA
Fonte: Janeway.
37
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Mecanismos efetores: fagocitose e inflamação
Para o controle e proteção contra os agentes infecciosos, os fagócitos primeiramente 
devem reconhecer os microrganismos-alvo que, por sua vez, são mortos pela fagocitose. 
Ademais, estas células podem amplificar a resposta imune através da inflamação.
a. Fagocitose: é o processo que consiste na ingestão de microrganismos ou 
partículas sólidas pelas células fagocíticas. Estas formam prolongamentos 
citoplasmáticos que envolvem os microrganismos ou partículas sólidas, 
endocitando-os, formando uma vesícula denominada fagossomo. 
Posteriormente, ocorre a fusão do fagossomo com lisossomos, formando, 
assim, o fagolisossomo, onde enzimas lisossomais e intermediários reativos 
de nitrogênio (como o óxido nítrico (NO)) e espécies reativas de oxigênio 
(ROS- Reactive Oxygen Species, como o ânion peróxido e o peróxido de 
hidrogênio) são produzidos para a destruição do microrganismo.
b. Inflamação: consiste no recrutamento celular com a finalidade de 
amplificar a resposta imunológica no sítio infeccioso. Quando macrófagos 
residentes são ativados ao reconhecerem o agente infeccioso por PRR, 
produzem citocinas pró-inflamatórias (IL-1, TNF e IL-6) que estimulam 
as células do endotélio vascular a expressarem moléculas de adesão 
(selectinas). As selectinas são reconhecidas por receptores expressos 
nos leucócitos circulantes, o que promove a fraca adesão destas células 
à superfície endotelial. Devido à força do fluxo sanguíneo em conjunto 
com a fraca adesão, os leucócitos circulantes deslizam sobre o endotélio 
(rolamento). Quimiocinas produzidas no local da infecção pelas células 
residentes e por células endoteliais ativadas auxiliam no recrutamento 
e na adesão dos leucócitos ao endotélio, além de induzirem aumento da 
afinidade de ligação das integrinas (outra classe de moléculas de adesão) 
expressas nos leucócitos aos seus ligantes nas células endoteliais. Tal 
interação intensifica mais a adesão destas células ao endotélio e inicia 
o processo de migração, no qual os leucócitos transpassam a parede 
endotelial por diapedese, alcançando o sítio de infecção nos tecidos a fim 
de eliminar os microrganismos.
Além do recrutamento celular, as células residentes no local infeccioso (fagócitos, 
mastócitos) também produzem mediadores que aumentam o fluxo sanguíneo (rubor e 
calor), causam a vasodilatação e o aumento da permeabilidade do endotélio vascular. 
Consequentemente, há o acúmulo de fluidos e células provenientes da circulação, 
formando o edema (inchaço). Tais alterações teciduais causadas por estes mediadores 
inflamatórios sensibilizam receptores neuronais levando à dor e, em casos mais 
38
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
crônicos, à perda de função do local inflamado. Deste modo, calor, rubor,inchaço, dor 
e perda de função são os sinais clínicos da inflamação.
Além de ser crucial no recrutamento e na amplificação dos mecanismos efetores da 
imunidade inata, a inflamação também é importante em outras funções, como remoção 
de células e tecidos lesados, inativação de toxinas e reparo tecidual.
Figura 17.
microrganismos
muco, substâncias antimicrobianas
Barreira 
epitelial
O2
-
H2O2
ROS
FAGÓCITO
fagossomo
lisossomo
fagolisossomo
NO
ENZIMAS
PAMP
PRR
Mediadores 
inflamatórios
Tecido
neutrófilo(ROLAMENTO)
(ADESÃO)
(MIGRAÇÃO)
fagolisossomo
integrina
receptor de integrina
selectina
receptor de selectina
Recrutamento celular
ativação
Endotélio
Fagocitose
Inflamação
Fonte: <http://pt.slideshare.net/Ta_ta/01-imunidade-inata>.
A ilustração mostra a ativação e indução dos mecanismos efetores da imunidade 
inata contra microrganismos. Devido ao rompimento das barreiras epiteliais, os 
microrganismos alcançam os tecidos subjacentes. Fagócitos residentes reconhecem 
PAMP de microrganismos através dos seus receptores PRR e fagocitam os agentes 
infecciosos, sendo englobados dentro de fagossomos que, por fim, se fundem a 
lisossomos (fagolisossomos). Dentro dos fagolisossomos, os microrganimos são 
destruídos pela ação das enzimas líticas lisossomais e das espécies reativas de oxigênio 
(ROS) e nitrogênio (óxido nítrico - NO) (Fagocitose). Os fagócitos ativados produzem 
mediadores inflamatórios que induzem a expressão de moléculas de adesão e receptores 
na superfície endotelial (selectinas e receptores para integrinas) facilitando a adesão 
dos leucócitos circulantes (neutrófilos, inicialmente). Em resposta a quimiocinas 
39
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
produzidas no local, os leucócitos migram para o sítio de infecção nos tecidos por 
diapedese (inflamação), onde reconhecem os microrganismos e exercem suas funções 
na tentativa de eliminá-los.
Implicações clínicas na imunidade inata
A importância da imunidade inata é constatada quando se observa o que certas alterações 
em seu funcionamento podem acarretar na defesa do organismo. Deficiências em seus 
componentes, evasão de seus mecanismos efetores por microrganismos e polimorfismos 
genéticos em seus receptores podem causar efeitos deletérios na imunidade do organismo. 
Por exemplo, indivíduo com baixo número de neutrófilos (neutropênico) é mais susceptível 
a infecções fúngicas e bacterianas do que indivíduo que apresente número normal destas 
células. Microrganismos que conseguem sobreviver no interior de fagócitos estabeleceram 
alguns mecanismos de evasão à fagocitose, como a lise da membrana do fagossomo, o 
impedimento da fusão deste com lisossomos e a alteração do pH do fagolisossomo, que 
inibe a atividade de enzimas microbicidas. Por outro lado, há doenças congênitas nas quais 
o indivíduo apresenta deficiências na funcionalidade da resposta imune inata.
Disfunções na amplitude da atividade de seus mecanismos efetores também levam 
efeitos negativos ao organismo. O choque séptico é um exemplo do que ocorre quando 
a resposta inflamatória é exagerada. Isso ocorre em consequência da alta produção 
de mediadores inflamatórios na corrente sanguínea pelas células que são ativadas 
ao reconhecerem microrganismos que se multiplicam no sangue. Como resultado, 
o excesso de mediadores produzidos leva à vasodilatação sistêmica, o que diminui a 
pressão arterial, resultando em irrigação sanguínea insuficiente nos órgãos (choque). 
Quadro 2. Doenças congênitas relacionadas à imunidade inata.
Doença Deficiência Consequência
Granulomatose crônica Produção deficiente de ROS por fagócitos. Infecções recorrentes com bactérias intracelulares e fungos.
Deficiência de adesão leucocitária tipo-1 Expressão reduzida ou ausência de integrinas. Infecções recorrentes de bactérias e fungos.
Deficiência de adesão leucocitária tipo-2 Expressão reduzida ou ausência de selectinas. Infecções recorrentes de bactérias e fungos.
Síndrome de Chédiak-Higashi Formação de fagolisossomos. Infecções recorrentes com bactérias piogênicas.
Defeitos Toll-like Sinalização TLR Infecções microbianas recorrentes.
Fonte: Janeway.
Imunidade adquirida
Os mecanismos de defesa do hospedeiro são constituídos pela imunidade inata, responsável 
pela proteção inicial contra as infecções, e pela imunidade adquirida, que se desenvolve 
40
UNIDADE I │ INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA
mais lentamente e é responsável pela defesa mais tardia e mais eficaz contra as infecções. 
A imunidade adquirida é o tipo de defesa estimulada pelos microrganismos que invadem 
os tecidos, adaptando-se à presença dos invasores microbianos.
Como vimos em tópicos anteriores, a primeira linha de defesa da imunidade natural 
é fornecida pelas barreiras epiteliais, células especializadas e antibióticos naturais 
presentes no epitélio que bloqueiam a entrada dos microrganismos. Caso um patógeno 
penetre o epitélio e entre nos tecidos ou pela circulação, ele é atacado inicialmente 
pelo sistema imune inato que além de fornecer proteção ao organismo, também é 
capaz de estimular a resposta imune adquirida contra agentes infecciosos. Apesar de a 
imunidade inata combater muitas infecções de maneira eficaz, os patógenos evoluíram 
para resistir aos seus mecanismos, passando essa defesa a ser feita pela imunidade 
adquirida e é por isso que defeitos nesse sistema resultam em maior suscetibilidade a 
infecções. O sistema imunológico adquirido é formado pelos linfócitos e seus produtos, 
como os anticorpos. Enquanto os mecanismos da imunidade inata reconhecem 
estruturas comuns a classes de microrganismos, as células da imunidade adquirida 
e os linfócitos expressam receptores que reconhecem especificamente diversas 
substâncias produzidas pelos microrganismos, assim como moléculas não infecciosas. 
Estas substâncias são chamadas de antígenos. 
As respostas imunológicas adquiridas formam mecanismos especializados para o combate 
de diversos tipos de infecção. Por exemplo, os anticorpos eliminam os microrganismos 
presentes nos líquidos extracelulares, enquanto os linfócitos T ativados eliminam os 
microrganismos que vivem dentro das células. As respostas adquiridas geralmente usam 
células e moléculas do sistema imunológico inato para eliminar microrganismos e suas 
funções imunológicas com o intuito de aumentar acentuadamente esses mecanismos 
como, por exemplo, os anticorpos (componente da imunidade adquirida) se ligam aos 
microrganismos e estes ao serem revestidos pelos anticorpos se ligam avidamente às 
células fagocitárias (componente da imunidade celular). É como se com o revestimento 
de anticorpos os microrganismos ficassem mais visíveis para as células fagocíticas, 
ativando-as e levando à ingestão e destruição do microrganismo. Este é um exemplo de 
cooperação entre a imunidade inata e adquirida.
Assim, temos que os mecanismos da imunidade natural são específicos para estruturas 
que são comuns a grupos de microrganismos semelhantes e não conseguem 
distinguir diferenças discretas entre substâncias estranhas. Em contraste com a imunidade 
natural, a imunidade adquirida é estimulada pela exposição a agentes infecciosos 
cuja magnitude e capacidade defensiva aumenta com exposições posteriores a um 
microrganismo em particular. Como essa forma de imunidade se desenvolva em resposta 
a infecções e se adapte à infecção, é chamada de imunidade adaptativa ou adquirida.
41
INTRODUÇÃO À IMUNOLOGIA │ UNIDADE I
Figura 18.
Fonte: ABBAS.
A imagem acima demonstra os componentes tanto da imunidade natural ou adquirida e 
podemos perceber também que com o passar do tempo e a não resolução de um quadro 
infeccioso, ocorre a estimulação da imunidade adquirida. 
As características que definem a imunidade adquirida incluem uma especificidade 
extraordinária para distinguir as diferentes moléculas e uma habilidade de se “lembrar” 
(produzir memória imunológica) e responder com mais intensidade a exposições 
subsequentes ao mesmo microrganismo. O sistema imunológico adquirido

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