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DESENVOLVIMENTO PSICOLÓGICO E SOCIAL NA PRIMEIRA INFÂNCIA Desenvolvimento Humano I Prof. Rodrigo Luis Souza Silva Desenvolvimento Social e Emocional O desenvolvimento social e emocional tem um impacto do ambiente muito mais do que fatores genéticos; Alguns aspectos do temperamento parecem claramente inatos, ou genéticos: ex: comportamentos de apego. Fatores inatos marcam os primeiros encontros da criança com outros. As Primeiras Experiências são Cruciais Período crítico ou sensível para o estabelecimento de muitas das trajetórias do posterior desenvolvimento da criança; Quanto mais cedo há um ambiente suficientemente sustentador, mais prolongados serão os efeitos deste; A segurança do apego é crucial para estabelecimento de afetos e formação da personalidade; A relação com outras pessoas está relacionada com o primeiro ambiente que o bebê foi inserido Condicionamento Clássico Deram a bebês de 1 e 2 dias água com açúcar em uma mamadeira (o estímulo não condicionado), que estimulou a sucção (a resposta condicionada). Pouco antes de receberem a água com açúcar, os mamilos dos bebês eram tocados (o estímulo condicionado). assim ocorreu o condicionamento clássico. Sensações positivas advindas dos condicionamentos clássicos ajudam no apego e na futura relação com os pais. Condicionamento Operante Quando uma resposta gera consequência, e essa consequência afeta a possibilidade desse comportamento acontecer novamente. Tanto a resposta de sucção quanto a de virar a cabeça são aumentadas com sucesso pelo uso de reforços (como líquidos doces ou o som da voz ou dos batimentos cardíacos da mãe) Aprendizagem Esquemática A ideia básica é que desde o início o bebê organiza suas experiências em expectativas ou combinações conhecidas. Essas expectativas, frequentemente denominadas esquemas, são construídas sobre muitas exposições a experiências em particular, mas daí em diante ajudam o bebê a distinguir entre o familiar e o estranho. (JEAN PIAGET) Habituação É a redução automática na força ou no vigor de uma resposta a um estímulo repetido. Ex: Rua barulhenta, família agitada. Com o tempo, literalmente não há reações pois nem se percebem os eventos. Diferenças Individuais Reflexos e capacidade de responder a condicionamentos são universais; Todos os bebês choram, mas alguns choram mais que outros; Alguns são facilmente irritados por uma fralda molhada, enquanto outros parecem ser mais tolerantes. Temperamento Variações na forma de reagir a: • coisas novas, • em seus humores típicos, • em sua taxa de atividade, • em sua preferência por interações sociais ou solidão, na regularidade de seus ritmos diários Crianças Fáceis Alexander Thomas e Stella Chess (1977) Classificaram como bebês que abordam estímulos novos com facilidade; Experimentam alimentos novos sem responderem com o nojo; Ciclos de sono e alimentação previsíveis; Geralmente felizes, adaptando a mudanças de ambiente de maneira positiva. Crianças Difíceis Menos previsíveis com os ciclos de sono e fome; Lentas para desenvolver ciclos regulares; São mais irritáveis e choram muito; Possuem limiar baixo de frustração tendo dificuldades com estímulos novos; Porém, quando se adapta ao estímulo novo, tende a ficar feliz, mesmo quando o processo é dificílimo. Criança Lenta para Responder Não são reativas com estímulos novos, como as crianças difíceis; Todavia, possuem uma resistência passiva ( comida na boca, simplesmente deixa escorrer) Poucas reações intensas (positivas ou negativas) Quando se adaptam a novas vivências, demonstram uma felicidade razoável. Perpetuação de Temperamento Embora essas diferenças no estilo ou no padrão de resposta tendam a persistir durante a infância, nenhum psicólogo estudando o temperamento sugere que tais diferenças individuais sejam absolutamente fixas no nascimento. As diferenças temperamentais inatas são moldadas, fortalecidas, resolvidas ou neutralizadas pelos relacionamentos e pelas experiências da criança. Aparecimento da Expressão Emocional Não há como saber exatamente o que um bebê está sentido; A melhor maneira é julgar pela expressão corporal e facial; Aprendendo com o Ambiente Durante a primeira infância, as crianças aprendem muito sobre os papéis que se espera que elas desempenhem: como se comportar segundo os padrões sociais, como controlar os sentimentos agressivos e como respeitar os direitos das outras pessoas. Nem toda criança consegue fazer,ou simplesmente isso não é de interesse; .À medida que vão crescendo, as crianças aprendem não apenas a serem "boas“, mas também como manipular as situações ao seu favor. Uma Visão Psicanalítica O nascimento psicológico é o produto de uma relação e o fruto de uma conquista; Há um inter-relacionamento onde dois seres estão interferindo e modificando-se mutuamente: o filho faz a mãe tanto quanto esta o faz filho. O Nascimento Psicológico O que falta à criança é compensado e fornecido pela mãe; A mãe coloca-se como uma espécie de “ego exterior”, protegendo, cuidando, reconhecendo e expressando necessidades; A medida que a relação evolui, a mãe vai recuando nessa sua atividade e fornecendo os elementos para que a criança adquira sua autonomia. O Nascimento Psicológico Esta é uma conquista da criança que tem de superar frustrações para se organizar psiquicamente; Portanto, a separação e a individuação são frutos da atividade da criança na sua interação com o mundo. No início, o recém-nascido não percebe a mãe como distinta de si próprio. Ela é simplesmente parte da totalidade de suas necessidades e satisfação. O Nascimento Psicológico A criança apenas registra o alívio da tensão e não o objeto que causa o alívio; Atribui o alivio a si próprio, e isso é o que chamamos de onipotência; Segundo Hoffer (1983, p. 20), o conceito “boca-eu”~é a primeira organização do eu e a mão é o agente desta organização O Nascimento Psicológico A cavidade oral é o grande depositário das sensações do recém-nascido com total presença de sensações fisiológicas e localização espacial do corpo; O olhar da mãe fornece, por assim dizer, a própria imagem da criança. Winnicott (1975, p. 154) diz que o precursor do espelho é o rosto da mãe e que o bebe vê a si próprio no rosto dela. O Nascimento Psicológico Se não houver retorno, haverá atrofia da capacidade criativa e/ou retirada para si próprio. Assim, é o olhar da mãe a via para a mudança de perspectiva; Não apenas o olhar da mãe fornece esse caminho: o tato, o modo de pegar e segurar, o tom e o ritmo de sua voz, o calor de seu corpo, o seu movimento; Através dessas trocas recíprocas, forma-se o eu da criança. O Nascimento Psicológico A mãe é todo o prazer e todo o desprazer, ela é tanto a fome, quanto a sua satisfação; A partir do segundo mês o bebe começa a ter uma consciência difusa de que algo o satisfaz. A resposta do sorriso especifico dirigido à mãe é um sinal crucial de que um elo particular entre criança e mãe foi estabelecido ( 3 meses); A criança vê essa mãe como um objeto que precisa satisfazê-la. O Nascimento Psicológico A partir dos 3 meses o bebê começa a perceber o mundo exterior de forma diferente; Aos seis meses, começa a tentativa da separação dessa simbiose (relação mãe-filho) Esse processo é conhecido como individuação; O bebê começa a puxar o cabelo da mãe, bater em seu rosto, apertar o nariz. Isso ajuda nessa separação. O Nascimento Psicológico Aos sete meses, o bebe geralmente irá desfrutar deuma exploração do seu próprio corpo, agora que há um entendimento de que ele se difere do outro; É um passo para uma liberdade corporal, alguém que decide o como satisfazer suas vontades; Nascimento Psicológico A ansiedade dos 8 meses: quando um estranho se aproxima da criança, ela apresenta intensidades variáveis de apreensão ou ansiedade e rejeita o estranho. Fica claro agora, que além dela se diferenciar, ela diferencia as pessoas ao seu redor; Está ligada ao medo da perda da mãe, uma vez que quando se olha para o estranho, o pensamento é de que sua mãe está lhe abandonando. Nascimento Psicológico Essa ansiedade confirma que a mãe se tornou o objeto de amor desse bebê; Enquanto a “gestação psicológica” é fruto da presença materna, o “parto psicológico” é fruto da ausência da mãe. O nascimento psicológico ocorre porque, entre a sensação de necessidade e o seu desaparecimento através da satisfação, há demoras. Estas demoras —a falta— desempenham um papel fundamental no desenvolvimento adaptativo. Nascimento Psicológico O objeto real ausente – a mãe – frustra. A frustração é sentida como aniquilamento. Para diminuir a dor, para se apaziguar, a criança elabora e coordena os registros espalhados no sistema nervoso. É a angústia ante a ausência da mãe que faz com que a criança a recrie em sua mente, represente-a mentalmente mesmo em sua ausência. Nascimento Psicológico Com isto, adquire a noção de permanência do objeto. A mãe, tornada permanente e não mais produto de sua onipotência, faz com que a criança reconheça que seus sentimentos de ódio, quando ela a frustra, e os de amor, quando ela a gratifica em suas necessidades, são dirigidos a uma mesma pessoa. Nascimento Psicológico Por ironia dos deuses, a perda da onipotência é o momento do nosso surgimento como seres humanos. Referências BEE, H.; BOYD, D. A criança em Desenvolvimento. 12ª ed. Porto Alegre: Artmed, 2011. RABINOVICH, E.P.: "O nascimento psicológico", R. Bras. CDH, São Paulo, número 1,1991.
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