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Imunologia Aplicada À Medicina Luiza Marinho Motta Santa Rosa – 73 A (2021/1) Transplantes Retirada e transferência de céls, tecidos ou órgãos (enxertos). Doador e receptor. Transfusão → transferência de céls sanguíneas circulantes ou de plasma. o Ortotópico: enxerto colocado na localização anatômica normal; o Heterotópico: colocação em local diferente. Categorização De acordo com doadores e receptores. - Autólogo: doador e receptor são mesma pessoa. - Singênico: entre gêmeos idênticos. - Alogênico: geneticamente diferentes. - Xenogênico: espécies distintas. Moléculas reconhecidas como estranhas nos enxertos → aloantígenos, linfócitos alorreativos. Moléculas reconhecidas como estranhas nos xenoenxertos → xenoantígenos, linfócitos e anticorpos xenorreativos. História Mundo: primeiro transplante em 1954, Boston. Renal singênico, + 8 anos de vida ao receptor. Brasil: 1964, RJ. Renal + 8 dias ao receptor. 1968, SP. Cardíaco + 28 dias ao receptor. A chave para um transplante bem-sucedido é o controle da resposta imunológica! Regras gerais Todo transplante alogênico leva invariavelmente à rejeição – antígenos estranhos. Resposta imune do receptor; observada pela primeira vez em transplante de pele → necrose. Reação inflamatória levava à rejeição, inteiramente mediada pela resposta imune adaptativa. o Tempo de reação reduzido caso haja realização de segundo transplante do mesmo doador – células de memória. o Rejeição de primeira ou segunda fase (ocorre 2ª com injeção de LB de outro animal da mesma linhagem que já rejeitou). Resposta imunológica adaptativa aos aloenxertos Nunca há rejeição em casos singênicos = mesmos antígenos. Sempre em casos alogênicos. No cruzamento de linhagens consanguíneas diferentes a descendência não rejeita enxertos. Ex. Pais A x B, filhos AB. Caso contrário há rejeição por qualquer um dos pais Indivíduo expressa genes de ambos os pais (alelos) Rejeição polimórfica é codominante! Moléculas responsáveis Complexo Principal de Histocompatibilidade = MHC (interação do TCR com peptídeo-MHC). Antígenos leucocitários humano = HLA (nome dado ao MHC em humanos). o Classe I: HLA-A, HLA-B e HLA-C; apresentação de proteínas citosólicas. o Classe II: HLA-DP, HLA-DQ e HLA-DR; apresentação de proteínas extracelulares. Imunologia Aplicada À Medicina Luiza Marinho Motta Santa Rosa – 73 A (2021/1) *HLA-DM atua na retirada do clip MHC II. Apresentação cruzada → escape de Ag fagocitado, deixa de ser via II e passa a ser MHC classe I. Reconhecimento direto Célula T reconhece moléculas de MHC não processadas nas APC alogênicas. Problema: normalmente TCRs selecionados reagem fracamente ao próprio. Diferenças no alorreconhecimento, atua como complexo MHC próprio-peptídeo estranho. Necessária complementaridade, “preenchimento” em muitas combinações possíveis → aumenta possibilidade de reconhecimento. o 1 a 10% dos LT irão reconhecer diretamente e reagir contra molécula MHC alogênica. o Peptídeos do doador ou vindos de infecção. o Reconhecimento cruzado: céls de memória a partir de infecção prévia. Pode haver ativação tanto de TCD4+ quanto CD8+. Reconhecimento indireto APC do receptor reconhece MHC do doador como estranho, fagocitose e processamento, ativação de LT do receptor (como patógeno). Ativação de células T autorreativas Sensibilização via DC do doador, reconhecimento direto ou DC do receptor – aloantígenos do doador. Captura ou fagocitose, migração para linfonodo, local do enxerto. CD4+ → Causa produção de citocinas, auxílio de macrófagos e LB. Principal na indireta pela fagocitose. CD8+ → Causa destruição da célula tecidual do enxerto. Ocorre na indireta em caso de apresentação cruzada. Papel da coestimulação Importante para ativação céls T alorreativas naive. Seu bloqueio pode inibir rejeição. Aumento de coestimuladores nas células do doador aumentam chance de rejeição. Presentes (na ausência de infecção) em caso de morte celular, isquemia importante para frequência e gravidade da rejeição. Padrões e mecanismos de rejeição de enxertos Hiperaguda Mais rapidamente → receptor já tem anticorpos formados, específicos contra antígenos do doador. Origem por infecção, gestação múltipla... IgM / IgG preexistentes; antes relacionados ao sistema ABO. Mecanismo atualmente raro, mais relacionado com aloantígenos, como MHC do doador ou antígenos nas células endoteliais. Ac que já estavam no receptor reconhecem aloantígenos, ligam e levam à função do anticorpo: o ativação do complemento o processo inflamatório o recrutamento de células – lesão o processo de trombose e oclusão vascular. Aguda Toda a resposta imune do paciente é ativada frente o enxerto → lesão do parênquima e dos vasos sanguíneos dele por céls T alorreativas e anticorpos Imunidade adaptativa celular e humoral; o CD4 e CD8 reconhecem aloantígenos, são ativados, produzem citocinas, recrutam Imunologia Aplicada À Medicina Luiza Marinho Motta Santa Rosa – 73 A (2021/1) macrófagos, neutrófilos – dano celular (liberação ROS, NO) = endotelite. o Ac ligam aos aloantígenos que são principalmente HLA em céls endoteliais vasculares. Atualmente, com uso de imunossupressores, pode ocorrer anos após o transplante (em redução de uso) Ativação local do complemento, recrutamento de neurófilos, NK (ativada com a ligação de receptores Fc) – lise celular e trombos. → Th 1 (IFN-γ e TNF) e Th 17 (IL-17), LT CD8. *Identificação de C4d em capilares de aloenxertos renais é indicador de ativação do aloenxerto. Crônica Maior causa da falha de aloenxertos → alterações patológicas distintas de acordo com o órgão. - Rim e coração: oclusão vascular e fibrose. - Pulmão: espessamento de vias aéreas. - Fígado: ductos biliares fibróticos e disfuncionais. Principal lesão é oclusão arterial por processo inflamatório que estimula proliferação celular no músculo liso = dano isquêmico. 6 meses a 1 ano após transplante. Ativação de céls T autorreativas, IFN- γ. Métodos para reduzir imunogenicidade de aloenxertos Reconhecimento do que é estranho, minimização das diferenças entre doador e receptor. o Tipagem ABO; o Presença de Ac pré-formados contra moléculas MHC doador; o Tipagem de tecido – HLA (A, B e DR): cada HLA possui 2 alelos, total de 6. HLA – principal aloantígeno. Tipagem por: PCR → amplificação de regiões conhecidas dos HLAs para identificação. Ideal é compatibilidade dos 6 alelos (100%), gêmeos. Difícil na prática. Sequenciamento → mais detalhado, comparação de toda a sequência do HLA. PRA → Painel de reatividade de anticorpos – verificar presença de Ac reativos pré-formados contra HLA alogênicos. Evitar sobretudo rejeição aguda e sobretudo hiperaguda. o Resultado de gestações múltiplas, transfusões ou transplantes anteriores. o Separação do soro em amostra sanguínea. o Verificação em diferentes momentos. o Colocar soro em contato com Beads – bolinhas que possuem Ag em sua superfície (HLAs). Ligação de Ac com especificidade o Retirada dos resíduos e outro anticorpo (comercial) para ligar no Ac, se estiver presente no receptor. Fluorescência – visto em equipamento de citometria de fluxo. Ac naturais muito produzidos em respostas a bactérias, reatividade cruzada com antígenos. Feto é aloenxerto, grávida é parcialmente imunossuprimida. Expressão ABO codominante. o Feto com tipo sanguíneo diferente não tem problema com anticorpos pois são IgM, ou seja, não atravessam a placenta. *Eritroblastose fetal é relacionada ao fator Rh.Imunologia Aplicada À Medicina Luiza Marinho Motta Santa Rosa – 73 A (2021/1) Mecanismos de imunossupressão o OKT3 – primeiro anticorpo monoclonal, não muito utilizado. Introdução da ciclosporina em 1983 contribuiu para aumento da sobrevida dos aloenxertos. Transplante de células-tronco hematopoiéticas Mecanismos de rejeição ainda não esclarecidos; acredita-se em papel da NK atuando na falta de reconhecimento do MHC I das céls transplantadas. o Utilizado em caso de leucemia e doenças genéticas como anemia falciforme. Células do doador repovoam MO do receptor. Testagem cuidadosa para todos os loci de MHC. Máxima compatibilidade possível. Tratamento do receptor com quimioterapia, imunoterapia ou irradiação antes do transplante. Doença do enxerto x hospedeiro Atuação contra o receptor, ocorre quando há presença de muitos linfócitos no enxerto (MO, muito plasmócito de vida longa, LT de memória). Outros órgãos como intestino delgado, fígado ou pulmão – quantidade significativa de linfócitos.
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