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Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam Imunologia do transplante Caso clínico Alice, 32 anos, parda, jornalista, casada, natural e proveniente de São Paulo Internada eletivamente há 4 dias, para receber transplante renal – o doador é seu primo Miguel. No momento da internação, relatou inapetência e fadiga, especialmente após a realização das sessões de hemodiálise (que faz às segundas, quartas e sextas). Antecedentes pessoais: insuficiência renal crônica devido a rins policísticos. O diagnóstico de doença policística foi feito ainda na infância, pois a mãe já tinha a mesma condição e fazia seguimento. Em hemodiálise há quatro anos. Hipertensão arterial desde os 20 anos, cerca de dois anos depois de começar a apresentar alteração da função renal. Vem em uso de amlodipina duas vezes ao dia (anti- hipertensivo bloqueador de canais de cálcio), atenolol uma vez ao dia(anti-hipertensivo beta-bloqueador), furosemida (diurético de alça) e eritropoetina (injeções subcutâneas duas vezes por semana). Exame Físico à Admissão Hospitalar: Regular a bom estado geral, descorada 1 a 2+/4, hidratada, eupneica. FC= 74bpm. PA= 142/88mmHg. Peso=60kg. IMC= 23kg/m2. Ausculta cardíaca e pulmonar sem alterações. Abdome sem alterações. Edema de membros inferiores simétrico, frio, compressível, até terço distal das pernas. Evolução Há 4 dias, foi realizada a cirurgia, sem intercorrências. Os rins nativos não foram abordados. O rim doado foi implantado na fossa ilíaca direita. Antes de descer ao centro cirúrgico, recebeu uma transfusão sanguínea, a partir do banco de sangue do hospital. A tipagem do sangue de Alice é AB+. A bolsa de hemácias do doador é A-. Miguel tem tipagem B+. Logo após a cirurgia, o médico responsável manteve os medicamentos anti-hipertensivos, suspendendo o diurético e a eritropoetina. Iniciou uso de imunossupressores. No 3º dia pós-operatório, os valores de PA começaram a se reduzir, sendo suspensa a amlodipina. Evolução de exames e diurese Questões norteadoras acerca do caso: **Quais os mecanismos imunológicos envolvidos no reconhecimento, rejeição ou aceitação dos enxertos? **Entender os mecanismos de imunotolerância associado a transplantes. 1. Qual o estado clínico da paciente, analisando-se os valores de hemoglobina. 2. Interprete o leucograma nos 3 hemogramas da paciente e explique a causa para a variação encontrada. 3. Interprete o plaquetograma nos 3 exames da paciente e explique a causa para a variação encontrada. Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam 4. Além da bolsa de hemácias transfundida para a paciente, que outros tipos de hemácias ela pode receber? E de plasma? Justifique. 5. Cite os principais métodos utilizados na escolha de doadores e receptores para evitar a imunogenicidade. Respostas da 1, 2 3 (4 e 5 estão ao longo do resumo): 1.A paciente está anêmica, visto que é portadora de doença renal crônica com consequente diminuição da eritropoese. 2.Véspera da cirurgia: normal; segundo dia pós operatório: leucocitose; quarto dia pós operatório: leucocitose com tendência à normalidade. Essa alteração ocorre devido ao processo inflamatório desencadeado pela cirurgia. Os leucócitos participam avidamente da inflamação, com o intuito de promover o reparo tecidual. 3.Véspera da cirurgia: normal; segundo dia pós operatório: plaquetose; quarto dia pós operatório: normal (limite superior) . Essa alteração ocorre devido ao processo inflamatório desencadeado pela cirurgia, com intuito de reparo tecidual. As plaquetas, após a exposição de colágeno, sofrem ativação e desencadeiam o processo de adesão e agregação formando o tampão hemostático, essencial para o reparo tecidual. Transplante - conceitos Definição: Substituição de órgãos e tecidos não funcionais por órgãos ou tecidos saudáveis. Processo de remoção de células, tecidos ou órgãos, chamados enxertos, de um indivíduo e sua transferência para um indivíduo (geralmente) diferente. *O indivíduo que fornece o enxerto é chamado doador, e o indivíduo que o recebe é o receptor ou hospedeiro. *Transfusão: transferência de células sanguíneas circulantes ou de plasma de um indivíduo para outro. *Transplante ortotópico: o enxerto é colocado em sua localização anatômica normal. *Transplante heterotópico: o enxerto é colocado em local diferente da sua localização anatômica normal. *Enxerto autólogo: enxerto de um indivíduo para o mesmo indivíduo. *Enxerto singênico: enxerto entre dois indivíduos geneticamente idênticos. *Enxerto alogênico: enxerto entre dois indivíduos geneticamente diferentes da mesma espécie *Enxerto xenogênico: enxerto entre dois indivíduos de espécies diferentes. *Aloantígeno: antígeno do enxerto. *Alorreativos: linfócitos e anticorpos que reagem com os aloantígenos. Passos para o transplante: Substituição de órgãos e tecidos não funcionais por órgãos ou tecidos saudáveis. Células, tecidos ou órgãos de DOADOR para RECEPTOR geneticamente não idêntico (alogênico); Resposta imunológica adaptativa; Rejeição (reconhecimento de ag do doador pelo SI do receptor): reação inflamatória; Alvos moleculares principais: MHCI E MHCII; Controlar a resposta imunológica é a chave para o sucesso do transplante. Descreva quais receptores celulares estão envolvidos no mecanismo de rejeição aos transplantes e qual a sua função. R: Moléculas do Complexo Principal de Histocompatibilidade (MHC) classe I e II que possuem como função a apresentação de antígenos proteicos próprios. MHC O MHC é tão polimórfico que a maioria dos indivíduos provavelmente são heterozigotos em cada locus. Os alelos são expressos a partir de ambos os haplótipos MHC em qualquer indivíduo, e os produtos de todos os alelos são encontrados em todas as células que se Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam expressam. Em qualquer acasalamento, quatro combinações possíveis de haplótipos podem ser encontradas na prole; portanto, os irmãos também podem diferir nos alelos do MHC que expressam, havendo uma chance em quatro de que um indivíduo compartilhe ambos os haplótipos com um irmão. Uma consequência disso é a dificuldade de encontrar doadores adequados para o transplante de tecidos. Expressão de alelo MHC é dominante Consequência: dificuldade de encontrar doadores adequados para transplante de tecidos. *MHCI: expresso em células nucleadas *MHCII: expresso em APCs especializadas (CD, macrófagos, linf. B) e um pouco em células endoteliais e tímicas. Sistema ABO e Rhesus em hemácias. - As vias de apresentação de antígenos MHC-restritas garantem que a maioria das células do corpo passem por uma varredura para possível detecção de antígenos. - O processamento antigênico ocorre tanto com proteínas próprias (autoantígenos) quanto com proteínas estranhas (antígenos exógenos) - Todas as células nucleadas. - Células dendríticas, fagócitos mononucleares, linfócitos B, células endoteliais, epitélio tímico. FIGURA 6.13 Vias de processamento e apresentação antigênica. Na via do MHC de classe I (painel superior), os antígenos proteicos no citosol são processados pelos proteassomos, e os peptídeos são transportados para o interior do retículo endoplasmático (RE), onde se ligam a moléculas do MHC de classe I. Na via do MHC de classe II (painel inferior), os antígenos proteicos degradados nos lisossomos se ligam a moléculas do MHC de classe II. Os detalhes dessas vias de processamento são mostrados nas Figuras. 6.14 e 6.15. RE, retículo endoplasmático; TAP, transportador associado ao processamento antigênico. A genética da rejeição do enxerto Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam FIGURA 17.3 A genéticada rejeição do enxerto. Na ilustração, as duas cores diferentes do camundongo representam as linhagens consanguíneas com diferentes haplótipos do MHC. Os alelos do MHC herdados de ambos os pais são expressos de maneira codominante na pele de uma prole A × B e, portanto, esses camundongos são representados por ambas as cores. Enxertos singênicos não são rejeitados (A). Os aloenxertos são sempre rejeitados (B). Enxertos de um progenitor A ou B não serão rejeitados por um descendente F1 (A × B) (C), mas os enxertos de F1 serão rejeitados por ambos os progenitores (D). Esses fenômenos se devem ao fato de que os produtos dos genes MHC são responsáveis pela rejeição do enxerto; enxertos são rejeitados somente se expressarem um tipo de MHC (representado por verde ou laranja), que não é expresso pelo camundongo receptor. Antígenos do enxerto diferem entre os indivíduos de uma espécie quando não são gêmeos idênticos: moléculas do MHC ou antígeno leucocitário humano (HLA). Reconhecimento de aloantígenos - Os aloantígenos podem ser apresentados aos linfócitos T de duas maneiras diferentes: 1. Reconhecimento direto: *APC do doador apresenta diretamente seus antígenos (proteínas do MHC do doador) aos linfócitos do receptor: ** MHC I: ativa linfócitos TCD8 ** MHC II: ativa linfócitos TCD4 2. Reconhecimento indireto: *APC do receptor captura antígenos do doador e apresenta para os linfócitos do receptor **Principalmente MHC II: ativa linfócitos T CD4 Figura 15.45 Os aloantígenos em órgãos enxertados podem ser reconhecidos de duas maneiras diferentes. O reconhecimento direto de um órgão enxertado (em vermelho, na figura superior) é mediado por células T cujos receptores têm especificidade para a molécula alogênica do complexo principal de histocompatibilidade (MHC) de classes I e II em combinação com o peptídeo. Essas células T alorreativas são estimuladas por células apresentadoras de antígeno (APCs) do doador, que expressam a molécula do MHC alo- gênica e atividade coestimuladora (figura inferior, à esquerda). O reconhecimento indireto do enxerto (figura inferior, à direita) é mediado por células T, cujos receptores são espec íficos para peptídeos alogênicos derivados do órgão enxertado. Proteinas do enxerto (vermelho) são processadas por APCs do receptor e são, então, apresentadas por moléculas do MHC de classes I ou II próprias (receptor). Reconhecimento de aloantígenos pelas células T Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam FIGURA 17.4 Reconhecimento direto e indireto de aloantígenos. A, O reconhecimento direto do aloantígeno ocorre quando as células T alorreativas se ligam diretamente a uma molécula de MHC alogênica intacta com um peptídeo ligado presente em uma célula dendrítica ou outra APC do enxerto (doador), no interior dos linfonodos. As células T CD4+ ou CD8+ podem reconhecer diretamente as moléculas do MHC de classe II ou de classe I do doador, respectivamente, e se diferenciarão em células T auxiliares ou CTL. Os CTL reconhecerão diretamente o mesmo complexo MHC- peptídeo do doador exibido nas células teciduais do enxerto e destruirão essas células. B, O reconhecimento indireto do aloantígeno ocorre quando as moléculas de MHC alogênicas originárias da células do enxerto são capturadas e processadas pelas APCs do receptor e os fragmentos peptídicos das moléculas de MHC alogênicas contendo resíduos de aminoácidos polimórficos são ligados e apresentados pelas moléculas de MHC do receptor (próprias). As células T auxiliares MHC-específicas do doador geradas dessa maneira podem auxiliar as células B a produzir anticorpos específicos para o MHC do doador que podem lesar as células do enxerto. As células T auxiliares podem também ser ativadas no enxerto por macrófagos do receptor apresentando os mesmos peptídeos derivados do MHC do doador, levando à lesão inflamatória do enxerto. APC, célula apresentadora de antígeno. Reconhecimento Direto de Aloantígenos do MHC em Células do Doador Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam FIGURA 17.5 Base molecular do reconhecimento direto das moléculas de MHC alogênicas. O reconhecimento direto das moléculas de MHC alogênicas pode ser pensado como uma reação cruzada na qual uma célula T específica para um complexo molécula do MHC próprio-peptídeo estranho (A) também reconhece uma molécula de MHC alogênica (B e C). Os peptídeos que se ligam a moléculas de MHC no enxerto podem contribuir para o alorreconhecimento (B) ou não (C). Ativação e Funções Efetoras dos Linfócitos T Alorreativos Linfócitos do receptor reconhecem aloantígenos; Linfócitos ativados proliferam, diferenciam-se e executam funções efetoras que podem danificar os enxertos As etapas de ativação são semelhantes àquelas descritas para os linfócitos que reagem aos antígenos microbianos. Ativação de células T alorreativas - REJEIÇÃO. - Células T naive encontram as APCs nos linfonodos para serem ativadas. - Células T de memória do receptor (reação cruzada: previamente geradas contra antígenos ambientais antes do transplante): não precisam encontrar os antígenos via APCs nos linfonodos para serem ativadas, podendo migrar diretamente para os enxertos e serem ativadas pelas APCs ou por células teciduais exibindo o aloantígeno. - Papel da coestimulação nas respostas de células T aos aloantígenos. Quais as principais células da resposta imune adaptativa que estão envolvidas na resposta aos transplantes provocando a rejeição? FIGURA 17.6 Ativação de células T alorreativas. A, No caso do alorreconhecimento direto, as células dendríticas do doador no aloenxerto migram para tecidos linfoides secundários, onde apresentam diretamente as moléculas de MHC alogênicas para as células T do hospedeiro. Somente as células T CD8+ que reconhecem o MHC de classe I do doador são mostradas, mas células T CD4+ podem também reconhecer diretamente o MHC de classe II do doador. No caso do alorreconhecimento indireto, as células dendríticas do receptor que entraram no aloenxerto transportam as proteínas do MHC do doador para os tecidos linfoides Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam secundários e apresentam os peptídeos derivados destas proteínas do MHC a células T alorreativas do hospedeiro. Isso é mostrado para as células T CD4+ e o reconhecimento indireto do MHC alogênico por células T CD8+ é provavelmente menos importante. Após o alorreconhecimento direto e indireto, as células T se tornam ativadas e se diferenciam em células T efetoras CD4+ auxiliares e CTL CD8+. B, As células T efetoras alorreativas migram para o aloenxerto, são reativadas pelos aloantígenos e medeiam a lesão. No enxerto, o reconhecimento direto do MHC de classe I alogênico por CTL CD8+ é necessário para a destruição de células parenquimais do enxerto, porque estas células expressam somente o MHC alogênico. Ao contrário, as células T auxiliares CD4+ que podem reconhecer o MHC alogênico de classe II diretamente e indiretamente podem ser ativados por APCs do doador ou do receptor, respectivamente, e em ambos os casos, promover inflamação que provoca lesão no enxerto. Ativação das Células B Alorreativas, Produção e Funções dos Aloanticorpos. - Ativação de células B alorreativas dependentes de células T auxiliares; - Linfócitos B naive que reconhecem as moléculas de MHC alogênicas, internalizam e processam essas proteínas, e apresentam os seus peptídeos derivados às células T auxiliares que foram previamente ativadas pelos mesmos peptídeos apresentados por células dendríticas; - Os anticorpos alorreativos produzidos em receptores de enxertos exercem os mesmos mecanismos efetores que os anticorposutilizam para combater infecções. Padrões e Mecanismos de Rejeição dos Aloenxertos 1. Rejeição hiperaguda 2. Rejeição Aguda: - Rejeição Celular Aguda - Rejeição Aguda Mediada por Anticorpos. 3. Rejeição Crônica e Vasculopatia do Enxerto Rejeição hiperaguda - Anticorpos pré-formados reativos contra o endotélio vascular - Caracterizada pela oclusão trombótica da vasculatura do enxerto - Início: minutos a horas após os vasos sanguíneos do hospedeiro serem anastomosados aos vasos do enxerto - Primórdios: IgM contra ABO - Atualmente: Raros casos de rejeição hiperaguda (IgG contra MHC ou Aloantígenos secundários – transplante anterior, múltiplas gestações...) **Cuidados na seleção do doador Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam ABBAS -FIGURA 17.7 Rejeição hiperaguda. A, Na rejeição hiperaguda, anticorpos pré-formados reativos contra o endotélio vascular ativam o complemento e desencadeiam rápida trombose intravascular e necrose da parede vascular. JANEWAY - Figura 15.46 Anticorpos preexistentes contra ant ígenos do doador do enxerto podem causar rejeição hiperagudadoenxerto. Em alguns casos, os receptores já têm anticorpos contra antígenos do doador, que são, frequentemente, antígenos de grupos sanguíneos. Quando o órgão do doador é enxertado em tais receptores, esses anticorpos ligam-se ao endotélio vascular no enxerto, iniciando as cascatas do complemento e da coagula- ção. Os vasos sanguíneos no enxerto tornam-se obstruídos por coágulos e vazam, causando hemorragia dentro do enxerto. Este torna-se ingurgitado e de cor roxa pela presença de sangue desoxigenado. Rejeição celular aguda Característica: lesão do parênquima e dos vasos sanguíneos do enxerto. - Linfócitos T CD4+ ou CD8+ reativos aos aloantígenos - Antes dos fármacos: vários dias a semanas depois do transplante - Prática clínica atual: até anos depois do transplante se a imunossupressão for reduzida ABBAS - FIGURA 17.8 Rejeição celular aguda. A, Na rejeição celular aguda, os linfócitos T CD4+ ou CD8+ reativos aos aloantígenos nas células endoteliais dos vasos sanguíneos e células parenquimais medeiam a lesão a esses tipos celulares. JANEWAY - Figura 15.44 O início da rejeição do enxerto normalmente envolve a migração, a partir do enxerto, de células apresentadoras de antíge- no (APCs) do doador para linfonodos locais. O exemplo de um órgão enxertado é ilustrado aqui, no qual as células dendríticas são as APCs. Elas exibem pept ídeos do enxerto em sua superfície. Após a migração até o baço ou um linfonodo, essas APCs encontram células T virgens recirculantes espec íficas para antígenos do enxerto e estimulam essas células T a se dividirem. As células T efeto- ras ativadas resultantes migram, via ducto torácico, até o sangue, dirigindo-se ao tecido enxertado, o qual elas destroem rapidamente. A destruição é al- tamente espec ífica para células derivadas do doa- dor, sugerindo ser mediada por citotoxicidade dire- ta e não por processos inflamatórios inespec íficos. Os principais mecanismos de rejeição celular aguda são a morte das células do parênquima e das células endoteliais do enxerto mediada por CTL, e a inflamação causada pelas citocinas produzidas por células T auxiliares. Região aguda mediada por anticorpos Anticorpos alorreativos formados após o transplante podem contribuir para a lesão parequimal e vascular. Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam FIGURA 17.9 Rejeição aguda mediada por anticorpos. A, Anticorpos alorreativos formados após o transplante podem contribuir para a lesão parequimal e vascular. B, Rejeição aguda mediada por anticorpos de um aloenxerto renal com células inflamatórias nos capilares peritubutulares. C, Deposição do componente C4d do complemento em capilares na rejeição mediada por anticorpos, revelada por imuno-histoquímica com marcação em marrom. (B e C, Cortesia do Dr. Zoltan Laszik, Department of Pathology, University of California, San Francisco.) Rejeição crônica - Maior causa da falha de aloenxertos de órgãos vascularizados. - A lesão à parede do vaso induz a proliferação de células musculares lisas da íntima e oclusão luminal. - Falência: 6 meses a 1 ano. ABBAS - FIGURA 17.10 Rejeição crônica. A, Na rejeição crônica com arteriosclerose do enxerto, a lesão à parede do vaso induz a proliferação de células musculares lisas da íntima e oclusão luminal. Essa lesão pode ser causada por uma reação inflamatória crônica aos aloantígenos da parede vascular. Métodos para reduzir a Imunogenicidade dos Aloenxertos - A principal estratégia para reduzir a imunogenicidade do enxerto tem sido a de minimizar as diferenças alogênicas entre o doador e o receptor. *No transplante renal, quanto maior for o número de alelos de MHC compatíveis entre o doador e o receptor, melhor a sobrevida do enxerto - Para evitar a rejeição hiperaguda, os antígenos do grupo sanguíneo ABO do doador do enxerto são selecionados para serem compatíveis com o receptor. - Os pacientes que necessitam de aloenxertos também são testados quanto à presença de anticorpos pré-formados contra as moléculas de MHC do doador ou outros antígenos da superfície celular. **USO DE IMUNOSSUPRESSORES FIGURA 17.11 Influência da compatibilidade do MHC na sobrevida do enxerto. Compatibilidade de alelos do MHC entre o doador e o receptor melhora significativamente a sobrevivência do enxerto renal. Os dados mostrados referem-se a enxertos de doadores falecidos (cadáveres). A compatibilidade de HLA tem menos impacto na sobrevida dos aloenxertos renais de doadores vivos e alguns alelos do MHC são mais importantes do que outros na determinação do resultado. Cite os principais métodos utilizados na escolha de doadores e receptores para evitar a imunogenicidade. Imunossupressão para prevenir ou tratar a rejeição de aloenxertos FIGURA 17.12 Mecanismos de ação dos fármacos imunossupressores. Cada categoria principal de fármacos usados para prevenir ou tratar a rejeição de aloenxertos é mostrada juntamente com os alvos moleculares dos fármacos. Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam Qual tipo de resposta imune é inibida com o uso dos imunossupressores? Os imunossupressores tem como objetivo principal diminuir a resposta celular, desencadeada predominantemente por linfócitos T. Transfusão sanguíneo e os grupos de antígenos sanguíneos ABO e RH - Sangue total ou células sanguíneas de um ou mais indivíduos são transferidos intravenosamente para a circulação de outro indivíduo. - Escolha do doador: baseada na expressão de antígenos dos grupos sanguíneos e nas respostas de anticorpos contra eles. FIGURA 17.14 Antígenos do grupo sanguíneo ABO. A, Antígenos do grupo sanguíneo são estruturas de carboidratos adicionados a proteínas ou lipídeos da superfície celular pela ação de glicosiltransferases (ver texto). B, Antígenos de diferentes grupos sanguíneos são produzidos pela adição de diversos açúcares por diferentes glicosiltransferases herdadas. Os indivíduos que expressam um antígeno de grupo sanguíneo particular são tolerantes a esse antígeno, mas produzem anticorpos naturais que reagem com antígenos de outros grupos sanguíneos. Caso clínico- Devolutiva - Antes de descer ao centro cirúrgico, recebeu uma transfusão sanguínea, a partir do banco de sangue de hospital. A tipagem do sangue de Alice é AB+. A bolsa de hemácias do doador é A-. Miguel tem tipagem B+. Além da bolsa de hemácias transfundida para a paciente, que outros tipos de hemácias ela pode receber? É de plasma? Justifique. A paciente pode receber concentradode hemácias de todos os tipos sanguíneos, pois como apresenta todos os antígenos de maior expressão (ABO e Rh), não produz anticorpos naturais. A paciente pode receber plasma apenas de doadores AB+ pois o plano de qualquer outro tipo sanguínea contém anticorpos naturais (anti-A e anti-B), que podem causar a destruição das hemácias no leito vascular. Obs.: anticorpos naturais – produzidos a partir do contato com microbiota e produzidos frente antígenos similares aos antígenos do grupo ABO. Transplante de Células- tronco Hematopoiéticas (CTHs) Procedimento clínico para tratar doenças letais causadas por defeitos intrínsecos em uma ou mais linhagens hematopoiéticas (Leucemia). O receptor é tratado antes do transplante com uma combinação de quimioterapia, imunoterapia ou irradiação para destruir as CTHs defeituosas e para liberar nichos para as células-tronco transferidas. Mecanismos de Agressão e Defesa II Karen Christovam Após o transplante, as células-tronco inoculadas repovoam a medula óssea do receptor e se diferenciam em todas as linhagens hematopoiéticas. Problemas adicionais após o transplante bem sucedido: GVHD e imunodeficiência. - Células T madura que acompanham as HSCs do doador podem reconhecer antígenos de histocompatibilidade menores do receptor. - APCs do receptor são necessárias para o início da doença do enxerto versus hospedeiro. - 1as. Manifestações em até 3 semanas; crônica depois de 3 meses (1/3 dos pacientes). - Pele: erupções cutâneas, coceira. - Gastrointestinais: vômito, diarreia. Rejeição do transplante X GVHD Alorreações na rejeição do transplante e reação enxerto versus hospedeiro. Como apresentado no quadro à esquerda, a rejeição de um órgão transplantado ocorre quando o receptor produz uma resposta imune contra ele. A doença enxerto versus hospedeiro ocorre quando as células T da medula óssea transplantada atacam os tecidos no receptor ou hospedeiro, principalmente pele, fígado e intestino, como apresentado no quadro à direita.
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