Buscar

Tarciano - Trabalho de Conclusão de Curso TCC

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 40 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

As redes sociais como manifestação de desejos histéricos
Tarciano Ortolan de Barcelos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Psicologia da Faculdade de Ciências da Saúde - SOBRESP - como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo.
Sob a orientação da Prof.ª Me. Pascale Chechi Fiorin.
Faculdade de Ciências da Saúde — SOBRESP
Curso de Psicologia
2
Santa Maria, julho de 2022
Tarciano Ortolan de Barcelos
As redes sociais como manifestação de desejos histéricos
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à disciplina do 10.º semestre do curso de psicologia da Faculdade (SOBRESP) como requisito parcial para obtenção do título de Psicólogo.
Supervisão: Prof.ª. Me. Pascale Chechi Fiorin.
Faculdade de Ciências da Saúde — SOBRESP
Curso de Psicologia
Santa Maria, julho de 2022
TARCIANO OTOLAN DE BARCELOS
AS REDES SOCIAIS COMO MANIFESTAÇÃO DE DESEJOS HISTÉRICOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Faculdade de Ciências da Saúde - SOBRESP, como requisito para obtenção do título de Psicólogo.
BRANCA EXAMINADORA
____________________________________.
Prof. Drª MARCIA BARCELLOS ALVES
Faculdade de Ciências da Saúde — SOBRESP
Professora Convidada
____________________________________.
Prof. Meª PASCALE CHECHI FIORIN
Faculdade de Ciências da Saúde — SOBRESP
Professora Orientadora — Presidente da Banca Examinadora
Santa Maria. 07 de julho de 2022
Dedicatória
Dedico este trabalho a minha mãe e minha irmã, que foram os pilares para a construção da pessoa que sou hoje e ao meu falecido pai, que mesmo não estando nesse momento importante da minha vida, se faz presente de outras formas. 
Epígrafe
Se Narciso se encontra com Narciso 
e um deles finge
que ao outro admira 
(para sentir-se admirado), 
o outro
pela mesma razão finge também
e ambos acreditam na mentira. 
Para Narciso 
o olhar do outro, a voz
do outro, o corpo
é sempre o espelho
em que ele a própria imagem mira. 
E se o outro é
como ele
outro Narciso, 
é espelho contra espelho: 
o olhar que mira 
reflete o que o admira
num jogo multiplicado em que a mentira 
de Narciso a Narciso 
inventa o paraíso.
(Gullar, 2001, pag. 367)
Resumo
Este trabalho busca uma aproximação das manifestações histéricas apresentadas por Freud em 1890, com a atual forma de interação dos sujeitos nas redes sociais. Utilizou-se o método de revisão bibliográfica e pesquisa exploratória como meio de investigação. Expondo o conceito da histeria, um dos recursos da estrutura neurótica, a trajetória que o texto percorre é explorar as formas de manifestação além das relatadas na época de Charcot e Freud. A investigação atravessou os contornos que a histeria masculina possui, enquanto existente nos comportamentos dos homens modernos. O conceito aproxima o emblema “desejo de ser desejado” no desdobramento do texto para visualizar como a forma líquida dos relacionamentos está presente na sociedade, representando o que há de histérico nesse modelo de relação. A apresentação de dois mitos, de Narciso e de Don Juan, se concretizou importante para perceber que o sentido da histeria é nuclear, mas com o desenvolvimento da civilização sofisticamos e virtualizamos a forma de manifestá-la.
Palavra-chave: Histeria; Histeria Masculina; Redes Sociais.
Abstract
This work looks for historical manifestations in social networks, with a current form of interaction of network subjects. The exploratory research method of literature review was used as a means of investigation. Exposing the concept of hysteria, one of the resources of the neurotic structure, the trajectory that the text followed as forms of manifestation beyond those reported at the time by Charcot and Freud. The investigation traversed contours that male hysteria has, while existing in men's patterns. The approximate concept “desire to be desired” does not unfold the text to visualize how the liquid form of relationships is present in society, representing what there is of a hysterical relationship model. The presentation of two myths, Narcissus and Don Juan, became important to realize that the meaning of hysteria is nuclear, but with the development of civilization, we sophisticated and virtualized the way to manifest it.
Keywords: Hysteria; Male Hysteria; Social Networks.
Sumário
1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................9
2 JUSTIFICATIVA.......................................................................................................12
3 OBJETIVOS................................................................................................................12	
3.1 Objetivo Geral..............................................................................................12
	
3.2 Objetivo Específico.......................................................................................12
4 MÉTODO DE PESQUISA.........................................................................................15
	
4.1 ESTRATÉGIA DE PESQUISA..................................................................15
5 RESULTADO E DISCUSSÃO...................................................................................16
	
5.1 Histórico da histeria.....................................................................................16
	
5.2 Histeria no homem........................................................................................21
	
5.3 Palco para histeria: recorte psicanalítico das manifestações histéricas na contemporaneidade............................................................................................29
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................34
REFERÊNCIAS.............................................................................................................36
1 Introdução
As observações sobre a histeria compõem um sistema de informações que acompanham a estruturação da teoria psicanalítica. Anterior ao arranjo apresentado pela psicanálise, a busca por entendimento histérico transitou pela filosofia, medicina e religião. Uma das primeiras tentativas de esclarecimento sobre histeria aparece no diálogo “Timeu” de Platão (360 a.C.). 
Platão, sobre a histeria, identificou-a como doença feminina que atinge a matriz (útero) devido ao desejo de produzir filhos, percebida de forma tão violenta, que ao ser irritada, agitava-se em todos os sentidos no corpo, produzindo doenças de todas as espécies (Platão, 2011). 
Mais tarde, entre o século XV e início do XIX, a mulher era taxada de bruxa. A imagem transitava entre cenários românticos e eclesiásticos, confundindo a forma de ser com hábitos socialmente aceitos, colocando em xeque os saberes e regras sociais. Uma patologia que sucumbia ao útero, doença manifestada pelo desejo de um desejo, dita por Guattari e Deleuze (1992, p. 87- 88) como “figura estética”, pura potência de “afetos que transbordam os limites e percepções ordinárias”. 
Ainda, no século XIX, a histeria tomou uma nova dimensão a partir de Charcot. Com a clínica da hipnose ele incluiu a histeria como entidade de estudos clínicos de forma respeitável. Para ele, a etiologia da histeria acompanhava a hereditariedade. Através da hipnose ele desfez conceitos neurológicos elementares sobre a teoria que permeava as histéricas, mesmo assim, ela ainda acompanhava o seguimento cartesiano relativo às manifestações do corpo e da alma (Corbin, Courtine, & Vigarello, 2008). 
No início do século XX, Freud propôs, nos estudos sobre a histeria, a concepção de inconsciente, teorizando a histeria como uma forma de defesa às recordações de um passado traumático de natureza sexual e infantil, que contém carga de afeto insuportável para a consciência. Dessa concepção é formulada a ideia de recalque (Quinet, 2005). Em Neuropsicoses de Defesa, Freud (1996) deixa claro que o mecanismo da histeria não é a “defesa”, como inicialmente era aceita nos estudos deCharcot, mas a conversão.
O recalcamento opera devido à identificação de uma fantasia sexual com energia excessiva, desproporcional para os recursos internos da criança. É traumático por conter muita energia para poucos recursos. O recalque atua para afastar representações causadoras de desprazer. Com essa concepção de energia sexual, Freud articulou a teoria do Complexo de Édipo, situando os desejos da criança com o par oposto, barrados pela lei do incesto. O histérico sofre por identificar esses desejos tardiamente, desenvolvendo a conversão como mecanismo para supri-los.
Mesmo após a construção científica da psicanálise influenciar o entendimento da histeria, a aceitação era barrada pelo peso da sexualidade no psiquismo humano. Em um primeiro momento, na teoria psicanalítica a histeria está para a mulher assim como a neurose obsessiva está para o homem. Além de tudo, a histeria masculina ultrapassa os termos ligados ao útero ou forma genitália. Ela está ligada a uma organização neurótica utilizada para fuga dos conteúdos traumáticos.
Na histeria masculina, o recalque vai se concretizar a partir da passagem pelo complexo de Édipo. O objeto de desejo entre pai, mãe e filho, é o falo, porque determina a posição do sujeito na neurose. A dialética da histeria masculina está embricada à questão do falo, em denunciar com quem está, ou em quem falta o falo (Fontoura, 2005).
No tocante que se orienta pelas vias do sintoma social alguns autores também contribuíram para a manutenção do entendimento das relações sociais, não expressamente taxadas com o nome “histeria”, mas que adentram o cenário do “sintoma” intitulado por Zygmunt Bauman (1999) como “modernidade líquida”. Segundo ele, as relações são vividas na forma de compensação, a prova de promessas individuais de amor para fugir da solidão. 
A falta de algo concreto no contexto histórico leva a incertezas de relações sociais liquefeitas. As redes sociais são o palco para promessas rápidas e curtas, fundadoras das interações intersubjetivas mediadas pelo virtual, onde o compromisso com o outro pode ser facilmente substituído. Visto que vários outros se tornam próximos pela noção de virtualidade. Em outras palavras, as relações íntimas não são vivenciadas de forma autêntica e concreta, abrindo espaço para transitar em um contexto de desejos sem um compromisso real.
Assim, percebe-se que o social convoca questionamentos sobre a inserção do sujeito, cujas subjetividades são passadas por certo filtro, denotando se podem, ou não, serem compartilhadas conforme o desejo de satisfação. Na contemporaneidade, as expressões histéricas transitam no social de uma forma virtual, sem precisar sair de casa. Através da virtualidade das redes (Facebook, Instagram, Kwai, Telegrame TikTok) o sujeito trafega entre relações estabelecidas de forma instantânea que beiram o suprimento da solidão e da satisfação. Nesse viés, qualquer tentativa de frustração é substituída por outro objeto graças à virtualidade. A partir disso, entendemos que a histeria não foi extinta, e sim, veio se transformando ao longo dos séculos, marcando as mudanças ocorridas no social.
A sociedade muda, marcando transformações no sujeito e suas expressões de sofrimento e sintomas. Assim, questionamos: como podemos entender o sintoma histérico na sociedade contemporânea?
2 Justificativa
Uma pesquisa interna, do Facebook, publicada pelo Wall Street Journal, em novembro de 2021, abordou a temática de potencial nocivo que o Instagram teria sobre os adolescentes, mostrando que jovens que se sentiam desconfortáveis com seus corpos, um em cada três, apontou que o Instagram contribuía para a sua piora em relação ao sentimento (Lisboa, 2021). Em resposta a essa publicação, a empresa ressaltou que o software ajudava os adolescentes em períodos conturbados e problemas do cotidiano, também em resposta apontou que a pesquisa não buscava mensurar a relação causal entre as vivências no aplicativo e na realidade.
	Sob outra ótica, as redes sociais podem ajudar como veículo de comunicação para pessoas que estão sob condições que naturalmente deva existir um distanciamento, como em caso de internação hospitalar. Uma pesquisa publicada na plataforma Scielo, por alunos da Escola de Enfermagem Anna Nery, localizado no Rio de Janeiro, aponta três benefícios que as redes sociais proporcionaram em pacientes adolescentes hospitalizados: utilizar a rede social para manter contato com familiares e amigos durante o período de hospitalização, buscar apoio por meios das redes sociais e utilizar o chat o Facebook para interagir com os amigos (Borghi et al., 2017).
A preferência por este tema surgiu no decorrer dos atendimentos do estágio com ênfase nos Processos Clínicos e Sociedade, ofertados na graduação. Deparei-me com pacientes cujo sofrimento circulava a compensação de expectativas nos relacionamentos. Alguns deles, relatando que o relacionamento com o parceiro não tinha mais satisfação devido à ausência de afeto e comunicação. Permanecendo por falta de condições financeiras e por medo de não encontrar outra pessoa. Neles todos, o elemento que circulava era o “desejo de ser desejado”. 
Outra condição que incentivou a busca por esse conteúdo foi a elevada interação dos sujeitos nas redes sociais como principal meio de aproximação, inclusive pelo fato de serem mais ágeis e possuir maior liberdade. Os relacionamentos afetivos contemporâneos, abordados por Bauman como “líquidos”, circulam as demonstrações de sentimentos através das redes para validação frente ao parceiro. A capacidade moderna de transitar entre um relacionamento e outro pode ser vista como busca de satisfação momentâneas. Uma forma de espetáculo para uma satisfação narcísica.
Pelo exposto, este trabalho visa abordar as redes sociais como manifestações da histeria na contemporaneidade, orientado pela trajetória apresentada por Freud, sobre o assunto, envolvendo um recorte acerca do conceito de histeria masculina, já que entendemos que é antigo e equivocado o conceito da histeria como uma manifestação do feminino.
O tema proposto corresponde às ênfases curriculares do curso de Psicologia, da Faculdade de Ciências da Saúde — SOBRESP, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de bacharel em Psicologia.
3 Objetivos
Realizar um diálogo entre a teoria proposta sobre as manifestações de histeria que ocorreram no século passado, com a forma que hoje se manifesta, de modo que se possa pensar em um entendimento inclinado a uma trajetória temporal.
3.1 Objetivo geral
- Buscar relacionar o sintoma histérico ao contexto social.
3.2 Objetivo específico
- Entender a evolução teórica acerca dos sintomas histéricos desde a teoria freudiana;
- Apresentar um entendimento teórico da histeria masculina na contemporaneidade;
- Apresentar as redes sociais como formas que possibilitam a manifestação da histeria.
4 Método de Pesquisa
4.1 Estratégia de pesquisa
 Este trabalho consta de uma pesquisa exploratória visando apresentar uma releitura sobre a histeria, buscando assimilar esse conceito no contexto contemporâneo às redes sociais e novas manifestações do fenômeno histérico. O trabalho é orientado por uma revisão bibliográfica sob a ótica da psicanálise, delimitando o assunto ao âmbito de manifestações histéricas balizadas pelos conceitos psicanalíticos, ressaltando os principais estudiosos sobre o tema. 
Para embasar os estudos desse conceito foi conduzida uma análise a partir de uma revisão de literatura na base eletrônica Google Acadêmico, a partir das palavras-chave “histeria, psicanálise e redes sociais”, além de percorrer conteúdos que se apresentam em livros e artigos consoante a problemática proposta. Configurando assim, uma busca intencional de materiais teóricos. Buscou-se, também, materiais que explorassem a construção do sintoma histérico no homem.
Conforme Gil (2007), a pesquisa exploratória procura ampliar, nortear e acrescentar noções e concepções orientadas a desenvolver as problemáticas de maneira mais acurada, de maneira que possam servircomo sustento para estudos consecutivos. Nesse mesmo sentido, Malhotra (2006) diz ser a pesquisa exploratória um estudo preliminar que visa criar uma visão familiar do fenômeno que se investiga, de modo que sirva como um projeto a ser seguido para melhor elaborar a sua precisão e compreensão. A proposta de análise da histeria, na contemporaneidade, concilia com essa abordagem porque busca, desta forma, articular uma interpretação de um conteúdo elementar da abordagem psicanalítica com o contexto atual. 
O ponto de partida para a busca desse material foi refletir como a sociedade moderna está estruturando seus laços de interação. Assim como Escalas e Bettman (2005) expõe que o objetivo de procurar entender as relações entre consumidores e marcas, dispõe de uma possível estruturação de identidade do sujeito, ele indaga a expansão de self como busca para identificar como é a reação das pessoas no contexto social, supondo que algumas normativas externas são uma forma de busca para preencher espaços internos.
A revisão de literatura se utiliza de um contexto sócio-histórico para o estudo do enunciado e sua interpretação configura um adentrar a mais do que é dito. Essa metodologia é essencial para o desenvolvimento da conceitualização do tema que visa servir como base para estudos posteriores.
5 Resultados e Discussão
5.1 Histórico da histeria
A palavra histeria é de origem grego-latina e significa matriz, lugar de origem do feto nas fêmeas de mamíferos. Hipócrates (460 a.C.-377 a.C.) caracterizou a histeria para as mulheres devido a seu nome de origem e pelas causalidades serem atribuídas ao útero. A hipótese era de que o órgão fosse autônomo e se movimentasse através do corpo devido à privação de relações sexuais causadas pela perca de umidade natural, levando-o a procurar em outras partes a umidade necessária. Desta forma, dependendo de onde o útero se alojasse, causaria um desequilíbrio das funções naturais do local. Ele ainda reiterou com a ideia de que mulheres que não praticassem sexo se tornariam mais propensas a desenvolver os sintomas (Ávila, & Terra, 2010). 
Concomitantemente, Platão (428 a.C.-347 a.C.) postula que o útero teria o impulso natural de gerar o feto. Desta forma, o útero em mulheres que fossem estéreis se rebelaria diante dessa impossibilidade, agindo contra o próprio organismo, causando doenças de qualquer espécie (Ávila, & Terra, 2010). Essa ideia se prolonga até a época romana onde a mobilização diante dos paradigmas que cercavam as mulheres e os escravos foram revistos, porém, o tratamento de potenciais concepções histéricas era praticado violentamente (Leite, 2012). 
Na trajetória da histeria é possível pensar sobre como ela foi tratada. Na idade média, as manifestações eram palco de entrada para discussões entre médicos e religiosos, ora com intervenções de camisetas de força e extirpação do útero, ora com exorcismo e queima das bruxas, portanto, a sufocação da matriz (útero) faz jus aos métodos de intervenção entre o sobrenatural (religioso) e natural (científico) (Leite, 2012). A partir de Charcot, os avanços com a histeria tomaram novos rumos, tanto pela humanização como pela desmistificação dos sintomas. 
A histeria foi inserida no campo clínico e científico como doença, evidenciando a sua comorbidade neurológica através do método hipnótico (Trillat, 1991). Salpêtrière, em Paris, conhecido inicialmente como um hospital de loucos e velhos, lugar onde a mulher e a loucura andavam de mãos dadas, ganhou novas perspectivas com as descobertas de moderna noção de neurose histérica de ordem genital com características funcionais e hereditárias igualmente distribuídas entre homens e mulheres (Belintani, 2003). 
Através da hipnose, Charcot dava sentido a teoria demonstrando os fundamentos da hipótese teórica induzindo o sintoma. Desfragmentou a noção de que a histeria estava ligada ao útero, indo além do místico e do espiritual (Belintani, 2003). Por volta de 1870, Charcot inicia seus estudos em Salpêtrière. Separou cada paciente consoante a patologia e os grupos por blocos e estudou as patologias individualmente. A partir disto, surgiu o serviço especializado de histéricos e epilépticos, na época intitulada como às duas grandes neuroses, pacientes cuja autópsia não apresentava lesões cerebrais (Pereira, 1999). 
Anterior aos estudos de Charco, a hipótese diagnóstica sobre histeria era um quadro de fingimento e excesso de emoções. Indo contra essas concepções, Charcot se orientava pelos conceitos de Brinquet e Janet. Brinquet tratava a histeria como uma doença neurológica seguindo o conceito do método anátomo-clínico, Janet acreditava que alterações na percepção de imagens, memorização e crises psicomotoras, seriam resultado de uma insuficiência psicológica devido às deficiências de síntese cerebral (Pereira, 1999). 
Os diversos modos de manifestações histéricas, e sua etiologia, transitavam entre várias estruturas, como: neuroses, psicoses, epilepsias, demências e catatonias. As descrições da histeria, segundo a forma clássica, incluem três grupos: as crises de perturbação de consciência com inquietação psicomotora, alterações musculares e de sensibilidade; queixas de sensações internas envolvendo a movimentação de órgãos; crises respiratórias e de retenção intestinal (Ávila, & Terra, 2010). 
Em busca de um denominador comum como causador dos traumas, Charcot apresenta, inteligentemente, um dos conceitos de maior desfecho da medicina. Ele constrói a sua teoria dualizando a histeria em sintomas de menor e maior intensidade. Os sintomas de menor intensidade transitam entre alterações visuais de baixa intensidade com anestesias localizadas. Os sintomas de maior intensidade, em crises emocionais explosivas até contraturas e paralisias. 
Como esses estudos variam segundo o paciente, não seguindo uma constância de sintomas, e, geralmente, não seguindo a mesma base de núcleos orgânicos hipotetizados para a histeria (como as partes do córtex ligado na época aos transtornos conversivos), essa teoria de Charcot foi deixada de lado após sua morte, em 1893. Pelo fato de a histeria não ser comprovada por investigações eletrofisiológicas, a teoria de Charcot acabou perdendo seu lugar no campo das pesquisas médicas (Ávila, & Terra, 2010).
Visando o método anátomo-clínico, Charcot desvendou os sinais, sintomas e estruturas da histeria, se orientando pela interpretação das manifestações que cada sujeito apresentava, estabeleceu face à doença, e, posteriormente, analisando as lesões correspondentes das funções biológicas e cerebrais, se direcionou aos detalhes no corpo. Examinando, e concluindo, que tanto a epilepsia quanto a histeria poderiam se apresentar com mais de uma forma. Não aderindo exclusivamente às convulsões. Nomeando de histeroepilepsia, desvinculou as manifestações histéricas ao contexto do feminino (Belintani, 2003). 
Finalmente, em 1882, através dos seus estudos investigativos, Charcot nomeou o método hipnótico como uma neurose experimental, assemelhando a metodologia de expressão correspondente as manifestações múltiplas de histeria. Assim como chegam, elas saem sem controle do sujeito. Com essa colaboração, ele introduziu a histeria e a hipnose nos quadros de neuropatologia, cuja Salpêtrière reforçava a autenticidade teórica-clínica da sua construção (Rubin, 2017). 
Com criatividade, Charcot inova os conceitos de clínica demonstrando as suas teorias de forma empírica e fora dos leitos, reendereçando o significado da palavra “clínica” que na sua base de origem traz como significado “a beira do leito” (Leite, 2012). O que se chamava “pacientes detestáveis” agora recebem olhares científicos de diversas conotações e sentidos complexos. Orientado para uma descoberta descritiva, especulativa e classificatória, abriu caminho para outros campos de estudos quando determinou analogias às paralisias. As paralisias histéricas, ou neurológicas, foram identificadas por leis subjacentes incluindo práticas violentas (Ávila, & Terra, 2010). 
Através das ideias de Charcot se conheceu dois princípiosnorteadores. Em primeiro lugar, que a histeria não provém de um caráter exclusivamente biológico, mas na maioria, do psíquico. A segunda, que haveria uma instância autônoma adjacente a consciência não caracterizando esta última como totalidade das percepções, se tornando, cada vez mais distante das concepções fundadoras que determinavam a histeria como causa própria de desejos sexuais reprimidos. A base de conceitos de Charcot se torna referência, principalmente por embricar a forma de anatomia patológica com a neuropatologia, tornando as ideias dos respectivos símbolos como promotoras de alterações no cérebro, consoante as disposições necessárias (Fulgencio, 2002). Charcot insistiu nos estudos de casos histéricos no sentido de uma localização cerebral adequada para estudo, tentando vincular aos transtornos neurológicos, como não encontrou, decidiu definir como “lesão dinâmica” (Glaser, 2011). 
Através das descobertas de Charcot, Freud se interessa pela metodologia aplicada ao contexto da histeria e torna-se aluno bolsista de Salpêtrière. Freud abstrai das premissas de Charcot a concepção de que a histeria não é exclusivamente orgânica devido ao surgimento de causas psíquicas. Em detrimento do psiquismo, a causa traumática entra em desarmonia na vida anímica do paciente fazendo com que as ideias, no momento do trauma, sejam retraídas, causando uma divisão entre consciente e inconsciente de forma igualmente ativas, tornando a parte inconsciente causadora dos sintomas histéricos (Mezan, 1985). 
Em 1882, Freud se forma pesquisador no hospital geral de Viena e aproxima-se dos problemas relacionados a histeria. Ainda nessa época a psiquiatria alemã considerava essas doenças como resultado de uma falha constitucional, inflamação ou lesão neurológica. Nesta mesma época, ainda cursava medicina e conheceu Breuer, que futuramente se tornou amigo e protetor, renomado médico que já estava tratando de pacientes histéricas (Fulgencio, 2002). 
Diferentemente de Charcot, que acreditava na histeria como uma neurofisiologia estática, fruto de mecanismos internos que sofreram desarticulação mecânica, resultando em cisão construtora de um organismo débil, Freud, situa a histeria não tão distante contexto biológico, mas longe de ser estática. Fruto de uma cisão no campo das representações psíquicas. Essa cisão seria causadora de conflitos e instauradora do “Eu”, adquirindo um conceito de estrutura psíquica dinâmica. 
O abandono da hipnose e do método catártico deram lugar ao divã e ao dispositivo analítico de associação livre, desta forma simbolizando a fundação da técnica psicanalítica. Esse marco revoluciona a compreensão da patologia porque se distancia de uma concepção anatômica e se aproxima de uma concepção psíquica através de quatro concepções. O sintoma passa a ser entendido como função de origem psicoafetiva porque se aproximam das causas dos sintomas. Possui características sugestivas à hipnose, contribuindo para a hipótese de representações inconscientes. A hipnose depende da interação médico-paciente, conjugando legitimo o fenômeno da transferência. A hipnose para intervenção, furta o verdadeiro conteúdo de moção dos sintomas (Fulgencio, 2002).
Freud, na sua primeira elaboração sobre o conceito de histeria, trouxe a ideia de parasita carregado de conteúdo sexual. Percebia o histérico como alguém que presenciou uma cena com excesso de estímulo sexual com poucas possibilidades internas de elaboração, assim causando extrema tensão responsável pelos sintomas. Sem capacidade de escoamento imediato, fruto de uma interação sexual forçosa, todo esse conteúdo carregado de energia se transformaria em doenças corporais (Freud, & Breuer, 1996). Freud propõe um entendimento diante dessas forças psíquicas responsáveis pela ideia de “estrutura dinâmica”. Desta forma, confere a origem da dissociação psíquica ao processo psíquico singular nomeado “recalque”. 
A psicanálise acompanha o início da histeria e vice-versa. Quando invocou o corpo da paciente a ocupar o lugar de agente de discurso, abriu a possibilidade de investigação e apropriação de conhecimento sobre o quadro, ela teve início logo após abandonar a técnica hipnótica e incrementa a associação livre como método de intervenção, no relato de caso “Anna O”.
As características de “Anna O” conduziram o esboço inicial da teoria psicanalítica. Em 1895, Breuer e Freud publicaram o primeiro estudo de caso sobre a histeria. O tratamento que durou aproximadamente dois anos, ganhou espaço entre os estudiosos, considerado o caso que inaugurou a psicanálise. Foi a partir de Anna O que a “talking cure” (cura pela fala) se consagrou como função no método psicanalítico. Através da fala, os sintomas que envolvem determinados afetos conseguem reversão, denunciando a solução para os conflitos resultantes do que se pensa e sente, do que se faz e o que de fato se quer fazer (Perelberg, 2011).
Assim como a histeria está para a mulher e a fobia para a criança, a neurose obsessiva está para o homem. Era essa concepção que predominava nos primórdios da psicanálise. A questão central que sustenta a diferença da neurose “normal” para a obsessiva, é o desejo, adentrando as atitudes e pensamentos, gerando dúvidas e vagando entre os sonhos (Almeida, 2010). Ela surge como falha do recalcamento alimentando o trauma. Entra em cena como sintoma consciente de prazer. Entretanto, a memória é censurada pelo superego, obrigando o obsessivo a controlar a situação para evitar a vivência. Na tentativa de controlar a situação, o trauma é associado a vergonha pela falta de controle da consciência. 
Revisitando os ensinamentos da teoria psicanalítica, escritos por Freud no final do século XIX e início do século XX, nota-se as manifestações das neuroses seguindo as posições sociais que cada sujeito exercia na sociedade. A histeria como afeto direcionado ao corpo, mais especificamente das mulheres, contemplado no caso “Anna O” e caso “Dora”. A fobia como direcionamento ao objeto, encontrado de forma explicita em crianças, como no casso “Hans” transferindo a angústia para cavalos; e na neurose obsessiva a compulsão como principal mecanismo, vinculado ao homem, bastante conhecida no caso “O homem dos Ratos” com pensamentos, dúvidas e atos obsessivos transformados em rituais.
Lacan resgata algumas leituras de Freud na década de 50, e aborda a histeria no campo da linguagem. No seminário 3 “A questão histérica” (1988a), adentra a histeria no caso do presidente Schereber pontuando os fenômenos pela via do discurso relacionando a soma das impressões internas e externas como resultado das relações que o sujeito estabelece consigo mesmo. Com o caso Schereber, pontua a histeria masculina e, com a releitura do caso Dora, pontua a histeria feminina. Outros autores escreveram sobre, mas a proposta não é desenvolver mais esse histórico, ficando para outro trabalho este aprofundamento.
5.2 Histeria no homem
Voltemos agora a nossas perguntas do início: como nos tornamos histéricos, qual a causa das manifestações histéricas? Qual o mecanismo de formação de um sintoma histérico? Segundo a primeira tópica freudiana, a neurose histérica, como, aliás, qualquer neurose, é provocada pela ação patogênica de uma representação psíquica, de uma ideia parasita, não consciente e intensamente carregada de afeto (Nasio, 1991, p. 25). 
Diante da citação acima, devemos nos orientar para este tópico. O que determina que um histérico seja um histérico? Segundo Nasio (1991, p. 66), “o histérico é um histérico por não ter conseguido tornar seu, o sexo do seu corpo”. O que isso nos explica? “A posição histérica não se deixa reduzir ao dualismo homem/mulher… aquilo a que chamamos uma posição histérica, é uma posição que tanto pode ser assumida por um homem quanto por uma mulher, sem diferença específica (Nasio, 1991, p. 123).
A regra que constitui a formação dos mecanismos histéricos é a mesma que forma todas as neuroses, mas de alguma forma, gera uma organização de caráter patológico visto que é portadora de conteúdo sexual (Alonso, & Fuks,2005). Dentre as formas mais clássicas de manifestação da histeria, a somatização corporal é que aparece como primeiro agente, porém, outro traço clínico que vem como representante é a divisão do seu corpo entre parte anestesiada e outra sensível (Freud, & Breuer, 1996).
A somatização é o apelo à dor. É um acréscimo forçoso naquilo que deveria ser natural. É uma forma de sinalização que escoa através das somas. Escoa pelas beiradas da cultura da imagem com as tatuagens, piercings e o aumento da utilização de academias. Saúde em excelência vista com a retirada de gordura subcutânea. Beleza e boa forma apresentadas ao outro, uma entrega de perfeição acompanhada da satisfação, um típico ganho secundário ou até terciário. O que anteriormente era denunciado apenas nas formas de dores ou patologias sem causa orgânica comprovada (paralisia de membros, afonia, distúrbios de visão, audição e fala), vistas como uma verdadeira “busca ao tesouro”, de sua origem causal, hoje fica tão evidente que para o sujeito enxergar precisa olhar através de uma tela. No conto de Narciso, o ganho se concretiza à frente do reflexo da imagem no lago, nas redes sociais, o ganho vem através da visão virtual.
A somatização da histeria masculina aparece na cultura ao corpo do herói. A busca por hipertrofia nas academias beira o título de “Mr. Olympia”. Não é por coincidência que é uma variante do nome “Olimpo” conhecido na mitologia grega como moradia dos doze Deuses gregos. Na caminhada ao ganho de status do corpo de herói, a hipertrofia trilha o caminho da dor. Tanto a sobrecarga do músculo no processo de ação no momento do exercício, via que busca aos poucos ultrapassar de forma crescente os limites do músculo, quanto o processo de cicatrização às lesões que a fibra muscular sofre, processo necessário para reposição de nutrientes, e isso acontece porque ocorre uma inflamação localizada.
Se o corpo intensamente malhado, a motocicleta pesada, a gesticulação e postura arrogantes, por exemplo, não despertam uma resposta, se falta o olhar que confirma e diz: sim, você é! O histérico se vê ameaçado e pode ter a sensação de desmontar, correndo o risco de sentir sua identidade pulverizada (Dor, 1991, p. 208).
Se do ponto de vista da organização psíquica histriônica, o dualismo homem/mulher não se aplica, o que difere entre ambos para se intitular histeria masculina? Segundo de Sá e Prudente (2020), “ambos possuem a mesma base estrutural, porém, diferem na sintomatologia”. Segundo Nasio (1991), histeria em primeira instância é a postura que o sujeito adota na organização de relacionamento com o outro a partir do seu estado fantasístico, é uma defesa que segue uma “lógica doentia” e precária como desvio do medo após querer forçar um relacionamento afetivo, dessa forma, ele encontra como recurso um estado de insatisfação fantasiosa. Conforme Freud (2006), é perante a falta que o sujeito vai se constituir como pessoa sob a estrutura neurótica.
A postura diante do relacionamento moderno pode ser pensada na atual cultura do consumo rápido, os chamados “fast foods”. A ideia do consumo rápido entra em sincronia com o “desejo de ser desejado” indo de encontro com a ideia nuclear do conceito de desejo histérico. O desejo nunca é satisfeito por completo. Ao aproximar-se de algo que sacie o desejo, a desarmonia circula novamente à distância inicial ao objeto desejado, o que leva o histérico a desejar de novo, visto que a insatisfação faz com que a busca nunca termine. Não é por coincidência que os “fast foods” são feitos em pouco minutos, com várias combinações e um cardápio variado, proporcionando uma ingestão rápida pelo cérebro, liberando sensação de prazer. Dessa forma, o tempo entre uma refeição e outra diminui e as variações de cardápio aumentam.
Nessa mesma visão de consumos rápidos e o “desejo de ser desejado”, a crescente divulgação de aplicativos para relacionamento tem ganhado espaço no contexto social. A dinâmica segue a aprovação rápida. O software traça um algoritmo de acordo com as preferências desejadas e, está feito! A mediação pelo aplicativo ocorre automaticamente e é direcionado para você um cardápio de pessoas cujas semelhanças calculadas te orientam a dar “match”, ou seja, combinam com o seu desejo naquele momento. 
No lugar transferencial o “eu” histérico pode percorrer três posições duradouras: eu insatisfeito, eu histericizante, eu tristeza. O “eu” insatisfeito visa experienciar a insatisfação devido ao seu medo intrínseco que atua em todas as suas instâncias que faz se distanciar do perigo maior, de gozar a satisfação máxima, um gozo que amedronta pela intensidade tal qual poderia pôr a sua integridade em risco. Assim, evita-o ao preço de que a insatisfação é o mecanismo que encontra como forma de proteção, da mesma forma que não se satisfaz, busca no outro a insatisfação dele e o utiliza a seu favor (Nasio, 1991).
Na cultura masculina, sedução e transitoriedade entre relacionamentos tem seu lugar de destaque. Homens que carregam o status de “pegador”, homem de várias mulheres, mulherengo, que não se envolve com apenas uma pessoa, e assim por diante. Cuja fragilidade de sustentar um relacionamento único é mascarada como virilidade, força, potência de ação em várias situações de vínculo. Características de um “eu” insatisfeito, amedrontado por uma intensidade da qual tem medo, gerando um ciclo extenso de buscas insatisfatórias que utiliza a seu favor.
O “eu” histericizante utiliza a palavra como faísca iniciadora da sua fantasia, inventando e alterando aquilo que percebe como falha no outro, também altera a sua força tornando-a um imenso falo em que possa se ancorar. Ele não usa o seu corpo real, mas o seu corpo fantasioso na completude de seu falo. Histericizar significa construir no corpo do outro a sua completude libidinal, erotiza e sexualiza a expressão que não é de natureza sexual e se apropria dela através desse filtro fantasioso, anunciando inocentemente o desejo de sua totalidade, mas antes de tudo, que esse desejo falhe porque tem medo do gozo pleno (Nasio, 1991).
Além da cultura do corpo do herói, tem-se no histórico da masculinidade o cultivo da posse de bens como potência de poder. Através dos bens materiais, segue a linha do consumo para estar no “padrão”. Utensílios que tornam a sexualidade do homem moderno um “homem de presença” ou mais conhecido como “hétero top”. Estereótipo que carrega consigo carros, casas, relógios, calçados e derivados com o maior valor de mercado. Ficando bem próximo de uma linha conservadora, machista e abusiva, excessivamente atraído pelo sexo oposto, vislumbram a fantasia de um imenso falo onde possam se ancorar e escapar daquilo que lhe falha. “Encontram-se nesses homens construções fantasmáticas significativas: os verdadeiros homens viris. Esses homens a quem basta penetrar as mulheres para que elas gozem instantaneamente” (Dor, 1991, p. 93).
O “eu” tristeza põe em xeque a extrema plasticidade da histercização tornando confusa a realidade da fantasia, gerando um aglomerado de incertezas, e identificações múltiplas, divergentes ao ponto da falta de identificação com o próprio personagem, ficando estranho a sua própria singularidade, levando sua sexualidade a tornar-se fragmentada por não saber quem é. Desse modo, o sofrimento da sua insatisfação chega no auge, correspondendo a falta de identidade sexuada (Nasio, 1991).
As sombras de um machismo, constituinte na cultura patriarcal, cerceiam o que é atual. Segundo o jornal Folha de São Paulo (Bragon, 2021), no ano de 2020 foram 1338 mulheres mortas por parceiros que tinham, ou tiveram, algum tipo de relacionamento; comparando com anos anteriores, o feminicídio tem trilhado de forma crescente. O eu tristeza presente na histeria acompanha a ideia de um terceiro na relação, causador dos ciúmes como sentimento. No caso do feminicídio, assim como no “eu tristeza”, o papel homem/mulher entra em conflito quando se adota a inserção de um terceiro personagem no relacionamento, pois, não saber qual lugar o homem ocupa, os adjetivos “passivoe ativo” dentro do relacionamento testemunham o lugar dos personagens, asseverando o conflito diante do questionamento “qual lugar eu ocupo?”
O ciúme como norteador do entendimento de um “eu tristeza” coloca em evidencia as identificações múltiplas do personagem dentro do contexto histeria masculina. Nasio (1991), sobre esse contexto diz: “eles criam uma situação conflituosa, encenam drama, imiscuem-se nos conflitos e, depois, uma vez baixado o pano, apercebem-se, com a dor da solidão, de que tudo não passou de um jogo do qual eles são a parte excluída” (p. 19).
A histeria é um constructo do desejo de reconhecimento com um propósito fálico. A sua vontade é de estar em uma relação afetiva, mas também de não estar; formando uma brecha como forma de insatisfação. Quanto mais difícil é a pessoa amada, mais se torna ideal aos olhos do histérico (Simões, 2007). 
Decorrente dessa estruturação que por ora leva a formação de sintomas, a natureza substitutiva da conversão remonta a associação a experiências traumáticas vivenciada por símbolos mnemônicos das impressões, e experiências acolhidas como traumáticas, na ordem da castração. Esse sintoma substitutivo seria outro caminho levado a satisfação do desejo que não fora realizado, abrangendo outras realizações como: realização de fantasias inconscientes e satisfação sexual infantil (Freud, 2006).
O que, de fato, precisa ser mudado em uma imagem para ser postado na rede social? Qual impressão que uma imagem, sem a inserção de efeito ou correção, causa? A realização da fantasia de completude é um desejo de “melhora” agenciado pelos aplicativos. Consagrado após a modificação, torna o usuário desejado pelos demais. Aqui, entra no cenário os elogios e “comentários”. Os comportamentos de postar todos os momentos do dia, foto do café da manhã, foto no elevador, foto indo para o trabalho, foto no trabalho, fotos e mais fotos, são atitudes que inserem um público onde é privado. Recorrentes postagens que buscam elogios dos demais usuários remontam a “completude” do ser humano. Pode-se pensar como um regresso aos tempos infantis, em que os elogios faziam parte de um constructo natural do desenvolvimento do “eu”. Porém, cabe pensar, que no decorrer do desenvolvimento humano, algumas atitudes de compensação fazem parte apenas daquele ciclo, tornando-se uma ferida nos demais ciclos, caso continue. Sobre a fantasia amorosa da histeria Freud (2006):
A incapacidade para o atendimento de uma demanda amorosa real é um dos traços mais essenciais da neurose; os doentes são dominados pela oposição entre a realidade e a fantasia. Aquilo que mais anseiam em suas fantasias é justamente aquilo que fogem quando lhes é apresentado pela realidade, e com maior gosto se entregam as suas fantasias quando já não precisam temer a realização delas (p.106).
Desta forma, postar fotos sobre o seu dia a dia conjuga uma forma de alimentação da fantasia, posto que é “virtualmente” que os elogios são realizados. O fato de o usuário não obrigatoriamente retribuir o “like” ou “comentário” postado, reforça o “status” fantasioso do cenário. Por consequência, a dialética da fantasia denuncia o trauma. O núcleo desta, comporta uma grande capacidade de estímulo autoerótica e sexualizada que segue a ordem do recalcamento. A sexualidade infantil é extrema em relação ao lugar psíquico que habita. Nesse sentido, Freud modificou a primeira tópica encaminhando a teoria do trauma real para a teoria da fantasia traumática (Nasio, 1991).
A desproporção da sexualidade infantil é inconscientemente a origem do trauma por ser monstruosa em todas as dimensões para a criança. Ainda segundo Nasio:
“… é o próprio corpo erógeno da criança que produz o evento psíquico: ele é o foco de uma sexualidade fervilhante, a sede do desejo. […] O surgimento do excesso de sexualidade chamado desejo, com a eventualidade de sua realização, chamada gozo, é tão intenso que exige, para ser temperado, a criação inconsciente de fabulações, cenas e fantasias protetoras” (1991, p. 38).
Assim como Matias (2019) anuncia, as considerações na teoria psicanalítica frente a histeria masculina são atribuídas ao significante falo, a castração e a identificação simbólica deste, e os resultados da dinâmica do desejo e da fantasia. Para Freud (2006), os impasses vivenciados diante da castração são o cerne para que o homem desenvolva a histeria masculina. Quer seja o cerne da histeria um excesso de afeto acometido após uma colisão traumática (primeira tópica), ou uma fantasia que angústia de forma espontânea e antecipada na sexualidade infantil (segunda tópica), a histeria é antes de tudo, uma representação superinvestida que o sujeito não sustenta conscientemente (Nasio, 1991). 
Assim como diz Simões (2007): 
“A histérica precisa ocultar sua falha, para isso ressalta todo o resto, constituindo assim um jogo de ocultamento/superexposição. […] E o que nos diz o desejo na histeria? Comunicar que o desejo continua insatisfeito é a melhor forma de provar que esse desejo existe” (p. 4-5).
A sedução do homem histérico tem como finalidade a obtenção de um suporte emocional para a estima de barganhar um amor. Dessa forma, sem medir esforços para conseguir o que deseja, se lança em direção ao objeto com todas as suas ferramentas, da mesma forma, espera ser amado na imensidão do seu amor fantasioso (Dor, 1991). O caminho que a histeria masculina persegue é de um sintoma percebido através da culpabilidade como forma de reconhecimento legítimo: pensões, rendas, contas, títulos; dessa forma a histeria no homem leva o seu trejeito e estampa, compondo um lugar social reconhecido para sentir-se seguro e não andar pelos caminhos da sua neurose. 
Em um dos atendimentos da clínica-escola, recordo-me de um paciente que retornou para a cidade de origem após tentativa no ramo dos esportes. Ele enviava dinheiro mensalmente para a mãe em outra cidade, que estava encarregada de cuidar do seu tio. Mediante a justificativa de que o tio precisava de ajuda. Desde que se recorda, o tio é dependente químico e pouco presente em sua vida. Também ajudava mensalmente a avó a pagar despesas resultantes das compras compulsivas de final de semana. Seu avô, que tinha falecido alguns anos antes, deixou dívidas, ao passo de que ele se colocava como responsável pelo pagamento porque os outros integrantes da família não se interessavam. Nos últimos atendimentos ele ainda comentou que comprou, em outra cidade, uma filial da empresa em que trabalhava, e que não poderia continuar com as sessões porque estava esgotado e lhe faltava tempo.
Ainda segundo Dor (1991):
“Na histeria masculina, a sedução se constitui como o suporte privilegiado de uma negociação de amor. Para se certificar de ser amado por todos, o histérico masculino oferece seu próprio amor sem se poupar. Trata-se, está claro, de um amor de fachada, enquanto o homem histérico é incapaz de se engajar além da sedução. Já que não pode renunciar a ninguém, importa-lhe antes de tudo receber o amor de todos. Todavia, querer ser amado por todos é sobretudo, não querer perder nenhum objeto de amor. Encontramos aí um dos componentes preponderantes da histeria: a insatisfação” (p. 87).
Para exemplificar evocamos o Mito de Don Juan. Segundo Mezan (2005), o desejo histérico masculino ganha seus contornos quando cita esse mito. Na fábula, ele entrega seu profundo “amor” às mulheres a quem cobiça, porém, sempre com o intuito de satisfazer o seu próprio desejo. Ao alcançar o objeto, a satisfação se dissipa e o que inicialmente era vislumbrado vira fantasia. Assim como no mito, a satisfação nunca é encontrada, e o histriônico entra em um ciclo eterno em busca de algo que o complete. 
No mito de Don Juan, a sedução toma o protagonismo da peça recriada por Tirso de Molina em “El Burlador de Sevilha o El Convidado de Piedra”, escrita em 1630. Dividida em três atos, conta a história de um jovem conquistador que frequenta igrejas visando seduzir as mulheres. Em uma das suas investidas, flerta Donna Anna, jovem nobre, filha do Comendador. Após saberde tal ato, o Comendador vai em busca de punir o comportamento impuro de Don Juan. Intima-o para um duelo onde acaba morto pelo farsante. No intuito de sair ileso do ato, Don Juan foge da cidade. Após voltar ao local onde matara o antigo cavalheiro, decide passear próximo à sua tumba com o intuito de debochar do falecido. Ao aproximar-se, avista uma estátua, e em uma atitude afrontosa convida-a para um jantar. Desacreditando do que poderia acontecer, prepara um banquete. No local marcado, Don Juan se defronta com a estátua viva e a tragédia acontece. Em um aperto de mão profundo e inquebrável, a estátua arrasta Don Juan para o submundo como punição pela sua malícia.
Ao longo da peça, Don Juan seduz quatro mulheres, todos elas estavam, de alguma forma, comprometidas com outros homens, e de alguma forma, se deixaram seduzir pelos elogios e promessas falsas, ao ponto que, Don Juan se satisfazia e as abandonava.
	Em 2014 um suíço chamado Julien Blanc, ficou bem conhecido no Brasil. Intitulado “instrutor de pegação” ele é socio da empresa Real Social Dynamics (RSD) que oferece cursos para homens que tem dificuldades em flertar mulheres. Julien ficou mundialmente famoso por ser especialista na estratégia de sedução. Ele ministra cursos em todos os países ensinando homens a reverter situações em que as mulheres respondem negativamente a um flerte denominado “especialista na arte da sedução”. Segundo ele, o método “ativa a prostituta interna dentro das mulheres”. Em vários países ele foi barrado por apresentar um método de comportamento abusivo. Um Donjuanismo articulado e desenvolvido a ponto de ministrar cursos. Andarilhos no campo dos desejos, especializados na arte da sedução.
Na teoria de Melanie Klein (1996), o distanciamento do objeto amado é uma consequência do medo de se tornar dependente deste amor, típicos da frustração de amor materno. Assim como o Don Juan, o homem moderno denuncia esse distanciamento quando se encontra em um lugar de desejo, enquanto teme perder o objeto amado, a brecha mais viável encontrada é não se tornar profundo para não ter dependência. Se envolver de forma líquida ajuda a distanciar o medo da perda. Solidificar os relacionamentos significa ter que encontrar com aquilo que lhe causa medo.
O que levava Don Juan aos comportamentos que tinha era a combinação de paixão e vaidade, características comuns do homem moderno. Assim como Don Juan faz promessas de “amor esterno” para conseguir satisfazer o seu desejo por mulheres, a crescente divulgação do produto “homem” conjuga uma sedução.
A série “Black Mirror” disposta na Netflix, lançada primeiramente na Inglaterra em 2011, coloca em evidencia as relações do sujeito moderno com a tecnologia, desde as regras do capitalismo, ao decorrer da sociedade do espetáculo, adentrando as consequências da cultura do consumo. Encenada na forma de ficção, faz confundir o real com o virtual. Cenas utilizadas no extremo da imaginação transformam nossos olhos em lentes de um chip instalado no cérebro e que estão sendo gravadas em uma nuvem. Tornando as memórias salvas, livre para o acesso a qualquer momento. 
Um dos episódios chamado “Queda Livre” encena uma jovem em uma sociedade que detém, como princípio de interação humana, a avaliação das pessoas através da tecnologia implantada nos olhos e em um aparelho. Elas são classificadas de uma até cinco estrelas. Qualquer interação com outro e que passe pelos olhos da pessoa, utiliza-se o celular para realizar uma avaliação de estrelas, tornando a somatória das classificações a sua importância como sujeito no social. 
5.3 Palco para histeria: recorte psicanalítico das manifestações histéricas na contemporaneidade 
	Se por um lado, a esquiva de um relacionamento duradouro possa ser a tentativa frustrada de distancia-se do amor materno; temos de outro, o acolhimento das redes sociais como gerador de sensação de proteção, impactante para noção de pertencimento. Representado como “grande Outro”, as redes sociais utilizam como forma de expressão a linguagem. As redes sociais se apropriam de um corpo virtual, que os atravessa por comentários de apreciação como forma de exaltar atributos característicos daquele grupo social.
Segundo Žižek (2010), o grande Outro, a partir de uma concepção lacaniana, é a linguagem, é o simbólico que representa parte do inconsciente. O discurso expressado através da linguagem é parte do inconsciente. Constitui, assim, o atravessamento dos discursos da própria linguagem. Dessa forma, o grande Outro é a parte fundadora do inconsciente que estruturará o sujeito através do discurso. 
A linguagem é uma estrutura preexistente e fundadora. De acordo com Lacan (1998), é a partir dela que acontece a divisão do sujeito pela linguagem, constituindo assim a sua subjetividade e formando o inconsciente. Desta forma, o sujeito é efeito da linguagem, ou seja, efeito do Outro, e como fruto desta inscrição ela acaba por mergulhar nesse desejo. Aqui o “Outro” é o espelho que a criança admira e vê; esse espelho contribui para a formação do “ideal de eu” a partir do “eu ideal”. 
Para falar em subjetividade, pode-se pensar nos smartfones. Os smartfones são vistos hoje como forma de extensão do ser humano; não é à toa que os “influencers” das redes sociais interagem com o público desde o momento em que acordam até o momento de dormir. Qual a forma que o público seguidor pode interagir com pessoa? Comentários! Nesse momento é que a linguagem se torna uma inscrição para divulgar sua privacidade. Atravessar e ser atravessada pelo outro. Através do desejo das pessoas que fazem os comentários é que os “influencers” vão expor o conteúdo desejado, desta forma, o público é quem dita o privado. 
Atualmente, existem algumas redes sociais que utilizam o histórico dos motores de busca do usuário. Através desse mecanismo, utiliza-se os dados do histórico para traçar um perfil com as principais palavras escritas. Desta forma, descobrem o algoritmo de desejo e começam a direcionar os conteúdos relacionados aos gostos do usuário na rede social que ele utiliza. Ao utilizarem as informações de escrita, essa rede social acaba sendo o grande “Outro” na forma de espelho que os reflete.
Em 1914, Freud em seu texto “Narcisismo” introduz a instância “eu ideal” que constituí o sujeito através de uma identificação narcísica. Na teoria do narcisismo, a explicação se desenvolve no momento inicial, onde a mãe investe libidinalmente na criança uma idealização perfeita de valor. Freud pontua esse movimento como investimento no “ego real” da criança. 
Esses movimentos evocam na criança uma sensação de completa onipotência, denominado por Freud como “sua majestade o bebê”. O investimento direcionado para a criança é deslocado e vira ideal de valor para si mesmo. Esse momento ocupa uma vivência de intensa satisfação libidinal, e, conforme Freud, os investimentos libidinais envolvidos se mostram difíceis de abdicar quando já se foi nutrido. Tornando esse ideal onipotente e um marco onde se quer retornar. 
Como diz Ana Suy (2022), “Nosso modo de ocupar um lugar mais ou menos precioso para alguém servirá como bússola para nos posicionarmos no campo do amor, nas escolhas da vida madura, ainda que não seja tão madura assim”. Qual seria os modos para continuar recebendo investimento libidinal, se não pela exposição de si?! Relacionamentos momentâneos que oferecem uma interação rápida, que na maioria das vezes, as pessoas nunca se encontram pessoalmente, ou jamais interagiram além de “curtidas”. Essa é a dinâmica das redes, um esforço para ser visível e investido por alguns instantes.
Nesse momento, o “eu ideal” é posto em xeque quando surgem demandas externas (ir a um novo lugar que virou moda) ou a própria análise crítica da criança aparece (exigência na estética do corpo), tornando a posição de ser perfeito insustentável, ocasionado pela projeção de si com o ideal, perdendo aquilo que era seu narcisismo primário e dando lugar ao “ideal de eu”.
O “ideal de eu” é orientado a uma idealização superinvestida em um lugar narcisistaequivocado e projetado pelo sujeito. Por ser uma projeção narcisista, as exigências do ego tornam-se altas e o recalcamento se torna um importante movimento para a libido anteriormente investida, na perfeição onipotente do “eu ideal”; tornando a busca pela antiga onipotência um agente psíquico capaz de ir em busca de uma satisfação narcísica, compilando os valores de “eu real” e “eu ideal”, ponderando-os e transformando em produção, que será posteriormente conjuntura para a formação do superego (Freud, 1914). Com isso, na interação social contemporânea, acompanha a linguagem através de gestos, expressões faciais, poses, roupas ou danças que são características que possuem como núcleo a concepção de busca por pertencimento em um lugar simbólico de “ideal de eu”. 
Conhecida recentemente como “Geração Tik Tok” a geração Z leva o nome de um aplicativo. Utilizado por jovens nascidos aproximadamente a partir do ano 2000, têm como interação entre usuários as danças, dublagens e humor rápido. Com um arsenal para dublagem confere mais visibilidade de conteúdo do que a maioria das redes sociais, características que possibilitam explorar ideias para viralizar entre os variados grupos sociais. Em uma publicação no Folha de Pernambuco, em maio de 2022, o neuropsicólogo Hugo Monteiro Ferreira expõe a estrutura viciante dos vídeos do aplicativo “ao interagir com imagens, sons, cores e músicas curtas, a pessoa tem seu cérebro estimulado, causando sensação de compensação porque, desta forma, ultrapassa as defesas emocionais”.
Segundo Kellner (2001), esse grande Outro, que se apresenta como uma rede social, se expande enquanto o sujeito tem a possibilidade de recriar nesse ciberespaço a pessoa que deseja ser, postando fotos e vídeos alterados na direção de um personagem ideal, livre de defeitos e fraquezas. Na sua versão mais perfeita que possa existir, compostas por filtros que embelezam, mudam e fazem tatuagens, deixam mais distante as suas características naturais de ser humano. 
As características dos laços estabelecidos no século XXI cerceiam as características da moral do consumo. Relações são instantâneas e flutuantes onde o objeto amoroso segue a lógica do descarte. Carregam o sinônimo “light” enquanto compromisso, ao mesmo tempo em que seguem a ordem do excesso, ultrapassam o que é privado com o público (Salles, et al., 2013). 
Segundo Bauman (2007), com a revolução sociocultural moderna, se fez necessária mudanças no convívio cotidiano, visando a lógica da excelência como construtora de relações rápidas e eficazes, necessárias para o tamponamento da frustração. Mendes (2013) cita: 
“Se a sociedade freudiana era vitoriana e patriarcal, favorecendo a histeria e o mascaramento das pulsões e do desejo, a sociedade atual, que teve lugar a partir da década de 60, se notabiliza pela radicalização das sensações e pelo deslizamento veloz em torno de novos objetos de desejo, proporcionando o aparecimento do gozo, da depressão e das montagens perversas” (p. 1).
Para reunir conteúdo específico e de forma rápida, as “hashtags” são usadas como forma de engajamento nas publicações. Ela é empregada na forma de palavra-chave de modo que possa gerar estratégia de rendimento. Uma forma de filtrar o prazer de olhar sem compromisso, só pela satisfação. O olhar também é uma característica predominante do voyerismo. Segundo as definições, o voyeur prefere ser ignorado ao assistir uma cena, isso é o que desperta satisfação no ato. Pelo fato de ser ignorado, as fantasias geradas ganham potência, principalmente pelo outro não saber que está sendo visto. Forma nuclear que movimenta as empresas liquidas, conhecidas como redes sociais.
O que todas essas características dos fluidos mostram, em linguagem simples, é que os líquidos, diferentemente dos sólidos, não mantêm sua forma com facilidade. Os fluidos, por assim dizer, não fixam o espaço nem prendem o tempo. (Bauman, 1999, p. 7). 
No livro intitulado “Fundamento da psicanálise 1”, Marco Antonio Coutinho Jorge teoriza o desenvolvimento do ser humano segundo a teoria freudiana. Inteira que a nossa pulsão nos fez perder intimidade com o olfato, deslocando-o para a visão. Assim, nos tornando cada vez mais visuais. Essa colocação nos interroga no tocante da revolução tecnológica e do imediatismo das relações, gerando um investimento de energia sobrecarregado em um objeto, porém, momentâneo. Tornando-o próximo do estado de matéria líquida: mantêm seu volume, não tem forma própria e evaporam em recipientes abertos.
Enquanto os sólidos têm dimensões espaciais claras, mas neutralizam o impacto e, portanto, diminuem a significação do tempo (resistem efetivamente a seu fluxo ou o tornam irrelevante), os fluidos não se atêm muito a qualquer forma e estão constantemente prontos (e propensos) a mudá-la; assim, para eles, o que conta é o tempo, mais do que o espaço que lhes toca ocupar; espaço que, afinal, preenchem apenas “por um momento” (Bauman, 1999, p. 7).
Ainda, segundo Bauman, as novas “relações de bolso” são bem-sucedidas porque são compostas por dois princípios: são doces e tem curta duração. Isso indica que o relacionamento é passageiro com rápida sensação de pertencimento, algo que cabe no bolso. Guardado quando queremos, trocamos quando não servem mais, prático e fácil. Um desejo de ser desejado que é trocado quando se depara com o compromisso. 
A falta de manutenção daquilo que possuímos leva ao descarte por algo novo, melhor e mais bonito, que possuem mais “gadgets” produzidos pelos padrões da cultura do consumo. Assim como o líquido se conforma em um recipiente, os seres se relacionam consigo mesmo e com outros seguindo a mesma lógica. 
Verdadeiros Narcisos em lagos virtuais, homens e mulheres se espelham em fotos e imagens. Nos perfis do Instagram, não há espaço para imperfeições. Narrado por Ovídio (2000), Narciso nasceu após um ato de violência do deus Céfiso sobre a ninfa Liríope. Narciso era considerado uma das mais belas criaturas existentes. Sua mãe preocupada que algum deus pudesse constatar a existência dele como um insulto a beleza divina, buscou a previsão de um oráculo para saber se Narciso teria vida longa. Frente à pergunta, o oráculo responde que sim, perante uma circunstância, não contemplar a própria imagem. 
Narciso era alvejado pelas mulheres que buscavam conquistá-lo a todo custo. Entre essas mulheres estava a ninfa Eco que vivia em uma caverna após ser punida por Hera esposa de Zeus que descobrira que a ninfa estava ajudando-o em suas saídas furtivas de traição. Sua punição foi nunca mais pronunciar uma fala própria, somente repetir o que lhe fosse direcionado. Após ser descartada por Narciso, ficou reclusa em uma montanha até a sua morte, com isso, Afrodite fica incomodada e amaldiçoa Narciso “possa tu próprio amar, sem jamais possuir o objeto amado; amar um amor impossível”. Após receber a maldição, Narciso dirige-se, involuntariamente, a um lago próximo para beber água, ao perceber o reflexo de um rosto quando se inclina, fica enamorado pela bela forma que vê, e acaba por contemplá-la até a morte. 
Assim como Narciso, a contemporaneidade se coloca a frente de lagos virtuais. Objetos perfeitos que despertam paixões, refletem aos olhos do sujeito como ilusão de um “ideal de eu”, perfeições de amor completo. Experienciado em sua plenitude por diversas faces dispostas a durar o tempo necessário para satisfazer que momento for, assim como Narciso observa também é observado, então surge a dúvida: você me curtiu?
6 Considerações finais
	Este trabalho se inscreve na perspectiva de que as redes sociais proporcionam um palco amplo de plateia, noção concomitante com a histeria onde qualquer desejo exposto pode ser direcionado à satisfação momentânea. Líquidos relacionamentos, na busca por novidades na maior parte por fotos e vídeos curtos, denominados Reels, Shorts, Stories, entre outros. Da mesma forma que o olhar satisfaz, ser olhado também traz satisfação.
	Sofisticamos e virtualizamos o olhar de Narciso. Assim como ele olha a imagem no lago, nós olhamosa virtualidade daquilo que nos satisfaz. Não é por acaso que a palavra “virtualmente” é definida como existência de potencial sem ação. 
Na audição e no olhar é delineado as relações entre o desejo. Duas percepções que entrelaçadas criam uma fina camada de ligações e separações, desejos e frustrações, pertencimento e solidão.
	Uma denúncia sobre o olhar da necessidade contemporânea pode ser percebida na letra de Tiago Iorc - Sol que faltava “Quando foi, quando foi / A última vez que você / Saiu sem ninguém notar / Sem ninguém te reparar […] Onde foi a última vez /Que você se deixou / Livre, sem se retocar / Sem se instagramear”. A atuação na cibercultura segue os bastidores de um conjunto de técnicas. Materiais necessários para que a cena saia de maneira a desejar além do real. O fetichismo dos consumidores aproxima as relações de corpo, desejo e imagem dispostos a pagar pela exposição. 
	Uma publicação no site BBC, em 12 de abril de 2019, por Kelly Oakes, mostra uma pesquisa feita na universidade York no Canadá. Foi solicitado para estudantes que tirassem selfs e publicassem nas redes. Foram repartidos em dois grupos. Um poderia realizar modificações na imagem antes de postar, e o outro, deveria postar sem modificação. Ambos os grupos se sentiram menos confiantes após postarem as fotos. 
	A partir disto, pode-se pensar: o que tornou o ser humano tão propenso a necessidade do olhar do outro? Indo de encontro com essa pergunta, recordo Freud (1914), no seu texto sobre o narcisismo. Ele questiona por que somos forçados a ultrapassar as fronteiras do narcisismo e investi-la em objetos. Baseado em uma perspectiva econômica, tem-se maior expressão de desprazer quando o investimento libidinal é direcionado ao “Eu”.
	Em Freud (1996), o sujeito tem duas escolhas de objeto: uma narcísica e outra anaclítica. Segundo ele, a escolha narcísica está do lado masculino da representação, então é questionado: por que enfatizamos a histeria em mulheres? Essa pergunta abre um “harém” para próximos estudos. Segundo a dialética, a palavra “harém” surgiu a partir do Império Otomano. Onde, parte do palácio era dedicado apenas a mulheres; sendo elas mães, filhas ou escravas. Uma cultura que vinculava a mão de obra escrava com o feminino. Colocando-as em cárcere isolado não precisavam se preocupar com traições ou intrigas que poderiam surgir em torno das suas esposas originais. Desta forma, as concubinas ou odaliscas, poderiam ser usadas de escravas até amantes.
O que pode ser vislumbrado, de momento, é que a histeria masculina está ganhando espaço, pelo menos nas redes. A cultura do corpo masculino nas academias, a logística de ganhar dinheiro e de possuir bens valiosos como carros e terrenos, lançam o homem moderno ao ranking das visualizações, uma forma de aspecto sedutor típico da histeria na busca do que deseja.
	Levando em conta como as redes sociais estão ocupando a vida do sujeito moderno, quais rumos podem tomar a tecnologia para que o desejo seja suprido e anule a falta? 
Este trabalho teve como objetivo levantar questionamentos sobre o desejo de ser desejado nas redes sociais, jargão que acompanha a histeria em um meio social moderno. Esse material é apenas uma abertura para novos diálogos a respeito do tema. Acredita-se que, de longe, será um conteúdo esgotado de questionamentos, pois, não possuímos o saber por completo. Assim, faz-se necessário o maior aprofundamento destas questões e entende-se como necessária a continuidade de estudo nesta temática.
Referências
Almeida, A. M. (2010). O desejo no neurótico obsessivo. Psicologia Revista, São Paulo, v. 19, n. 1, p. 33-57.
Alonso, S. L, & Fuks, M. P. (2005). Histeria. Casa do Psicólogo
Ávila, L. A. & Terra, J. R. (2010). Histeria e somatização: o que mudou?. Jornal Brasileiro de Psiquiatria; 59(4), 333-340.
Bauman, Z. (1999). Modernidade Líquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Bauman, Z. (2004). Amor Líquido: sobre a fragilidade dos laços humanos. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Bauman, Z. (2007). Vida liquida. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Belintani, G. (2003). Histeria. Psic: revista da Vetor Editora, 4(2), 56-69.
Borghi, C. A., Szylit, R., Ichikawa, C. R. D. F., Baliza, M. F., Camara, U. T. J., & Frizzo, H. C. F. (2017). O uso das redes sociais virtuais como um instrumento de cuidado para adolescentes hospitalizados. Escola Anna Nery, 22. 
Bragon R. ( 06 jun., 2021). Brasil registra 1338 feminicídios na pandemia, com forte alta no Norte e no Centro-Oeste. Folha de São Paulo. Acesso em 15 de junho de 2022 de https://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2021/06/brasil-registra-1338-feminicidios-na-pandemia-com-forte-alta-no-norte-e-no-centro-oeste.shtml
Corbin, A., Courtine, J.J., & Vigarello, G. (2008). História do corpo. Petrópoles: Editora Vozes.
da Costa, É. G., & Coelho, G. B. (2015). Eu compartilho, tu compartilhas, nós compartilhamos: a Hiper-realidade, o Grande Outro e as relações sociais no Facebook. Revista Contraponto, 2(1). 
de Sá, R. P. R., & Prudente, R. C. A. C. (2020). Histeria masculina. Cadernos de Psicologia, 1(2).
Dor, J. (1991). Estruturas e clínica psicanalítica. Rio de Janeiro: Taurus-Tibres.
Escalas, J. E., & Bettman, J. R. (2005). Self-construal, reference groups, and brand meaning. Journal of Consumer Research, 32, 378-389.
Freud, S. (1914). Sobre o narcisismo: uma introdução. Edição standard brasileira das obras psicológicas completas de Sigmund Freud, 14, 85-119.
Freud, S. (1996). As neuropsicoses de defesa (1894). Edição Standard Brasileira das Obras de Freud V. III (1893-1895). Rio de Janeiro: Imago.
Freud, S., & Breuer, J. (1996). Estudos sobre a histeria (1893-1895). Obras completas, 1. Companhia Das Letras
Freud. S. (2006). Fragmentos sobre um caso de histeria (1905). In: Freud, S. Edições Standard das Obras Completas de Sigmund Freud. v.VII. Rio de Janeiro: Imago.
Fontoura, L. L. (2005). Único no gênero - vicissitudes da histeria masculina. In: A masculinidade. Revista da APPOA, Porto Alegre, n. 28, p. 9-15, abr. 
Fulgencio, L. (2002). A compreensão freudiana da histeria como uma reformulação especulativa das psicopatologias. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 5(4), 30-44.
Garboggini, F. B. (2003). “Era uma vez” uma mulher margarina. In Ghilardi-Lucena, M. I. (Org.). Representações do feminino. Campinas: Átomo.
Gerbase, J. (2010). O poder do grande Outro. Cógito, 11, 26-28.
Gil, A. C. (2007). Métodos e técnicas de pesquisa social. 5. ed. São Paulo: Atlas.
Glaser, R. J. P. (2011). A linguagem em cena no nascimento da psicanálise: a heterogeneidade discursiva no caso Anna O. [Dissertação de Mestrado não-publicada. Programa de Pós-Graduação em Estudos Linguísticos], Faculdade de Letras, Universidade de Minas Gerais, Belo Horizonte, Brasil.
Gonçalves, D. S. (2019). El sentimiento de culpa en Freud: entre la angustia y el deseo. Psicologia em Revista, 25(1), 278-2 91.
Guattari, F., & Deleuze, G. (1992). O que é a filosofia. Rio de Janeiro: Editora 34.
Gullar, F. (2001). Toda poesia (1950-1999). 11. ed. Rio de Janeiro: José Olympio
Kellner, D. (2001). A cultura da mídia - estudos culturais: identidade e política entre o moderno e pós-moderno. Bauru, Edusc.
Klein, M. (1996). Amor, culpa e reparação. In: Klein, M. Amor, culpa e reparação e outros trabalhos. Rio de Janeiro: Imago. p. 363-364.
Lacan, J. (1998). A instância da letra no inconsciente ou a razão desde Freud. In Escritos. Rio de Janeiro, Zahar.
Lacan, J. (1988a). O Seminário- Livro 3, As Psicoses. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Leite, S. (2012). Histeria de conversão: algumas questões sobre o corpo na psicanálise. Tempo psicanalítico, 44, 83-102.
Lisboa, A. (9 nov., 2021). Instagram prejudica os jovens? 4 pesquisas põem rede social na mira. Canaltech. Acessado em 1 de dezembro de 2021 de https://canaltech.com.br/redes-sociais/jornal-publica-estudos-sobre-impacto-negativo-do-instagram-em-adolescentes-197416/
Malhotra, N. K. (2006). Pesquisa de Marketing: uma orientação aplicada. 4. ed. Porto Alegre: Bookman. 
Mendes, E. R. P. (2013). Os últimos cinquenta anos dapsicanálise. Aula inaugural. CPMG. Belo Horizonte.
Mezan, R. (1985). Freud, o pensador da cultura. São Paulo: Brasiliense.
Mezan, R. (2005). A sombra de Don Juan e outros ensaios. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo.
Nasio, J. D. (1991). A histeria: teoria clínica e psicanalítica. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Oakes, K. (2019). Como as redes sociais afetam a sua visão de si mesmo. BBC News Brasil. Acesso em 1 de dezembro de 2021 de https://www.bbc.com/portuguese/vert-fut-47625592
Ovídio. (2000) Metamorfoses. Trad. Manuel Maria Barbosa du Bocage. São Paulo: Hedra.
Pereira, M. E. C. (1999). C’est toujours la même chose: Charcot e a descrição do Grande Ataque Histérico. Revista Latinoamericana de Psicopatologia Fundamental, 2, 159-165.
Perelberg, R. (2011). Freud: Uma leitura atual. Porto Alegre: Artmed
Platão. (2011). Timeu-Crítias. 1. ed. Centro de Estudos Clássicos e Humanísticos.
Quinet, A. (2005). A lição de Charcot. Rio de Janeiro: Jorge Zahar.
Rubin, C. E. (2017). Entre a neuropatologia de Charcot e a psicologia de Bernheim: considerações sobre a hipnose nos primórdios da pesquisa freudiana. Natureza humana, 19(1), 102-127.
Salles, A. C. T. D. C., Sanches, N. R. A., & Abras, R. M. G. (2013). Algumas características dos laços amorosos nos dias atuais. Estudos de Psicanálise, (40), 15-20.
Simões, R. B. F. (2007). A recusa histérica à satisfação do desejo. Psicologia para América Latina, (11), 0-0.
Suy, A. (2022). A gente mina no amor e acerta na solidão. São Paulo. Planeta do Brasil
Trillat, É. (1991). História da histeria. São Paulo. Editora Escuta Ltda.
Žižek, S. (2010). Como ler Lacan. Rio de janeiro. Zahar.
Zordan, P. B. M. B. G. (2005). Bruxas: figuras de poder. Revista Estudos Feministas, 13(2), 331-341.

Outros materiais