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AULA 01 - DIR FAMÍLIA

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AULA 01 – PLANEJAMENTO DA DISCIPLINA E INTRODUÇÃO AO CASAMENTO
1. Observações gerais:
· Avaliações: 19/09 e 21/11; 
· 3 questões: Questão dissertativa sobre tema dado em aula (valor 3,0 pontos); Questão teórica conceitual (valor 4,0 pontos); Questão interpretativa jurisprudencial (valor 3,0 pontos); 
· Dissertação: Apresentação do tema + desenvolvimento + conclusão; 
· As respostas da questão teórica conceitual (2ª – valor 4,0) devem ser objetivas (poder de síntese); 
· É necessária capacidade interpretativa do “juridiquês” na análise das decisões judiciais;
· O Direito de Família é concreto e próximo com o nosso cotidiano; 
· Assuntos: Casamento; União estável e concubinato; Relações de parentesco – conteúdos que se desdobram em outros conteúdos (“subconteúdos”); 
· 3 erros de português = -0,1 na avaliação; 
· Referências bibliográficas: Cristiano Chaves, Rolf Madaleno e Carlos Roberto Gonçalves (vol. 6);
2. Definição de Direito de Família:
“Direito de Família é o ramo do Direito Civil, cujas normas e princípios regulam as relações jurídicas advindas do casamento, da união estável/concubinato e do parentesco.” 
Atualmente há um debate intenso acerca da busca pela autonomia do Direito de família em relação ao Direito Civil. Todavia, hoje ainda prevalece a perspectiva de que esse ramo jurídico consiste em um ramo do Direito Civil. 
Relações jurídicas do Direito de Família: 
a) Casamento;
b) União estável/Concubinato;
c) Parentesco; 
3. Constitucionalização do Direito de Família:
Em 1988, quando foi promulgada a atual Constituição Federal do Brasil, o que vigorava era o Código Civil de 1916. 
Entre 1988 e 2002, consolidou-se a perspectiva de que o Código Civil de 1916 estava obsoleto em virtude de inúmeras incompatibilidades para com a Magna Carta.
As regras do Direito de Família passaram a ser constitucionais, explicitado através da presença do Capítulo VII: Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso. Fala-se, desse modo, em uma constitucionalização do Direito de Família. 
CAPÍTULO VII
DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE E DO IDOSO
Da Família, da Criança, do Adolescente, do Jovem e do Idoso
(Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 65, de 2010)
  Art. 226. A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado.
§ 1º O casamento é civil e gratuita a celebração.
§ 2º O casamento religioso tem efeito civil, nos termos da lei.
(...)
STF: As relações de família, no Brasil, são monogâmicas. 
Proteção de todas as espécies de família (reconhecidas pela lei) – art. 226, caput, CF: A família, base da sociedade, tem especial proteção do Estado. Nesse viés, as famílias poligâmicas não gozam dessa proteção. 
Reconhecimento de outras formas de constituição familiar ao lado do casamento, como as uniões estáveis e as famílias monoparentais
§ 3º Para efeito da proteção do Estado, é reconhecida a união estável entre o homem e a mulher como entidade familiar, devendo a lei facilitar sua conversão em casamento.   
 
§ 4º Entende-se, também, como entidade familiar a comunidade formada por qualquer dos pais e seus descendentes.
Igualdade entre os cônjuges: 
§ 5º Os direitos e deveres referentes à sociedade conjugal são exercidos igualmente pelo homem e pela mulher.
A assistência do Estado a todas as espécies de família é reafirmada no parágrafo 8º do referido artigo: 
§ 8º : O Estado assegurará a assistência à família na pessoa de cada um dos que a integram, criando mecanismos para coibir a violência no âmbito de suas relações.
Todos os assuntos que envolvam Direito de Família, por se tratar de matéria constitucional, tende a ser apreciado pelo STF.
O Brasil é um dos poucos países que mantém, na sua Constituição, disposições sobre o divórcio. 
O Brasil não tinha divórcio até 1977 (quando houve uma EC permitindo o divórcio em alguns casos), vigorando a perspectiva religiosa de que “o que Deus uniu, o homem não separa”, ou seja, de que o casamento era indissolúvel. 
Em 2010, outra EC (nº 66) simplificou a questão do divórcio: 
Art. 226, § 6º - CF: O casamento civil pode ser dissolvido pelo divórcio.         (Redação dada Pela Emenda Constitucional nº 66, de 2010) 
Art. 227, § 6º - CF: Os filhos, havidos ou não da relação do casamento, ou por adoção, terão os mesmos direitos e qualificações, proibidas quaisquer designações discriminatórias relativas à filiação. 
Existia, no Brasil, até o período anterior a 1988, uma grande discriminação contra filhos fora do casamento (chamados de “ilegítimos”). Precisou, destarte, a Constituição reafirmar o princípio da isonomia por meio do art. 227, § 6º.
Por exemplo, um filho consanguíneo (A) dividindo a herança com um filho adotivo (B), este (B) teria direito à metade do recebido por aquele (A). 
4. Casamento:
Conceito (no Brasil, hoje): É a união entre 2 pessoas, com finalidade de constituir família, reconhecida pelo Estado, que lhes confere direitos e prerrogativas inerentes à condição de casadas. 
Em síntese, o conceito de casamento envolve: 
· União;
· 2 pessoas (monogamia);
· Com a finalidade de constituir uma família (não necessariamente visando a ter filhos); 
· Reconhecida pelo Estado; 
OBS: A questão de gênero e a monogamia – Até 2012, tratava-se da união entre um homem e uma mulher. Uma resolução do CNJ estendeu o termo “união” ao casamento gay. Não há, no Brasil, em comparação a outros países, uma lei ou decisão do STF que regule o casamento homoafetivo. 
OBS: É possível perceber a proteção estatal dada às famílias, por exemplo, no caso da implementação de programas sociais como o Auxílio Brasil (as famílias apresentam prioridade). 
Vínculo com Estado: 
Art. 1.512 – CC: O casamento é civil e gratuita a celebração. 
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declara, sob as penas da lei. 
É necessária uma certidão no Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais para além da mera aliança. O registro público trata-se de uma das distinções entre casamento e união estável 
O Cartório de Registro Civil das Pessoas Naturais é responsável pelo registro dos:
· Nascimentos;
· Óbitos;
· Casamentos; 
Casamento civil: O casamento civil é aquele que segue as formalidades previstas no Código Civil.
Os hipossuficientes serão protegidos pelo Estado, também, no que tange aos custos do casamento.
Regras gerais: 
Art. 1.511 – CC: O casamento estabelece comunhão plena de vida, com base na igualdade de direitos e deveres dos cônjuges.
Consoante o Código Civil, o termo jurídico utilizado para designar os casados é cônjuges.
O termo cônjuge vem de “jugo”:
JUGO consiste num instrumento de atrelagem, imprescindível no trabalho agrícola tradicional, utilizado para unir uma junta de bois a um carro ou a um arado. 
Art. 1.512 – CC: O casamento é civil e gratuita a celebração. 
Parágrafo único. A habilitação para o casamento, o registro e a primeira certidão serão isentos de selos, emolumentos e custas, para as pessoas cuja pobreza for declara, sob as penas da lei. 
Conforme já analisado, é necessário o registro público do casamento. 
Art. 1.513 – CC: É defeso a qualquer pessoa, de direito público ou privado, interferir na comunhão de vida instituída pela família.
OBS: Defeso = proibido 
Infere-se que, examinando o art. 1513 do referido diploma, é de interesse do Estado a manutenção da harmonia no seio familiar. Trata-se de uma obrigação de não fazer a atitude de não interferir na comunhão de vida instituída pela família. Nessa perspectiva, para além de uma obrigação moral, as famílias são protegidas pelo nosso ordenamento jurídico. 
Exemplos de pessoas que geralmente interferem nas relações conjugais: sogras, padres, amantes, etc. 
Art. 1.514 – CC: O casamento se realiza no momento em que o homem e a mulher manifestam, perante o juiz, a sua vontade de estabelecer vínculo conjugal, e o juiz os declara casados. 
O casamento é concretizado a partir de uma certidão que certifica a existência do casamento. De acordo com o art. 1.514do Código Civil, o casamento se inicia no momento em que o homem e a mulher manifestam a sua vontade. 
Quando ocorre a retroatividade dos efeitos, o registro do casamento tem efeitos declaratórios, uma vez que só declara o que já ocorreu. 
O registro das pessoas jurídicas é constitutivo, ou seja, a pessoa jurídica somente existe a partir do registro (efeitos não retroativos). 
Podemos estender a expressão “homem e a mulher” aos casamentos homoafetivos. 
O conectivo “e” presente no art. 1.514 do Código Civil é responsável por um dos maiores debates no ramo do Direito de Família. Em uma interpretação literal (gramatical) da norma, é necessário que o juiz declare o casamento após manifestada a vontade das partes. Entretanto, o ato do juiz é declaratório (e não constitutivo), apresentando efeitos retroativos. Logo, o casamento ocorre no momento em que as partes exteriorizam a sua vontade. 
Art. 1.535 – CC: Presentes os contraentes, em pessoa ou por procurador especial, juntamente com as testemunhas e o oficial do registro, o presidente do ato, ouvida aos nubentes a afirmação de que pretendem casar por livre e espontânea vontade, declarará efetuado o casamento, nestes termos: "De acordo com a vontade que ambos acabais de afirmar perante mim, de vos receberdes por marido e mulher, eu, em nome da lei, vos declaro casados."
Para a próxima aula: Capacidade para o casamento.

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