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AMBULATÓRIO ESTUDANTES: Ana Rita Cabral Correia Alves de Oliveira, Emylle Costa de França Pereira, Lara Mendonça Oliveira e Júlia Beraldi Volpato Bahia Silva. ETAPA: Etapa 5 DATA DA ATIVIDADE: 12/04/2022 ATIVIDADE: Relato de caso PRECEPTOR/SUPERVISOR RESPONSÁVEL PELA ATIVIDADE: Dra. Roberta NOTA: CASO CLÍNICO - GASTROENTEROLOGIA ANAMNESE Paciente: DJSL, sexo masculino, negro, 48 anos, divorciado, 3 filhos, natural e procedente de Jaboatão, católico, aposentado. Queixa principal: Evacuação com muco e sangue há 30 dias. HDA: Paciente chegou com sua filha que refere que há 1 mês apresenta episódios de evacuação com muco e sangue, referindo dor no ânus ao evacuar e filha relata que suas roupas ficam sujas de muco na parte de trás. Já foi atendido na emergência, além da queixa principal, por apresentar lesões bolhosas/pústulas em MMSS e MMII, sendo tratado com benzetacil (6 aplicações), sem outras queixas. Exame físico Paciente um pouco desorientado, desidratado (+++/++++), desnutrido, com dificuldade de deambulação, com lesões crostosas em MMSS e MMII. Nega diabetes, hipertensão, alergias, hepatite e tuberculose. Ant. pessoais fisiológicos, patológicos e cirúrgicos: paciente estava um pouco desorientado, filha diz que ele não consegue mais sair sozinho de casa, pois não lembra o caminho. Hábitos de vida: Relata tabagismo crônico de 8 cigarros/dia há mais de 30 anos, mas parou desde o início dos episódios de evacuação. História de etilismo há mais de 30 anos. Não se alimenta bem e não ingere muito líquido. Sinais vitais: Peso: 60 kg, Altura: 170cm PA: 130×90 mmHg, FR: 20 irpm, FC: 85 bpm Sat O2 95% em ar ambiente. Cabeça: ausência de abaulamentos ou retrações, cicatrizes ou pontos dolorosos AR: MV+, sem ruídos adventícios. AC: RCR em 2T, BNF s/s. HIPÓTESE DIAGNÓSTICA DHC secundária ao álcool Pelagra Colite? DISCUSSÃO A doença hepática alcoólica é a lesão do fígado que diz respeito a uma variedade de alterações hepáticas que surgem após anos de consumo excessivo de álcool (Lieber,2000). Trata-se de uma doença multifatorial, complexa e representa um espectro de doenças e alterações morfológicas que variam desde a esteatose, à inflamação e necrose hepática (hepatite alcoólica) à fibrose progressiva e cirrose. Além disso, o consumo excessivo de álcool favorece a progressão de outras patologias hepáticas, tais como a hepatite pelo vírus C , a hepatite pelo vírus B e o carcinoma hepatocelular (CHC) (Lieber , 2000). A progressão da doença hepática alcoólica implica vários mecanismos decorrentes da hepatoxicidade do etanol no fígado, além de outros fatores, entre eles a dose, a duração e tipo de consumo de álcool, sexo, etnia e ainda a obesidade, desnutrição, infeção concomitante com hepatite viral B e C e, ainda, fatores genéticos (Gao e Bataller,2011; O’Shea et al., 2010). O consumo de etanol pode causar os seguintes tipos de lesões hepáticas: esteatose, hepatite alcoólica, cirrose, fibrose perivenular, hepatite crônica ativa, hepatocarcinoma, lesões venosas oclusivas, degeneração gordurosa microvesicular, colangite microscópica. A esteatose é a primeira e a mais frequente das lesões hepáticas, induzidas pelo etanol, podendo ser a única ou estar associada com outras lesões, como hepatite alcoólica e cirrose. Esta surge, invariavelmente, após ingestão de altas doses de álcool, especialmente após três a sete dias de consumo etílico. A esteatose alcoólica pode evoluir, com a continuação da ingestão etílica, para fibrose e cirrose. Cerca de 10% a 35% dos pacientes com esteatose desenvolvem HA e 10% a 20% cirrose.(Mincis,2002). Paciente também tinha pelagra, que é uma doença cuja sua causa é a deficiência de vitamina B3, seu quadro clínico é caracterizado por, dermatite, demência e diarréia. Seu diagnóstico é feito a partir da clínica. A deficiência primária é quando não há ingestão suficiente de niacina ou de seus derivados (nicotinamida e ácido nicotínico) ou também de triptofano. Já a deficiência secundária pode ser causada por diarreia, alcoolismo, cirrose, síndromes carcinóides, doença de Hartnup, doença de Crohn e medicações como a isoniazida que é usada no tratamento de tuberculose. Como suspeita, paciente também apresentava sinais de colite, doença inflamatória do cólon, intestino grosso, que se caracteriza por inflamação e ulceração da camada mais superficial do cólon. Os sintomas incluem caracteristicamente diarréia,muito frequente com sangramento retal, e às vezes dor abdominal. A colite ulcerativa pode afetar apenas a parte inferior do cólon, reto e é, então, chamada de proctite ulcerativa. Se a doença afetar apenas o lado esquerdo do cólon, ela é chamada de colite distal ou limitada. Se ela envolver todo o cólon, é pancolite, ou colite universal ou hemicolite esquerda. A colite ulcerativa difere de uma outra doença inflamatória intestinal, a doença de Crohn. A colite ulcerativa afeta apenas o cólon. A inflamação é máxima no reto e estende-se até o cólon de modo contínuo, sem nenhuma área do intestino normal poupada. Para confirmação do diagnóstico, foi solicitado uma colonoscopia. Referências 1. Lieber, C. S., (2000). Alcohol and the Liver: metabolism of alcohol and its role in hepatic and extrahepatic diseases, The Mount Sinai Journal of Medicin, 67 (1), pp. 84-94.> Acesso em 15 abr. 2022 2. Gao, B. e Bataller, R. (2011). Alcoholic liver disease: pathogenesis and new therapeutic targets, Gastroenterology 141(5), pp. 1572-85. Acesso em 15 abr. 2022 3. Diehl, A. M. (2002). Liver disease in alcohol abusers: clinical perspective, Alcohol, 27, pp. 7-11. Acesso em 15 abr. 2022 4. Mincis M. Doença Hepática Alcoólica. In: Mincis M, Editor. Gastroenterologia & Hepatologia 3ª ed. São Paulo: Lemos Editorial; 2002 p. 695-716. Acesso em 15 abr. 2022 5. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE COLITE ULCERATIVA E DOENÇA DE CROHN (São Paulo). Sobre Colite Ulcerativa. [S. l.], 2017. Disponível em: https://www.abcd.org.br/sobre-a-colite-ulcerativa/. Acesso em 15 abr. 2022 6. BUCHO, Maria Sofia. Fisiopatologia da Doença Hepática Alcoólica. 2012. Projeto de pós graduação (Ciências Farmacêuticas) - Universidade Fernando Pessoa, [S. l.], 2012. Disponível em: https://bdigital.ufp.pt/bitstream/10284/3764/3/PPG_MariaBucho.pdf. Acesso em: 16 abr. 2022.
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