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APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 1 APG 3 – Mudança necessária 1) ESTUDAR AS CAUSAS DO REMODELAMENTO CARDÍACO E SUAS CONSEQUÊNCIAS (INSUFICIÊNCIA CARDÍACA DIASTÓLICA) ➢ . HIPERTROFIA → Hipertrofia é o aumento dos componentes e das funções celulares, o que amplia o volume das células e dos órgãos. → Para haver hipertrofia, são necessários: ▪ Fornecimento de O2 e de nutrientes para suprir o aumento de exigência das células; ▪ Integridade das células, uma vez que células lesadas não se hipertrofiam; ▪ Estímulo nervoso, em células musculares. → Pode ser: ✓ FISIOLÓGICA: ▪ Útero na gravidez; ▪ Musculatura esquelética, como acontece em atletas ou em trabalhadores que fazem grande esforço físico; ✓ PATOLÓGICA: ▪ MIOCÁRDIO, quando há sobrecarga do coração por obstáculo ao fluxo sanguíneo ou por aumento do volume de sangue. ▪ Musculatura lisa de órgãos ocos, quando há obstrução = hipertrofia na bexiga, por hiperplasia da próstata. ▪ Neurônios motores no hemisfério cerebral não lesado em caso de hemiplegia. ➢ ADAPTAÇÕES CARDÍACAS POR SOBRECARGA → Ao longo da vida, o coração sofre transformações ligadas ao processo natural de crescimento, maturidade e envelhecimento ou como resposta a situações locais ou sistêmicas que requerem alteração na força contrátil = se o indivíduo desenvolve hipertensão arterial sistêmica é necessária maior força para impulsionar o sangue. → Quando há sobrecarga de pressão, a força contrátil precisa aumentar, assim, há AUMENTO DA TENSÃO NA PAREDE. → Os miocardiócitos da parede submetida a maior trabalho se hipertrofiam na tentativa de manter o débito cardíaco e, conforme a lei de Laplace (T = PR/2t, em que T = tensão, P = pressão na cavidade, R = raio da cavidade e t = espessura da parede), diminuir a tensão. → Em consequência, a parede se espessa, enquanto o volume da cavidade fica mantido ou, às vezes, discretamente diminuído. → Desse modo, ocorre uma hipertrofia na qual o comprimento de cada célula não se altera muito, mas sim sua espessura, refletindo um aumento dos sarcômeros “em paralelo”. Essa situação é conhecida como hipertrofia concêntrica = altera espessura, tamanho não.. → Se, após certo tempo, o miocárdio não conseguir ter força para manter o fluxo, ficará mais sangue na cavidade, a qual terminará sofrendo uma dilatação = sobrecarga de volume (mau funcionamento do miocárdio). → Nessa situação também as células se hipertrofiam, tentando manter o fluxo e diminuir o estresse na parede, mas a espessura desta é normal ou mesmo diminuída = hipertrofia excêntrica. → Qualquer que seja o tipo de hipertrofia, a vascularização do órgão também aumenta, mantendo-se em geral a proporção numérica capilar/fibra miocárdica. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 2 → Mesmo assim, como o volume dos miocardiócitos está aumentado, pode haver carência relativa do aporte de sangue (isquemia relativa). Assim, podem ocorrer morte de pequenos grupos de células e, posteriormente, surgir focos de fibrose intersticial. → Em oposição à hipertrofia, pode ocorrer a hipotrofia (usualmente chamada de atrofia), quase sempre pela falta de aporte de sangue. As miocélulas ficam mais finas e podem acumular, principalmente sob a forma de material acastanhado chamado lipofuscina, produtos de degradação e dano oxidativo. ➢ CARDIOPATIA HIPERTENSIVA → Representa o conjunto de alterações que ocorrem no coração em consequência de hipertensão arterial sistêmica, na maioria das vezes a hipertensão essencial/primária. → Para o diagnóstico de cardiopatia hipertensiva é necessário que haja: ✓ hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo; ✓ ausência de outras doenças cardiovasculares; ✓ quadro de hipertensão arterial. → A hipertrofia ventricular constitui, portanto, uma resposta adaptativa que possibilita ao coração vencer a sobrecarga de pressão e manter o débito cardíaco. → Ocorrida a hipertrofia do ventrículo esquerdo, o indivíduo permanece compensado hemodinamicamente por anos ou décadas, apesar da hipertensão arterial; nesse período, fala- se em fase compensada da cardiopatia hipertensiva. → Na fase compensada: ✓ Há hipertrofia concêntrica do ventrículo esquerdo e redução da sua cavidade; ✓ A espessura do VE é uniforme, podendo ultrapassar 2cm; ✓ O peso é em geral maior que 450g em homens e 350g em mulheres; ✓ Não há lesão das valvas cardíacas nem do pericárdio; ✓ Com a dilatação do ventrículo esquerdo, ocorre dilatação do anel da valva mitral, podendo resultar em insuficiência desta, acarretando no aumento da sobrecarga e a dilatação do átrio esquerdo, o que favorece fibrilação atrial. ✓ Ao mesmo tempo surge congestão pulmonar, que prolongada, resulta em hipertensão pulmonar. ✓ Ocorre sobrecarga do ventrículo direito, que sofre hipertrofia concêntrica de sua parede, na tentativa de manter o fluxo sanguíneo pulmonar. ✓ Sendo assim, após certo tempo, o VD também entra em descompensação, resultando em dilatação da sua cavidade e do anel da valva tricúspide, o que se torna insuficiente e permite o refluxo de sangue para o átrio direito, que logo se dilata. ✓ Dessa forma, o coração como um todo dilata e torna aumentado de volume. → A capacidade de hipertrofia, no entanto, é limitada. Se a pressão arterial não é controlada, chega um momento em que o miocárdio não consegue se hipertrofiar mais nem se manter hipertrofiado. → O débito cardíaco não é mais mantido, resultando em sobrecarga de volume diastólico e dilatação da cavidade (hipertrofia excêntrica), caracterizando insuficiência cardíaca = fase descompensada da cardiopatia hipertensiva. → Mesmo na fase compensada e por causa do aumento progressivo da espessura da parede ventricular, a complacência do ventrículo esquerdo diminui (surge sobrecarga do átrio esquerdo) e aumenta a necessidade de oxigênio, o que contribui para a isquemia miocárdica e faz com que surjam focos de fibrose intersticial. → Na fase compensada, o paciente pode ser assintomático, embora o risco de morte súbita seja aumentado. → Quando ocorre dilatação ventricular, surgem manifestações de insuficiência cardíaca congestiva (esquerda), e com essa aparecem congestão e edemas pulmonares, que se manifestam por tosse e dispneia. Quando mais grave aparecem hipoperfusão renal e encefálica. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 3 → Na insuficiência cardíaca direita, aparecem congestão sistêmica (hepatomegalia, por exemplo) e edema, inicialmente nos membros inferiores. 2) COMPREENDER AS CONSEQUÊNCIAS DA HIPERTENSÃO DESCONTROLADA → A hipertensão primária é tipicamente uma doença assintomática, quando os sintomas ocorrem, frequentemente estão relacionados aos efeitos da hipertensão ao longo prazo sobre outros sistemas de órgãos-alvo, como rins, coração, retina dos olhos e vasos sanguíneos. → Pacientes com hipertensão secundária também apresentam risco para os efeitos sobre esses órgãos-alvo, mas também podem apresentar manifestações clínicas relacionadas ao processo da doença primária causadora da hipertensão secundária. → O aumento da pressão intravascular pode lesionar as células endoteliais vasculares, o que aumenta o risco de desenvolvimento de doença vascular aterosclerótica. → A lesão dos órgãos-alvo afeta em particular os órgãos com estrutura altamente vascularizada ou que dependem fortemente de um suprimento de sangue adequado para a sua função apropriada, incluindo os órgãos já citados. → Portanto, a hipertensão é uma causa líder de cardiopatia e doença cerebral isquêmica, doença renal em estágio terminal e comprometimento visual ou cegueira por retinopatia. ➢ VASOS SANGUÍNEOS✓ A hipertensão é um fator de risco importante para a aterosclerose, porque promove e acelera a formação de placas e sua possível ruptura. Com isso, preestabelece a todos os principais distúrbios ateroscleróticos, incluindo cardiopatia coronariana, insuficiência cardíaca, acidente vascular encefálico e DAP. ➢ CORAÇÃO ✓ A elevação da PA aumenta a carga de trabalho do ventrículo esquerdo, por aumentar a pressão contra a qual o coração precisa bombear o sangue ejetado na circulação sistêmica, com o passar do tempo a parede do VE sofre remodelamento e hipertrofia para compensar o aumento do trabalho em decorrência da pressão. = desenvolvimento de cardiopatia coronariana, arritmias cardíacas, morte súbita e insuficiência cardíaca congestiva. ➢ RINS ✓ A hipertensão crônica leva à nefroesclerose, causa comum de doença renal crônica. Uma das formas mais significativas da HAS causar lesão renal é por hipoperfusão glomerular. Outro mecanismo inclui a disfunção endotelial decorrente da elevação da pressão glomerular. ➢ CÉREBRO ✓ A hipertensão, em particular a hipertensão sistólica, é um importante fator de risco para acidente vascular encefálico, e hemorragia intracerebral. O estreitamento e a esclerose das artérias penetrante de pequeno calibre nas regiões subcorticais do cérebro são achados comuns à necropsia de pessoas com hipertensão crônica. ➢ RETINA DOS OLHOS ✓ A retinopatia hipertensiva afeta a retina induzindo uma série de alterações microvasculares. O olho de um hipertenso inicialmente apresenta aumento do tônus vasomotor, que causa estreitamento arteriolar generalizado. Com a persistência da HAS, as alterações arterioscleróticas se agravam e incluem a hiperplasia da parede média, espessamento da intima e degeneração hialina. A longo prazo, essas alterações podem causar lacerações arteriovenosas mais graves e cegueira. 3) ENTENDER A IMPORTÂNCIA DA ADESÃO AO TRATAMENTO → O tratamento da hipertensão arterial pode levar à regressão da hipertrofia e à diminuição do risco de óbito por complicações cardíacas. APG – SOI III Emilly Lorena Queiroz Amaral – Medicina/3º Período 4 → Adicionalmente, resultados experimentais indicam que mesmo a fibrose pode ter redução com a utilização de alguns medicamentos anti-hipertensivos. → O tratamento clínico da hipertensão primária enfoca a redução dos efeitos dos fatores modificáveis, por meio de alterações no estilo de vida e no comportamento, e da instituição de terapia medicamentosa. O tratamento clínico da hipertensão secundária é direcionado à doença primária. → A HA não controlada leva a um aumento da progressão da aterosclerose em várias partes do corpo. → No coração leva à hipertrofia ventricular, doença arterial coronariana (DAC) e insuficiência cardíaca congestiva (ICC). → No sistema nervoso central é responsável por causar acidente vascular encefálico (AVE). → Nos rins, provoca nefroesclerose e insuficiência renal crônica. REFERÊNCIAS • NORRIS, Tommie L. Porth - Fisiopatologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. • FILHO, Geraldo B. Bogliolo – Patologia. 10. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2021. • ZELLER, Carlos Borelli et al. Hipertensão arterial e órgão-alvo: a importância do tratamento. Revista Brasileira de Hipertensão, v. 14, n. 1, p. 60-62, 2007.
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