Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Anne Karolyne Morato – P3 Tutoria Conhecer os tipos de diarreia, suas causas, fatores de risco e sintomatologia: → A diarreia é definida como a eliminação súbita de fezes amolecidas ou liquidas nas ultimas 24hrs, com ocorrência de 3 ou mais evacuações. Sendo, portanto, a diminuição da consistência habitual das fezes um dos parâmetros mais considerados. → De acordo com a OMS, a doença diarreica pode ser dividida em diarreia aguda, persistente ou crônica. Fisiopatologia: → A diarreia ocorre quando há desequilíbrio entre absorção e secreção de fluidos pelo intestino devido a uma enterotoxina ou lesão que acarrete uma diminuição da absorção, mediada por agressão direta pelo micro-organismo ou citotoxina. Podemos classificar as diarreias pelo seu mecanismo fisiopatológico: → Osmótica: Presença de solutos osmoticamente ativos que não são absorvíveis pelo intestino, o que causa um acúmulo de líquidos e diarreia. • Exemplo: uso de antibióticos... → Secretória: Há distúrbio no transporte hidroeletrolíticos na mucosa intestinal, geralmente causado por uma toxina, droga ou patologias intestinais e sistêmicas. • Exemplo: doença celíaca, venenos, salmonela, cólera... → Inflamatória: Alteração na absorção da mucosa por alteração inflamatória, que lesiona e leva a more dos enterócitos, e não consegue absorver ou transportar açucares, aminoácidos ou eletrólitos, ocorre a diarreia. • Exemplo: colites, tuberculose, doença inflamatória intestinal. → Esteatorreia: Quadros em que há uma disabsorção de lipídios secundaria a má absorção ou má digestão. • Exemplos: insuficiência exócrina do pâncreas, isquemia mesentérica. → Funcional: A hipermotilidade intestinal está associada a outros mecanismos de diarreia, mas como uma causa primária não é comum e é um diagnóstico de exclusão. As diarreias agudas estão mais associadas a gastroenterites virais, bacterianas ou parasitarias. Já as diarreias crônicas, estão mais associadas a parasitoses não tratadas. Mt1 – desidratação Anne Karolyne Morato – P3 • Doença inflamatória intestinal, intolerâncias alimentares a lactose ou glúten, por exemplo. Tipos: → Diarreia aguda: Caracterizada por sua ocorrência de até 14 dias com quadro autolimitado. Normalmente ocorre devido a infecções por vírus e bactérias. Pode levar a desnutrição e desidratação. → Diarreia aguda aquosa: Pode durar até 14 dias e determina perda de grande volume de fluido. Pode causar desidratação. Pode ser causada por bactérias e vírus, na maioria dos casos. A desnutrição eventualmente pode ocorrer se a alimentação não é fornecida de forma adequada e se episódios sucessivos acontecem. → Diarreia aguda com sangue (desinteria): Caracterizada pela presença de sangue nas fezes. Representa lesão na mucosa intestinal. Pode associar-se com infecção sistêmica e outras complicações, incluindo a desidratação. Bactérias do gênero Shigella são as principais causadoras de disenteria. → Diarreia persistente: Quando a diarreia aguda se estende por 14 dias ou mais. Pode desenvolver complicações como desnutrição, desidratação e óbito. → Diarreia crônica: Não é autolimitada. Possui causas intestinais (anorexia, vômitos, perda de peso, dor e distensão abdominal, entre outras.) e extra intestinais (febre, artralgia, rash cutâneo, vasculites, entre outros.). Se estende por 30 dias ou pela frequência de 3 ou mais episódios de curta duração com intervalo inferior a 2 meses. Caracterizada pela consistência diminuída das fezes, consequente ao maior conteúdo de água fecal, associado ou não a síndrome de má absorção. Etiologia/Causas: → Diarreia aguda: Pode ter causa infecciosa e não infecciosa. Mundialmente, as causas infecciosas apresentam uma maior prevalência e impacto na saúde das crianças, principalmente de 5 anos. Vírus; • Rotavírus, norovirus, adenovírus. Bactérias; • Salmonella, shigella, escherchia coli, yersínia, campylobacter. Parasitos: • Etamoeba histolytica, Giardia. Fungos: Anne Karolyne Morato – P3 • Cândida albicans. Pacientes imunocomprometidos ou em antibioticoterapia prolongada, podem ter diarreia causada por: • Klebsiella, Pseudomonas, Aerobacter, C. difficile, Cryptosporidium, Isosopora, VIH, e outros agentes. Eventualmente outras causas podem iniciar o quadro: • Alergia ao leite de vaca; • Deficiência de lactase; • Apendicite aguda; • Uso de laxantes e antibióticos; • Intoxicação por metais pesados. → Diarreia Crônica: Anormalidades congênitas; Doenças imunológicas; Doenças pancreáticas; • Pancreatite crônica, fibrose cística... Doenças do intestino delgado; • Doença celíaca, desnutrição proteico-energética, alergia alimentar múltipla... Doenças inflamatórias dos intestinos delgado e grosso; Lesões anatômicas; • Síndrome do intestino curto, linfoma... Enteroparasitoses; • Giárdia lamblia, strongyloides stercoralis, entamoeba histolytica, schistosoma mansoni... Doenças hepáticas; • Icterícia obstrutivas, hepatites crônicas... Toxicas; • Quimioterapia, drogas, enterite por radiação. Lesões vasculares; • Isquemia intestinal, enterocolite necrosante... Endocrinopatias; • Hipertireoidismo, diabete melito, hipoparatireoidismo, insuficiência supra-renal. Tumores secretadores de hormônios; • VIPomas, tumores carcinóides, gastrinoma. Síndrome do intestino irritável; Enterocolite pseudomembranosa. • C. difficile. Fatores de risco: Contato com pessoas com diarreia infecciosa; Viver em condições de higiene precária; Perda precoce do leite materno, pois o aleitamento materno diminui a frequência de episódios de diarreia na vida da criança e também está associado com evoluções menos grave e menor necessidade de hospitalização; Crianças não vacinadas contra Rotavírus; Alimentos ou circunstancias alimentares incomuns • Exemplo: frutos do mar, lanchonetes. Anne Karolyne Morato – P3 Uso de drogas intravenosas; Uso recente de antibióticos; Ingestão de água e alimentos contaminados com fezes humanas ou animais; Viajar para países que não tenham bom saneamento de água; Consumo exacerbado de cafeína; Consumo exacerbado de álcool; Tabagismo. Renda familiar; Características de saneamento básico. Sintomatologia: → Presença de fezes liquidas na evacuação; → Dores abdominais; → Cólicas abdominais; → Vontade constante de ir ao banheiro; → Febre; → Sangue nas fezes; → Inchaço; → Náusea. Conhecer os graus de desidratação, suas causas, fatores de risco e sintomatologia: → A desidratação ocorre quando há uma perda significativa de água do corpo, bem como a perda de quantidades variadas de eletrólitos. → A desidratação grave é potencialmente fatal. → O tratamento consiste de hidratação e eletrólitos administrados por via oral, ou em casos graves, pela veia (via intravenosa). → A desidratação ocorre quando o corpo perde mais água do que ingere. → Ocorre também a perda de substancias denominadas eletrólitos. Os eletrólitos são minerais presentes na corrente sanguínea e dentro das células, que são essenciais a vida. Sódio, potássio, cloreto e bicarbonato são exemplos de eletrólitos. Graus: Causas: → A desidratação costuma ser causada por: Perda excessiva de liquido, por exemplo, decorrente de vômitos e/ou diarreia. → Uma causa menos comum da desidratação é: Anne Karolyne Morato – P3 Não beber liquido suficiente, como durante doenças infantis comuns, ou quando o recém-nascido tem dificuldade para amamentar. → Contudo, nem todo episódio de vomito ou diarreia, ou ambos, causa a desidratação. Sintomatologia:→ Sede; → Hipoatividade; → Lábios/boca seca; → Redução do volume urinário. → O bebe desidratado precisa receber cuidados médicos imediatamente se: A moleira estiver afundada; Os olhos ficarem afundados; Não houver lagrimas ao chorar; A boca esta seca; O volume urinário está baixo; O bebe esta menos alerta e menos ativo (letárgico). → Desidratação leve: Costuma causar boca e lábios secos e aumentar a sede, e crianças podem urinar com menor frequência. → Desidratação moderada: Faz com que a criança brinque ou interaja menos, tenha boca seca e urine com menos frequência. → Desidratação grave: Pode causar frequência cardíaca acelerada e tontura. Faz com que a criança fique sonolenta ou letárgica, sendo esse um sinal de que ela precisa ser examinada pelo medico ou levada para o pronto socorro imediatamente. Não há lagrimas, é possível que a pele da criança esteja azulada (cianose) e ela respire rapidamente (taquipneia). Nos casos graves, a criança pode chegar a ter convulsões, coma, danos cerebrais e até morte. Conhecer os planos do Ministério da Saúde para manejo do paciente com diarreia : Plano A: → SEM DESIDRATAÇÃO – tratar a diarreia em casa. → Recomendar a mãe ou o acompanhante sobre as 3 regras do tratamento domiciliar: → Dar líquidos adicionais: Amamentar com frequência e por tempo mais longo a cada vez Importante dar solução de SRO • Principalmente quando durante a visita a criança recebeu o tratamento B ou C, ou quando ela não puder retornar ao serviço de saúde se a diarreia piorar. Dar líquidos caseiros (caldos, soros caseiros...) ou água potável. Anne Karolyne Morato – P3 → Mostrar a mãe a quantidade de líquidos adicionais a dar em casa, além dos líquidos dados habitualmente: Até 1 ano 50 a 100 ml, depois de cada evacuação aquosa. 1 ano ou mais 100 a 200 ml, depois de cada evacuação aquosa. → Administrar, frequentemente, pequenos goles de líquidos de uma xícara ou colher. Caso a criança vomite, aguardar dez minutos e depois continuar, porém mais lentamente. → Continuar a dar líquidos adicionais até a diarreia parar. → Continuar a alimentar: A alimentação habitual deve continuar sendo oferecida. Se a criança estiver sendo amamentada exclusivamente no peito, aumentar frequência da oferta do leite materno, pois a criança doente se cansa mais e precisa ser amamentada mais vezes. Se a criança já estiver recebendo a alimentação da família, usar comidas de sua preferência e de consistência pastosa (purês/papas de frutas ou salgadas, mingaus de cereais ou farinhas), que são de mais fácil aceitação, variadas e apetitosas, para encoraja-lo a comer tanto quanto possível. O leite materno deve continuar sendo oferecido, se a criança ainda o recebe. → Quando retornar: Você aprendeu os sinais pelos quais uma mãe deve retornar imediatamente para trazer seu filho ao profissional da saúde, diga a mãe de qualquer criança doente que os sinais quais ela deve retornar são: • Não consegue beber nem mamar no peito; • Piora do estado geral; • Aparecimento ou piora da febre. Caso a criança tenha diarreia, diga a mãe também que retorne se a criança tiver: • Sangue nas fezes • não consegue beber nem mamar no peito/ bebe ou mama com dificuldade. Plano B: → DESIDRATAÇÃO – tratar a desidratação com solução de SRO. → Continuar a dar líquidos adicionais até a diarreia parar. → Durante um período de quatro horas, administrar, no serviço de saúde, a quantidade recomendada de solução de SRO. → Determinar a quantidade de solução de SRO a ser administrada durante as primeiras 4 horas. IDADE PESO (kg) SRO (ml) Até 4 meses < 6 200 - 400 4 – 11 meses 6 a < 10 400 - 700 12 meses – 2 anos 10 a < 12 700 - 900 2 – 5 anos 12 a 19 900 – 1400 Anne Karolyne Morato – P3 → Somente utilizar a idade da criança quando desconhecer o seu peso. A quantidade aproximada de solução de SRO necessária (em ml) também pode ser calculada multiplicando-se o peso da criança (em kg) por 75. Se a criança quiser mais solução de SRO do que a quantidade citada, dar mais. → MONSTRAR PARA A MÃE COMO ADMINISTRAR A SOLUÇÃO DE SRO. Dar, com frequência, pequenos goles de líquidos usando copo ou colher. Se a criança vomitar, aguardar dez minutos e depois continuar, porém mais lentamente. Caso persistam os vômitos, use ondansetrona. Em crianças de 6 meses a 2 anos, dar 2 mg sublingual; acima de 6 meses, dar 4 mg. Continuar a amamentar no peito sempre que a criança o desejar. → APÓS QUATRO HORAS: Reavaliar a criança e classificá-la quanto à desidratação. Selecionar o plano apropriado para continuar o tratamento. Se possível, começar a alimentar a criança no serviço de saúde. → SE, EM SITUAÇÕES EXCEPCIONAIS, A MÃE PRECISAR IR PARA CASA ANTES DE TERMINAR O TRATAMENTO: Orientar o modo de preparar a solução de SRO em casa. Orientar sobre a quantidade de solução de SRO a ser administrada até completar o tratamento em casa. Entregar uma quantidade de pacotes de solução de SRO suficiente para completar a reidratação. Entregar, também, um pacote adicional, tal como recomendado no Plano A. Explicar as três regras do tratamento domiciliar: • Dar líquidos adicionais; • Continuar a alimentar; • Quando retornar. Plano C: → DESIDRATAÇÃO GRAVE – tratar rapidamente a desidratação grave → As crianças gravemente desidratadas necessitam repor água e sais minerais rapidamente. → Geralmente, administram-se líquidos por via intravenosa (IV) com este fim. O tratamento de reidratação mediante líquidos por via IV, ou usando uma sonda nasogástrica, é recomendado apenas para as crianças com desidratação grave. → O tratamento das crianças com desidratação grave depende: Do tipo de equipamento disponível na sua unidade de saúde, no centro de saúde ou no hospital próximo. Da capacitação que você está recebendo. Se a criança é capaz de beber. Anne Karolyne Morato – P3
Compartilhar