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Anne Karolyne Morato – P3 Tutoria Compreender o TDAH: Definição: → O Transtorno de déficit de atenção com hiperatividade (TDAH) é uma síndrome neurocomportamental que se caracteriza pela presença persistente de: Desatenção, hiperatividade e impulsividade. → É o transtorno do neurodesenvolvimento mais frequente na infância, constituindo uma das principais causas que levam crianças escolares a uma consulta neuropediatria. → DDA – distúrbio do déficit de atenção. Neurobiologia: → O transtorno é “causado” por um conjunto de aspectos biológicos, genéticos e cerebrais. Assim, os dados que fundamentam esta ideia vêm das pesquisas neurologias, a partir de tecnologias de imagem cerebral e estudos de biologia molecular. Com os resultados destes estudos foi possível demonstrar que o diagnóstico do TDAH é real, porque é visível biologicamente uma condição maligna. → A teoria cientifica atual defende que no TDAH existe uma disfunção da neurotransmissão dopaminérgica na área frontal (pré-frontal, frontal motora, giro cíngulo); regiões subcorticais (estriado, tálamo mediodorsal) e a região límbica cerebral (núcleo acumbens, amigdala e hipocampo). Alguns trabalhos indicam uma evidente alteração destas regiões cerebrais resultando na impulsividade do paciente. Além disso, pesquisas recentes apontam que também ocorre a participação de sistemas noradrenérgicos nos indivíduos com TDAH. → Especificamente, as insuficiências nos circuitos do córtex pré-frontal e amígdala, a partir da neurotransmissão das catecolaminas, resultam nos sintomas de esquecimento, distratibilidade, impulsividade e desorganização. → Nos estudos utilizando imagens de ressonância magnética (MRI), demonstrou-se a diminuição de atividade neural na região frontal, córtex cingular anterior e nos gânglios da base de pacientes com TDAH. Mt2 – TDAH Anne Karolyne Morato – P3 → A primeira região do cérebro afetada é o Sistema Atencional Anterior (região frontal – córtex pré-frontal, cingulado anterior – gânglios da base e corpo estriado), dependentes da dopamina. → A segunda região alterada é o Sistema Atencional Posterior (tálamo e lobo parietal), cujo neurotransmissor relevante é a norepinefrina. → Os neurotransmissores dopamina e norepinefrina exercem funções importantes na atenção e concentração, além de funções cognitivas como motivação, interesse e aprendizado de tarefas. → As vias noradrenérgicas pré-frontais são conhecidas pela função de manutenção do foco atentivo e também da motivação/interesse. → A via de projeção dopaminérgica mesocrotical atua em funções cognitivas como a fluência verbal, aprendizado, vigilância durante funções executivas e manutenção da atenção e concentração. → Embora a dopamina e norepinefrina sejam os principais neurotransmissores estudados na fisiopatologia do TDAH, outras vias estão envolvidas na disfunção inerente ao transtorno, como aquelas da serotonina e acetilcolina, opioides e glutamato, levando a prejuízos na função executiva, memoria operativa, regulação emocional e processamento de recompensas. → O estudo da fisiopatologia do TDAH auxilia na determinação dos fármacos que podem auxiliar no transtorno, os quais atuam aumentando a produção dos neurotransmissores envolvidos, inibindo as enzimas que os degradam ou exercendo o papel de agonistas nos receptores dos neurotransmissores implicados. Tipos: → O DSM-IV divide o TDAH em 3 tipos: TDAH com predomínio de sintomas de desatenção; • Quando os critérios de desatenção são preenchidos, sem preencher os de hiperatividade/impulsividade. TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade; • Quando os critérios de hiperatividade/impulsividade são preenchidos sem preencher os de desatenção. TDAH combinado. • Quando preenche os critérios para desatenção e hiperatividade/impulsividade. Anne Karolyne Morato – P3 → O tipo com predomínio de sintomas de desatenção é mais frequente no sexo feminino e parece apresentar, conjuntamente com o tipo combinado, uma taxa mais elevada de prejuízo acadêmico. → As crianças com TDAH com predomínio de sintomas de hiperatividade/impulsividade são, por outro lado, mais agressivas e impulsivas do que aquelas com os outros dois tipos e tendem a apresentar altas taxas de impopularidade e rejeição pelos colegas. → O tipo combinado apresenta um maior prejuízo no funcionamento global quando comparado aos outros dois tipos. Graus: → Leve: Quando apresenta poucos ou nenhum sintoma além dos necessários para o diagnostico e tenha apenas pequenos prejuízos no âmbito social ou acadêmico/profissional. → Moderado: Quando os sintomas não se encaixam nem em leve e nem em grave. → Grave: Quando apresenta muitos sintomas além dos necessários para o diagnostico ou apresenta sintomas graves, que resulte em grande prejuízo nas relações sociais ou na função acadêmica/profissional. Quadro clínico: → Caracterizado por sintomas de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que podem ocorrer em combinação ou isoladamente. → Os primeiros sinais podem já ser detectados na fase pré-escolar, como agitação importante, acidentes repetidos, dificuldade em permanecer atento a atividades mesmo por períodos curtos. → Na idade escolar, os sintomas de desatenção manifestam-se principalmente como “sonhar acordado”, distratibilidade e dificuldade em manter o foco atencional em uma tarefa. Sintomas de hiperatividade e impulsividade manifestam-se como inquietude, parecer estar “a mil” ou “a todo vapor”, fala excessiva, dificuldade de esperar a vez, respostas precipitadas, entre outros. → Na adolescência e na idade adulta, as dificuldades atencionais podem permanecer e os prejuízos na organização e no planejamento progressivamente tornam-se proeminentes, refletidos, por exemplo, em dificuldade de executar tarefas seguindo prazos, procrastinação, atrasos frequentes, desorganização e esquecimento de pertences. A hiperatividade pode ser expressa por dificuldade de relaxar e uma sensação incomoda de inquietude. Dificuldade de aguardar a vez e de controle de impulsos revelam-se em situações como filas, trânsito, discussões com familiares Anne Karolyne Morato – P3 ou colegas de trabalho e, eventualmente, no comportamento alimentar compulsivo e no uso de substancias. → A apresentação dos sintomas e prejuízos associados ao transtorno variam de acordo com a etapa de desenvolvimento do indivíduo. → Os sintomas de hiperatividade e impulsividade tendem a ser mais evidentes nas fases precoces do desenvolvimento, enquanto a desatenção torna-se mais evidentes na fase escolar e tende a permanecer mais estável ao longo do tempo, eventualmente piorando em períodos de maior demanda cognitiva. Conhecer o diagnóstico e tratamento do TDAH: Diagnostico: → O diagnóstico é fundamentalmente clinico e considera os critérios diagnósticos explicitados na 5ª edição do DSM-V (Manual Diagnostico e Estatístico dos Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria). → O diagnostico será fortalecido se o paciente apresentar pelo menos 6 dos 9 critérios relativos à desatenção e/ou no mínimo 6 dos 9 critérios relativos à hiperatividade. → Ademais, o diagnostico só deve ser definido se os sintomas estiverem presentes há no mínimo 6 meses, em um grau que seja inconsistente com o nível de desenvolvimento e que tenha impacto negativo diretamente nas atividades sociais e acadêmicas/profissionais: OBS: para indivíduos com mais de 17 anos, pelo menos 5 sintomas são necessários. Anne Karolyne Morato – P3 Exames complementares: → Eletroencefalograma (EEG); → Exames de neuroimagem como –tomografia computadorizada ou ressonância magnética do crânio, tomografia computadorizada com emissão de fótons únicos (SPECT); → Ensaios laboratoriais ou testes genéticos (não necessariamente integram a investigação diagnostica do paciente suspeito de TDAH). → O diagnostico do TDAH é eminentemente clinico e não exige exames laboratoriais ou de imagem. Tratamento: → O TDAH deve ser entendido como um transtorno crônico que não possui terapia curativa. Desse modo, o objetivo do tratamento é modificar o comportamento e reorganizar o indivíduo, a fim de promover um desempenho funcional satisfatório em todos os ambientes. → O tratamento é multiprofissional e multifatorial, e deve englobar: Orientação aos pais e paciente. • : Os responsáveis devem ser esclarecidos quanto ao transtorno, a fim de poderem ajudar seus filhos, proporcionando modificações do meio, estímulo às modificações de comportamento e desenvolvimento de habilidades diversas. Participação da escola. • O TDAH não é um transtorno específico do aprendizado, mas seus principais sintomas têm um grande impacto no rendimento acadêmico e profissional. O ajustamento acadêmico é essencial. Atendimento psicoterápico. • A terapia cognitivo- comportamental é pilar essencial do tratamento, pois atua na modificação do comportamento do indivíduo, na identificação das dificuldades pessoais e no desenvolvimento de habilidades acadêmicas e sociais. → Terapia medicamentosa: O tratamento de primeira linha consiste nos fármacos psicoestimulantes, que podem ser prescritos a partir de 6 anos de idade. Eles diminuem a recaptação pré- sináptica das catecolaminas, elevando seus níveis na fenda sináptica. Desse modo, diminuem a impulsividade e a atividade motora, melhorando a memória recente e o desempenho acadêmico e social e propiciando melhores condições para as intervenções terapêuticas. Anne Karolyne Morato – P3 → Para crianças em idade pré-escolar com sintomas leves ou prejuízo funcional restrito a um ambiente, é recomendada como primeira linha, por diversas diretrizes clinicas de tratamento, a terapia comportamental dirigida aos pais (treinamento parental) e/ou professores, seguida da prescrição de estimulante caso as intervenções comportamentais não produzam melhora e os sintomas continuem a causar prejuízo funcional. Quando o tratamento comportamental não estiver disponível, devem ser pesados os riscos e os benefícios de se iniciar o tratamento medicamentoso nessa idade, considerando a importância do diagnóstico e tratamento do TDAH precocemente. → Para crianças em idade escolar (6-11 anos) e adolescentes (12-18 anos), recomenda- se tratamento medicamentosos e/ou tratamento comportamental, preferencialmente as duas opções em combinação, sobretudo na presença de múltiplas comorbidades. → Os medicamentos de primeira escolha para o tratamento do TDAH são os estimulantes, bastante estudados e já utilizados há várias décadas. → Os estimulantes são medicações estruturalmente semelhantes as catecolaminas e potencializam a transmissão dopaminérgica e noradrenergica. → As medicações estimulantes disponíveis no Brasil são o metilfenidato e a lisdexanfetamina, cuja eficácia já foi demonstrada em inúmeros ensaios clínicos e metanálises. Os efeitos adversos mais comuns são a redução do apetite, alterações do sono, dor abdominal, cefaleia e alterações de humor. → Como alternativa aos medicamentos estimulantes, medicamentos não estimulantes também podem ser utilizados no tratamento do TDAH. Sendo eles: antidepressivos tricíclicos (ex.: imipramina), antomoxetina, bupripiona, guanfacina e clonidina. Porém com efeito menos pronunciado que medicamentos estimulantes, sendo a antomoxetina com eficácia superior as outras opções. Anne Karolyne Morato – P3 Conhecer outros transtornos de conduta e aprendizagem relacionados ao TDAH: → É muito comum que o TDAH esteja associado a outros distúrbios. Crianças com TDAH podem apresentar transtornos de conduta, de aprendizagem, depressão e ansiedade. Transtorno opositor desafiante (TOD): → Em algum momento, toda criança vai resistir, fazer birra ou ser agressiva. Transtorno de conduta: → Pode se manifestar como um padrão comportamental de agressão e violações graves de regras e normas sociais em casa, na escola ou em outros ambientes. → É um dos transtornos psiquiátricos mais frequentes na infância e um dos maiores motivos de encaminhamento ao psiquiatra infantil. → É mais frequente no sexo masculino. → De acordo com o DSM-IV, o transtorno de conduta é um padrão repetitivo e persistente de comportamento no qual são violados os direitos básicos dos outros ou normas ou regras sociais importantes apropriados a idade. → Na base do transtorno da conduta está a tendência permanente para apresentar comportamentos que incomodam e perturbam, além do envolvimento em atividades perigosas e até mesmo ilegais. Esses jovens não aparentam sofrimento psíquico ou constrangimento com as próprias atitudes e não se importam em ferir os sentimentos das pessoas ou desrespeitar seus direitos. Portanto, seu comportamento apresenta maior impacto nos outros do que em si mesmo. Os comportamentos anti-sociais tendem a persistir, parecendo faltar a capacidade de aprender com as consequências negativas dos próprios atos. → O quadro clínico do transtorno da conduta é caracterizado por comportamento anti-social persistente com violação de normas sociais ou direitos individuais. → O transtorno da conduta está freqüentemente associado a TDAH (43% dos casos) e a transtornos das emoções (ansiedade, depressão, obsessão-compulsão; 33% dos casos). A comorbidade com o TDAH é mais comum na infância, envolvendo principalmente os meninos, enquanto a comorbidade com ansiedade e depressão é mais comum na adolescência, envolvendo principalmente as meninas após a puberdade. Transtorno de aprendizagem: → Tem uma clara dificuldade em uma ou mais áreas do conhecimento, mesmo quando sua inteligência não é afetada. Anne Karolyne Morato – P3 → Transtornos, dificuldades ou problemas de aprendizagem são desordens que dificultam o ritmo de aprendizado de uma pessoa. Esses problemas podem ser detectados a partir dos cinco anos de idade e necessitam de acompanhamento de psicopedagogos, psicólogos e, em alguns casos, fonoaudiólogos. Existem tratamentos que diminuem o grau dos transtornos de aprendizagem ao longo dos anos. → Importante ressaltar que as crianças podem apresentar certas dificuldades de aprendizagem, que podem estar relacionadas a outros fatores, como problemas na família, problemas de relacionamento com professores ou colegas, entre outros. Os transtornos de aprendizagem se configuram como uma desordem acentuada que interfere no modo de adquirir conhecimentos. Confira os tipos mais comuns de transtornos de aprendizagem: → Dislexia; A principal característica da dislexia é a dificuldade em ler e escrever. Pessoas com dislexia apresentam atrasos para o aprendizado da leitura e da fala, problemas para memorizar palavras, regras ortográficas e conceitos, dispersão e falta de atenção. A dislexia é um problema crônico, com origem no cérebro, coluna vertebral e nervos (neurobiológica). → Discalculia; Dificuldades para compreender e assimilar regras, conceitos e operações matemáticas. Portadores desse transtorno possuem sérios problemas em realizar operações que envolvam números, além da dificuldade em ler símbolos matemáticos, operar cálculos numéricos e realizar operações mentais e escritas. → Disgrafia. A disgrafia é um distúrbio que dificulta a percepção e capacidade escritados indivíduos, levando os portadores a frequentemente cometerem diferentes erros ortográficos. De acordo com especialistas, o transtorno pode estar relacionado a problemas psicomotores, levando as pessoas a apresentarem dificuldade em formar palavras, reconhecer e diferenciar maiúsculas e minúsculas, espaçamento das palavras, entre outras. Anne Karolyne Morato – P3
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