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HIPOCALCEMIA BOVINA A hipocalcemia é uma doença muito comum na vaca recém-parida. Embora, na maioria dos rebanhos leiteiros, a incidência de hipocalcemia clínica possa ser baixa (abaixo de 3%), a incidência de hipocalcemia subclínica é bastante alta, chegando muitas vezes a superar 50% das vacas recém-paridas! Como ocorre a hipocalcemia Como pode-se perceber na figura abaixo, há muito cálcio no organismo da vaca. O problema é que 99% do cálcio presente no organismo da vaca está nos ossos e nos dentes, ou seja, não estão prontamente mobilizáveis, de forma que não se pode contar de imediato com essa reserva. A estimativa é que, em uma vaca de 600 quilos, haja 8,5 quilos de cálcio, ou seja, uma quantidade muito mais do que suficiente para evitar qualquer quadro de hipocalcemia. O problema é que 99% não são prontamente mobilizáveis, sendo necessário contar com o 1% restante. Esse 1% restante tem uma parcela intracelular, que também não é de interesse imediato. Por outro lado, uma parcela chamada fração extracelular de cálcio, que é a concentração sérica de cálcio, tem uma proporção de 0,1%. Assim, em uma vaca de 600 quilos, a quantidade de cálcio prontamente utilizável para fazer frente a um quadro de hipocalcemia é tão somente de 3 gramas. Além disso, da concentração de cálcio sérico total, uma parte está ligada à proteína albumina, uma outra porção pequena está complexada com outras substâncias, e somente 50-55% é cálcio que de fato é utilizável para atender a demanda da vaca leiteira. Principais causas da febre do leite (hipocalcemia clínica) - Perda excessiva de cálcio pelo colostro (depleção aguda do cálcio sérico); - Diminuição da absorção intestinal de cálcio ao parto; - Resposta lenta ao hormônio PTH e à vitamina D3 após o parto – 24 horas para resposta intestinal e 48 horas para reabsorção óssea. Dinâmica do cálcio Com a remoção do colostro na vaca recém-parida, há uma imediata queda do cálcio plasmático. Isso leva a um aumento do PTH e da 1,25-dihidroxivitamina D3, forma ativa da vitamina D, levando a uma mobilização imediata de cálcio da matriz óssea. Isso ocorre nas vacas saudáveis. O problema é que a vaca recém-parida tem, muitas vezes, uma queda de consumo. Essa queda de consumo, aliada ao fato de que essa vaca talvez não tenha recebido dieta aniônica no pré-parto, tanto as concentrações de PTH quanto as de 1,25-dihidroxivitamina D3 são menores, mas não é so isso. O PTH, mesmo quando em concentrações adequadas, não consegue promover a reabsorção de cálcio da matriz óssea, surgindo, assim, o quadro de hipocalcemia. Hipocalcemia O quadro de hipocalcemia pode ser, portanto, subdividido em dois quadros: Se a vaca apresenta concentração de cálcio superior a 8 mg, a gente diz que a vaca é normocalcêmica. Se essa vaca apresenta concentração de cálcio entre 5 e 8 mg, a gente diz que essa vaca é hipocalcêmica, mas ainda no estágio subclínico. Se a concentração total de cálcio é inferior a 5 mg, podemos afirmar que a vaca apresenta hipocalcemia clínica ou febre do leite. Embora a concentração de cálcio no leite seja intermediária, ao redor de 1 grama, no colostro essa concentração é praticamente o dobro. Se uma vaca produz 10 litros de colostro, a quantidade de cálcio presente nesse colostro é oito vezes maior do que a quantidade de cálcio normalmente presente na circulação da vaca, que seria 3 gramas. Incidência de hipocalcemia A incidência de hipocalcemia é muito variável. Muitos autores, principalmente há 30 anos, relatavam somente a hipocalcemia clínica. Esse é um ponto importante, porque muitos produtores não dão importância à dietas aniônicas e estratégias para evitar a hipocalcemia, porque acreditam que não têm vacas com hipocalcemia, mas isso não é verdade. De fato, a proporção de vacas com febre do leite é baixa, mas vacas com algum grau de hipocalcemia é bastante alto, como pode-se perceber nos dados abaixo: Fatores de risco na incidência da hipocalcemia - Dieta: excesso dos cátions Na+ e K+; - Produção de leite (maior produção leva a maior risco); - Número de lactações: a incidência de hipocalcemia aumenta 9% por parto, já que o esqueleto em crescimento das novilhas é mais responsivo a PTH e possui mais receptores de 1,25-dihidroxivitamina D3 no intestino; - Raça: maior incidência na raça Jersey, por conta do colostro com mais cálcio e menos receptores de 1,25-dihidroxivitamina D3 no intestino. REFERÊNCIAS Abu D., Phillippo M.H., Milne J.S. & Dick L. 1994. Effects of dietary acidity on calcium balance and mobilization, bone morphology and dihydroxyvitamin D in prepartal dairy cows. Research of Veterinary Science.
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