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O Uso da Fisioterapia Dermato Funcional em Pacientes Queimados – Revisão Bibliográfica

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Revista de Saúde Dom Alberto, v. 1, n. 2, jul./dez. 2013 
 
Página 89 
O USO DA FISIOTERAPIA DERMATO–FUNCIONAL EM PACIENTES QUEIMADOS – REVISÃO 
BIBLIOGRÁFICA 
 
Renata Bernardy Prestes 1 
________________________________________________ 
RESUMO 
As queimaduras são acidentes extremamente comuns, podendo se inferir que todos os indivíduos sofreram ou 
sofrerão uma queimadura em alguma ocasião da vida. Felizmente boa parte dessas queimaduras não são 
graves apresentando apenas algum desconforto por um pequeno período. Este trabalho teve como objetivo 
demonstrar através de revisão bibliográfica que a fisioterapia pode auxiliar na melhora das seqüelas de 
pacientes queimados, para isso foi realizado uma revisão bibliográfica, foram pesquisados em livros e artigos 
científicos da área da Fisioterapia nos últimos 5 anos com enfoque em dermato-funcional, em base de dados 
da Pubmed, Medline, Scielo e revistas internacionais sobre a temática da queimadura e tratamento 
fisioterápico ou fisioterapeutico. Os resultados obtidos para o tratamentofisioterápico são contingentes com o 
prognóstico. Isso significa que quanto mais cedo houver intervenções, maiores serão as chances do paciente 
não ficar com sequelas. Durante a realização deste artigo, no decorrer das revisões, foi percebido que os 
recursos utilizados são bem distintos, o que faltava especificamente era organizá-los de acordo com sua 
aplicabilidade com a cronologia da lesão. 
 
Palavras–chave: Fisioterapia Dermato-funcional. queimaduras. Sequelas. 
 
ABSTRACT 
Burns are extremely common accidents can be inferred that all individuals have suffered or will suffer a burn at 
some time in life. Fortunately most of these burns are not severe with only some discomfort for a short period . 
This study aimed to demonstrate through literature review that physiotherapy can help in the improvement of 
the sequels of burn patients to a literature review that was conducted , were researched in books and scientific 
articles in the field of physical therapy in the past 5 years with a focus on dermatology functional - in database 
of Pubmed , Medline , SciELO and international journals on the subject of burning and physical therapy or 
physiotherapy treatment. The results for physiotherapy treatment are contingent prognosis. This means that 
the sooner there is intervention, the greater the chances the patient does not stay with sequels . During the 
completion of this article, in the course of the review, it was realized that the resources used are very different, 
what was missing was specifically arrange them according to their applicability to the chronology of the lesion. 
 
Keywords: Dermato-functional physiotherapy. Burns. Sequels. 
 
 
INTRODUÇÃO 
As queimaduras são acidentes extremamente comuns, podendo se inferir que todos 
os indivíduos sofreram ou sofrerão uma queimadura em alguma ocasião da vida. Felizmente 
 
1
Fisioterapeuta Especialista em Fisioterapia Dermato Funcional. 
 
 
 Revista de Saúde Dom Alberto, v. 1, n. 2, jul./dez. 2013 
 
Página 90 
boa parte dessas queimaduras não são graves, apresentando apenas algum desconforto por 
um pequeno período. 
A maior incidência é no sexo masculino, podendo ocorrer em qualquer faixa etária, 
ocupação e situação econômica do paciente. Crianças de até seis anos são vitimas 
freqüentes de escaldamentos (líquidos quentes) e queimaduras por combustão, 
constituindo 60% dos casos de acidentes domésticos. Queimaduras por escaldamento 
também são comuns em idosos devido à menor capacidade de reação e limitações físicas 
(GUIRRO;GUIRRO, 2002). 
 As mulheres constituem 91% dos casos de tentativa de auto-extermínio com 
utilização de fogo. Queimaduras químicas são produzidas por diversas substancias, e são 
capazes de causar dano cutâneo ou no trato respiratório, seja por contato direto ou por 
inalação, esses pacientes compõem uma pequena porcentagem dos atendimentos em 
centros de queimados. As queimaduras elétricas embora de incidência pequena (5 a 10%), 
correspondem a um dos tipos mais agressivos de lesão térmica e, geralmente, são vitimas de 
acidente de trabalho (GUIRRO;GUIRRO, 2002). 
O tratamento das sequelas cicatriciais do tipo hipertróficas (explique ou defina) e 
retráteis(explique ou defina), baseiam-se na associação de programa de reabilitação ao uso 
de vestes compressivas, massoterapia e eletroterapia (BORGES, 2006). 
A intervenção fisioterapêutica exerce um papel primordialmente preventivo, quando 
iniciada precocemente. Caso contrário, o paciente poderá desenvolver sequelas, 
principalmente pela imobilização prolongada ou pela posição antálgica que permanece. 
Quanto mais precoce for iniciada a fisioterapia, melhores serão os resultados advindos desta 
intervenção (FERREIRA, 2003). 
A área dermatológica estuda o paciente queimado, trás ao fisioterapeuta um grande 
desafio, o enfrentamento da proposta de tratamento para amenizar as seqüelas instaladas e 
minimizar o desenvolvimento de novas, por serem na maioria das vezes crônicas e de 
caráter individual. Em sendo uma área pouco abordada em pesquisas, percebe-se então a 
 
 
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necessidade de maiores estudos frente ao problema de saúde pública, para que, desta 
forma, se possa proceder a eleição de condutas, métodos e técnicas adequados, a partir da 
avaliação funcional suportada nos exames complementares e na visão da equipe 
multiprofissional que assiste ao paciente queimado. 
Com a necessidade de se promover uma melhor qualidade de vida aos indivíduos com 
seqüelas de queimadura optou-se por realizar uma revisão bibliográfica sobre o assunto, 
analisando as evidências a partir de artigos científicos e literários na área de Fisioterapia 
Dermatofuncional, referentes a pacientes queimados, identificando principais recursos 
cinesioterápicos e eletroterápicos que influenciam na melhora das seqüelas destes pacientes 
queimados. Ainda verificando as propostas fisioterapêuticas que auxiliam na melhora das 
seqüelas dos pacientes queimados, de grande interesse para as pesquisadoras. 
 Para entendermos um processo de queimadura e de tratamento através da 
fisioterapia e suas especialidades ou recursos físicos, temos que compreender a formação da 
estruturação da pele. 
 A pele é o maior órgão do corpo, compreendendo aproximadamente 15% do peso 
corporal. Anatomicamente, a pele consiste de duas camadas distintas de tecido: a 
EPIDERME, que é uma camada mais externa exposta ao meio ambiente, e a camada mais 
profunda denominada DERME. Embora não seja parte da pele propriamente dita, uma 
terceira camada envolvida ao se considerar a anatomia da pele é a camada subcutânea de 
células adiposas que fica sob a derme e acima das camadas de fáscia muscular. A epiderme é 
avascular, mas porém desempenha funções vitais. O extrato córneo dá a pele sua 
característica impermeável e tem o papel de proteger contra infecção. O estrato granuloso é 
a camada responsável pela retenção de água e pela regulação térmica. O estrato espinhoso 
acrescenta uma camada de proteção à camada subjacente do estrato basal. As células na 
camada basal possibilitam a epiderme se regenerar. Essas camadas também contém 
melanócitos, o que determina a coloração da epiderme (O'SULLIVAN, 2004). 
 A derme é considerada a “verdadeira pele”, pois contém vasos sangüíneos, linfáticos, 
nervos, colágeno e fibras elásticas. Também engloba os anexos da epiderme (glândulas 
sudoríparas e sebáceas e folículos pilosos), proporcionando uma fonte profunda de células 
 
 
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epidermais. A derme é 20 a 30 vezes maisespessa do que a epiderme. É feita primariamente 
de colágeno entrelaçado e fibras elásticas, o que proporciona á pele sua força tensiva e 
elasticidade para resistência a deformação. A orientação predominantemente paralela do 
colágeno normal na derme é diferente dos arranjos circulares de colágenos visto 
tipicamente no tecido cicatricial que resulta de uma queimadura. A localização hierárquica 
dos nervos na pele é uma consideração importante para determinar a profundidade das 
lesões térmicas (O'SULLIVAN, 2004). 
 A pele é importante na regulação da temperatura através da excreção de suor e 
eletrólitos, secreção de óleos que lubrificam a pele, síntese de vitamina D, sensibilidade, 
aparência estética, identidade. Como resultado de uma lesão por queimadura, alguma ou 
todas essas funções podem ser comprometidas ou perdidas, e os mecanismos de defesa do 
paciente estarão assim comprometidos (O'SULLIVAN, 2004).
 
 As queimaduras são lesões que atingem a pele de forma brusca decorrente da ação 
térmica. 
 Embora o prognóstico e expectativa de vida dos indivíduos com lesões por 
queimadura tenham melhorado muito nos últimos anos, a epidemiologia das queimaduras 
permanece basicamente a mesma. Há uma incidência grande em crianças com 1 a 5 anos de 
idade, devido primariamente às queimaduras por líquidos quentes. A causa primária das 
 
 
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lesões por queimadura em adolescentes e adultos se deve a acidentes com líquidos 
inflamáveis, e homens entre as idades de 17 e 30 anos apresentam a mais elevada incidência 
de lesões. Incêndios ocorrentes em casas são responsáveis por menos de 5% das admissões 
hospitalares para lesões por queimaduras, mas respondem por perto de 45% das mortes. A 
maioria destas se deve a fumaças e a outras lesões por inalações (O'SULLIVAN, 2004). 
As queimaduras podem ser classificadas de várias formas. Uma das principais é de 
acordo com a profundidade da lesão. De acordo com esse sistema, encontramos os 
seguintes tipos: 
• Queimadura de Primeiro Grau: a lesão atinge apenas a camada mais superficial da pele (a 
epiderme), apresentando vermelhidão local, ardência, inchaço e calor local. A dor é 
importante. Pode ocorrer em pessoas que se expõem ao sol por tempo prolongado e sem 
proteção. Quando atinge grande parte do corpo, é considerada grave. 
• Queimadura de Segundo Grau: a lesão atinge as camadas mais profundas da pele (a 
chamada derme). A característica desse tipo de queimadura é a presença de bolhas. O 
inchaço é importante, e a dor é bastante intensa. Como ocorre perda da camada superficial 
da pele, que protege contra a perda excessiva de água, nesse tipo de queimadura pode 
ocorrer perda intensa de água e sais minerais, levando a um quadro de desidratação grave. 
Esse tipo de queimadura pode ser causado pela exposição a vapores, líquidos e sólidos 
escaldantes. 
• Queimaduras de Terceiro Grau: nesse tipo de queimadura, ocorre lesão de toda a pele, 
atingindo os tecidos mais profundos, como os músculos. Curiosamente, esse tipo pode não 
ser doloroso, já que as terminações nervosas que geram a dor são destruídas junto com a 
pele. A cicatrização geralmente é desorganizada, gerando cicatrizes. Comumente, requer a 
realização de cirurgias, com enxerto de pele retirado de outras regiões do corpo. 
 
• Queimadura de Quarto Grau: (Queimadura elétrica) envolve a completa destruição de 
todos os tecidos, desde a epiderme até o tecido ósseo subjacente. Este tipo de queimadura 
 
 
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ocorre normalmente em resultado do contato com a eletricidade. Haverá uma ferida de 
entrada, que estará carbonizada e deprimida. Onde a eletricidade deixou o corpo, haverá 
também uma ferida de saída, que normalmente exibe bordas explosivas. Se a corrente 
elétrica foi forte o suficiente, também poderão ocorrer fraturas do osso subjacente. 
Já por Porter, 2005, a classificação segundo a extensão corporal atingida leva em 
conta a porcentagem de superfície corporal queimada. A palma da mão representa 1% da 
superfície corporal, de forma que, toda lesão que seja maior que a palma da mão da pessoa, 
deve receber atendimento especializado, após os primeiros socorros. 
 Polaski e Tennison desenvolveram a regra dos nove onde há área da superfície do 
corpo em segmentos equivalem aproximadamente 9% do total. Então, cada segmento 
corresponde a um percentual, ou seja, o corpo é dividido em múltiplos de nove 
(PORTER,2005). 
Por ser um método mais rápido em queimaduras maiores e mais espalhadas, usa-se a 
regra dos nove onde: 
 
 Adulto Criança 
Cabeça e pescoço 9% 21% 
Tronco anterior 18% 18% 
Tronco posterior 18% 18% 
Membro superior 18% (9% cada) 18% (9 % cada) 
Membro inferior 36% (18 % cada) 24 % (12% cada) 
Períneo 1% 1% 
Fonte: PORTER,2005 
 
Além da quantidade de lesão tissular decorrente da queimadura, o estado 
metabólico do paciente, suas condições fisiológicas, grau de infecção, enfoque psicológico, 
todos irão interagir, exercendo impacto sobre o estado clínico do paciente. Dependendo da 
extensão da lesão por queimadura, da profundidade e de seu tipo, haverá lesões 
 
 
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secundárias. A saúde, idade e estado psicológico do paciente queimado terão impacto sobre 
os problemas e complicações secundárias decorrentes do traumatismo(O'SULLIVAN, 2004). 
As principais seqüelas da queimadura são as contraturas as cicatrizes hipertróficas e 
as queloidianas. Essas complicações na cicatrização de feridas surgem em decorrência de 
anormalidades em qualquer um dos processos básicos de reparo(PORTER, 2005). 
As contraturas conforme Shepherd, 1995 apud Ferreira, 2003 são propensas a 
desenvolver-se nas palmas das mãos, plantas dos pés e face anterior do tórax, sendo 
favorecidas por vários fatores, inclusive pela preferência do paciente por determinadas 
posições confortáveis que minimizam o quadro de dor em alguns graus do processo de 
queimadura da pele. As contraturas são comumente observadas após queimaduras graves e 
podem comprometer o movimento das articulações. 
A amplitude dos movimentos pode se perder muito rapidamente, devido à tendência 
do colágeno de contrair-se e reter seu menor comprimento possível. Em conseqüência, 
facilmente ocorrem contraturas, podendo resultar não só em limitações na amplitude dos 
movimentos existente, mas na degeneração desta camada de tecido, e na interrupção do 
processo de cicatrização (O'SULLIVAN, 2004). 
As cicatrizes hipertróficas e os quelóides constituem problema estético significativo e 
são de tratamento problemático. Caracterizam-se por uma síntese de colágeno 
preponderante, sendo que as fibras colágenas não se orientam como nas cicatrizes normais 
ficando exuberante. (SAMPAIO,RIVITTI, 2000). 
A cicatrização hipertrófica é a resposta exagerada do tecido de granulação, que leva à 
proliferação anárquica dos fibroblastos e miofibroblastos, conduzindo à reparação tecidual 
alterada e hipertrófica, com deposição colagenosa exacerbada. Este tipo de hipertrofia 
forma-se a partir e um feixe colagenoso rígido e avermelhado de tecido conjuntivo que 
cresce sobre a superfície de uma lesão por queimadura (FERREIRA, 2003). 
 
 
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A consideração fisiopatológica básica na lesão por queimadura é a destruição da 
integridade capilar e vascular, o que resulta na formação de edema, com a concomitante 
perda do fluido intravascular, rico em proteína, para os espaços intercelulares. A destruição 
da integridade vascular e a formaçãode edema na área da queimadura, bem como nos 
tecidos adjacentes. Uma das maiores preocupações do fisioterapeuta é a imobilização 
recorrente da parte lesionada (por parte do paciente) para impedir o movimento por causa 
da dor. Isto resulta num acúmulo maior de edema na região, bem como na rigidez da 
articulação e na imobilidade dos tendões e músculos existentes na região queimada 
(O'SULLIVAN, 2004). 
De acordo com este mesmo autor, o tratamento fisioterapêutico terá início no dia da 
admissão, após análise e avaliação. A avaliação inicial de um paciente determinará quais 
áreas precisam ser tratadas primeiro. Controle e resolução de edema e preservação da ADM 
geralmente são prioridades iniciais destes tratamentos. A prevenção de contraturas nas 
cicatrizes podem ser conseguidas através de posicionamento, colocação de talas e 
exercícios. 
O exercício ativo é encorajado em todas as áreas queimadas. Todas as articulações, 
mesmo as das regiões não queimadas, devem passar por exercícios ativos de amplitude 
integral. Exercícios passivos e ativos auxiliados deverão ser iniciados se o paciente não 
conseguir realizar a total amplitude de movimentos com exercícios ativos (KISNER E COLLEY, 
2005). 
 
O posicionamento e imobilização têm início no dia da admissão, exigindo cuidados e 
atenção constantes para que não ocorram contraturas. O paciente está propenso ao 
desenvolvimento de contraturas devido a cicatrização hipertrófica e a formação de colágeno 
através das articulações. Podem ser usadas, com grande eficácia, técnicas de facilitação 
neuromuscular proprioceptiva de contração relaxamento (PORTER,2005). 
 
A eletroterapia pode ser considerada um agente terapêutico para as seqüelas de 
queimados como: 
 
 
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Correntes Diadinâmicas: 
Segundo Agne estas correntes são pouco usadas, pois são modalidades de correntes 
de grande sensação para o paciente devido ao seu componente galvânico, o que a 
eletroanalgesia não tem. Segundo sua natureza, pertencem ao grupo das correntes galvano-
farádicas. 
As modulações de freqüência mais utilizadas para tratamento de pacientes 
queimados são: Corrente Difásica Fixa (DF) e corrente Monofásica Fixa (MF). 
A corrente DF é retificada em dupla fase, resultando uma corrente de 100 Hz com 
impulsos positivos de 10 ms de duração, sem intervalos de tempo entre eles. Seus efeitos 
são: de tonificação, vasomotricidade, analgesia temporária; sua indicação é de tratamento 
de transtorno circulatório periférico funcional (AGNE,2008). 
Conforme autor citado anteriormente a corrente MF utiliza-se o circuito de uma só 
fase, resultando uma corrente de 50 Hz com impulsos positivos sinusoidais de 10 ms e 
repousos de 10 ms. Seus efeitos são: acelerar o metabolismo conjuntivo, analgégico; suas 
indicações são: de estimulação do tecido conjuntivo, espasmo muscular após DF, estrias, 
celulite e flacidez. 
 
Microcorrente 
As microcorrentes produzem uma forma retangular de corrente com pulsos 
monofásicos que variam periodicamente sua polaridade (0,5 a 4 Hz). A amplitude ajustada 
produz variação entre 0 a 600 µA, sendo uma intensidade muito baixa e com uma carga 
insuficiente para excitar as fibras nervosas periféricas. Os equipamentos utilizados são de 
baixa intensidade (AGNE,2008). 
A eletroestimulação tem se mostrado eficaz para a regeneração tecidual, a 
microcorrente e o laser (AsGa) se mostran recursos extremamente eficaz para a cura de 
feridas, podendo portanto, serem utilizados para a regeneração tecidual de feridas causadas 
por quiemaduras de primeiro grau (BORGES, 2006). 
Segundo o mesmo autor citado anteriormente o laser HeNe (632,8nm) e o InGaAIP 
(670nm) são recursos que podem ser utilizados em queimaduras superficiais ou em lesão 
 
 
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restrita à derme, pois apresentam alto poder regenerativo e podem ser usados em feridas 
abertas sem que haja contato da caneta laser e o tecido em regeneração. 
Este recurso é muito utilizado, quando a lesão por queimadura seencontra em 
aberto, porque ele bioestimula a regeneração da área através do reparo tecidual. A sua 
utilização é rápida, não invasiva e efetiva (GUIRRO; GUIRRO, 2007). 
 
Crioterapia 
O frio, quando é aplicado logo após a lesão,serve paraaliviar a dor e diminuir a 
severidade,principalmente quando a lesão é de primeiro grau esegundo grau. Segundo 
Guirro; Guirro (2007), este método é muito eficiente e recomendável porque o resfriamento 
local é benéfico, visto que ele permite uma vasoconstrição, limitando o escape de plasma e a 
prevenção da hipóxia secundária e diminuição do metabolismo celular. A crioterapia pode 
ser utilizada neste tipo de tratamento com as seguintes finalidades: 
• Minimizar a formação de edemas, bolhas e promover a analgesia; 
• Auxilia no processo de cicatrização; 
• Alongamento do tecido conjuntivo. 
 
Ultrassom 
O ultrassom pode ser utilizado na fase ambulatorial, na dosagem de 1 a 2W/cm², 
modo contínuo, objetivando efeitos líticos, atuando na modelagem das fibras colágenas 
subjacentes à lesão cicatricial (BORGES, 2006). 
 
Dyson e Young relacionaram os mecanismos fisiológicos envolvidos no processo de 
reparação de tecidos moles (inflamaçãoaguda, proliferação e remodelação) com energia 
ultrassônica. Há um consenso no sentido de que o ultrassom pode acelerar a resposta 
inflamatória, promovendo entre os efeitos desencadeados por este processo, as liberações 
de histamina, de fatores de crescimento pela granulação demacrófagos, mastócitos e 
plaquetas, além de incrementar a síntese de fibroblastos e colágeno (GUIRRO; GUIRRO, 
2007). 
 
 
 
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Página 99 
 
 
Infravermelho 
Este recurso é empregado para alivio da dor, aumento da mobilidade articular e 
reparo de lesões de tecidos moles. Os efeitos fisiológicos já catalogados pelos estudiosos 
deste recurso são:vasodilatação, aumento do fluxo sanguíneo, aumento da leucocitose, 
aumento da fagocitose, aumento do metabolismo, relaxamento muscular e de outras 
estruturas, analgesia e aceleração de cicatrização (AGNE, 2008). 
 
METODOLOGIA 
 Este estudo está delineado como estudo qualitativo de revisão bibliográfica 
(GOLDIM, 2000). 
Para a realização do estudo foi utilizado referencial baseado em publicações 
impressas e por meio eletrônico nos periódicos de referência na área da Fisioterapia 
Dermatofuncional , nacionais e internacionais, dos últimos 5 anos, através das bases de 
dados da Pubmed, Medline, evidenciando a temática da queimadura e tratamento 
fisioterápico ou fisioterapêutico. Para tal, utilizou-se das seguintes palavras-chave: 
queimadura, tratamento fisioterápico em queimados. Foram selecionados os artigos de 
interesse para o estudo, ou seja, aqueles que faziam referência, em seus dados, a aspectos 
relacionados aos recursos e métodos fisioterapêuticos relevantes no tratamento de 
queimados. 
 Sabendo-se que a citação das principais conclusões a que os outros autores 
chegaram, permite salientar a contribuição da pesquisa realizada, demonstrar contradições 
ou reafirmar comportamentos e atitudes (MARCONI;LAKATOS, 2005). 
Por se ocupar das explicações dos fenômenos, a pesquisa lançará mão do método 
comparativo, visto que o mesmo permite analisar o dado concreto, deduzindo do mesmo os 
elementos constantes, abstratos e gerais, constituindo, verdadeiramente, uma 
“experimentação indireta” (MARCONI, LAKATOS, 2005). 
 
 
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Página 100RESULTADOS E DISCUSSÃO 
Segundo O'Sullivan (2004) as metas para o tratamento fisioterápico são 
contingentes com o prognóstico. Isso significa que quanto mais cedo houver intervenções, 
maiores serão as chances do paciente não ficar comseqüelas. Durante a realização deste 
artigo, no decorrer das revisões, foi percebido que os recursos utilizados são bem distintos, o 
que faltava especificamente era organizá-los de acordo com sua aplicabilidade com a 
cronologia da lesão. 
Na fase inicial deverá ser realizada uma avaliação minuciosa da lesão e do estado 
geral do paciente,para serem detectadas possíveis complicações. Ao término da avaliação, 
o terapeuta deverá utilizar crioterapia com a finalidade de aliviar a dor e diminuir a 
severidade, principalmente quando a lesão é de primeiro grau e segundo grau. Em seguida, 
utilizar o infravermelho, para aumento da mobilidade articular e reparo de lesões de tecidos 
moles como conseqüênciaprimordial. Também, deveser trabalhado o posicionamento do 
paciente, e, a fisioterapia respiratória, a fim de evitar o desenvolvimento de patologias 
secundárias, que poderão piorar drasticamente o quadro clínico dele. Dentre estas 
patologias, poderemos citar as ulcerações (escaras), contraturas de tecidos moles ou 
articulares, posturas viciosas e problemas respiratórios. Na fase de reparo, continuaremos 
utilizando a crioterapia e a radiação infravermelha,adicionaremos o laser, com a finalidade 
de bioestimular a regeneração da área através do reparo tecidual, e, o ultrassom, com o 
objetivo de acelerar a síntese de fibroblastos e colágeno. Há literaturas que afirmam que 
o ultrassom pode aumentar a resposta inflamatória, mas segundo Agne (2008), a 
utilizaçãode ultrassom com freqüência de 16Mhz impede o aumento de resposta 
inflamatória porque é atérmico e induz o processo de síntese de colágeno e fibroblasto. 
Se,durante alguma etapa do processo de reabilitação, houver um processo de infecção, 
utilização de radiação ultravioleta e de microcorrentes são indispensáveis devido ao 
seu efeito bactericida assim pressuposto por Agne (2008). 
 
 
 Revista de Saúde Dom Alberto, v. 1, n. 2, jul./dez. 2013 
 
Página 101 
Segundo Agne (2008), quando não há mais perda da continuidade, inflamaçãoou 
bolhas, o terapeuta deve priorizar a utilização de NMES para melhorar a forma muscular da 
região acometida e amplitude de movimento possivelmente comprometida, o TENS para 
melhorar a inervação sensorial e a Terapia por Radiofreqüência que, além de ativar o 
metabolismo celular, atua na renovação e remodelação do colágeno. Terapia manual 
também atuará como coadjuvante nessa fase. 
 
CONSIDERAÇÕES FINAIS 
 
Por ser uma área de atuação muito recente, a pesquisa científica efetuada por 
profissionais que aí atuam ainda é escassa. No entanto, este levantamento bibliográfico 
permitiu observar que há na literatura científica embasamento para justificar a escolha dos 
diversos recursos utilizados em pacientes queimados englobadas por essa área da 
fisioterapia. Há necessidade de se ampliar o número de pesquisas científicas, consolidando 
assim a fisioterapia dermatofuncional como uma área relevante no contexto da saúde 
brasileira. 
 
 
REFERÊNCIAS 
 
AGNES, Jones E. Eletrotermoterapia: Teoria e prática. Santa Maria: Pallotti, 2004. 
BORGES, Fábio dos Santos. Dermato - funcional: modalidades terapêuticas nas disfunções 
estéticas. São Paulo: Phorte, 2006. 
FERREIRA, Sara. O grande queimado uma abordagem fisioterapêutica. Goiânia, 2003. 
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Artigo recebido em 18 de novembro de 2013. 
Aceito em 10 de dezembro de 2013.

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