Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
CONFORMAÇÃO MECÂNICA E SOLDAGEM Ederval de Souza Lisboa Soldagem por eletrodos revestidos Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Reconhecer conceitos que envolvem o processo de soldagem por eletrodo revestido. � Identificar aplicações referentes ao processo de soldagem por eletrodo revestido. � Caracterizar equipamentos empregados no processo de soldagem por eletrodo revestido. Introdução Até o final do século XIX, o emprego dos processos de soldagem se dava, em grande parte, com o uso de altos-fornos. O uso de energia elétrica no processo de soldagem era visto com bons olhos, mas ocorria de forma tímida em razão dos maus resultados em pesquisa. No início do século seguinte, Oscar Kjellberg, um engenheiro naval formado pela Escola Técnica de Bremen (Hochschule Bremen), insatisfeito com os métodos de reparo e remendos usados nos navios, feitos em cal- deiras a vapor e nos componentes de máquinas no Porto de Gotemburgo (em sueco, Göteborgs hamn), aprofundou-se em um estudo detalhado sobre o emprego de energia elétrica no processo de soldagem e con- seguiu, em 1904, realizar a soldagem elétrica com eletrodo revestido. O revestimento, feito com uma camada de cal, proporcionou estabilidade ao arco elétrico, num trabalho que envolvia soldar os cilindros e as mangas do aparelho de ancoragem do canhoneiro H. M. Svensksund, que havia congelado e quebrado. Nesse mesmo ano, Oscar Kjellberg fundou a Em- presa de Soldagem Elétrica (ESAB, sigla que, em sueco, significa Elektriska Svetsnings-Aktiebolaget) e em 1907 solicitou a patente da soldagem por eletrodo revestido, conforme mostra a Figura 1. Anos depois, após o assassinato do herdeiro ao trono do Império Austro-Húngaro, o arquiduque Francisco Fernando, teve início a Primeira Guerra Mundial (que durou de 28 de julho de 1914 a 11 de novembro de 1918), que gerou uma demanda ainda maior por processos industriais mais rápidos e eficientes, alavancando o setor industrial em muitos países. A partir de então, o emprego de soldagem por eletrodo revestido só se intensificou, chegando a um patamar de popularidade ainda pouco alcançado por outros processos industriais, devido à simplicidade do equipamento, à resistência e qualidade das soldas, e ao baixo custo. Figura 1. Patente requerida por Oscar Kjellberg. Fonte: ESAB (2005). Soldagem por eletrodos revestidos2 Soldagem por eletrodo revestido: conceitos A soldagem a arco elétrico por eletrodo revestido (Shielded Metal Arc Wel- ding — SMAW), consiste na passagem de uma corrente elétrica através do ar ou outro meio fluido, gerando uma temperatura adequada para se alcançar a fusão do material-base e do eletrodo. Seguindo as especificações da norma AWS D1.1/D1.1M, o eletrodo re- vestido (covered electrode), feito com uma alma metálica recoberta por um revestimento composto por minerais e vários produtos químicos, é responsável pela abertura do arco, ao tocar rapidamente a peça a ser soldada e, assim, gerar um curto-circuito, e exerce o papel de metal de adição para a junta soldada. A alma do eletrodo (electrode core) se trata do núcleo metálico do eletrodo revestido, cuja seção transversal apresenta uma forma circular maciça. O revestimento confere ao processo uma maior facilidade na abertura do arco, além de aumentar sua estabilidade, queimando de forma suave, numa situação ideal, mesmo a baixas correntes. Após a queima, gerada pela magnitude do calor alcançado (que pode chegar a 6000 K), o revestimento libera fumos que protegem a poça de fusão da atmosfera ao seu redor, sobretudo do oxigênio e do nitrogênio, que ao se combinarem com o ferro, dão origem a nitretos de ferro e óxidos de ferro, que causam fragilidade e porosidade ao metal de solda. O arco elétrico é o responsável pela transferência do metal fundido até a poça de fusão, dando origem ao metal de solda. Durante a soldagem, para garantir uma boa qualidade do cordão de solda, é importante que a distância entre a peça e o eletrodo seja a menor possível. Nessas condições, na extre- midade do eletrodo surge uma cratera que contribui com o direcionamento do fluxo do arco elétrico. Formada do revestimento do eletrodo e das impurezas do metal de base, segundo a norma ASME IX, a escória flutua sobre a poça de fusão e controla a taxa de resfriamento do cordão de solda. Também controla o contorno, a uniformidade e a aparência geral do cordão de solda, protegendo a poça de fusão da contaminação atmosférica. Agindo como purificadora, a escória aprisiona as impurezas que são levadas à superfície. Após o processo de soldagem, a escória, que se solidifica sobre o cordão de solda, deve ser removida com o trabalho mecânico de impacto chamado martelamento (peening). A limpeza também pode ser feita com o uso de uma escova de aço apropriada. 3Soldagem por eletrodos revestidos A Tabela 1 mostra a composição e função dos constituintes do revestimento de alguns eletrodos, enquanto a Figura 2 ilustra o mecanismo de soldagem por eletrodo revestido. Fonte: ESAB (2005). Classe Composição Função Proteção E6010 Celulose (C6H10O5) 35% Formador de gases 40% H2 40% CO + CO2 20% H2O Rutilo (TiO2) 15% Formador de escória (estabilizador do arco) Ferro- -manganês 5% Desoxidante (ferro-liga) Talco 15% Formador de escória Silicato de sódio 25% Aglomerante (agente fluxante) Umidade 5% E7018 Carbonato de cálcio 30% Formador de fases (agente fluxante) 80% CO 20% CO2 Fluorita (CaF2) 20% Formador de escória (agente fluxante) Ferro- -manganês 5% Desoxidante (ferro-liga) Silicato de potássio 15% Aglomerante (estabilizador do arco) Pó de ferro 30% Agente de decomposição Umidade 0,1% Tabela 1. Características dos constituintes do revestimento de alguns eletrodos. Soldagem por eletrodos revestidos4 Machado (1996) afirma que o processo de soldagem por eletrodo revestido (Figura 2) é apropriado para as ligas metálicas que possuam, no mínimo, os seguintes consumíveis disponíveis: aços ao carbono, baixa liga, resistentes à corrosão e altamente ligados; ferros fundidos; alumínio; cobre; níquel. Entretanto, o mesmo não vale para ligas com ponto de fusão muito baixo, tais como chumbo, estanho ou zinco, devido à intensa energia gerada pelo arco elétrico, e nem para aquelas extremamente reativas, corno zircônio ou titânio, por não oferecer proteção suficiente à contaminação e/ou reação do metal fundido com os gases da atmosfera. Figura 2. Mecanismo de solda com eletrodo revestido. Fonte: Adaptada de Eutectic Castolin (2017). Escória Solidi�cada Metal de solda solidi�cado Revestimento fundido Eletrodo Atmosfera protetora Escória Líquida Direção de soldagem Revestimento Alma Cratera Gota do metal de adição Poça de fusão Comprimento do arco elétrico Metal Base 5Soldagem por eletrodos revestidos Aços-liga são ligas de ferro e carbono com adição de outros elementos, tais como: níquel (Ni), cromo (Cr), molibdênio (Mo), manganês (Mn), vanádio (V), tungstênio (W), cobalto (Co), silício (Si), alumínio (Al), etc., que fornecem propriedades distintas aos aços. Contudo, a principal finalidade dessas ligas é oferecer aos aços características especiais, tornando-os adequados aos diferentes fins, de acordo com as exigências técnicas da engenharia contemporânea. Os aços-liga são vulgarmente designados pelo nome do elemento ou elementos que exercem influência nas suas características, independentemente do seu teor ou teores que entram na composição. Podem ser chamados de: aço-níquel, aço-molibdênio, aço-níquel-cromo, aço-cromo-níquel-molibdênio, aço-manganês. Dentre os processos de soldagem, o realizado por eletrodo revestido não é o mais eficiente, pois se apresenta tipicamente como um processo manual, cuja performance depende diretamente da habilidade do soldador. No entanto, esse é um dos processos com maior versatilidade, podendo ser aplicado em todos os tipos de juntas e em todas as posições,segundo a especificação do eletrodo. Comparada a outros, a taxa de deposição (kg/h) nesse processo é, geral- mente, muito baixa, ficando entre 1 e 5 kg/h. A Figura 3 mostra um exemplo da taxa de adição para alguns tipos de eletrodo. Por outro lado, a eficiência de deposição (%) costuma ser fornecida pelo fabricante do eletrodo. A seguir, é possível verificar a equação aplicada para se alcançar tais valores; a Tabela 2 traz alguns exemplos dessa informação. Ef (%) = Massa do metal depositadoMassa total do eletrodo × 100 Soldagem por eletrodos revestidos6 Figura 3. Taxa de deposição de eletrodos revestidos com 4 mm de diâmetro. Fonte: Adaptada de ESAB (2005). LI BR AS P O R H O RA kg /h 7 3,2 2,7 2,3 1,8 1,4 0,9 6 5 4 3 2 150 E6010 E6013 E7018 E70 24 200 250 TAXA DE DEPOSIÇÃO ELETRODOS REVESTIDOS DIÂMETRO 4,0mm Fonte: ESAB (2005). Classe Eficiência de deposição média (%) E6010 63,8 E6011 68,5 E6012 66,9 E6013 66,8 E6014 64,6 E6016 62,8 E6018 69,5 E6020 65,2 E7024 66,8 E7027 68,6 Nota: inclui perda de ponta de 50 mm. Tabela 2. Eficiência de deposição de eletrodos revestidos para aços carbono. 7Soldagem por eletrodos revestidos Confira no artigo do link abaixo um estudo sobre o papel do pó de ferro no mecanismo de deposição de eletrodos revestidos. https://goo.gl/31VLbo Soldagem por eletrodo revestido: aplicações Apesar da soldagem por eletrodo revestido se destacar dos demais processos devido à sua versatilidade, a limitação se dá basicamente na condição intrínseca do uso do eletrodo, ou seja, não se pode soldar todos os tipos de materiais com todos os tipos de eletrodo. Os eletrodos para aço carbono são classificados, segundo a norma AWS D1.1/D1.1M:2010, com base nas propriedades mecânicas do metal de solda, no tipo de revestimento, na posição de soldagem e no tipo de corrente, al- ternada (CA) ou contínua (CC). A Figura 4 mostra a codificação da norma e a Figura 5 apresenta as posições de soldagem. Outro importante órgão de engenharia, a American Society of Mechanical Engineers (ASME), utiliza tanto as especificações quanto os requisitos de eletrodos da AWS integralmente, adicionando as letras SF antes do número da especificação, fazendo com que a especificação AWS A5.1 se transforme em ASME SF A5.1. Sempre que possível, a escolha do eletrodo deve ser feita com base nos níveis apropriados de resistência e no serviço pretendido para a junta soldada (AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS, 2004). Soldagem por eletrodos revestidos8 https://goo.gl/31VLbo Figura 4. Classificação de eletrodos revestidos para aços carbono, segundo a AWS. Fonte: Balmer [2015?]. 9Soldagem por eletrodos revestidos Figura 5. Posições de soldagem: 1G, 1F, 2G, 2F, 3G, 3F, 4G, 4F, 5G, 5F e 6G. Fonte: Lincoln Electric (2016). A partir das informações disponíveis dos principais fabricantes de consu- míveis (como ESAB, Lincoln Eletric e Denver), é possível fazer as seguintes afirmações acerca dos eletrodos revestidos: Os eletrodos com revestimento celulósico possuem uma alta inserção e pouca formação de escória, sendo, portanto, de fácil remoção. Apresentam elevada produção de gases (CO2, CO, H2, H2O) resultantes da combustão dos materiais orgânicos, sobretudo da celulose, e, por esse motivo, a aplicação em materiais sujeitos a trincas por hidrogênio deve ser evitada. A ressecagem desses consumíveis não é recomendada. Soldagem por eletrodos revestidos10 Os eletrodos com revestimento rutílico — que apresenta até 50% de rutilo (TiO2) — possuem média inserção; a escória formada é de rápida solidifica- ção e fácil remoção. O metal de solda pode apresentar um elevado nível de hidrogênio (até 30 mL/100g). Para se evitar porosidade grosseira no metal de solda, a ressecagem em temperaturas pouco elevadas é recomendada. Os eletrodos com revestimento básico possuem as melhores propriedades mecânico-metalúrgicas, especialmente tenacidade, entre todos os eletrodos. Propicia cordão de média inserção e perfil plano ou convexo; a escória formada é de fácil remoção. Por ser altamente higroscópio, mesmo após poucas horas em contato com a atmosfera, a ressecagem a temperaturas relativamente altas é recomendada. Os eletrodos de altíssimo rendimento possuem revestimento (rutílico/ básico) com adição de pó de ferro, que proporciona um aumento em sua taxa de deposição. Como resultado, há um aumento na fluidez da escória, pela formação de óxido de ferro, e na estabilidade do arco. Com isso, as ocorrên- cias de mordeduras são reduzidas, por conta da alta intensidade de corrente. Contudo, pode haver redução da tenacidade do metal de solda. A Tabela 3 traz alguns exemplos de temperaturas e tempos utilizados para a ressecagem de eletrodos revestidos. Fonte: ESAB (2005). Tipo de eletrodo Temperatura efetiva no pacote de eletrodos (ºC) Tempo real na temperatura efetiva (h) Básicos 325 ± 25 1,5 ± 0,5 Altíssimo rendimento 275 ± 25 1,5 ± 0,5 Rutílico 80 ± 10 1,5 ± 0,5 Ferro fundido 80 ± 10 1,5 ± 0,5 Inoxidáveis rutílicos 275 ± 25 1,5 ± 0,5 Inoxidáveis básicos 225 ± 25 1,5 ± 0,5 Tabela 3. Temperatura e tempo empregados para ressecagem. 11Soldagem por eletrodos revestidos Para se obter uma junta soldada de qualidade, é essencial conhecer os constituintes e as propriedades do metal de base, pois essas informações são indispensáveis para a correta seleção do eletrodo. Em chapas de pequena espessura, são indicados eletrodos de baixa inserção; já para chapas de espessura maior, os eletrodos com alta inserção são os mais adequados. Quando da realização do passe de raiz, preferencialmente devem ser utilizados os eletrodos de maior inserção; já para os passes de enchimento, são recomendados os eletrodos com alta taxa de deposição. A seguir, são relacionados alguns tipos de eletrodos e suas principais aplicações, conforme especificações das normas AWS D1.1/D1.1M, e ASME IX. Para outras referências, as próprias normas devem ser consultadas, ou, ainda, o próprio fabricante dos eletrodos. � E6010: Revestimento celulósico; indicado para todas as posições; cor- rente CC+; resistência mínima de 413 MPa; possui grande inserção; uso geral em aços comuns; aplicável em diferentes equipamentos, tais como implementos agrícolas, construção naval, estruturas metálicas, tubulações, etc. � E6013: Revestimento rutílico (potássio); indicado para todas as posições; correntes CC+ CC- e CA; resistência mínima de 413 MPa; possui arco estável; projetado principalmente para aplicação em chapas finas. � E7010: Revestimento celulósico; indicado para todas as posições; cor- rente CC+; resistência mínima de 482 MPa; possui grande inserção; uso geral em aços comuns; aplicável em diferentes equipamentos, tais como implementos agrícolas, construção naval, estruturas metálicas, tubulações, etc. � E7018: Revestimento básico (pó de ferro); de baixo hidrogênio (quando ressecado corretamente); indicado para todas as posições; correntes CC+ e CA; resistência mínima de 482 MPa; uso geral em aços comuns; aplicável em aços carbono (inclusive com alto teor de carbono), aços de alta resistência e aços de baixa liga. Soldagem por eletrodos revestidos12 Dicas para ressecagem: � não prolongar a ressecagem por tempo além do recomendado pelo fabricante do consumível; � controlar adequadamente a temperatura/tempo de ressecagem; � evitar ressecagem de grandes quantidades; � guardar os eletrodos ressecados em estufas apropriadas; � a ressecagem minimiza o hidrogênio proveniente da umidade do revestimento em eletrodos de baixo hidrogênio; � seguir as recomendações do fabricante do consumível sempre que possível; � aplicar, em fornos adequados, para eletrodos básicos, de altíssimo rendimento, rutílicos e para ferros fundidos e inoxidáveis; � evitar para celulósicos; � realizar manutenção em estufas próprias. Para saber mais sobre a seleção de consumíveis e equipamentos, acesse o link abaixo e conheça a Calculadora de Solda Eletrodo RevestidoBoxer, que contém os parâmetros ideais para o trabalho de soldagem, a máquina ideal para a aplicação, a bitola de arame correto para soldar determinada espessura de chapa e as espessuras de chapas possíveis de serem soldadas com determinada bitola de eletrodo. https://goo.gl/Mn2hmh Soldagem por eletrodo revestido: equipamentos Dentre os equipamentos aplicáveis para processos de soldagem, os itens rela- cionados ao processo por eletrodo revestido é o que possui menor custo, sendo esse um dos principais diferenciais do processo. 13Soldagem por eletrodos revestidos https://goo.gl/Mn2hmh Na composição da configuração básica, temos (Figura 6): Figura 6. Configuração dos equipamentos para soldagem por eletrodo revestido. Fonte: Heavypong/Shutterstock.com. A partir das informações disponibilizadas pelos fabricantes de equipamen- tos (como ESAB, Lincoln Eletric, Balmer, Boxer Soldas e Denver), é possível fazer as seguintes afirmações: Fonte de energia: sua função é transformar a energia da rede elétrica (alta tensão e baixa corrente) em energia de soldagem (baixa tensão e alta corrente). Podem ser do tipo: transformadores, que fornecem CA; retificadores, que fornecem CC; geradores, que podem fornecer CC ou CA; e inversores, que fornecem CC. Devem oferecer uma corrente estável e permitir a regulagem da tensão e da corrente elétrica. De acordo com o revestimento do eletrodo, o processo de soldagem pode ser realizado em: � corrente Alternada (CA), que permite a soldagem em distâncias maiores por conta de uma menor queda de tensão ao longo do cabo de ligação; � corrente Contínua (CC), que possui maior estabilidade do arco e melhor qualidade de depósito. Soldagem por eletrodos revestidos14 Além disso, ainda podem ser trabalhados como: � corrente contínua eletrodo negativo (CCEN ou CC-) (direct current electrode negative), que se trata de polaridade reversa, ou seja, ligação dos cabos elétricos para soldagem a arco com corrente contínua, onde o eletrodo é o polo negativo e a peça é o polo positivo do arco elétrico. Essa configuração resulta em uma maior taxa de fusão do eletrodo; � corrente contínua eletrodo positivo (CCEP ou CC+) (direct current electrode positive), que se trata de polaridade direta, ou seja, ligação dos cabos elétricos para soldagem a arco com corrente contínua, onde o eletrodo é o polo positivo e a peça é o polo negativo do arco elétrico. Essa configuração resulta em uma maior inserção do cordão de solda. A Figura 7 ilustra ambos os tipos de ligação (CC+ e CC-). Figura 7. Corrente de soldagem CCEN à direita, e CCEP à esquerda. Fonte: Carvalho (1999). Porta-eletrodo ou alicate (electrode holder): trata-se do utensilio empre- gado para fixar mecanicamente o eletrodo e transferir a corrente elétrica. É imprescindível que possua boas condições de uso, a fim de não gerar acidentes. Normalmente, são encontrados para correntes de 200 a 800 A, mas deve sempre ser dimensionado levando em consideração a corrente máxima que a fonte de energia pode alcançar, evitando, assim, problemas de superaquecimento. A correta fixação e boa isolação dos cabos é fundamental para que os riscos de choque sejam minimizados. As garras podem ser de ferro cobreado, bronze/ latão ou liga de cobre, e normalmente permite a fixação do eletrodo em três ângulos diferentes, por exemplo 0°, 45° e 90°. O material do punho, a alavanca e os isolantes costumam ser de polímero termofixo, muitas vezes reforçado com fibra de vidro. A Figura 8 mostra um modelo de porta-eletrodos em detalhes. 15Soldagem por eletrodos revestidos Figura 8. Porta-eletrodos em vista expandida. Fonte: Adaptada de Argon Soldas [201-?]. Alavanca 03-S Capa da mola 05-S Isolante 02-S Isolante 08-S Mola 04-S Parafuso 01-S Parafuso 09-S Pino 06-S Punho 10-S 02S 03S 04S 01S 05S 10S 06S 01S 08S Cabos (3): são os condutores de corrente, localizados entre a fonte de energia e o porta-eletrodo, e entre a fonte de energia e o grampo-terra. Cabos e conectores devem ser mantidos em boas condições; quando gastos, estragados ou sem isolamento não sevem ser usados. Fabricados em cobre ou alumínio, os cabos possuem uma camada exterior de material isolante termoplástico de policloreto de vinila (PVC), para temperatura de operação no condutor de 70º C, resistente a abrasão. A seleção dos cabos de soldagem se dá, basicamente, pela informação da corrente de soldagem, devendo sempre ser dimensionado con- siderando a corrente máxima que a fonte de energia pode alcançar. No Brasil, a ABNT 8762 define as especificações para o emprego de cabos extraflexíveis para máquinas de soldar a arco. A Tabela 4 mostra a relação entre a corrente empregada e o diâmetro do cabo, a fim de proporcionar maior durabilidade dos equipamentos. Soldagem por eletrodos revestidos16 Fo nt e: E SA B (2 00 5) . Fa ix a de co rr en te d e so ld ag em (A ) Co m pr im en to to ta l d o ca bo (m ) Q ue da de te ns ão pa ra ≤ 15 ≤ 30 ≤ 75 ≤ 15 0 Ca bo Q ue da d e te ns ão Ca bo Q ue da d e te ns ão Ca bo Q ue da d e te ns ão Ca bo Q ue da d e te ns ão 20 a 1 80 #3 1, 8 #2 2, 9 #1 5, 7 #0 9,1 18 0 A 30 a 2 50 #2 1, 8 #1 2, 5 #0 5, 0 #0 9, 9 20 0 A 60 a 3 75 #0 1, 7 #0 3, 0 #0 0 5, 9 #0 00 9, 3 30 0 A 80 a 5 00 #0 0 1, 8 #0 00 2, 5 #0 00 0 5, 0 #0 00 0 9, 9 40 0 A 10 0 a 60 0 #0 0 2, 0 #0 00 0 2, 5 -- - -- - -- - 50 0 A Ta be la 4 . D iâ m et ro s r ec om en da do s d e ca bo s p ar a so ld ag em . 17Soldagem por eletrodos revestidos Uma boa soldagem requer um bom aterramento. Processos com aterra- mentos deficitários podem gerar custos extras, além de colocar em risco a integridade dos operadores. O grampo-terra (welding ground clamp) ou terminal-terra (4), é utilizado para fazer a ligação do cabo-terra até a peça. Pode ser de cobre ou de alumínio, fundido ou estampado. Sua fixação se dá por meio de parafuso ou pela pressão gerada por uma mola em seu interior, que devem ser fortes o suficiente para não se desprender do ponto conectado. Assim como o porta-eletrodo e os cabos, sua seleção deve ser feita considerando a corrente máxima que a fonte de energia pode alcançar. Veja no link abaixo aplicações do processo de soldagem com eletrodo revestido para alguns tipos de materiais e saiba como conectar os cabos corretamente, como regular os parâmetros e como ter uma soldagem mais eficiente. https://goo.gl/Xr4RHR AMERICAN SOCIETY OF MECHANICAL ENGINEERS. Qualification standard for welding and brazing procedures, welders, brazers, and welding and brazing operators. New York, American Society of Mechanical Engineers, 2004. Disponível em: <http://www. webaero.net/ingenieria/equipos/Estaticos/Presurizados/Normativa_Codigo/ASME/ ASME%20IX%20-%20Welding%20and%20Brazing%20Qualifications/ASMEIX_2004. pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. ARGON SOLDAS. São Paulo, [201-?]. Disponível em: <http://www.argonsoldas.com. br/loja/5-pe%C3%A7as-de-reposi%C3%A7%C3%A3o-porta-eletrodo-linha-s---car- bografite/92>. Acesso em: 5 abr. 2018. BALMER. Processo de soldagem ao arco elétrico. Ijuí: Fricke Soldas, [2015?]. Disponível em: <http://www.balmer.com.br/balmer/wp-content/uploads/2015/12/BALMER- -Apostilas-t%C3%A9cnicas-Eletrodo-Revestido.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. CARVALHO, M. J. Orientações práticas de soldagem em aço inox. São Paulo: Acesita, 1999. Disponível em: <http://guides.com.br/home/wp-content/uploads/2011/09/ Soldagem-apostila_aco_inox_manual_pratico.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. Soldagem por eletrodos revestidos18 https://goo.gl/Xr4RHR http://webaero.net/ingenieria/equipos/Estaticos/Presurizados/Normativa_Codigo/ASME/ http://www.argonsoldas.com/ http://www.balmer.com.br/balmer/wp-content/uploads/2015/12/BALMER- http://guides.com.br/home/wp-content/uploads/2011/09/ ESAB. Apostila de Eletrodos Revestidos. Disponível em: <http://www.esab.com.br/br/ pt/education/apostilas/upload/1901097rev1_apostilaeletrodosrevestidos_ok.pdf>.Acesso em: 5 abr. 2018. EUTECTIC CASTOLIN. Manual de aplicações em soldagem. 4. ed. Indaiatuba: Eutectic do Brasil, 2017. Disponível em: <http://www.eutectic.com.br/catalogos/manual-de- -aplicacoes-em-soldagem.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. LINCOLN ELECTRIC. Eletrodos revestidos: eBook de iniciação a soldagem pelo processo eletrodo revestido. São Paulo: Lincoln Electric, 2016. (Série Livros Digitais de Processos, 1). Disponível em: <http://materiais.lincolnelectric.com.br/ebook-solda-eletrodo- -revestido>. Acesso em: 9 abr. 2018. MACHADO, I. G. Soldagem & técnicas conexas: processos. Porto Alegre: edição do autor, 1996. 477 p. Leituras recomendadas AMERICAN WELDING SOCIETY. Código de soldagem estrutural: aço. Miami: Sociedade Americana de Soldagem, 2010. Disponível em: <https://pubs.aws.org/Download_ PDFS/D1.1-D1.1M-2010-PR-PV.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. ARCELORMITTAL. Guia do aço. Disponível em: <http://brasil.arcelormittal.com/pdf/ quem-somos/guia-aco.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. BOXER SOLDAS. Disponível em: <http://boxersoldas.com.br/>. Acesso em: 5 abr. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Reguladora (NR) 6: equipamento de proteção individual: EPI. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/ NR6.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. BRASIL. Ministério do Trabalho. Norma Reguladora (NR) 18: condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção. Disponível em: <http://trabalho.gov.br/ima- ges/Documentos/SST/NR/NR18/NR18atualizada2015.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. DENVER S/A: eletrodos e equipamentos. Disponível em: <http://www.denversa.com. br>. Acesso em: 5 abr. 2018. KJELLBERG, O. Electric welding, brazing, or soldering. Google Patents. Disponível em: <http://www.google.com/patents/US948764>. Acesso em: 5 abr. 2018. MAGALHÃES, V. A. N. et al. O papel do pó de ferro no mecanismo de deposição de eletrodos revestidos. Soldagem & Inspeção, São Paulo, v. 20, n. 1, p. 28-38, jan.-mar. 2015. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104- -92242015000100028&lng=pt&nrm=iso&tlng=pt>. Acesso em: 5 abr. 2018. PETROBRAS. N-1438: Rev. E: terminologia soldagem. Rio de Janeiro, 2011. PORTAL MET@LICA CONSTRUÇÃO CIVIL. Disponível em: <http://www.metalica.com. br>. Acesso em: 5 abr. 2018. 19Soldagem por eletrodos revestidos http://www.esab.com.br/br/ http://www.eutectic.com.br/catalogos/manual-de- http://materiais.lincolnelectric.com.br/ebook-solda-eletrodo- https://pubs.aws.org/Download_ http://brasil.arcelormittal.com/pdf/ http://boxersoldas.com.br/ http://trabalho.gov.br/images/Documentos/SST/NR/ http://trabalho.gov.br/ima- http://www.denversa.com/ http://www.google.com/patents/US948764 http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_abstract&pid=S0104- http://www.metalica.com/ SINDICATO NACIONAL DA INDÚSTRIA DA CONSTRUÇÃO E REPARAÇÃO NAVAL OFFSHORE. Disponível em: <http://sinaval.org.br/>. Acesso em: 5 abr. 2018. SOLUÇÃO: publicação institucional da ESAB Brasil. Contagem: ESAB Brasil, abr. 2005. Disponível em: <http://www3.esab.com.br/Revista_Solucao_200505.pdf>. Acesso em: 5 abr. 2018. Soldagem por eletrodos revestidos20 http://sinaval.org.br/ http://www3.esab.com.br/Revista_Solucao_200505.pdf Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
Compartilhar