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Herança-multifatorial

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• Condições genéticas condicionadas por múltiplos genes, influenciados por fatores 
ambientais – muitas vezes mais determinantes que o próprio fator genético 
• Herança poligênica + fatores ambientais = herança multifatorial (com grande 
variabilidade fenotípica) 
• A maioria das malformações congênitas – período embriológico – isoladas – que 
não se configuram como síndrome – tem etiologia multifatorial (exemplos: 
cardiopatias congênitas, fenda lábio-palatina, fenda palatina, estenose hipertrófica do 
piloro, pé torto congênito, deslocamento congênito do quadril, defeito do 
fechamento do tubo neural 
• Algumas doenças crônicas muito frequentes, também tem etiologia multifatorial, 
como HAS, DM, doença arterial coronariana, esquizofrenia e autismo 
• O conhecimento dos fatores genéticos e dos fatores ambientais que influenciam 
uma doença multifatorial permitem: propor um risco de recorrência para novas 
gestações, afastar os fatores ambientais que podem aumentar os riscos nas 
próximas gestações, estabelecer métodos de diagnósticos pré-natal e prevenir as 
doenças multifatoriais em termos populacionais 
 
Fenótipos complexos 
• De caracteres: 
A) Qualitativos: presença ou ausência da doença genética, influenciados por: 
a. Agregação familiar da doença: os indivíduos afetados podem estar agregados 
em família, porém a agregação não significa que esta doença tenha uma 
contribuição genética. 
✓ Epidemiologistas determinam se a agregação é coincidência ou resultado de 
fatores comuns aos membros da família – genéticos ou ambientais 
✓ Quanto mais comum for a doença, maior a probabilidade de agregação ser 
apenas uma coincidência e menor de ser resultante de compartilhamento de 
alelos. 
✓ Cálculo de risco relativo: 
 
 
 
 
b. Concordância – quando dois indivíduos relacionados na mesma família têm a 
mesma doença, mostrando que o fator genético sobressai ao ambiental – e 
discordância – quando apenas um membro do par é afetado e outro não, 
indicando que fatores ambientais tem poder de determinação maior. 
✓ Quanto mais relacionados na mesma família, mais alelos dois indivíduos terão 
em comum – como em casamentos consanguíneos. 
✓ Quanto mais distante o parente é relacionado com o probando, menos alelos 
serão compartilhados entre ambos – como primos distantes. 
✓ A frequência de concordância aumenta de acordo com o grau de 
parentesco 
 
 
Estudos em gêmeos: 
• Concordância da doença menor que 100% em gêmeos MZ – monozigóticos – é 
uma forte evidência de que fatores não genéticos têm papel fundamental na 
doença. 
• A maior concordância em gêmeos MZ x DZ – dizigóticos – é uma forte evidência 
de um componente genético na doença. 
 
B) Quantitativos: avaliados em medidas fisiológicas ou bioquímicas 
 
Aconselhamento genético 
• Deve levar em conta: 
1. Características étnicas da população 
2. Fatores ambientais envolvidos na gestação 
✓ Androgênicos – masculinização de fetos femininos 
✓ Álcool – síndrome alcóolica fetal, gerando retardamento do crescimento intra-
uterino e mental, microcefalia e anomalias oculares 
✓ Grandes doses de vitamina A – gerando anomalias faciais e defeitos no tubo 
neural 
✓ Tetraciclina – gerando dentes manchados e anomalias do esmalte 
✓ Talidomida – gerando deformidades nos membros, malformações do ouvido 
externo, cardíacas e gastrointestinais 
✓ Citomegalovírus, vírus do herpes simplex, da rubéola, toxoplasma gondii, 
treponema pallidum e altos níveis de radiação ionizante 
3. Presença de outras crianças/adultos afetados na família 
4. Sexo da criança afetada 
5. Severidade da doença 
 
6. Casos 
Defeito do fechamento do tubo neural 
• Mais frequente no sexo feminino após casos mais graves, com incidência variável. 
• Variabilidades fenotípicas: anencefalia, Encefalocele, meningomielocele – é de 
expressividade variável 
• Influências ambientais: hipertermia gestacional, uso de drogas na gestação – ácido 
valpróico – e deficiência de ácido fólico 
 
 
 
 
 
 
 
• Risco de recorrência: 
 
 
• Prevenção: 
✓ Uso de ácido fólico antes da gestação, reduzindo a incidência pela metade 
✓ Afastar fatores ambientais de risco 
✓ Diagnostico pré-natal 
✓ Dosagem de AFP no liquido amniótico 
✓ USG 
✓ Tratamento pré-natal 
✓ Cirurgia fetal pode diminuir sequelas pós-natais 
• Prevenção populacional 
✓ Ácido fólico no cereal matinal 
✓ Teste bioquímico de triagem pré-natal 
 
Diabetes tipo I 
• 0,2% de incidência na população branca 
• Concordância de 5% em DZ 
• Locus do MHC – em 90% dos casos + fatores ambientais 
 
Luxação congênita no quadril 
• Ocorrência 6 vezes maior no sexo feminino 
• Verificada mediante as manobras de Ortolani – realizada de rotina – e Barlow para 
verificar necessidade intervenções cirúrgicas ou fisioterapêuticas 
 
 
 
Lábio leporino: 
• Pode ser acompanhado ou não de palato fendido, com maior recorrência maior 
nos japoneses e do sexo masculino, e menor em negros 
• Chance aumenta com avanço de idade dos pais e com incidência na família, ainda 
mais se o primeiro filho foi afetado 
• Concordância de 40% em MZ e 5% em DZ 
 
Pé torto congênito 
• Ocorrência maior no sexo masculino 
• 10% dos casos acompanham outras malformações 
• Com pais e irmãos afetados as chances ficam entre 18-37% 
• Considera-se de origem multifatorial, porém levantou-se a hipótese de existir um 
alelo autossômico recessivo, cuja penetrância e expressividade sejam moduladas 
por sistema poligênico

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