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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS Prof. Dr. Daniel Pinto Fernandes Disciplina: Propriedade das Rochas Assunto: Permeabilidade PERMEABILIDADE A permeabilidade de um meio poroso é uma medida de sua capacidade de se deixar atravessar por fluidos. Em outras palavras, a permeabilidade é uma medida da condutividade de fluidos de um material. Por analogia com condutores elétricos, a permeabilidade representa o inverso da resistência que o material oferece ao fluxo de fluidos. PERMEABILIDADE – TIPOS DE ESCOAMENTO ESCOAMENTO COM SUPERFÍCIE LIVRE Escoamento de um fluido em contato com a atmosfera. Problemas estudados pela Hidráulica. ESCOAMENTO EM PRESSÃO Escoamento de um fluido em um tubo fechado, preenchendo completamente a sua secção. Problemas estudados pela Mecânica dos Fluidos tradicional. PERMEABILIDADE – TIPOS DE ESCOAMENTO ESCOAMENTO EM MEIO POROSO Quando um fluido escoa através dos poros de um material, este escoamento apresenta características diferentes dos dois tipos anteriores, pois forças de outras naturezas são mobilizadas. Atuam especialmente as forças de superfície em razão da maior área de contato entre o fluido e as paredes dos poros do material (grande área específica). Os problemas típicos estão relacionados à percolação de rochas, solos e filtros por fluidos de diversas naturezas. PERMEABILIDADE DEFINIÇÃO Permeabilidade é uma propriedade que caracteriza a capacidade de um meio poroso de permitir a passagem de fluidos, é a medida da condutividade de fluidos de um material em particular. CLASSIFICAÇÃO DA PERMEABILIDADE DAS ROCHAS Permeabilidade Primária: originada no período de deposição da camada sedimentar. Permeabilidade Secundária: resulta da alteração da matriz rochosa por compactação e cimentação (redução da permeabilidade) e por fraturamento e dissolução (aumento da permeabilidade). PERMEABILIDADE A equação de maior utilização prática para o estudo do fluxo de fluidos em meios porosos foi formulada por Henry Darcy, em 1856, ao estudar problemas de tratamento de água através de filtros de areia. Essa equação, quando adaptada para exprimir o fluxo de fluidos viscosos, pode ser assim expressa: “A vazão através de um meio poroso é proporcional à área aberta ao fluxo e ao diferencial de pressão, e inversamente proporcional ao comprimento e à viscosidade”. Em 1856, Darcy investigou o fluxo de água através de filtros de areia com a finalidade de purificá-la. PERMEABILIDADE • onde q representa a vazão de água através do cilindro de areia cuja seção transversal é igual a A; • L é a altura do meio poroso; h1 e h2 são as alturas da água em manômetros colocados nas faces de entrada e de saída do filtro (medidas a partir de um mesmo nível de referência) e representam o potencial hidráulico nesses dois pontos; e K é uma constante de proporcionalidade característica do meio poroso e do fluido. PERMEABILIDADE Mais tarde, outros investigadores, realizando experiências com outros fluidos descobriram que a constante K podia ser escrita como γk / μ , onde μ e γ são respectivamente a viscosidade e o peso específico do fluido E k é uma propriedade da rocha somente, denominada permeabilidade absoluta. Para fluxo horizontal, por exemplo, a equação da vazão pode ser escrita como: onde q é a vazão de fluido (cm3/s), A a área da seção transversal (cm2), ∆p o diferencial de pressão (atm), μ a viscosidade do fluido (cp), L o comprimento do meio poroso (cm) e k a permeabilidade do meio poroso (Darcy). PERMEABILIDADE PERMEABILIDADE PERMEABILIDADE A equação de Darcy foi estabelecida sob certas condições: 1. Fluxo isotérmico,“laminar” e permanente. 2. Fluido incompressível, homogêneo e de viscosidade invariável com a pressão. 3. Meio poroso homogêneo, que não reage com o fluido. PERMEABILIDADE O termo “laminar” vem da mecânica dos fluidos (hipótese de Navier), onde se admite que, quando submetidos a baixas velocidades, os fluidos escoam como se fossem compostos de lâminas se deslocando umas sobre as outras. Este por certo não é o modo como os fluidos se deslocam em um meio poroso, devido à tortuosidade, às heterogeneidades, etc., de modo que a expressão “fluxo laminar” deveria ser substituída por “fluxo Darcyano”, assim como o termo “fluxo não-Darcyano” deveria substituir o termo “fluxo turbulento”. PERMEABILIDADE No chamado sistema de unidades de Darcy a unidade de medida da permeabilidade é o Darcy. Com exceção das medições realizadas em laboratório, esse sistema de unidades não é adequado para estudos em escala de campo. Nesses casos são utilizados outros sistemas de unidades. Por exemplo, pode ser usado o mD (miliDarcy) como unidade de medida da permeabilidade. É comum na engenharia de petróleo o uso da abreviatura md (ao invés de mD) para representar o miliDarcy, tendo sido esta a opção escolhida neste livro PERMEABILIDADE A permeabilidade em arenitos não consolidados pode atingir valores muito altos, na faixa de 1 a 10 Darcy. Por outro lado, em arenitos consolidados, geralmente situados em grandes profundidades, os valores de permeabilidade podem ser tão baixos quanto 1 md. Reservatórios com permeabilidades tão baixas provavelmente não seriam portadores de hidrocarbonetos líquidos e, mesmo que o fossem, a sua exploração não seria economicamente viável devido à dificuldade de fluxo nesse tipo de meio poroso. PERMEABILIDADE No entanto, poderiam ser portadores de gás, já que este fluido possui maior facilidade de fluxo do que o óleo, devido à sua baixa viscosidade. De fato, é comum se encontrar reservatórios de gás que produzem economicamente de reservatórios de baixíssima permeabilidade. PERMEABILIDADE Ex.1 – Uma amostra de testemunho com 2 cm de comprimento e 1 cm de diâmetro apresentou uma vazão de água (μ = 1 cp) de 60 cm3/minuto com pressão a montante de 2,3 atm e pressão a jusante de 1,0 atm. Calcular a permeabilidade da amostra. PERMEABILIDADE Se o fluido que satura o meio poroso for incompressível, a vazão q será a mesma ao longo de todo o seu comprimento. Se o fluido que satura o meio poroso for compressível, a vazão q será variável ao longo do meio poroso. Observa-se que a equação é idêntica à anterior válida para fluidos incompressíveis, desde que a vazão seja medida à pressão média definida pela equação final. Deve-se notar também que esta equação foi deduzida para fluxo de gases ideais PERMEABILIDADE Calcular a vazão de gás, medida nas condições-padrão de 60 oF e 1 atm, relativa aos seguintes dados de laboratório: PERMEABILIDADE Fluxo Radial Permanente: A equação de fluxo radial é usada em cálculos de engenharia para expressar aproximadamente o fluxo dos fluidos do reservatório para dentro do poço. As propriedades de um sistema de fluxo radial estão ilustradas na Figura onde rw e re representam os raios do poço e externo do sistema, respectivamente, pw e pe representam as pressões no poço e no raio externo, respectivamente, e h é a altura do sistema. PERMEABILIDADE PERMEABILIDADE Fluído Incompressível: Fluído Compressível: Onde a vazão média é medida à pressão média: PERMEABILIDADE Exemplo: Um sistema radial tem um raio externo de 300 m e um raio de poço igual a 0,30 m. Admitindo que o fluido seja incompressível, para que valor deve o raio do poço ser aumentado para se dobrar a vazão? PERMEABILIDADE –VELOCIDADE DE DARCY O fluido no meio poroso ocorre à “Velocidade de Darcy”, que é dada por: Com: Onde: q = vazão; A = área da seção de escoamento; K = condutividade hidráulica i = gradiente hidráulico; ∆h ou ∆ p = diferença de pressão; k = coeficiente de permeabilidade; = densidade do fluido; g = aceleração da gravidade; v = viscosidade cinemática do fluido µ = viscosidade dinâmica do fluido PERMEABILIDADE –VELOCIDADE DE DARCY A velocidade de Darcy é um conceito macroscópico e de fácil determinação. Esta velocidade é diferenteda velocidade microscópica de partículas do fluido associadas aos seus particulares caminhos de fluxo através dos grãos do meio poroso. As velocidades microscópicas possuem existência real, mas são impossíveis de se medir. A velocidade de Darcy é uma velocidade fictícia, pois em seu cálculo assume-se que o fluxo ocorre através da seção toda do meio poroso, quando na realidade o fluxo se desenvolve apenas através dos poros interconectados. PERMEABILIDADE –VELOCIDADE DE DARCY PERMEABILIDADE Lei de Darcy é aplicável apenas quando o fluxo é laminar. O número de Reynolds, Re, é utilizado para caracterizar a condição de fluxo laminar ou turbulento. A Lei de Darcy’s é aplicável na faixa: 1 < Re < 10 (faixa normalmente adequada para estudos de reservatórios). PERMEABILIDADE PERMEABILIDADE A permeabilidade é um dos mais importantes parâmetros na definição do desempenho do reservatório. A qualidade do reservatório, representada pela permeabilidade, pode ser classificada como segue: k < 1 mD - Reservatório Pobre 1 < k < 10 mD - Reservatório Médio 10 < k < 50 mD - Reservatório Moderado 50 < k < 250 mD - Reservatório Bom K > 250 mD - Reservatório Muito Bom (mD = millidarcy) Esta escala sofre modificações ao longo do tempo. Por exemplo, a 30 anos k < 50 mD era considerado um valor pobre. PERMEABILIDADE FATORES QUE AFETAM A PERMEABILIDADE a. Forma e tamanho do sistema de poros. b. Classificação. c. Fraturamento e dissolução. d. Tipo de rocha. DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE MÉTODOS i. Análise de testemunhos: análise granulométrica ou testes de laboratório. ii. Testes em poços: ensaios de fluxo. iii. Dados de produção: registro do fluxo de fluidos drenados pelo poço no processo de produção. iv. Perfilagem de poços: ex. MRI - Magnetic Resonance Imaging. DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE Quando o testemunho chega ao laboratório, a prática comum é cortá-lo em duas partes. Sobre uma parte são feitas fotografias, descrição geológica e arquivamento. Sobre a outra parte são cortados pinos (“plugs”) para a realização de ensaios. Se o reservatório é muito heterogêneo são coletadas amostras ao longo do diâmetro ou de todo o testemunho DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE DETERMINAÇÃO DA PERMEABILIDADE PROBLEMAS QUE AFETAM OS RESULTADOS DO ENSAIO 1. Manuseio, limpeza e amostragem do testemunho. 2. Interações fluido-rocha. 3. Mudanças de pressão. 4. Heterogeneidades da rocha (fraturas). FLUXO MULTIFÁSICO E DIRECIONAL Normalmente os reservatórios contém 2 ou 3 fluidos. Sistemas com 2 fases: Água-Óleo. Óleo-Gás. Água-Gás. Sistema com 3 fases: Água-Óleo-Gás. FLUXO MULTIFÁSICO E DIRECIONAL Quando o espaço da rocha ocupado por poros contém mais de um fluido, a sua permeabilidade em relação a um particular fluido é chamada de permeabilidade efetiva. Assim, a permeabilidade efetiva é a medida da capacidade de um meio poroso conduzir um fluido em particular, na presença de outros fluidos. Cálculo das permeabilidades efetivas: FLUXO MULTIFÁSICO E DIRECIONAL Cálculo das permeabilidades efetivas: FLUXO MULTIFÁSICO E DIRECIONAL A permeabilidade relativa é definida como a razão entre a permeabilidade efetiva para um fluido a certa saturação, em relação a uma permeabilidade- base. A permeabilidade-base normalmente utilizada é a permeabilidade efetiva de um dos fluidos a 100% de saturação, ou seja, sua permeabilidade absoluta. FLUXO MULTIFÁSICO E DIRECIONAL FLUXO MULTIFÁSICO E DIRECIONAL A permeabilidade de uma rocha pode variar segundo a direção do fluxo. Neste caso é necessário caracterizar-se permeabilidades segundo diferentes direções: FLUXO MULTIFÁSICO E DIRECIONAL A Lei de Darcy generalizada ficará da seguinte maneira, de acordo com um particular sistema de coordenadas: FLUXO MULTIFÁSICO E DIRECIONAL EFEITO DA PRESENÇA DE CAMADAS COM CONDUTIVIDADE HIDRÁULICAS DIFERENTES OBRIGADO!