Buscar

MARCOS- PAPER- TÓPICOS ESPECIAS DE FILOSOFIA-2ANO

Prévia do material em texto

A ANGÚSTIA EM HEIDEGGER, FREUD E ALICE HOLZHEY- KUNZ [footnoteRef:1] [1: Trabalho apresentado para a disciplina Filosofia da Ciência do professor Manuel Moreira ] 
MARCOS M. PACHECO [footnoteRef:2] [2: Acadêmico do 2º ano do curso de Filosofia] 
1. INTRODUÇÃO 
A pergunta ‘’ qual é o sentido da vida’’, atravessa a história e muitas são as definições dadas a esta questão que desafiou e ainda desafia a filosofia assim como, várias ciências bem como os pensadores e estudiosos sobre o caso. Assim de um modo geral, pressupõe que toda a reflexão acerca deste tema, a reflexão filosófica apurada busca analisar e chegar a uma resposta plausível que desde sempre permeia sobre nós.
Quando fazemos está indagação e revelado uma coisa valiosa em nós, nos damos conta mais conseguimos a partir disso perceber que somos conscientes que estamos vivos e que morreremos algum dia e que isso nos mostra que deve haver um sentido e que este é próprio do ser humano, pois somente nós temos a capacidade de raciocinar, refletir, pensar sobre nossa existência. É neste contexto que este trabalho vai analisar a visão do filósofo Martin Heidegger (1889-1976), Sigmund Freud (1856 – 1939), e Alice Holzhey-Kunz alguns dos maiores pensadores sobre o ser, a ontologia, o estudo do ser, a qual decorrerá este trabalho com enfoque em seus pensamentos sobre o ser e a angústia. 
2. A ANGÚSTIA EM HEIDEGGER
Por meio da análise existencial, Heidegger vai identificar o aspecto principal de toda a metafísica: a questão do esquecimento ou o encobrimento do ser, que na metafísica ‘’ tradicional’’ é sempre tratado como ser, sempre objetivo e neste processo se identifica imediatamente com qualquer outro ser da natureza. A principal premissa de Heidegger em sua crítica ao esquecimento do ser metafísico seria separa o ser do ente e ainda segundo ele, só é possível não confundir ser com ente, se pensarmos a partir da compreensão do ser. 
O Ente então para Heidegger o ente seria uma forma de Ser, e é determinado por ele, o ente é tudo o que falamos, são várias coisas com sentidos diferente, o qual nos relacionamos, e significados diferentes (como os animais, móveis e outros objetos), É quem somos e como somos, mais o homem é o único a qual podemos ter acesso ao ser, o ente que tem essa capacidade de se relacionar com o ser, resumindo o ente se explica já o ser não pode ser explicado pois se for já não é.
Através de estudos sobre o ser e suas peculiaridades em ‘’ ser e tempo’’ traz o conceito do ‘’ Dasein’’, ‘’ ou ser-aí’’, ou seja, o ser-no-mundo, o ser lançado ou colocado no mundo, o poder ser, entes repletos de potencialidades, projetar-se e assim realizar o seu ser. Se pararmos, se não nos projetarmos estamos fadados aceitar o que somos e desta forma entramos, segundo Heidegger, entramos num processo que vai chamar de ‘’ esquecimento do ser’’, vivendo portanto ainda segundo ele uma vida inautêntica, aproximando-se do ‘’nada’’ , segundo define HEIDEGGER (1983,p,38.) a respeito do ‘’nada’’, que o "nada é a plena negação da totalidade do ente", logo Podemos escolher um sentido predefinido , ou construir o meu próprio sentido para a vida. 
	Para Heidegger, o ser-aí, ampara e é amparado pela existência. É em si algo que não pode ser objetivado, não é anterior nem posterior, nem interno nem externo, mas se não fosse por ela, não seríamos quem somos. O Ser, não é uma coisa, que possamos falar, nem afirmar que é fundamentado, mas se não houvesse ser, se não houvesse significado, todas as palavras, questões, desaparecem, e sequer questionaríamos.
Poucas são as vezes que tomamos por pensamento, de que somos, ou as coisas são, e mais ainda de que tem um ser, mais que poderia não existir também, assim segundo Heidegger, diz que ‘’ ao nadificar do nada’’, no momento da angústia, onde sentimos o ‘’ eu ser’’ e descreve:
Na angústia - dizemos - “a gente se sente estranho”. O que suscita tal estranheza e quem é por ela afetado? Não podemos dizer diante de que a gente se sente estranho. A gente se sente totalmente assim. Todas as coisas e nós mesmos afundamos em uma indiferença. Isto, entretanto, não no sentido de um mero desaparecer, mas em se afastando elas se voltam para nós. Esse afastar-se do ente na totalidade, que nos assedia na angústia, nos oprime. Não resta nenhum apoio. Só resta e nos sobrevém -na fuga do ente - este “nenhum” (HEIDEGGER, 2008 p.121-122).
Neste momento em que o homem se sente o ser, Heidegger, chama-os de humores ou disposições, que põe o homem diante de sua existência, porém, isso só é possível, porque esse “sentimento não é algo que está 'dentro', é aquele caminho fundamental do nosso Dasein em virtude do qual e segundo do qual já estamos sempre elevados, acima e além de nós. Assim entende ‘se, que é a angústia que leva o homem questionar o seu próprio ser, colocando-o para fora do ente. Para HEIDEGGER (1998, p,42), “O estar suspenso do ser-‐aí dentro do nada originado pela angústia escondida é o ultrapassar do ente em sua totalidade: a transcendência”.
Essa transcendência seria ultrapassagem do ente, de onde o homem não se compreende autenticamente e o coloca antes de sua própria transcendência, essa transcendência não se baseia em nenhuma entidade, ou seja, não se baseia em nada e, portanto, não tem fundamento. Assim, a angústia leva o homem a colocar-se antes de ser não como um dado, mas como uma possibilidade, ou ainda, é a disposição que revela a possibilidade da impossibilidade da existência, colocando assim, o homem à frente da finitude e Heidegger resume assim:
O estar suspenso do ser-aí no nada originado pela angústia escondida transforma o homem no lugar-tenente do nada. Tão finitos somos nós que precisamente não somos capazes de nos colocarmos originariamente diante do nada por decisão e vontade próprias. Tão insondavelmente a finitização escava as raízes do ser-aí que a mais genuína e profunda finitude escapa à nossa liberdade. O estar suspenso do ser-aí dentro do nada originado pela angústia escondida é o ultrapassar do ente em sua totalidade: a transcendência. (HEIDEGGER,1983).
O homem cair no mundo não implica que ele se comporte como uma certa entidade simples, como outra coisa entre outras, porque é uma habilidade não humana, pois o mundo funciona como uma existência ontológica e, nesse sentido, como constituinte da cara; esta é uma das razões pelas quais Heidegger chama o homem existente no mundo. Então, quando dizemos que o homem caiu no mundo, significa que ele se afastou de seu ser mais adequado, que se rendeu ao trabalho penoso da vida cotidiana. Assim como estar perto do mundo e cair em um estado de indiferença não elimina a importância da ideia de mundo para a constituição ontológica das pessoas, a decadência se concentra nos próprios momentos de colapso. O soro fático não representa um negativo, pelo contrário, é um componente positivo da existência humana. Decadência e indignidade é o estado mais normal da existência humana. 
A angústia representa uma oportunidade para o homem sair da decadência e entrar na proximidade de seu ser, esses momentos de imersão são menos comuns na vida real e, portanto, representam o extraordinário para a existência humana. A decadência é a existência ontológica do ser-aí fático onde a tagarelice, a ambiguidade e a curiosidade emergem como momentos de queda, de não estar perto do homem consigo mesmo. O 'não' que acompanha a proximidade não significa que a proximidade do homem com seu ser seja negada, mas significa que a proximidade do homem com seu eu interior é negada. Nesse sentido, a característica dominante da decadência é a falta, não a negação. A sensação de momentos caídos do homem coincide com sentimento de culpa e inadequação. O nada caracteriza o regime de sofrimento como a suspensão corresponde à privação; isso é visto como parâmetro do nada que caracteriza a culpa como uma espécie básica de decadência. 
Nesse sentido, pode-se dizer que o pecado e a angústia se definem ontologicamente pelo nada. "Suspenso no nada nascido da angústia latente estáa transcendência do ser em sua totalidade: transcendência", ou seja, a transcendência do ser humano depravado à possibilidade de presunção da existência de uma pessoa, de forma injusta ou agradável. A culpa e o sofrimento são determinações existenciais ontológicas que permitem ao homem elevar-se acima de si mesmo em direção ao nada que ele mesmo é.
3. A ANGÚSTIA EM FREUD
Já Freud colocou a angústia em um lugar privilegiado, como um conceito em sua teoria meta psicológica, e sua definição seria algo que ele perseguiria até o final de seus estudos. Assim, ele coloca a angústia no centro de sua investigação, dando a origem dela, e segundo o próprio, apresentando o sintoma. Freud dedicou-se a estudar o fenômeno da angústia, sempre procurando articulá-lo no nível estrutural, como no segundo tema, e distingui-lo de outras influências. Em um de seu texto "Inibições, Sintoma e Ansiedade" (1926/1976, p. 189) afirma que ele é considerado um primata por causa da natureza "ambiguidade" e "sem propriedade" que protege. Portanto, o medo é considerado único em seu caráter paradoxal e em sua resistência à síntese. Já em nos primeiros textos, Freud enfatizava que o medo sempre esteve associado ao recalque quando entendido como a emergência do que está sendo oprimido. Sua aparição aqui representa um processo preliminar muito elaborado e baseado em desconforto.
Freud assume o desconforto como base da opressão, a base da própria opressão só pode ser o desconforto que é a incompatibilidade entre a ideia particular que está sendo oprimida e a massa dominante de ideias que compõem o ego, mas a ideia oprimida será vingança e patogênica. O desconforto associado ao processo repressivo indica que o princípio do prazer está associado ao controle do estímulo, o princípio do prazer é uma modificação da inércia, que é uma realidade maior, e é sinônimo de prazer absoluto para Freud, ou seja, falta de estimulação, ele é ativado para acomodar a excitação ilimitada e representa uma grande modificação da realidade de excitação traumática e desamparo absoluto, o princípio de realidade, por outro lado, é o segundo passo para a continuação da alegria e, como seu antecessor, utiliza vários meios para atingir esse objetivo. O medo é visto primeiramente como um produto disso como sinal de uma luta constante que termina em opressão para evitar a ocorrência de movimentos inaceitáveis ​​que produzem mais desconforto do que manifestações de medo da consciência, o que Freud ressalta:
A ansiedade é uma reação a uma situação de perigo. Ela é remediada pelo ego, que faz algo a fim de evitar essa situação ou para afastar-se dela... Seria mais verdadeiro dizer que se criam sintomas a fim de evitar uma situação de perigo cuja presença foi assinalada pela geração de ansiedade. Nos casos que examinamos, o perigo em causa foi o de castração ou de algo remontável à castração. (Freud, 1976/1926, p. 152)
Freud enfatiza a fobia como neurose de quase próspero, porque sua principal operação é eliminar a percepção do pai simbólico e do próprio sujeito: o chamado afeto de ansiedade, os efeitos da angústia, que era a essência da fobia, não vinham da repressão, não do catexias libidinais, mas do próprio órgão da opressão Freud diz que o ego está ciente das exigências instintivas de recriar as situações perigosas que já experimentou, portanto, o ego se prepara para evitar privá-lo de seu poder, no entanto, o eu não tem essa força e é vulnerável ao estímulo do id. Freud, nessa situação conflitante, permite que o ego use o que tem e reproduza uma pequena amostra do que é instintivamente satisfatório na área, permitindo assim uma revivência de sensações desagradáveis. Desta forma, o princípio do prazer funciona e o sinal do ego restringe movimentos pulsionais perigosos, em conexão com o risco mais alto, o ego então cria opressão olhando para outras ordens além de si mesmo, os ataques de ansiedade estão totalmente avançados, o ego se afasta de investimentos problemáticos, e quanto maior o medo que enfrenta, mais se mobiliza para protegê-lo e conectar pessoas oprimidas. Essa tentativa incômoda do ego de eliminar a possibilidade do surgimento de movimentos implacáveis ​​depende da atividade da imaginação, que lhe dá um tom de perigo. 
Freud supõe ser a relação entre a ansiedade e o sujeito que a causa, sob a suposição de que o ego é a sede do medo e o criador, o problema dos objetos torna-se mais específico, se ele é o criador do horror, ele segue sem saber o modelo já marcado, mas em que objeto ele o cria? Há uma prioridade para as marcas deixadas pelo medo sobre as marcas próprias. Portanto, percebe-se que os objetos do medo são tanto presentes (percebidos pelo self em sua realização) quanto antigos (deixando os vestígios espirituais da destruição do escudo protetor e facilitando a primeira divisão da subjetividade), previa e posterior temos aí logo um encontro. A teoria de Freud, por outro lado, baseia-se no efeito simbólico da opressão pela produção de alternativas, nesse sentido, se há um objeto de medo, ele não pode ser visto pelo efeito da opressão, o objeto de Freud é entendido como resultado da opressão, e entendemos que é uma defesa contra o trauma que deixa como herança o medo. Objetos resultam de opressão, nomeação e plágio de linguagem. Tais conformações são suscetíveis a múltiplos significados, cada um limitando os campos semânticos possíveis, assim, partindo deste pressuposto entende-se que a angústia tem inegável relação com a expectativa, é angústia por algo, tem uma qualidade de indefinição e falta de objeto.
Freud resumiu suas descobertas em termos de duas manifestações de ansiedade. Poderíamos, portanto, considerar a existência de um sinal de angústia, que tem função protetora, pois prepara o ego antecipando o evento traumático. A ansiedade sinal serve ao princípio do desprazer e, portanto, é força vital, ou seja, sinaliza e protege a psique. O outro tipo é chamado de angústia automática, configura o encontro traumático, que, na psicanálise, sempre decorre de uma superestimulação que o aparelho psíquico não consegue processar, não permite que o ego se prepare e se defenda, por isso segue a ordem do não representativo e, por isso, associado ao que Freud chamou pulsão de morte. 
Pode-se assim concluir que objeto do medo nos leva a algo que não pode ser objetivado, ao contrário, nos introduz à pura função da deficiência, por outro lado, ser um objeto fora do campo da objetividade nada tem a ver com o objeto de medo como sendo estranho a outros objetos de desejo. Pelo contrário, supondo que isso signifique a realocação exata dos campos gerais do objeto, porque, se mantida, posiciona-se como uma falta fundamental que permite a circulação de outros objetos. 
4. A ANGÚSTIA EM ALICE HOLZHEY-KUNZ
 
 Apesar de Alice Holzhey-Kunz é muito pouca conhecida no Brasil, seus relatos sobre a angústia é deveras importante para uma aproximação do conhecimento sobre tal assunto, para ela, Os sintomas têm um significado que pode ser explícito. No entanto, na psicanálise, os sintomas são fruto da memória, mas na análise do Dasein, sua "origem" é existencial (Dasein, Ser-aí), O sintoma demonstra o “sofrimento com o próprio ser”, é uma "experiência ontológica”, ou seja, referente a ser, portanto, que significa, revelado pela hermenêutica da psicoterapia: é o fracasso de uma tentativa de ocultar da condição humana (dasein), que tem sua aparição na vida cotidiana. 
Kunz credita a Freud por iniciar uma nova interpretação dos sintomas psiquiátricos, contrariando a tradição médica, que trabalha em um eixo desviante da normalidade sobre saúde e doença, Freud propôs a existência de um significado latente dos sintomas, abrindo a possibilidade, por meio da interpretação, de aprender e descobrir seu significado. Na psicanálise freudiana, o sintoma tem dois significados: seu "onde" e seu "porquê". "De" indica origem histórica, portanto, um sintoma atual está relacionado a uma experiência passada.
A questão "de onde" (experiências definidoras da infância),foi onde Freud mais deu mais ênfase, a Daseinsanalise se dedicou ao "o quê", ao "por que" o modo de ser é apontado como um sintoma, ou seja, explicar o sentido da ação, o que está a existência completa, completa, atua como sua ação, sofrimento existencial, portanto, não é passivo, é uma maneira de lidar com a própria existência, Kunz explica o sofrimento existencial à luz da existência (Dasein) como sendo o objeto (o que ela chama) de "experiência do ser", situações que indicam o status de um ser-aí finito e desperdiçado no mundo público , tendo que se responsabilizar a cada vez, materialmente, em relação aos outros e sofrer angústias (revelando a própria experiência). O chamado estado psicótico é diferente do estado neurótico.
 Na psicanálise, isso se deve a diferenças na estrutura da psique. Na análise da Daseinsanalise, isso não faz sentido, a única "estrutura" é a existência de. Assim são maneiras de ser. Assim, os modos de ser mentais devem ser entendidos também como modos específicos de apreensão do próprio ser, baseados em uma sensibilidade acima da média ao próprio ser, assim para Kunz O sintoma não é um constrangimento existencial ou um estado passivo. Os sintomas têm significados, não significados "interiores", como na psicanálise, mas para a vida. Alice entendeu que esse sintoma tinha algo a dizer ao paciente, sobre costumes, profissões e explicações gentis por toda parte.
Os sintomas, seria então, um fracasso desse mascaramento, pois impõe uma sensibilidade acima da média de à condição humana, e cada patologia indica problemas específicos da condição. Parece. Esse sintoma está relacionado ao sofrimento, porque constitui a existência cotidiana, facilita e direciona, inatingível, de comportamentos e mecanismos para desviar a atenção dos problemas apresentados pelo sintoma, que apenas destaca o sintoma. Kunz ao falar da angústia faz uma ligação indireta com a liberdade recorrendo a Jean Paul Sartre(1905-1980), que considera a angústia uma sensação de excelência existencial. Afirma que "estamos sofrendo", pois a partir de então o homem percebe sua liberdade como uma percepção do que é e do que faz com a própria vida. A ansiedade, como condição humana que requer ação, é um importante catalisador do projeto de tornar-se a pessoa que o homem constrói ao longo de sua vida. 
Para Sartre, foi a liberdade que o colocou em estado de desamparo, desespero ou sofrimento, a inveja é expressa porque as pessoas estão cientes de sua liberdade. As escolhas de uma pessoa afetam não apenas sua vida, mas toda a humanidade, pois ela se torna responsável por todos. A profundidade de sua responsabilidade para com a humanidade como um todo muitas vezes faz com que o homem desenvolva estratégias para ajudá-lo a suportar sua angústia. Assim, para Sartre, a liberdade causa ansiedade e, ao tentar negar o peso da responsabilidade que assume, o homem cria atos de evitação, o que o filósofo chama de má fé. As más crenças são uma escolha para disfarçar uma condição existente: a ansiedade. A ansiedade é um reflexo da apreensão sobre as condições livres. Por isso, o filósofo afirma que devemos suportar a liberdade. Uma sensação de liberdade é uma sensação de angústia. Para Sartre, o homem ''está condenado a ser livre. Por sua vez, ele distingue a ansiedade orientada para o futuro (mais próxima do conceito de ansiedade) da ansiedade orientada para o passado. Nesse sentido ela dá um exemplo de um hipocondríaco, que sempre tem uma ou mais doenças. Nem todos eles estão limitados a um nível específico de desconforto. 
Uma dor de cabeça, forte a ponto de incomodar, sinaliza a possibilidade de um tumor e não sua intensidade. “Todo sintoma corporal, mesmo que seja completamente inócuo, implica a fragilidade de nossos corpos, e o fato de que de repente podemos ser vítimas de doenças graves ou até mesmo da morte. Assim, o comportamento do hipocondríaco, diante dos sintomas corporais, como resposta à ameaça de opressão é frágil e pode levar à morte a qualquer momento. o que pra muitos é uma dor de inofensiva, já para tal é uma insuportável e inconsciente ameaça de morte. Agora, as manobras não podem mudar a condição humana. Enquanto se tentar fugir, negar, esquecer minha identidade, minha condição humana, sempre fracassarei. Com cada doença, cada sinal de velhice, sofrerei. Ao aceitar minha condição, que à primeira vista parece paradoxal, ganhou a capacidade de desfrutar. Ao aceitar a "leveza insuportável", aprendi a deixar de lado meu controle nervoso e deixar a vida fluir. É o compromisso com a interpretação, uma compreensão ontológica que, em última análise, distingue fundamentalmente a abordagem fenomenológica existencial de outras abordagens.
Apesar da reabilitação dos desejos e da recuperação analítica de daseinsanaliticamente como existencialismo, Kunz afirma:
Se Heidegger declara que o homem estaria de saída e na maioria das
vezes em fuga diante da angústia, então essa fuga é impelida pelo
desejo de se redimir da nulidade do próprio ser. Isso ignifica que a
relação humana com o próprio ser tem na maioria das vezes a forma
do desejar – mais exatamente, do desejar ilusório que visa à
transformação do inalterável. (HOLZHEY-KUNZ, 2018, p. 119).
De fato, a libertação da angústia, entendida aqui como medo, consiste em um mecanismo de defesa mobilizado pelo homem diante do nada de seu ser, que, quando morbidamente psicologia, manifesta-se como sintoma de dominação espiritual nos conflitos internos, de ordem existencial, restabelecendo assim apenas a própria angústia. O sofrimento psíquico não é apenas o resultado de conflitos não resolvidos e experiências traumáticas no passado e no presente, mas também representa o sofrimento consigo mesmo, ou seja, o sofrimento causado pelo conflito com as condições básicas da existência humana. 
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A decorrer deste trabalho, à primeira vista, pode-se notar que o homem diante de sua existência não tem como se manter suspenso na angústia sem fundamento do seu mundo, a discussão do fenômeno da angústia que de qualquer forma nós nos construímos historicamente desse modo porque é o caminho escolhemos pra fugir do nada. Mas nem por isso o homem se constitui como um sujeito pairando no ar, o homem é ser-no­ mundo, e pensar o homem como ser­‐no­‐mundo significa romper a noção sujeito‐objeto. 
Não há distância entre o homem e o mundo, eles estão complicados por meio de uma compreensão de ser, é essa compreensão de ser que permite que o homem fale dos entes do mundo, essa compreensão do ser que possibilita ao homem ser metafísico, existencial. 
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.
HEIDEGGER, M. A preleção (1929): que é Metafísica? In: ______. CONFERÊNCIAS e escritos filosóficos. Trad. Ernildo Stein. São Paulo: Abril Cultural, 1983. (Os Pensadores). 
HEIDEGGER, Martin. Que é metafísica? In: HEIDEGGER, Martin. Conferências e escritos filosóficos. Tradução, introduções e notas: Ernildo Stein. 2. ed. São Paulo: Abril Cultural, 1983, (Col. Os Pensadores).
HOLZHEY-KUNZ, A. Daseinsanálise: O olhar filosófico-existencial sobre o sofrimento psíquico e sua terapia. Tradução de Marco Antônio Casanova. Rio de Janeiro: Via Verita, 2018.
HOLZHEY-KUNZ. A. Verdade Emocional: O Conteúdo Filosófico das Experiências Emocionais: Tradutor: Marco Antonio Casanova: Via Verita. 2021, p. 1-34

Continue navegando