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A Expansão Capitalista no Brasil e o Desenvolvimento Regional

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Aula 6: A Expansão Capitalista no Brasil e o Desenvolvimento Regional 
1. O que foi a ruptura do pacto oligárquico da Revolução de 1930 no Brasil? 
A ruptura do pacto oligárquico foi o ponto de partida e o que viabilizou a Revolução de 1930, 
tendo como centros deflagradores e seus agentes principais as oligarquias da “região” Extremo-Sul - 
Rio Grande do Sul -, de Minas Gerais, uma periferia da “região” do café, e de oligarquias de Estados 
como a Paraíba e Pernambuco, indica apenas que os interesses econômicos dessas “regiões” e sua 
expansão viam-se sistematicamente coartados pela política econômica do café, cujo valor se realizava 
externamente, em contraposição à produção de valor das outras “regiões”, cuja realização era de 
caráter interno. 
2. Qual foi a função da legislação trabalhista? 
Quanto às relações de produção, a legislação trabalhista tinha como função tornar a força-de-
trabalho uma mercadoria completamente desenvolvida e específica, com preços uniformizados, 
guardando diferenças regionais, dissolvendo o dualismo que tendia a formar-se entre os distintos 
mercados de trabalho. 
3. Como se deu o processo de acumulação do capital na relação entre fatores de produção? 
O processo se deu a partir da regulamentação das relações capital-trabalho conferiu, por si 
mesma, enorme potência à acumulação, que se materializou na indústria, nos equipamentos, na 
criação da infraestrutura necessária. 
Potenciada por essa regulamentação e materializada nas próprias fábricas, para a expansão 
das quais a emergência da II Guerra Mundial serviu como substituto das barreiras alfandegárias, a 
acumulação de capital na indústria do Centro-Sul “disparou”. Já nos anos imediatamente após a 
Revolução de 1930, o produto industrial real cresceu a taxas de 11% ao ano. A conjugação desses 
fatores, salários reais mantidos baixos e produtividade do trabalho em crescendo, deu lugar a taxas 
de acumulação reais muito superiores àquelas calculadas pela contabilidade nacional. 
4. Quais são os elementos da nova divisão regional do trabalho no Brasil? 
O desenvolvimento industrial da “região” de São Paulo começou a definir, do ponto de vista 
regional, a divisão regional do trabalho na economia brasileira, ou mais rigorosamente, começou a 
forjar uma divisão regional do trabalho nacional, em substituição ao “arquipélago” de economias 
regionais até então existentes, determinadas sobretudo pelas suas relações com o exterior. 
Derrocaram-se as barreiras alfandegárias existentes entre os Estados, na rota das 
transformações operadas pela Revolução de 1930, pois existiam na forma de um imposto estadual 
sobre as importações provenientes de quaisquer outros Estados; instituiu-se o Imposto de Consumo 
sobre todas as mercadorias produzidas no país, e aboliu-se a capacidade que detinha cada Estado de 
legislar sobre comércio exterior. 
Estava-se, em verdade, em presença da implantação de um projeto de estado nacional 
unificado, em sua forma política, que recobria a realidade de uma expansão capitalista que tendia a 
ser hegemônica; voltada agora para uma produção de valor cuja realização era sobretudo de caráter 
interno, podia a mesma impor ao conjunto do território nacional o seu equivalente geral. 
5. Quais os resultados da relação Centro-Sul e Nordeste no processo de integração nacional? 
Quanto às relações entre a “região” Centro-Sul comandada por São Paulo e o “Nordeste”, 
tanto açucareiro-têxtil quanto algodoeiro-pecuário, esse movimento começa exatamente pela 
destruição dos capitais no “Nordeste”: são fábricas que não conseguem competir em preço e 
qualidade, são atividades antes protegidas pelas barreiras, são as próprias formas anteriores de 
reprodução do capital, nos “Nordestes”, que são postas em xeque; suas circularidades específicas de 
reprodução são ultrapassadas e dissolvidas pela nova forma de reprodução do capital da “região” em 
expansão, tendo em vista o caráter cumulativo que os aumentos da produtividade do trabalho 
imprimem ao processo de geração de valor; nisto reside a metamorfose da imposição do equivalente 
geral a todo o conjunto da economia, isto é, na troca de valores iguais ganha o que tem em si maior 
produtividade do trabalho. 
Outros resultados: à destruição ou fechamento de fábricas, à invasão de produtos agrícolas do 
Centro-Sul, a ritmos de acumulação diferenciais que implicavam, no final, no predomínio das 
mercadorias do Centro-Sul sobre as dos “Nordestes”, em todos os setores. “Nordeste” açucareiro 
perde posição de forma alarmante, o próprio setor têxtil entra em decadência, o próprio “Nordeste” 
algodoeiro-pecuário começa a perder terreno para o algodão herbáceo produzido no Centro-Sul. 
6. Quais os elementos do processo de nacionalização do capital? 
Tal “nacionalização” operou-se por vários modos: succionava os excedentes de capital que 
não podiam “reproduzir-se” nas suas “regiões” originais; imponha as mercadorias de produção da 
“região” que se industrializava sobre as que se produziam nas demais “regiões”; penetrava como 
capital nas outras “regiões”, pois o simples succionamento dos excedentes de capital e o simples 
movimento de balança comercial entre as “regiões” eram insuficientes para completar o processo de 
“nacionalização”.

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