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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES MEDICINA GERAL DA CRIANÇA II DIARREIA AGUDA E HIDRATAÇÃO ORAL · Diarreia: Aumento do conteúdo liquido das fezes, acompanhando de aumento no número de evacuações (>3 ao dia); ou, para lactantes: mudanças no padrão de evacuações. · Classificação: 1. Aguda: quando persiste por até 14 dias; toda diarreia aguda é infecciosa (viral ou bacteriana) até que se prove o contrário. 2. Persistente: quando persiste de 14-29 dias; 3. Crônica: quando persiste por mais de 30 dias. · Complicações da diarreia: Desidratação e desnutrição; · Formas clínicas: 1. Diarreia aguda aquosa: quando ocorre aumento do conteúdo líquido das fezes; 2. Disenteria: quando o aumento do conteúdo líquido é acompanhado de sangue, pus ou muco. · Mecanismos diarreicos dos processos infecciosos: 1. Osmótica: acúmulo intraluminal de solutos; quadros virais impedem a absorção de alguns nutrientes (solutos) acumulado; diarreias por esse mecanismo melhoram com o jejum Diarreia aguda aquosa 2. Secretória: Secreção ativa de eletrólitos pelos enterócitos; mantida no jejum Diarreia aguda aquosa 3. Invasiva: inflamação da mucosa, sobretudo do cólon diminui a absorção Disenteria. · Etiologia da diarreia aquosa · Rotavírus: · Principal agente da doença diarreica grave; · Causa diarreia aquosa por mecanismo osmótico, promovendo um achatamento vilositário, diminuindo as dissacaridases (lactase principalmente); · Também pode causar diarreia pelo mecanismo secretor; · É uma causa grave nas crianças menores que 2 anos de idade, exceto em bebês menores de 3 meses; · Pode levar a vômitos. · Tem vacina! · Autolimitado (1 semana) · Norovírus · Desde a vacinação contra rotavírus, o norovírus começou a ser a principal etiologia (EUA); · Aparece em surtos; · E. coli · Principal causa bacteriana de doença diarreica; · Várias cepas: principal é a enterotoxigênica PRINCIPAL causa de diarreia BACTERIANA. · Essa cepa não é comum em países desenvolvidos. · É causadora da diarreia do viajante! · Outra cepa importante é a enteropatogênica, que causa diarreia persistente, principalmente em crianças pequenas; · Vibrião colérico · Comum em casos de contaminação de fontes de água; · Diarreia grave por mecanismo secretor toxina que faz perder muitos eletrólitos nas fezes; fezes em água de arroz. · Parasitas: giárdia · Percentual muito pequeno dos episódios; Observação: Agentes que causam diarreia aquosa não causam disenteria; mas agentes que causam disisnteria podem causar um quadro de diarreia aquosa. · Etiologia da desistiria (vírus não causam desistiria): · Shigella · Principal causa de desistiria no Brasil; · Causa desistiria por mecanismo de invasão; · Fezes sanguinolentas associadas a febre, dor abdominal e tenesmo · A criança também pode apresentar sintomas neurológicos: convulsão, por ex.; · Pode apresentar síndrome hemolítica-urêmica: IRA, trombocitopenia e anemia microangiopática. · Camylobacter · Pode levar a Síndrome de Guillain-Barré; · E. coli · Cepa: enteroinvasiva; · Quadro semelhante a Shiguella; · Outra cepa: Entero-hemorrágica; causa disenteria sem febre; e também pode levar a síndrome hemolítico-urêmica. · Salmonella: · Leva a um quadro leve; · Uma infecção gastrointestinal por Salmonella, pode levar a uma bacteremia; crianças com doença falciforme, imunocomprometidos e menores de 3 meses, pode ter um quadro grave. · Parasita: Entamoeba histolytica TRATAMENTO Prioridade: Prevenção e tratamento da desidratação; · Soluções glicossalinas orais: · Soro caseiro (mantém a criança hidratada, mas não hidrata a criança); · Solução de reidratação oral (SRO); serve para reidratar a criança; 1. Padrão; (311 mOsm/L), poderia levar ao aumento do volume de evacuações; 2. Osmolaridade reduzida; (245 mOsm/L); tem maior taxa de sucesso. · Soluções cristaloides EV · Soro fisiológico, 9% Para saber qual tratamento indicar, é necessário determinar o estado de hidratação da criança: Observação: Precisa ter 2 ou mais sinais de desidratação para se encaixar em qualquer grupo. Plano A: garantir que a criança permaneça hidratada; tratamento domiciliar. · Aumentar a ingestão hídrica com soluções caseiras ao longo do dia; após cada evacuação repor 50-100ml para menores de 1 ano e 100-200 ml para maiores de 1 ano, podendo ser feito com soro caseiro ou com SRO. · Manter a dieta habitual, sem restrições; após a melhora, aumentar 1 refeição ao dia, durante 2 semanas; · Orientar sinais de gravidade; · Reposição de zinco durante 10 dias; reduz a gravidade e o risco de recorrência; Plano B: terapia de reidratação oral (TRO) no serviço de saúde · Receber solução de reidratação oral, 75ml/kg em 4h. (Crianças com esse grau de desidratação perderam de 3-9% do peso corporal) · Alimentação: manter apenas aleitamento materno (se a criança mama); · Reavaliação frequente; · Quando hidratada alta com plano A, com SRO. Plano C: hidratação parenteral (venosa) · SF 0,9%, 100 ml/kg > 1 ano: em 3h; menor que 1 ano: 6h; Sendo, para maiores de 1 ano: 30 ml/kg em 30 minutos; e para crianças menores de 1 ano: 30ml/kg em 1h; · Só se interrompe a infusão, se a criança apresentar francos sinais de hipervolemia; · TRO logo que possível; · Reavaliação após 3-6h recebendo o plano A, com SRO. Álvaro Luiz Fonseca Campos Discente de Medicina – turma XIII
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