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DIARREIA AGUDA E DESIDRATAÇÃO DEFINIÇÃO: GASTROENTERITE irritação e inflamação do tubo digestivo, incluindo o estômago e o intestino. DIARREIA AGUDA – até 14 dias: → Consiste aumento na frequência (>3 a 4 evacuações). → Quantidade ou diminuição da consistência das evacuações → com ou sem comprometimento gástrico (náuseas e vômitos) → duração < que 2 semanas (14 dias) → com ou sem comprometimento sistêmico (febre) → Diarreia aguda em geral é autolimitada – 7 dias – mas pode prolongar-se 14dias → Diarreia persistente – duração maior que 14 dias DISENTERIA fezes sanguinolentas e com muco, em pequeno volume, associada a tenesmo e urgência para defecar. Traduz clinicamente uma inflamação do cólon DIARREIA NA INFÂNCIA: Causas: infecciosas e não infecciosas Infecciosos: vírus, bactérias e protozoários (70% vão ser virais sendo que desses mais de 40% vão ser causados por roavirus e os 30% por outros virus, 21% bactérias e 5% protozoários) FISIOPATOLOGIA DA DIARREIA: Barreira gastrointestinal: O pH ácido gástrico, a flora bacteriana normal, o peristaltismo intestinal, as mucinas presentes na camada de muco que reveste a superfície luminal dos enterócitos, fatores antimicrobianos como lisozimas e lactoferrina e o sistema imune entérico compõem a barreira de defesa do sistema digestório potencializado em crianças que usam leite materno exclusivo. Os microrganismos precisam romper essa barreira e aderir à superfície mucosa. Após a aderência as ações mudam de acordo com o patógeno: produção de toxina, invasão da mucosa que acarretará 4 tipos fisiopatológicos de diarreia: mecanismo osmótico, secretor, inflamatório e de alteração da motilidade. OSMÓTICO: • presença de solutos osmoticamente ativos não absorvidos → retenção de líquidos dentro do lúmen intestinal. • Característica: Fezes líquidas, volumosas, de caráter explosivos e grande perda hidroeletrolítica • Ex: deficiência de lactase, uso de laxantes, predomínio dos vírus. SECRETORA: • Patógenos causam aumento da concentração intracelular do nucleotídeos cíclicos → secreção ativa de água e eletrólitos pelos enterócitos (ânions cloreto e bicarbonato) • característica: Volume e sódio fecais aumentados. Poucos sintomas sistêmicos como febre e vômito. • Exemplos: cólera, Salmonella, toxina E.coli INVASIVA OU INFLAMATÓRIA: • Lesão da célula epitelial do intestino → impede a absorção de nutrientes. • Dependendo do grau de invasão provocam: febre, mal-estar, vômitos, dor abdominal do tipo cólica e diarreia disentérica, com fezes contendo sangue, muco e leucócitos • Exemplos: Salmonela, Shigella, Yersinia, Campylobacter, E.Coli invasiva. Pediatria II – Diarreia Aguda e Desidratação DIAGNÓSTICO: essencialmente clínico. ANAMNESE: 1. Caracterizar o quadro diarreico: tempo de diarreia, nº diário e volume das fezes 2. Sintomas associados: febre, vomito 3. Uso de medicamentos: antibiótico prévio 4. História de doenças prévias: alergia alimentar 5. Outras pessoas na família com o quadro ou contato com outras pessoas (creche, irmãos) 6. Viagem recente EXAME FÍSICO: → Medir o peso ! (para já ter um parâmetro atual para se comparar se a criança evoluir mal) → Sempre fazer o exame físico completo na criança → Excluir presença de outros quadros infecciosos como pneumonia, otite media... → Avaliar estado nutricional e hidratação AVALIAÇÃO CLÍNICA DA DESIDRATAÇÃO: melhor critério para avaliar o grau de desidratação da criança secundário a uma diarreia aguda = PERDA DE PESO ❖ Perda de < 5% peso = desidratação leve ❖ 5 a 10% do peso = desidratação moderada ❖ >10% do peso = desidratação grave DESIDRATAÇÃO = depleção de volume extracelular = distubio hidroeletrolítico (acidose) A depleção = hipoperfusão tecidual = instabilidade cardiovascular + insuficiência renal = óbito Utilizamos também outros parâmetros sugeridos pela OMS: OBSERVAR A B C Estado Alerta Irritada ou inquieta Apática, hipotonica Lágrimas Presentes Ausentes Ausentes Boca/lingua Úmidas Secas Muito secas EXAMINAR A B C Prega Desaparece rápida- mente Desapare- ce lenta- mente Desapare- ce muito lentam/ Pulso Cheio Rápido/ débil Muito débil Extremida- des Aquecidas Frias e pálidas Cianosada Enchimento capilar Normal (até 3s) Prejudica- da (3 a 5s) Muito prejudica- da >5s Conclusão Não tem desidrata- ção Tem Desidrata- ção Desidrata- ção grave Conduta Tratamento domiciliar Reidrata- ção oral na Unidade de atendimen -to Hidrata- ção venosa TRATAMENTO: reidratação e manutenção nutricional Plano terapêutico vai depender da classificação da desidratação da criança A, B, C A via preferencial para o tratamento da classe A e B é ORAL– Terapia de Reidratação Oral- TRO Via oral > sonda nasogástrica > endovenoso A via EV será usada so se: Falha na TRO, vomito intratável, diarreia profusa, Alteração do nível de consciência Na desidratação grave ou choque TARAPIA DE REIDRATAÇÃO ORAL: OMS → solução de reidratação oral hiposmolar (via de transporte ativo, acoplada de sódio- glicose-água pelo enterócito está preservada na diarreia aguda, independentemente da etiologia por tanto essas soluções possuem absorção eficaz) Sais’ SRO padrão mOsm/L SRO hiposmolar mOsm/L Sodio 90 75 (60) Potássio 20 20 Cloro 80 65 (60) Glicose 111 75 Osmolaridade 311 245 (225) TRATAMENTO PLANO A = DOMICILIAR 1. Oferecer mais líquidos que o habitual e ofertar SRO após cada evacuação diarreica Água, sopa de legumes, água de coco, chá, suco. Não oferecer líquido açucarados, refrigerante Ingesta de liquido diária: • 50 a 100ml para < 1ano • 100 a 200 ml para 1 a 10 anos • O quanto aceitar > 10 anos 2. Manter alimentação habitual da criança: Aleitamento materno, corrigir erros 3. Orientar por escrito para retornar se não melhorar em 2 dias OU sintomas de piora: SINAIS DE PERIGO: 1-Piora da diarreia 4-Recusa de alimentos 2-Vômitos repetidos 5-Sangue nas fezes 3-Muita sede 6-Diminuição da diurese 4. Iniciar zinco 1x ao dia por 10 a 14 dias: < 6meses = 10 mg >6 meses = 20 mg/dia TRATAMENTO – PLANO B – UNIDADE : DESIDRATAÇÃO LEVE A MODERADA – PERDA DE 5% A 10% DO PESO O plano B deve ser realizado na unidade de saúde. Os pacientes deverão permanecer na unidade de saúde até a reidratação completa e reinício da alimentação 1. Manter aleitamento materno e suspender a alimentação no período de reidratação 2. Terapia de Reidratação Oral –TRO na unidade sob supervisão: → Fazer 50 a 100 ml/kg dentro de 4 a 6 h → oferecido de forma frequente em colher ou copo a cada 20 min e após cada evacuação diarreica, → reavaliar os sinais de desidratação a cada 2h . Pode-se utilizar sonda nasogástrica no caso de vomito persistente. 3. Se desaparece sinais de desidratação → Retorna com plano A 4. Se piora sinais de desidratação → Inicia plano C. TRATAMENTO – PLANO C- PRONTO ATENDIMENTO DESIDRATAÇÃO GRAVE– PERDA DE + 10% DO PESO → CORREÇÃO DA HIDRATAÇÃO VIA PARENTERAL → Puncionar veia calibrosa ou até 2 acessos ou intraóssea Contempla fase rápida (expansão) e fase de manutenção e reposição 1-FASE RÁPIDA EM MENORES DE 5 ANOS: SOLUÇÃO VOLUME TEMPO DE ADM: Soro fisiológico → Iniciar com 20 ml/kg → Repetir até a criança esteja hidratada → Reavaliar sinais clínicos após cada fase de expansão → RN e cardiopatas: iniciar com 10 mL/Kg 30 minutos FASE RÁPIDA EM MAIORES DE 5 ANOS: SOLUÇÃO VOLUME TOTAL TEMPO DE ADM: 1º soro fisiológico 0,9% 30ml/kg 30 min 2º Ringer Lactato 70 ml/kg 2 hr e 30 minutos → Avaliar o paciente continuamente . Se não houve melhora da desidratação aumentar a velocidade de infusão. → Iniciar TRO sempre que possível, mantendo avenosa. 2- FASE DE MANUTENÇÃO (volume da regra Holiday&Segar) SOLUÇÃO VOLUME EM 24 HORAS Soro glicosado 5% + SF a 0,9% na proporção de 4:1 Peso até 10kg 100ml/kg De 10 a 20 kg 1000 ml + 50ml/kg de peso que exceder 10 Kg Acima de 20 Kg 1500 ml + 20 ml/Kg de peso que exceder 20 Kg KCL a 10% 2ml p/ cada 100ml de solução da fase de manutenção Ou KCL 19,1% 1ml p/ cada 100 ml 3-FASE DE REPOSIÇÃO: perdas diárias Soro Glicosado a 5% + SF a 0,9% na proporção de 1:1 Iniciar com 50ml/kg/dia Reavaliar esta quantidade de acordo com as perdas do paciente Os pacientes que estiverem sendo reidratados via parenteral devem permanecer na unidade de saúde até que estejam hidratados e conseguindo manter a hidratação oral. Observar o paciente por pelo menos 6 horas. Retornar com terapia de reidratação oral e alimentação logo que possível → Plano B. Se não conseguem → manter internados TIPOS DE DESIDRATAÇÃO COM DISTÚRBIO DO SODIO ISONATRÊMICAS – Na – 135-150mEq/L É a maioria das diarreias por gastroenterites Existe perda proporcional entre água e Na, mantendo o gradiente osmótico entre os compartimentoss extra e intra celular HIPONATRÊMICAS – Na – <135 mEq/L Houve perda maior de Na do que de água Diminuição da osmolaridade dos fluidos corporais Existe desvio osmótico de água do meio extra celular para o intracelular, o que irá intensificar os sinais de desidratação Def. Na= Na desejado - Na dosado x 0,6x peso em kg –REPOR NaCl 3% HIPERNATRÊMICA – Na – >150mEq/L Houve perda maior de água do que de Na Aumento de osmolaridade será no espaço extra celular Existe desvio de água do intra para o extra celular podendo surgir sintomas graves do sistema nervoso ( hemorragia, trombose e edema cerebral) Usar SF a 0,45% CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO: USO DE ANTIEMÉTICOS: MS não preconiza uso de antieméitcos na diarreia aguda por considerar auto limitada e por provocar sonolência (brompoprida) e atrapalha na reidratação oral e avaliação clínica da criança. Contra indicado metoclopramida Tem-se dado preferência ondasentrona é de 0,1mg/kg (0,15-0,3/kg), até o máximo de 4 mg por via oral ou IM (amp 4mg/2ml) em virtude de não oferecer sedação. USO DE ANTIBIÓTICOS Não tem indicação nas diarreias agudas, exceto na presença de sangue nas fezes (desinteria por Shigella), cólera, anemia falciforme 1ª escolha é ciprofloxacino 15mg/kg 2x ao dia 3 dias; Comp 500mg Ceftriaxona, 50-100mg/kg EV por dia por 3 a 5 dias nos casos graves que requerem hospitalização. SMT+TMP e ac nalidíxico parece ter resistencia USO DE PROBIÓTICOS O MS não preconiza seu uso Sua função é diminuir em média 24h na duração e intensidade da diarreia aguda Determinados probióticos já são utilizados no tratamento da diarreia aguda As cepas consideradas como tendo evidências suficientes e que foram recomendadas tanto pela diretriz Íbero- Latinoamericana para o tratamento coadjuvante da diarreia aguda são: Lactobacillus GG e L acidófilos LB (não tem no Brasil) , Saccharomyces boulardii e Lactobacillus reuteri DSM 179381 – 5 a 7 dias USO DE RACECADOTRILA reduzem a secreção intestinal de água e eletrólitos que se encontra aumentada nos quadros de diarreia aguda. a diretriz Ibero-Latinoamericana consideram que a racecadotrila pode ser utilizada como coadjuvante no tratamento da diarreia aguda porque não interfere na motilidade intestinal Dose 1,5mg/kg/ 3x ao dia Contra indicação menores de 3meses Sache com 10mg e 30mg CONCLUSÕES: • Princípios fundamentais do tratamento da diarreia aguda: terapia de reidratação e manutenção da alimentação • Antibiótico é recomendado para paciente com disenteria • Reforçar vacinação contra rotavírus • Uso de probióticos, zinco tem sido recomendados pela SBP. DIARREIA AGUDA E DESIDRATAÇÃO DIAGNÓSTICO: TRATAMENTO: TRATAMENTO PLANO A = DOMICILIAR TRATAMENTO – PLANO B – UNIDADE : TRATAMENTO – PLANO C- PRONTO ATENDIMENTO TIPOS DE DESIDRATAÇÃO COM DISTÚRBIO DO SODIO CONSIDERAÇÕES SOBRE O TRATAMENTO: CONCLUSÕES:
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