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Vict�ria K. L. Card�so Diarreia aguda - Ped Introdução Definição: 3 ou mais evacuações amolecidas ou líquidas nas últimas 24 hrs → é um desequilíbrio entre a absorção e a secreção de líquidos e eletrólitos. ● Quadro autolimitado. ● A diminuição da consistência habitual das fezes é um dos parâmetros mais considerados. Classificação das diarréias: ● Diarreia aguda aquosa: pode durar até 14 dias e determina perda de volume de fluidos, podendo causar desidratação e desnutrição. ○ Causa: bactérias e vírus. ● Diarreia aguda com sangue - disenteria: presença de sangue nas fezes, representando lesão na mucosa intestinal. Pode se associar a infecção sistêmica e outras complicações, como a desidratação. ○ Causa: bactérias - Shigella. ● Diarréia persistente: diarréia por 14 dias ou mais, podendo provocar desnutrição e desidratação. Características de um episódio diarréico: ● Início abrupto. ● Etiologia infecciosa. ● Potencialmente autolimitada. ● Com duração inferior a 14 dias. ● Aumento no volume e ou na frequência de evacuações. ● Aumento da perda de água e de eletrólitos. Consequências: ● Desidratação. ● Desnutrição energético-proteica. ● Óbito. Obs: pacientes imunocomprometidos ou com antibioticoterapia prolongada pode ter diarreia por KLebsiella, Pseudomonas, Aerobacter, VIH… Outras causas para o quadro de diarréia: ● Alergia ao leite de vaca. ● Deficiência de lactase. ● Apendicite aguda. Vict�ria K. L. Card�so ● Uso de laxantes e antibióticos. ● Intoxicação por materiais pesados. Agentes etiológicos: a investigação da etiologia não é obrigatória em todos os casos, deve ser realizada nos casos graves e nos pacientes hospitalizados. ● Vírus: rotavírus, coronavírus, adenovírus, calicivírus e astrovírus. ● Bactérias: escherichia coli, aeromonas, salmonella, shigella e vibrio cholerae. ● Parasitos: entamoeba histolytica, giardia lamblia, cryptosporidium e isospora. ● Fungos: candida albicans. Obs: pacientes imunocomprometidos ou em antibioticoterapia prolongada podem ter diarreia por klebsiella pseudomonas, aerobacter, cryptosporidium, VIH e outros agentes. Outras causas: ● Alergia ao leite da vaca. ● Deficiência de lactase. ● Apendicite aguda. ● Uso de laxantes e antibióticos. ● Intoxicação por metais pesados. Avaliação clínica Anamnese da criança: História detalhada para estabelecer caso sejam sintomas orgânicos, causas inflamatórias e afins. ● Duração da diarreia. ● Número diário de evacuações. ● Presença de sangue nas fezes. ● Número de episódios de vômitos. ● Presença de febre. ● Práticas alimentares prévias. ● Se há outros casos de diarreia em casa ou na escola. ● Uso de medicamentos. ● Histórico de imunização. Obs: é importante também obter informações sobre a diurese e peso, se conhecido. Pacientes com maior risco de complicações: ● Idade < 2 anos. ● Diabetes. ● Insuficiência renal ou hepática. ● Presença de vômitos persitentes. Vict�ria K. L. Card�so ● Perdas diarreicas volumosas e frequentes (> 8 episódios diários). ● Percepção de sinais de desidratação. Exame físico: ● Estado de hidratação. ● Estado nutricional. ● Estado de alerta (ativo, irritável e letárgico). ● Capacidade de beber e diurese. ● % de perda de peso - melhor indicador de desidratação. ○ Até 5%: desidratação leve. ○ Entre 5-10%: desidratação moderada. ○ Mais de 10%: desidratação grave. Obs: mesmo quando o peso anterior recente não está disponível, é importante mensurar o peso exato na avaliação da criança. Avaliação do estado de desidratação: ● Exame do estado geral. ● Exame dos olhos - se há lágrimas ou não. ● Se o paciente tem sede. ● Nível de consciência. ● Presença do sinal da prega cutânea. ● Como se encontra o pulso e o enchimento capilar. Sinais de desidratação: ● Fontanela baixa. ● Saliva espessa. ● Padrão respiratório alterado. ● Ritmo cardíaco acelerado. ● Pulso débil. ● Aumento do tempo de enchimento capilar. 1. Fechada e comprimida por 15 segundos. 2. Abrir a mão e observar o tempo no qual a coloração da palma da mão volta ao normal. ● Extremidades frias. ● Perda de peso. ● Turgência da pele e sede. Vict�ria K. L. Card�so Tratamento São 3 categorias: ● Plano A: paciente com diarréia e hidratado. ○ Tratamento em domicílio. ○ Oferecer mais líquidos que o habitual, com líquidos caseiros e ou solução de reidratação oral (SRO), após cada evacuação também. ○ Manter a alimentação habitual. ○ Se não houver melhora em 2 dias ou apresentar sintomas de piora deve ser levado imediatamente ao serviço de saúde: ■ Piora na diarreia. ■ Vômitos repetidos. ■ Muita sede. ■ Recusa de alimentos. ■ Sangue nas fezes. ■ Diminuição da diurese. ○ Administrar zinco 1 vez ao dia durante 10-14 dias. ● Plano B: diarréia e algum grau de desidratação. ○ Deve ser realizado na unidade de saúde e o paciente deve permanecer lá até que a reidratação seja completa e reinicie a alimentação. ○ Administrar solução de reidratação oral continuamente até que desapareçam os sinais de desidratação. ○ Durante a reidratação deve-se reavaliar o paciente; caso a desidratação desapareça, tratar como o plano A e se a desidratação persistir evoluir para o plano C. ● Plano C: diarréia com desidratação grave. ○ Ocorre na unidade hospitalar, são 2 fases para todas as Vict�ria K. L. Card�so idades - a fase rápida e a fase de manutenção. ○ Fase rápida: reidratação intensa e parenteral. ■ Menores de 5 anos: apenas soro fisiológico por 30 minutos. ■ Maiores de 5 anos: 1* faz o soro fisiológico por 30 minutos e depois faz-se ringer lactato por 2 horas e meia. ○ Deve-se avaliar o paciente continuamente e se não houver melhora, aumenta-se a velocidade de infusão. ○ Quando o paciente puder beber, geralmente 2-3h após o início da reidratação venosa, inicia-se a reidratação oral, mantendo a reidratação venosa. ○ Somente interromper a reidratação venosa quando o paciente puder ingerir o SRO em quantidade suficiente para se manter hidratado. ○ A permanência na unidade de saúde é até que o paciente esteja hidratado e consiga manter a hidratação por via oral. Terapia de reidratação oral: ● Princípio fisiológico da eficácia: a via de transporte ativo, acoplada de sódio - glicose - água pelos enterócitos é preservada na diarréia aguda, independente da etiologia. ● Objetivos: ○ Reposição de perdas para prevenir a desidratação - plano A. ■ Na prevenção opta-se por soros com menor concentração de sódio. ○ Reversão da desidratação (fase de reparação) para o paciente desidratado - plano B. Terapia de reposição parenteral: ● É indicada para desidratação grave ou que não tiveram reversão da desidratação após 2 hrs de TRO. ● Após a correção da desidratação pela via parenteral, os pacientes devem ser realimentados. ● Nos casos de desidratação grave e quando não há resposta a TRO e se não for possível realizar imediatamente a terapia de hidratação parenteral, deve-se administrar soro de reidratação oral por sonda nasogástrica. Vict�ria K. L. Card�so ○ Caso o abdome fique distendido, deve-se reduzir a velocidade de administração do soro de reidratação nasogástrica. Antibióticos: ● Geralmente os antibióticos não são empregados, pois os episódios são autolimitados e os agentes são virais. ● O uso de antibióticos está restrito aos seguintes pacientes: ○ Com disenteria (diarreia com sangue). ■ Principalmente se houver febre e comprometimento do estado geral. ■ Se possível coletar amostras de fezes para realização de coprocultura e antibiograma. ■ Inicialmente, mesmo não comprovada, prevalece a hipótese de infecção por Shigella → administrar ciprofloxacino como 1* escolha, azitromicina como 2* e ce�triaxona como 3*. ○ Cólera. ○ Infecção comprovada por Giardia lamblia ou Entamoeba histolytica. ○ Imunodeprimidos. ○ Pacientes com anemia falciforme ou portadores de próteses. ○ Crianças com sinais de disseminação bacteriana extraintestinal. Antieméticos: ● Não devem ser usados no tratamento de diarreia aguda, pois os vômitos tendem a desaparecer concomitanteà correção da desidratação. ● Caso haja vômito frequente há indicação do antiemético. Usa-se ondansetrona. Probióticos: ● São microorganismos vivos que proporcionam efeito benéfico para a saúde intestinal, pois interagem com a microbiota da região. ● Podem ser utilizados em conjunto com outras medida terapêuticas básicas, ou seja, na terapia de reidratação e manutenção da alimentação. Vict�ria K. L. Card�so ○ Mas, não há demonstração de que os probióticos diminuam as perdas diarreicas. Cuidados com a alimentação A manutenção da alimentação com oferta energética apropriada é um dos pilares mais importantes no tratamento. Lembrando que o aleitamento materno deve ser mantido e incentivado durante o episódio diarreico. Quando recomendar o jejum: ● Apenas quando realmente necessário no período de reversão da desidratação (etapa de expansão ou reparação). ● A alimentação deve ser reiniciada logo após ter concluído essa etapa - geralmente depois de 4-6 horas. Indicações: ● Não diluir a fórmula infantil ou a preparação láctea. ● Não trocar a fórmula para sem lactose em lactentes tratados ambulatorialmente. ○ Para pacientes hospitalizados e nos casos de diarreia persistente, mesmo que tratados ambulatorialmente, há vantagens na prescrição da fórmula sem lactose. ● Pacientes hospitalizados: devem receber 110 calorias por quilo, por dia. ● Pacientes com diarreia persistente deve receber diariamente: ○ 50 ug de folato. ○ 10 mg de zinco. ○ 400 microgramas de vit. A. ○ 1 mg de cobre. ○ 80 mg magnésio. Critérios para avaliar a evolução clínica: ● Redução das perdas diarreias. ● Recuperação nutricional. ● Retomada do ganho de peso. Zinco: ● Auxilia no crescimento celular e no sistema imunológico. ● Pode reduzir a duração do quadro de diarreia e a probabilidade da diarreia durar por mais de dias, além de diminuir a ocorrência de diarreia aguda nos próximos 3 meses. Vict�ria K. L. Card�so ● Deve ser usado em crianças < 5 anos, por 10-14 dias. Vitamina A: ● Deve ser administrada em populações com risco de deficiência de vitamina A. ● Reduz o risco de hospitalização e mortalidade por diarréia. ● Tem sido administrada nas zonas mais carentes do norte e do nordeste.
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