Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DIABETES MELLITUS – HIPOGLICEMIANTES Fisiopatologia: O DM1 é menos comum na população geral quando comparado ao DM2. Na infância, o DM1 é o tipo de DM mais frequente – corresponde a 90% dos casos, com um aumento expressivo sobretudo na população abaixo de 5 anos de idade. O diabetes é um grupo de doenças metabólicas caracterizadas por hiperglicemia e associadas a complicações, disfunções e insuficiência de vários órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos. Pode resultar de defeitos de secreção e/ou ação da insulina envolvendo processos patogênicos específicos, por exemplo, destruição das células beta do pâncreas (produtoras de insulina), resistência à ação da insulina, distúrbios da secreção da insulina, entre outros. DM1: geralmente ocorre na infância, não há produção de insulina e é considerada autoimune porque há destruição das células beta pancreáticas e o paciente não produz insulina. • Tratamento: insulina • Sintomas: cansaço, sede, aumento de apetite, emagrecimento e urina aumentada DM2: geralmente ocorre na vida adulta e o paciente produz insulina, mas não é suficiente para ativar os receptores, então o glut não vai para membrana. Perda progressiva de secreção de insulina combinada com resistência à insulina. • Sintomas: cansaço, ganho de peso e sede • Tratamento: hipoglicemiantes • Consequências da diabetes: cegueira, doenças cerebrovasculares, doenças cardiovasculares, insuficiência renal, amputações de membros inferiores Homeostasia da glicose: Em jejum: baixos níveis de insulina e maior concentração de glucagon Glicose 4,4-5mM Ácidos graxos – níveis próximos de 400uM Fonte de glicose – fígado Fonte de ácidos graxos – tecido adiposo Estado prandial: os nutrientes elevam a produção de glicose plasmática. Portanto, nesse período há um aumento da insulina, já que precisamos tirar a glicose do sangue e levar para o fígado. • Produção de glicose e lipólise são inibidas • A insulina aumenta a oxidação da glicose • Aumento de síntese de glicogênio, gordura e proteína O encéfalo detecta as concentrações plasmáticas de glicose e fornece impulsos aferentes reguladores que contribuem para a homeostasia energética Fatores de risco: • Sedentarismo • Excesso de peso • Crescimento e envelhecimento populacional • Rápida urbanização • Etnia: afro-brasileiro • Síndrome do ovário policístico • Hipertensão arterial • História familiar • Maior sobrevida dos diabéticos Tipos: DM tipo 1: Tipo 1A – deficiência de insulina por destruição autoimune das células beta comprovada por exames laboratoriais Tipo 1B – deficiência de insulina de natureza idiopática DM tipo 2: Perda progressiva de secreção de insulina combinada com resistência à insulina DM gestacional: Hiperglicemia de graus variados diagnosticada durante a gestação, na ausência de critérios de DM prévio Outros tipos: • Monogênicos (MODY) • Diabetes neonatal • Secundário a endocrinopatias • Secundário a doenças do pâncreas exócrino • Secundário a infecções • Secundário a medicamentos Diagnóstico: Glicemia em jejum: não faz diagnóstico logo de cara, tem que pedir repetições Teste oral de tolerância a glicose: Teste da hemoglobina glicada (HbAlc) demonstra como está o nível da glicose no sangue do paciente num período de 2/4 meses Teste de aleatório a glicose plasmática: analisa a curva Objetivos da farmacoterapia: Tratar sintomas da hiperglicemia (fadiga, poliúria, perda de peso) Prevenir e diminuir as descompensações agudas Prevenir e diminuir as complicações de órgãos alvos SECREÇÃO DE INSULINA: -Glicose precisa entrar nas células beta pancreáticas através do transportador GLUT2 para ocorrer a secreção de insulina. -Quando a glicose entra, ela é fosforilada (metabolizada) em glicose 6 fosfato, ativando a via glicolítica, aumentando o metabolismo da glicose, gerando seu produto = ATP. (baixas concentrações de ATP não abrem o canal) -ATP faz fechamento de canal de potássio e despolariza a célula -Dentro da célula tem um canal de K dependente de ATP. O aumento da produção de ATP vai INIBIR este canal, portanto, o K que tem a tendência a sair da célula, vai se acumular no meio intracelular. -O aumento da K intracelular, vai tornar o meio mais POSITIVO, isso irá aumentar o potencial de membrana estimulando a abertura do canal de cálcio dependente de voltagem, assim, haverá um aumento de cálcio intracelular que mobilizará as vesículas até a membrana, ocorrendo exocitose de insulina. FÁRMACOS • Estimula secreção de insulina pelo pâncreas (hipoglicemiantes) • Aumenta a sensibilidade do receptor pra interagir com a insulina (anti- hiperglicemiantes) • Moduladores de absorção (diminui absorção de carboidratos) • Inibidores de SGLT2 (transportadores presentes no intestino que levam glicose para o sangue, do tipo 2 ta presente no rim, então ele faz a reabsorção na urina e ela volta pro sangue, ao invés de eliminar na urina. Então esse fármaco faz com que a glicose seja eliminada na urina. SECRETAGOGOS DE INSULINA: SULFONILUREIAS: -Efeito de longa duração -Mecanismo de ação: bloqueia canal de K dependente de ATP, porque vai manter mais K intracelular, visto que sua tendência é sair da célula. Assim, vai estimular a entrada de cálcio através do canal de cálcio VD. • Despolarização e influxo de cálcio • A liberação de insulina requer células beta funcionais. • Vale lembrar: os receptores de insulina não respondem bem na DM2 porque o paciente é inflamado, então as citocinas afetam esses receptores • O paciente diabético já tem muita glicose, então teoricamente era para esse processo estar acontecendo. O fármaco serve pois os receptores não funcionam. Quem são esses fármacos: -Primeira geração: clorpropamida e tolbutamina Nesse caso, os de primeira geração duram mais no organismo, o que pode ser perigoso devido a hipoglicemia -Segunda geração: glibenclamida, glipizida e glimepirida Menor risco de hipoglicemia Indicação pra esses medicamentos: -DM2 fase inicial com presente de células beta -Glibenclamida, apesar de ser um risco de hipoglicemia, pouco atravessa a placenta, então é uma escolha para gestantes (disfunção renal) -Controle de glicemia em jejum e redução de hemoglobina glicada Contraindicação: • DM1 • Gestantes e lactantes • Insuficiência renal e hepática (primeira geração) • Essa classe de medicamentos pode ter interação com alimentos, então sempre utilizar em jejum Fármacos que aumentam e diminuem sua ação: Efeitos colaterais: • -Hipoglicemia (cuidado com glibenclamida e clorpropamida) cuidado com idosos e incapacitantes • -aumentam apetite e massa corporal • -sintomas do TGI 3% (náuseas e vômitos) • -icterícia colestática e erupções cutâneas • -raramente lesão de medula óssea METIGLINIDAS: -Efeito rápido e de curta duração Mecanismo de ação: o mesmo das Sulfonilureias, bloqueio dos canais de K e influxo de Ca. Porém, são menos potentes -São reguladores glicêmicos pós prandiais, portanto, o paciente pode fazer o uso antes das refeições Quem são esses fármacos: Repaglinida (mais forte) e nateglinida Interações medicamentosas: -Fármacos que inibem a CYP3A4 (fluconazol, itraconazol, eritromicina e claritromicina) aumentam o efeito hipoglicemiante da repaglinida -Fármacos que induzem essa CYP, reduzem o efeito hipoglicemiante (barbitúricos, carbamazepina e rifampicina) Efeitos colaterais: Hipoglicemia (baixo risco) Aumento de massa corporal INCRETINOMIMETICOS: Ações do GLP-1 (incretina) em diferentes tecidos O GLP 1 é um peptídeo semelhante ao glucagon • Secretado no intestino após refeições • Aumenta secreção de insulina antes da glicose ser absorvida • Inibesecreção do glucagon • Diminui esvaziamento gástrico e retarda absorção de alimento • Aumenta saciedade • Seu efeito é inibido pela enzima DPP-4 Mimeticos das incretinas: Análogos do hormônio GLP-1 e agonistas dos receptores GLP1 Temos fármacos que são miméticos, ou seja, IMITAM a ação da GLP-1, aumentando secreção de insulina e diminuindo o apetite. Outros atuam como AGONISTAS DE RECEPTORES GLP-1 Quem são eles: • -Liraglutida (injeção subcutânea) Agonista GLP-1 e mais eficiente que exenatida • -Exenatida Mimetiza o efeito da GLP1 Injecao antes das refeições Utilizada em associação com metformina, sulfonilureias ou até insulina basal Clearance renal (medida da taxa de filtração glomerular) Uso clínico: • DM2 • Diminui glicose pós prandial por aumentar insulina e diminuir glucagon • Reduz acúmulo de gordura hepática Contraindicação: • DM 1 • Pode dar hipoglicemia • TGI (nausea e vomito) • Pancreatite é menos comum, mas se acontecer será grave INIBIDORES DA ENZIMA PLASMATICA DPP 4: -Enzima responsável por degradar incretinas (GLP1 por exemplo) Mecanismo de ação: Inibem a degradação de GLP-1 e GIP Redução em até 95% das atividades enzimáticas DPP-4 Aumentam a concentração circulante de GLP-1 e insulina dependente de glicose e diminui concentração de glucagon Quem são os fármacos: Sitagliptina, saxagliptina, linagliptina e vildagliptina Uso clínico: • DM2 • Monoterapia ou associação (metformina, sulfonilureia, tiazolidinedionas, insulina) • Diminui nível de hemoglobina glicada Contraindicação: • DM1 • Cetoacidose diabética • Gravidez • Lactantes Advertências: É necessário ajustar a dose em pacientes renais Pode causar hipoglicemia associado a sulfonilureias e insulina -NAO aumenta peso e nem causa hipoglicemia sozinhos Efeitos colaterais: • Dor abdominal • TGI (náusea, vomito e/ou diarreia) • Aumento discreto de creatinina • Pancreatite SENSIBILIZADORES DE INSULINA: -Melhoram a sensibilização do receptor pela insulina Quem temos: Biguanidas (classe de fármacos hipoglicemiantes) representado pela METFORMINA Mecanismo de ação: efeito intracelular, ativa proteína quinase por AMP Metformina ativa ampk e seus efeitos são: Tecido adiposo = aumenta captação e oxidação de glicose, diminuindo lipólise Fígado = diminui produção de glicose hepática, aumenta glicogênese, diminuí lipogênese Músculo = aumenta glicólise Melhora captação de glicose pelo músculo periférico, aumenta atividade do receptor de insulina, inibição da síntese de ácidos graxos, diminui peso corporal e reduz níveis séricos de lipídios. Aumento na produção de AMP mitocondrial, depois esse AMP sai da mitocôndria e tem o AMPK ativado no citosol, e vai levar todo o mecanismo, melhorando sensibilidade da insulina melhorando os receptores da insulina, melhora transporte de glicose p dentro das células. Metformina associada a outros fármacos: porque aumenta atividade do receptor da insulina, principal problema de DM2. É associada a fármacos que estimulam secreção de insulina. RESUMINDO: Uso clínico: • DM 2 • Obesos resistentes à insulina • Síndrome do ovário policístico Contraindicação: • DM1 • Cetoacidose diabética • Insuficiência hepática e renal • Contrastes iodados: pelo risco renal, descontinuar, já que a associação do fármaco com o iodo pode afetar os rins do paciente • ICC descompensado • Gravidez: categoria de risco B e lactantes Metformina associada a outros fármacos: porque aumenta atividade do receptor da insulina, principal problema de DM2. É associada a fármacos que estimulam secreção de insulina. Farmacocinética: • Absorção intestino delgado • Não se liga a proteínas plasmáticas • Eliminação renal não metabolizada Efeitos colaterais: • Acidose láctica • Diarreia • Dispepsia • Flatulências • Náuseas • Vômitos • Deficiências de cobalamina (vitamina B12) por interferência na absorção TIAZOLIDINEDIONAS: pouco utilizado • Depende da presença de insulina • Potencializam a ação da insulina nos tecidos alvos • Diminui a liberação de glicose hepática • Agonista potente e altamente seletivo do receptor PPARy • PPARy modula a transcrição de vários genes responsivos à insulina (GLUT 4) envolvidos no controle do metabolismo da glicose e dos lipídeos. Aumenta produção de glut4 – transportador de glicose. • Diminui a resistência à insulina diminuindo glicose do sangue • Diminui TG livre e aumento HDL -Pioglitazona: único fármaco ainda no mercado (os outros com risco maior de alterações hepáticas e cardiovasculares) Farmacocinética: Absorve em 2h e indiferente à alimentação Metabolismo hepático Efeitos colaterais: • Edema e ganho de peso com aumento do risco de insuficiência cardíaca e de fraturas • Aumento de fraturas • Aumento do LDL Contraindicação: • Pacientes com insuficiência hepática e renal • ICC • Gestantes e lactantes Uso clínico: DM 2 Utilizada associada a outra medicação porque sozinho demora muito para ter efeito (metformina, sulfonilureia, insulina) INIBIDORES DA ALFA-GLICOSIDADE: modulador da absorção no TGI -Arcabose, miglitol, voglibose -Alfa-glicosidases convertem carboidratos complexos em monossacarídeos, é uma enzima que quebra carboidrato presente no intestino. Os fármacos inibem essa enzima, então tem diminuição na absorção de carboidratos porque eles não serão quebrados Contraindicação: • DM 1 • Gestantes e lactantes • Portadores de doença intestinal inflamatória Efeitos colaterais: • Flatulência, diarreia e dor abdominal • Efeito antidiabético fraco INIBIDORES DO CO-TRANSPORTADOR SÓDIO-GLICOSE: SGLT2 GLIFOZINA SGLT2 principal transportador responsável pela reabsorção renal de glicose -Canagliflozina, Dapagliflozina, Empaglifozina, Dapafliflozina + metformina A inibição dele faz com que ele perca 70g de glicose por dia pela urina Uso clínico: • Aumentam a excreção de glicose (glicosúria) • Perda calórica e redução de peso devido glicosúria • Uso em associação com outras drogas VO ou insulina • Combinação com metformina e inibidores DPP4 Contraindicação: • DM 1 • Insuficiência renal crônica Efeitos colaterais: Risco aumentado de infecção genital e trato urinário Risco de fratura? Metabolismo do Ca COMO SABER QUAL ANTIDIABÉTICO TOMAR?
Compartilhar