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Copyright © Portal Educação 2012 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842g Gestão de compras / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2012. 187p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241- 307-4 1. Compras - Administração. 2. Compras - Gestão. 3. Administração de materiais. I. Portal Educação. II. Título. CDD 658.72 SUMÁRIO 1 COMPREENDENDO A FUNÇÃO DE COMPRAS 1.1 DESENVOLVIMENTO DE COMPRA 1.1.1 Conceitos de vantagem competitiva 1.1.2 Avanço tecnológico 1.1.3 Políticas governamentais e de blocos econômicos 1.1.4 Recursos finitos 1.1.5 Maior proporção de gastos fora da empresa 1.1.6 Concentração das compras em poucos e grandes fornecedores 1.1.7 Aumento da consciência ambienta 2 COMPRA PROATIVA 2.1 NATUREZA MUTANTE DOS RELACIONAMENTOS 2.1.1 RELACIONAMENTO TRANSACIONAL 2.1.2 RELACIONAMENTO MÚTUO 2.2 POSICIONAMENTO DA FUNÇÃO COMPRAS 2.3 CUSTO TOTAL DE AQUISIÇÃO 2.3.1 Especificação 2.3.2 Quantidade e timing 2.3.3 Considerações de mercado 2.3.4 Desenvolvimento de produto 3 OBJETIVOS NAS COMPRAS 4 CONCEITO DE CADEIA DE SUPRIMENTOS 5 ASPECTOS ESTRATÉGICOS DAS COMPRAS 5.1 CRESCIMENTO DO PAPEL ESTRATÉGICO DE COMPRAS 5.2 ALGUNS PROBLEMAS ASSOCIADOS COM AS ATIVIDADES E O VALOR 5.3 CONCEITOS DE ESTRATÉGIA E DECLARAÇÃO DE MISSÃO 5.3.1 Declaração da missão 5.3.2 Elementos da estratégia 5.3.3 Seleção de estratégias 5.3.4 Estratégias eficazes do mercado de suprimentos 5.3.5 O processo de planejamento 5.3.6 Organização para o planejamento 6 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE COMPRAS 6.1 ABORDAGEM DE SISTEMAS 6.2 CULTURA 6.3 CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO 6.4 ORGANIZAÇÃO DEPARTAMENTAL 6.5 SERVIÇOS DE APOIO 7 EVOLUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS COMPRAS 7.1 CRESCENTE INTERESSE PELA FUNÇÃO DE COMPRAS 7.1.1 Fatores básicos 7.1.2 Fatores de desenvolvimento 7.1.2.1Vantagem competitiva 7.1.2.2Atividade do concorrente 7.1.2.3Demandas do consumidor 7.1.2.4Inovação 7.1.2.5Tecnologia 7.2 MENSURAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO COMPRAS 7.2.1 Estrutura de desenvolvimento da função de compras 7.2.2 Matriz de sofisticação do comprador 7.2.3 Estágios estratégicos do desenvolvimento da função de compras 7.2.4 Análise do perfil da função de compras 7.2.5 Terceirização da atividade de compras 7.2.6 Uma visão geral da função de compras 8 A QUALIDADE NA PRÁTICA DE COMPRAS 8.1 QUALIDADE DE DESEMPENHO E DE CONFORMIDADE 8.1.1 Qualidade de design ou de especificação 8.1.2 Qualidade de conformidade 8.1.3 Atributos e variáveis 8.1.4 Controle de qualidade e garantia de qualidade 8.1.5 Administração da qualidade total (TQM) 8.1.6 Controle estatístico do processo 8.2 Especificações 8.2.1 Especificações de desempenho 8.2.2 Especificações de conformidade 8.2.3 Preparação de uma especificação 8.3 PADRONIZAÇÃO 8.4 ISO 9000 8.5 AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES 8.5.1 Desempenho anterior 8.5.2 Reputação 8.5.3 Visita e avaliação 8.5.4 Certificação de terceiros 8.5.5 Avaliação de amostras de produtos 8.6 Credenciamento de fornecedores 9 COMPRAS E A QUANTIDADE CORRETA 9.1 QUANTIDADE PEDIDA E CONTROLE DE ESTOQUE 9.2 QUANTIDADES PEDIDAS PARA PRODUÇÃO 9.3 SISTEMA JUST IN TIME 10 SETOR DE COMPRAS E O TEMPO 10.1 TEMPO E VANTAGEM COMPETITIVA 10.2 ENTREGA EM TEMPO 10.2.1 Emprego de facilitadores 10.2.1.1Priorização do trabalho de facilitação 10.2.1.2Organização do trabalho de facilitação 10.2.1.3Redução das tarefas de facilitação 10.3 ANÁLISE DE REDE 10.4 INDENIZAÇÕES EM DINHEIRO 10.4.1 Força maior 10.5 ESCASSEZ 10.5.1 Escassez repentina 10.5.2 Escassez endêmica 11 TOMADA DE DECISÕES SOBRE FONTE DE SUPRIMENTOS 11.1 ATRIBUTOS DE UM BOM FORNECEDOR 11.2 TIPOS DIFERENTES DE FONTES DE SUPRIMENTOS 11.3 DECISÕES SOBRE FONTE DE SUPRIMENTOS 11.3.1 Identificação dos fornecedores corretos 11.3.1.1Alguns critérios para a seleção 11.4 PROCESSO DE FONTE DE SUPRIMENTOS 11.5 LOCALIZAÇÃO DA FONTE DE SUPRIMENTOS 11.5.1 Fontes de informações sobre fornecedores potenciais 11.6 AVALIAÇÃO DO FORNECEDOR 11.7 OUTROS ASPECTOS DA FONTE DE SUPRIMENTOS 11.7.1 Um ou mais fornecedores? 11.7.2 Distribuidor 11.7.3 Localização 11.7.4 Associação de fornecedores 11.7.5 Compras intraempresa 11.7.6 Estrutura do mercado 11.8 RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES 11.9 CAMADAS DE FORNECEDORES 12 PREÇO COMO INFLUÊNCIA NO SETOR DE COMPRAS 12.1 FATORES QUE AFETAM AS DECISÕES DE PREÇO 12.1.1 Oferta e demanda 12.1.2 Ciclo de vida do produto e preço 12.1.3 Preço e custo de produção 12.1.4 Preço e valor percebido 12.2 COMO OS COMPRADORES OBTÊM PREÇOS 12.3 DESCONTOS 12.3.1 Prazo de pagamento 12.3.2 QUANTIDADE 12.3.3 Tipo de cliente 12.3.4 Descontos especiais 12.4 Análise de preços e de custos 12.4.1 Custo de aquisição estratégica 13 NEGOCIAÇÃO DE COMPRAS 13.1 NEGOCIAÇÃO 13.1.1 Características do negociador 13.1.2 Alternativas a negociação 13.1.3 Três fases da negociação 13.2 FASE PREPARATÓRIA 13.2.1 Características da preparação 13.2.2 Coleta de informações 13.2.3 Objetivos 13.2.4 Estágio introdutório 13.3 FASE DA REUNIÃO 13.3.1 Barganha 13.3.2 Artifícios da negociação 13.4 ESTÁGIO DE ACORDO 13.5 ESTÁGIO DE PÓS-NEGOCIAÇÃO 13.6 LINGUAGEM CORPORAL 13.7 ESTRATÉGIAS DE NEGOCIAÇÃO 13.8 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES REFERÊNCIAS 1 COMPREENDENDO A FUNÇÃO DE COMPRAS Constata-se que todas as organizações necessitam da aquisição de bens e serviços procedentes de fornecedores externos. Neste primeiro conteúdo será analisado o desenvolvimento do papel da função compras na administração destas entradas, assim como as maneiras pela qual a atividade pode contribuir para a eficiência da organização. 1.1 DESENVOLVIMENTO DE COMPRA Compreende-se que a compra é vista pela organização bem-sucedida como uma atividade de importância fundamental e estratégica. Porém, conforme se observa, nem todas as empresas veem as compras como uma função desempenhada de forma adequada por um departamento especializado. Algumas consideram-nas mais propriamente desempenhada quando está próxima do ponto da necessidade dos bens ou serviços que são adquiridos. Com isso, percebe-se que a maioria das grandes organizações emprega os serviços de uma equipe dedicada de especialista em compras. O papel e a contribuição das compras têm crescido com bastante firmeza durante a segunda metade do século XX, sendo que o maior interesse pela atividade vem ocorrendo nos últimos anos. Dentre as razões para esta mudança, destacam-se: novos conceitos de vantagem competitiva, avanço tecnológico, políticas governamentais e blocos econômicos, recursos finitos, maior proporção de gastos fora da empresa, concentração das compras em poucos e grandes fornecedores, aumento da consciência ambiental. Cada um destes itens será analisado, sumariamente, a seguir. 1.1.1 Conceitos de vantagem competitiva É possível verificar que as organizações que adotam abordagens de vantagem competitiva na administração de materiaisestão pondo em prática ideias de integração que são, ao menos em parte, baseadas no papel estratégico e integrado das compras. Evidencia-se, então, que o sucesso demonstrado por essas organizações está estimulando mais este interesse e, na medida em que outras tentam repetir esse sucesso, a função compras torna-se mais atual. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) destacam que as abordagens e os conceitos a serem considerados nessa área são os seguintes: Maior prática de benchmarking; Administração da qualidade total; Filosofias just in time e produção enxuta; Conceitos de cadeia de suprimentos; Arranjo em camadas e empowerment de fornecedores; Administração de relacionamento; Foco no consumidor. 1.1.2 Avanço tecnológico Constata-se que a tecnologia e a complexidade a ela associadas significam que a maioria das empresas tem se especializado numa faixa menor de atividades. Isso tem exigido comprar a maior parte de seus insumos de fornecedores mais especializados, detentores de patentes, propriedade intelectual ou direitos de design associados à tecnologia complexa ou avançada. 1.1.3 Políticas governamentais e de blocos econômicos Cada vez mais se observa menor liberdade para as políticas e as práticas de compras serem desenvolvidas independentemente de influências externas. A busca de maior eficiência do setor público tem exigido mais teste de mercado, processo pelo qual os fornecedores de serviços são avaliados em relação aos fornecedores de mercados. Em diferentes situações, isso tem contribuído para a contratação de serviços em outros mercados ou países e a maior responsabilidade da área de compras ou de administração de contratos. 1.1.4 Recursos finitos Pode-se observar que, historicamente, alguns recursos naturais sempre foram finitos. Porém, aumentar o reconhecimento de que o uso e o consumo deles necessitam ser planejados tem tido efeito profundo no papel das compras para que contribua para o uso planejado e responsável destes recursos, seja ele orientado por simples forças econômicas, seja por crescente senso de responsabilidade social. 1.1.5 Maior proporção de gastos fora da empresa Existe atualmente um movimento no qual as organizações estão cada vez mais fazendo compras e gastando menos internamente com salários e despesas indiretas. Tal crescimento de gastos tem aumentado a responsabilidade da área de compras. O quadro a seguir apresenta alguns fundamentos deste novo movimento: QUADRO 1 – GASTO TOTAL DAS ORGANIZAÇÕES GASTO TOTAL DAS ORGANIZAÇÕES Mão de obra e gastos indiretos Recursos adquiridos externamente Em redução devido: à automação ao trabalho mais eficiente; à competitividade que depende do acesso a “melhores práticas”. Em crescimento devido à: Maior especialização por parte das organizações de compras; Políticas de terceirização; Foco nas competências centrais; Desenvolvimento de fornecedores especializados; Acesso mais fácil ao mercado mundial de suprimentos; A tecnologia complexa restringe a amplitude da capacidade de fabricar; A flexibilidade depende de ativos externos e não de ativos próprios; Coordenação mais estreita com fornecedores-chave. FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). 1.1.6 Concentração das compras em poucos e grandes fornecedores A concentração do mercado de suprimentos tem sido marcada em anos recentes. Esse processo é caracterizado por meio de fusões, compras de controle acionário e o fechamento de unidades de negócios menores e menos viáveis. Isso apresenta atravessamentos óbvios para a área de compras e assegura melhor status e papel mais estratégico para a função. 1.1.7 Aumento da consciência ambiental Na compreensão de Fagundes (2010), o reconhecimento tem despertado, talvez tardiamente, que é bom negócio ser “verde” e ser visto como responsável a esse respeito. A reciclagem, que envolve a especificação das matérias-primas renováveis, a maior preocupação com os efeitos de dejetos e subprodutos, a preocupação mais ampla com o uso de embalagens retornáveis e muitas outras questões relacionadas, todas têm implicações para a área de compras e estão afetando as percepções da função. FIGURA 1 – SETOR DE COMPRAS 2 COMPRA PROATIVA FONTE: Disponível em: <http://www.funarbe.org.br/img/compras.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 2 COMPRA PROATIVA É possível observar que à medida que o nível de atenção dedicado às compras aumenta, o trabalho tende a tornar-se mais estratégico, concentrando mais ênfase em atividades como negociação de relacionamentos a prazos mais longos, desenvolvimento de fornecedores e redução do custo total, em vez de fazê-lo em rotinas de pedido e de reposição de estoques. Ao se observarem as responsabilidades dos compradores de organizações com a função de compras bem desenvolvida, é possível constatar que eles gastam apenas parte de seu tempo em atividades administrativas e burocráticas. A maior parte de suas atividades concentra-se no estabelecimento e no desenvolvimento de relacionamentos apropriados com fornecedores. É possível também constatar que a ênfase em tais organizações tem evoluído, além de simplesmente reagir às necessidades dos usuários, passando a uma abordagem proativa que reflete mais amplamente a contribuição decorrente da administração destas entradas. O quadro a seguir compara a compra reativa e a compra proativa: QUADRO 1 – COMPRA REATIVA E COMPRA PROATIVA Compras Reativas Compras Proativas Compras é um centro de custo; Compras recebem especificações; Compras rejeitam materiais defeituosos; Compras subordinam-se a finanças ou à produção; Os compradores respondem às condições de mercado; Os problemas são responsabilidade Compras pode adicionar valor Compras – e fornecedores – contribuem para as especificações; Compras evitam materiais defeituosos; Compras são importante função gerencial; Compras contribuem para o desenvolvimento dos mercados Os problemas são responsabilidade do fornecedor; Preço é variável-chave; Ênfase no hoje; Sistema independente de fornecedores; As especificações são feitas por designers ou usuários; Negociações ganha-perde; Muitos fornecedores = segurança; Estoque excessivo= segurança; Informação é poder. compartilhada O custo total e o valor são variáveis- chave; Ênfase estratégica; O sistema pode ser integrado aos sistemas dos fornecedores; Compradores e fornecedores contribuem para as especificações Negociação ganha-ganha; Muitos fornecedores = perda de oportunidades; Excesso de estoque = desperdício; A informação é valiosa se compartilhada.. 2.1 NATUREZA MUTANTE DOS RELACIONAMENTOS Para Fagundes (2010), o ato de compras tem evoluído, e pode ser classificado num relacionamento transacional, ou então, num relacionamento mútuo. FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) 2.1.1 Relacionamento transacional Uma visão simplista da atividade de compras consiste no mero ato de comprar. Em essência, consiste em encontrar um fornecedor que esteja disposto a trocar os bens ou serviços exigidos por determinada soma em dinheiro. Tal percepção, segundo o autor, tornou-se conhecida como a visão transacional, e está baseada na ideia de que o ato de comprar diz respeito a simples trocas, com comprador e vendedor interagindo a curta distância. Nesta perspectiva, o interesse básico do comprador é adquirir o volume máximo de recursos pela menor quantia de dinheiro necessário para pagá-lo. Ressalta-se que essa visão transacional não está obsoleta, elaé ainda uma forma apropriada de examinar o processo de aquisição de itens de baixo custo que podem ser adquiridos de muitos fornecedores concorrentes. Porém, já não pode ser considerada como base para a maioria das compras organizacionais. 2.1.2 Relacionamento mútuo Ultimamente, constata-se que a atenção tem sido voltada ao desenvolvimento de relacionamentos mútuos de fornecedores e compradores, em que os benefícios de fazer negócios decorrem de ideias de compartilhamento, bem como de troca. Num relacionamento mútuo, a ênfase está em construir um resultado satisfatório conjunto, como exemplo, em assuntos ligados a tecnologia. Ambos os lados investem em confiança e apoio com o propósito de acrescentar valor, um processo não possível em uma simples transação. Neste novo modelo, as organizações envolvidas procuram estar próximas para identificar interesses comuns. Tais ideias serão embasadas numa perspectiva complexa de relacionamento, a qual fundamenta o relacionamento mútuo. 2.2 POSICIONAMENTO DA FUNÇÃO COMPRAS Observa-se que não se trata de qualquer organização desejar desenvolver relacionamentos mútuos ou de parceria com todos os seus fornecedores. Geralmente, constata-se que 0% das compras serão de 20% dos fornecedores; e é provável que os fornecedores com os quais serão gastas grandes somas de dinheiro serão aqueles com quem a organização mantém relacionamentos mais próximos. Percebe-se que não existe melhor abordagem para os relacionamentos: uma abordagem transacional pode bem ser vista como apropriada para as compras rotineiras, enquanto uma abordagem estratégica beneficiará um relacionamento mútuo nas compras críticas. 2.3 CUSTO TOTAL DE AQUISIÇÃO Percebe-se que o preço de compra consiste num fator mais frequentemente associado às responsabilidades de compras. A função exerce então um papel importante no julgamento do preço correto de qualquer aquisição, e esse aspecto da tarefa torna-se mais dramático nos mercados de commodities. Conforme destaca Fagundes (2010), desde que os preços são afetados pelos custos, pelo menos em longo prazo, uma função importante dos compradores é trabalhar com colegas e fornecedores para erradicar os custos desnecessários. Tais custos podem decorrer: do excesso de especificação, da compra de um item não padronizado quando um padrão alternativo é aceitável, da embalagem desnecessária e quando custos de transporte significativos estão envolvidos, do design do produto em termos de utilidade de transporte. Ressalta-se que o custo total da aquisição representa mais do que o preço e tem influência no desenvolvimento do papel mais amplo das compras na administração do custo total. É então o total que realmente se paga pelos bens e serviços, incluindo-se ferramentaria, impostos alfandegários, estocagem, inspeção, conserto ou retificação e assim por diante. Confirma-se então um fato óbvio, embora comumente ignorado, que um preço baixo pode levar a um custo total de aquisição elevado. Da mesma forma, assim que os materiais ou bens são adquiridos, eles podem agregar custos adicionais durante seu uso. Assim sendo, algumas organizações preferem a expressão “custo total de propriedade” quando se referem a bens de capital ou a materiais que ficam retidos durante algum tempo. O preço consiste, então, no custo mais visível da maioria das aquisições e, em muitos casos, será também o maior componente do custo total. O iceberg preço/custo auxilia a visualizar os custos ocultos e que devem ser considerados no processo de tomada de decisão. Considera-se que a importância das compras como função-chave na administração de uma empresa pode ser enfatizada no custo total de aquisição de materiais e serviços e, sem dúvida, isso é influenciado pela especificação que está sendo encomendada. Por sua vez, isso pode exigir atividades de marketing e o desejo de ter um produto atraente para ser vendido, o que envolverá a produção e a necessidade de minimizar interrupções, além dos refugos ou dejetos resultantes e ainda os custos de transporte. Como muitos estudos de análise de valor têm mostrado, o potencial de redução de custos nessa área é considerável e a função de compras tem parte vital a exercer na busca da excelência na especificação. 2.3.1 Especificação Mariotti (2009) destaca que a função compras participa do trabalho de se encontrar a especificação ótima. Tal ação implica não apenas a aquisição de um produto atraente para o departamento de marketing vender ou para a produção fabricar, mas sim, num produto que inclua serviços, materiais ou componentes que sejam econômicos para se comprar, e isso, por sua vez, pressupõe que sejam atraentes para o fornecedor fabricar ou vender. Dessa forma, necessita-se de algum grau de compromisso das partes envolvidas. Uma função de compras fraca que simplesmente adquire o que, por exemplo, a produção solicita, está perdendo a oportunidade de contribuir para o processo. Ressalta-se a importância de a função compras não usurpar a função design ou qualquer outra, mas sim, ela deverá informar às várias partes das restrições e oportunidades relacionadas às especificações e transmitir-lhes confiabilidade. FIGURA 2 – PREÇO FONTE: Disponível em: <http://www.sdr.com.br/dicas/DFcompras244a.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 2.3.2 Quantidade e timing Comumente, o custo total de materiais é também influenciado pelos níveis de estoque, e a função de compras tem papel essencial na estocagem de matérias-primas e componentes, especialmente em temos de inflação elevada. Ela deve julgar as condições de mercado de suprimentos para assegurar os níveis de materiais necessários que venham a atender às necessidades de produção e de marketing. Também necessita considerar as mudanças de preços, a disponibilidade, a possível escassez ou os excessos e as limitações financeiras. Outro ponto significativo que afeta os custos de materiais é o timing. Um de seus aspectos é assegurar que a entrega dos materiais necessários atenda à programação de produção. Uma vez que a estocagem pode ser vista como um seguro contra a falta de suprimentos, teoricamente, a programação de entregas perfeitas eliminaria os estoques. Porém, isso realmente efetiva-se na prática. Dessa forma, a função de compras pode trabalhar com os fornecedores com essa finalidade. Isso envolverá melhor fluxo de informações na programação da produção e menor número de mudanças nessa programação, e se tais mudanças forem inevitáveis, devem ser anunciadas o mais breve possível. A função de compras também tem um papel significativo em informar outras funções sobre os custos relacionados a tais mudanças e no trabalho para reduzi-las. Isso inclui fazer esforços para administrar os ambientes internos e externos e evitar custos desnecessários. 2.3.3 Considerações de mercado Outra responsabilidade importantíssima do setor de compras inclui: O monitoramento dos preços de mercado, não apenas dos produtos ou materiais comprados, mas também das matérias-primas importantes utilizadas em sua produção; O acompanhamento dos preços dos concorrentes, particularmente quando o item a ser comprado é especial para a empresa; E, um papel mais importante, fornecer informações sobre as mudanças de preços o mais breve possível, para facilitar a ação pertinente pelos colegas. Retoma-se que as compras devem contribuir para a administração estratégica da empresa. Deve participar do planejamento e da política corporativa, por exemplo, de decisões importantes de fabricar ou comprar, disponibilidade de matérias-primas em longo prazo, mudanças e de preços e desenvolvimento de estratégias alternativas. FIGURA 3 – COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.revistaportuaria.com.br/arquivos/noticia_121683540148876f4923727.jpg>Acesso em: 13 jun. 2010 2.3.4 Desenvolvimento de produto Observa-se que a função compras tem papel importante no desenvolvimento do produto. A estrutura industrial contemporânea inclui considerável especialização e, com o desenvolvimento tecnológico mais rápido em muitos setores, o ciclo de vida do produto torna-se mais curto à medida que o passo da mudança vem aumentado. Dessa forma, quando o ciclo de vida do produto é mais curto, há a importância de fabricá-lo corretamente da primeira vez e em tempo aumenta. Também é necessário evidenciar que um papel vital exercido pelos compradores consiste em manter os colegas informados das mudanças no mercado de suprimentos. Com a especialização crescente, torna-se necessário argumentar que mais produtos são desenvolvidos com base em inovações do mercado de suprimentos do que nas da própria empresa. Quanto mais cedo essa inteligência estiver disponível e mais próximo o relacionamento com os fornecedores, mais provável é que a empresa leve vantagem do benefício. Enquanto o vendedor exerce papel importante em informar os desenvolvimentos aos usuários potenciais, o comprador deve sair em busca de inovações. Nas empresas multinacionais, outra tarefa importantíssima da função de compras consiste na padronização de componentes, materiais ou serviços de suas unidades nacionais. 3 OBJETIVOS NAS COMPRAS Para David & Stewart (200), os objetivos de compras consiste em: comprar a qualidade correta de material, no tempo certo, na quantidade exata, da fonte certa, ao preço adequado. Tal definição é criticada por alguns como sendo superficial e simplista. Provavelmente, esse seja um comentário válido, embora ela forneça uma estrutura prática que tem sido útil para muitos estudiosos da área. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) assim conceituam os objetivos de compras: Suprir a organização com um fluxo seguro de materiais e serviços para atender às suas necessidades; Assegurar continuidade de suprimento para manter relacionamentos efetivos com fontes existentes, desenvolvendo outras fontes de suprimentos alternativas ou para atender a necessidades emergentes ou planejadas. Comprar eficiente e sabiamente, obtendo por meios éticos o melhor valor por centavo gasto; Administrar estoques para proporcionar o melhor serviço possível aos usuários e ao menor custo; Manter relacionamentos cooperativos sólidos com outros departamentos, fornecendo informações e aconselhamentos necessários para assegurar a operação eficaz de toda a organização; Desenvolver funcionários, políticas, procedimentos e organização para assegurar o alcance dos objetivos previstos. Além disso, segundo os autores, podem-se acrescentar alguns objetivos mais específicos, tais como: Selecionar os melhores fornecedores do mercado; Ajudar a gerar o desenvolvimento eficaz de novos produtos; Proteger a estrutura de custos da empresa; Manter o equilíbrio correto de qualidade/valor; Monitorar as tendências do mercado de suprimentos; Negociar eficazmente para trabalhar com fornecedores que buscarão benefício mútuo por meio de desempenho economicamente superior. FIGURA 4 – COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.senado.gov.br/sf/senado/portaldoservidor/jornal/jornal67/Imagens/carrinho_compras.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 4 CONCEITO DE CADEIA DE SUPRIMENTOS A administração da cadeia de suprimentos diz respeito ao relacionamento imediato de vendedor/comprador no decorrer de uma série mais longa de eventos. Os fornecedores de uma empresa têm seus próprios fornecedores e, frequentemente, os clientes diretos não são consumidores finais. A administração da cadeia de suprimentos visualiza os vários compradores e vendedores como parte de um continuum e reconhece o benefício a ser obtido na tentativa de assumir uma visão estratégica e integrada da cadeia em vez de focar os elos individuais e sua decorrente subotimização. O foco da atenção gerencial não é apenas a empresa ou a organização individual, mas sim as interações das várias organizações que constituem a cadeia. Torna-se útil visualizar as empresas da cadeia e os fluxos de bens e serviços e informações que perpassam por elas: FIGURA 5 – FLUXO DE COMPRAS FONTE: <http://www.revistaportuaria.com.br/arquivos/noticia_121683540148876f4923727.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Conforme se observa na figura, estabelece-se uma relação complexa de fornecedores e compradores, o que caracteriza a moderna administração da cadeia de suprimentos. As várias operações de conversão ou produção se iniciam com o estoque de matérias-primas e terminam com o estoque de bens prontos para a operação seguinte. O transporte, então, une as operações. 5 ASPECTOS ESTRATÉGICOS DAS COMPRAS Constata-se que as organizações necessitam planejar para o futuro. Para isso, desenvolvem estruturas que permitem a ocorrência deste processo. As estratégias planejadas podem ser formuladas desde que estejam de acordo com os objetivos estratégicos. Com isso, torna-se necessário que todas as estruturas da empresa, inclusive as compras, façam parte desse processo. Elas devem sim fazer parte da tomada de decisões táticas e estratégicas. Conforme destacam David & Stewart (200), uma operação estratégica proativa de compras pode dar à organização uma vantagem competitiva ao reduzir o desperdício na cadeia de valor. Porém, as estratégias de compras não podem ser desenvolvidas isoladamente. Elas necessitam estar integradas à estratégia corporativa para ser bem-sucedidas. A figura a seguir demonstra o envolvimento das compras em níveis estratégicos, tático e operacional: FIGURA 6 – ESCOPO DA FUNÇÃO COMPRAS NÍVEL ESTRATÉGICO Pesquisa de compra; Planejamento em longo prazo; Previsão de disponibilidade; Determinação de política; Fonte única; Comercialização recíproca; Ética; Negociação pós-acordo. NÍVEL TÁTICO-GERENCIAL Métodos de compra; Negociação; Orçamento; Desenvolvimento de interface; Desenvolvimento de funcionários; Contratação; Técnicas de redução de conteúdos. NÍVEL OPERACIONAL Expedição; Manutenção de registro e sistemas; Cobrança de faturas; Manipulação de requisição; Investigações/cotações; Determinação de preços; Devoluções. FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) Adaptado por TAVARES (2010) 5.1 CRESCIMENTO DO PAPEL ESTRATÉGICO DE COMPRAS As principais razões para o crescimento do envolvimento de compras na tomada de decisões estratégicas são as seguintes: As compras são vistas como uma área de agregação de valor, não simplesmente como redução de custos; A inovação rápida de produtos exige uma equipe gerencial mais integrada, que envolva todas as funções e adote uma abordagem de processo em vez de funcional para a administração; Existem movimentos para a visão holística em relação à integração de fluxos de matéria e de informações, tanto interna quanto externamente, por exemplo: – MRP, MRP II e sistemas de informação integrados, como EDI. – Conceitos de cadeia de suprimentos, como fluxos de valor e administração de pipeline. O envolvimento ativo do fornecedor pode reduzir custos; Empenho com os custos estratégicos de suprimentos em vez de com os preços em curto prazo; Benchmarking em relação às empresas japonesas que, por longo tempo, viram a atividade como importante fator estratégico; Maior consciência de crescimento do gasto com materiais e do potencial de lucro das compras. Ballou (200) afirma que um dos principais problemas enfrentados pela atividade de compras e suprimentos em muitas organizações tem sido o fracasso em desenvolverum papel estratégico proativo. Para o autor, desde os anos 0 as empresas estão mais conscientes do papel dessa atividade, particularmente a vantagem estratégica, se adequadamente desenvolvida. Em que extensão a eficácia da função dependerá mais do estágio de desenvolvimento, seja ele administrativo, seja estratégico, reativo ou proativo? Vários modelos foram desenvolvidos para indicar o desenvolvimento ou outras características da atividade de compras. Torna-se necessário identificar o estágio de desenvolvimento atingido pela atividade e providenciar o desenvolvimento apropriado exigido. FIGURA 7 – COMPRAS 5.2 ALGUNS PROBLEMAS ASSOCIADOS COM AS ATIVIDADES E O VALOR Constata-se que um dos principais problemas enfrentados pela organização tradicional tem sido a tendência a alocar e organizar o trabalho mais em base funcional – compras, finanças, produção, dentre outros. Este tipo de abordagem tem levado a disputas de demarcação de áreas e à subotimização, isso é, cada função tenta atingir seus objetivos, independentemente de outras. Ideias FONTE: Disponível em: <http://www.abcdaweb.com.br/sites/kardecorgbr/img/compras.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 mais novas de administração exigem que as atividades sejam organizadas mais por processo. Isso envolve mais do que uma abordagem de equipe para a solução de problemas e preocupação com o trabalho. Por sua vez, exigem mais uma abordagem de administração integrada do que segmentada. Diferentes organizações têm sido forçadas a mudar, na tentativa de fornecer uma abordagem mais alinhada ao fluxo de bens, dentro, através e fora da organização, na busca de maximizar o valor agregado e minimizar os custos. Tais estruturas logísticas estão mais envolvidas com a eficiência global do que com a eficiência funcional, o que dá à organização muito mais chance de integrar estratégias bem-sucedidas em todos os níveis. Conforme destaca Ballou (200), provavelmente as organizações que falham em integrar as compras com as estratégias adiam ou interrompem o desenvolvimento de tais estratégias. 5.3 CONCEITOS DE ESTRATÉGIA E DECLARAÇÃO DE MISSÃO Ao abordar a atividade estratégica do setor de compras, torna-se necessário discorrer sobre a definição de estratégia, que consiste no meio de cumprir metas em longo prazo. Para Ballou (200), consiste no padrão de objetivos, propósitos e metas declarados de determinada forma para definir o negócio em que a organização está ou deve estar, e como ela é ou deve ser. A organização terá metas simples ou múltiplas, que podem, por exemplo, estar relacionadas a: Rentabilidade; Penetração de mercado; Volume de vendas; Retorno de capital; Satisfação do consumidor; Comportamento ambientalmente amigável; Valores sociais; Manutenção do emprego. Observa-se que muitas organizações indicam as estratégias que provavelmente seguem em suas declarações de missão. Uma declaração de missão consiste num objetivo generalizado ou a expressão do propósito de uma organização – uma estratégia-mestre. No desenvolvimento de uma estratégia, as questões seguintes devem ser consideradas: Quais os objetivos estratégicos? Como os objetivos-alvo podem ser atingidos? Destaca-se que uma estratégia consiste em: Ações e abordagens que estão em andamento; Novas ações do processo a ser mapeado; Inovação, risco; Escolha de alternativas; Fazer as coisas certas nos momentos corretos. Dessa forma, torna-se essencial que a organização, antes de desenvolver sua estratégia, seja clara em sua intenção (declaração de missão). Isso envolve definir o perfil do negócio e desenvolver uma declaração de missão. 5.3.1 Declaração da missão A missão organizacional estará relacionada ao que o negócio é ou deve ser. Uma vez estabelecida, esta visão serve para: Moldar a direção futura que a organização deve seguir; Estabelecer um perfil organizacional forte; Identificar negócios núcleo. As principais características da declaração de missão incluem respostas às seguintes questões: Quem são os consumidores atuais e futuros? Quais os principais produtos e serviços? Onde estão os principais mercados? Quais as crenças, os valores e as prioridades filosóficas fundamentais? Quais as forças e as vantagens competitivas amplas? A declaração de missão motiva, estimula e inspira? A declaração da missão permite a flexibilidade que se deseja? Citam-se como exemplo as seguintes missões: 3M ”Resolver problemas de forma inovadora.” Hewlet t Packard "Oferecer contribuições técnicas para o avanço e bem-estar da humanidade." Merck ”Preservar e melhorar a vida humana.” Wal-Mart “Oferecer às pessoas comuns a chance de comprar as mesmas coisas que os ricos”. 5.3.2 Elementos da estratégia A estratégia pode ser vista, então, como um meio pelo qual os fins em prazos mais longos são atingidos. Como qualquer gerente pode perceber, os mercados fornecedores e vendedores oferecem oportunidades de obter vantagem e enfrentar ameaças que podem ser prejudiciais aos negócios. Bowersox & Closs (2001) ressaltam que, quando o envolvimento de compras no desenvolvimento de estratégias empresariais for menos adequado, é provável que oportunidades exploráveis serão perdidas, enquanto as ameaças serão negligenciadas. Em tais circunstâncias, torna- se provável que as compras ocorrerão em base operacional, apagando incêndios e administrando crises. Algumas opções estratégicas obrigam a empresa compradora a adotar várias abordagens para assegurar o sucesso. Por exemplo, a abordagem just in time pressupõe que a empresa compradora pode configurar totalmente nos bens encomendados sob especificação. Ademais, isso geralmente significa que é necessário que a fábrica do fornecedor esteja razoavelmente próxima da empresa compradora. http://www.ogerente.com.br/novo/secao_livros_autor.php?id=456 FIGURA 8 – ESTRATÉGIAS DE COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.revistaportuaria.com.br/arquivos/noticia_121683540148876f4923727.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 5.3.3 Seleção de estratégias Muitos são os fatores que podem influenciar na escolha de uma estratégia. Dentre eles, destacam-se: A posição da empresa na cadeia de suprimentos; O número de fontes efetivas no mercado de suprimentos da empresa; O passo do desenvolvimento tecnológico nos mercados de suprimentos e de outros produtos finais; A volatilidade dos mercados de suprimentos e/ou de produtos finais; O grau de envolvimento governamental no mercado; A habilidade da empresa compradora para administrar uma estratégia. Conforme Bowersox & Closs (2001), a habilidade da empresa para desenvolver e aplicar estratégias eficazes de suprimentos depende parcialmente das percepções dos gerentes em todos os http://www.ogerente.com.br/novo/secao_livros_autor.php?id=456 níveis. O gerente encarregado do desenvolvimento de uma estratégia de compras deve reconhecer que essas percepções são afetadas pela estrutura atual da empresa, pela qualidade de seu sistema de comunicação interna, por sua experiência passada e pela de seus gerentes e pela disponibilidade de recursos. Retoma-se que o desenvolvimento de uma estratégia de compras envolve considerações amplas da empresa. Tais considerações diferem por setor e por empresa. Porém, o que deve ser comum é a necessidade de desenvolver vantagens sobre o concorrente e de utilizá-las eficazmente. No desenvolvimento de uma estratégia empresarial explícita, torna-se necessário esboçar um programa de ações gerenciais para o período de dois a cinco anos seguintes. No que se refere aos fornecedores da empresa, há muito a ser dito ao se considerar um programa imediato vinculado a essas ações de prazo mais longo. Dessaforma, uma vez que o propósito final do mercado de suprimentos é satisfazer as exigências do mercado de vendas da empresa, esse programa deve estar vinculado a outras estratégias. Fazendo isso, será interessante ver se a filosofia da empresa, as atitudes referentes aos papéis dos vários gerentes e as políticas específicas da empresa são desafiadas. Leite (2009) ressalta que a tarefa do gerente é selecionar as estratégias que proporcionam vantagens competitivas renovadas à empresa. Haverá risco atrelado a isso de qualquer estratégia. Os benefícios potenciais necessitam ser ponderados em relação aos riscos, bem como em relação ao nível de recursos exigidos por uma estratégia específica. Destaca-se que os critérios-chave para o desenvolvimento de estratégias eficazes de compras são os mesmos que se aplicam às estratégias de marketing. Eles devem: focar as áreas de maior potencial em termos de contribuição, explorar a vantagem competitiva disponível para a empresa compradora como uma consequência de seu composto de recursos específicos; enfatizar a administração criativa no uso desses recursos; reforçar a consistência e a viabilidade e especificar quem, o que, quando, por que e como por meio de um plano eficaz. Embora em algumas situações seja vantagem copiar as estratégias dos concorrentes, elas necessitam ser cuidadosamente consideradas à luz das próprias forças e fraquezas da empresa. Pode também haver vantagens, desde que haja cautela, em considerar as estratégias de empresas de outros setores. As taxas de crescimento do mercado, os aspectos ambientais e os fatores legislativos estarão entre outras considerações. FIGURA 9 – SETOR DE COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.kaecomponentes.com.br/fotos/compras.JPG> Acesso em: 13 jun. 2010 Novaes (2009) destaca que os estágios iniciais do desenvolvimento da estratégia necessitam da análise da atividade comercial da empresa. Algumas questões úteis que podem ser levantadas neste ponto incluem: Qual a estratégia atual? Essa questão pressupõe que uma estratégia existe. Mesmo que isso não esteja explícito, é provável que haja uma implícita. Essa estratégia ajusta-se às aplicações em outras áreas-chave do negócio, por exemplo, marketing e finanças? Que estratégias estão sendo adotadas pelos concorrentes, isto é, por outros compradores no mercado de suprimentos? Que oportunidades são exploráveis nos mercados de suprimentos? A área de compras influencia as decisões de desenvolvimento de produto e as decisões estratégicas de produção? Que assuntos da cadeia de suprimentos sugerem ameaça ou oportunidade? Existem vantagens em colaborar com outros compradores, por exemplo, em um grupo de empresas; num país específico? Que mudanças não são percebidas no mercado de suprimentos? Que estratégias defensivas precisamos desenvolver? Que estratégias são sugeridas para diminuir o escopo dos mercados de suprimentos? Como poderá ser melhorada a flexibilidade da cadeia de suprimentos e, ao mesmo tempo, aperfeiçoar sua eficácia? Que estratégias são sugeridas? Que estratégias de suprimentos estão sendo atualmente aplicadas em outros setores e que podem ser adaptadas às circunstâncias atuais da empresa? 5.3.4 Estratégias eficazes do mercado de suprimentos Considera-se que as estratégias eficazes no mercado de compras são embasadas em análise, probabilidade de ponderá-las, definição e planejamento de sua implementação em detalhes. Isso, então, envolve: Analisar a cadeia de suprimentos para detectar pontos-chave em que a vantagem competitiva possa ser constatada ou em que haja ameaça; Entender o impacto potencial de intervenções estratégicas específicas no mercado de suprimentos; estar também preparado para conceber os prováveis rearranjos e como os concorrentes podem reagir; Considerar as rotas alternativas, selecionando aquelas passíveis de serem mais benéficas; Prever com razoável exatidão os resultados de tais intervenções; Convencer colegas da empresa dos benefícios de tais intervenções e da necessidade de balanceá-las com estratégias de mercado final para assegurar a otimização das vantagens amplas. Conforme ressalta Alvarenga (200), desde que não haja regras isoladas em qualquer mercado, essas tarefas exigem o trabalho de um executivo mais bem preparado. Elas demonstram a importância do comprador profissional na alocação dos recursos adequados, incluindo parte do próprio tempo. O reconhecimento das oportunidades e ameaças e a habilidade de desenvolver estratégias eficazes para ajustar o balanço em favor da empresa podem ser um poderoso estímulo para o sucesso dos negócios. Por fim, as atividades de compras proativas necessitam de compradores bem treinados e desenvolvidos, que possam trabalhar em equipe e superar barreiras funcionais. Se eles forem treinados como fazedores de pedidos, terão grande dificuldade de assumir papéis estratégicos. FIGURA 10: CONTRATO DE COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.revistaportuaria.com.br/arquivos/noticia_121683540148876f4923727.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 5.3.5 O processo de planejamento O processo de planejamento das compras necessita do domínio de toda a operação, bem como de um entendimento claro dos relacionamentos internos, complexos da empresa em relação aos materiais, às informações exigidas e às pessoas envolvidas. Dessa forma, o pessoal de compras necessita assumir uma visão profissional profunda de seu papel na empresa inteira, e isso deve incluir o planejamento. Os itens a seguir indicam o tipo de informação exigida para o planejamento eficaz integrado: a) Ambiente externo Que desenvolvimentos técnicos estão em andamento nos setores de mercado tradicional e não tradicional que podem afetar os mercados de suprimento durante os próximos cinco anos? Que efeitos tais desenvolvimentos produzirão, seja para ameaçar os fornecedores de manufaturados, seja para sugerir oportunidades que possam ser exploradas? Que efeitos as mudanças previstas no mercado de suprimentos terão na administração corporativa? b) Pesquisa de mercado Que tipos de pesquisa existem no mercado de compras e suprimentos? Como pode ser melhorado o vinculo da pesquisa de mercado de suprimentos com a pesquisa de produto e a pesquisa de mercado de vendas para a vantagem global? C) Estratégia de suprimentos Existe uma estratégia e uma política corporativa de suprimentos? Se houver, são claramente entendidas e estão sendo implementadas com sucesso? A organização de compras está preparada pra lidar com as rápidas mudanças que ocorrem em muitos mercados de suprimentos? Onde há concorrência crescente pelos recursos disponíveis, que passos foram dados ou devem ser dados para proteger os interesses da empresa? Onde a empresa é vulnerável? O que ocorrerá se essa fonte falhar? Que suposições se fazem sobre os suprimentos energéticos? Elas necessitam ser revistas? Quais as tendências previstas em relação a suprimentos-custos nos próximos cinco anos? Como essas projeções afetam a estratégia? e) Desenvolvimento e ciclo de vida do produto De que maneira a área de compras pode funcionar mais eficazmente com P&D, por exemplo, fornecendo dados sobre a economia de suprimentos em um estágio inicial? Os aspectos de suprimentos são considerados em relação às estratégias de produto em um estágio inicial? Tais considerações recebem atenção suficiente? f) Seleção de fonte de suprimentos Há quanto tempo se está lidando com os principais fornecedores? Que proporção de negócios essas empresas dominam? Está previsto mudança nessa proporção? Quais as vantagens que podem resultar daí? Quando foram feitas checagens das capacidades e os planos de desenvolvimento dos fornecedoresexistentes e potenciais? Existe algum procedimento formal de seleção de fornecedores fundamentado em dados de custos relevantes? Como isso pode ser melhorado? Quais decisões de suprimentos anteriores necessitam serem revisadas em relação às mudanças comparativas de moeda? Podem-se desenvolver fornecedores locais para a superação de quaisquer problemas a esse respeito? g) Planejamento Como os suprimentos podem ser melhorados pelo planejamento corporativo? Que dificuldades podem ser evitadas como resultado dessas melhorias? De que maneira podem-se organizar mais efetivamente para proporcionar aos funcionários-chave maior tempo de dedicação aos assuntos que envolvam prazos mais longos? O sistema de informações atual na área de suprimentos é suficientemente flexível para reagir rapidamente aos novos dados? Os tipos de fonte de suprimentos têm os volumes aproximados exigidos nos próximos cinco anos? Que decisões históricas de fabricar ou comprar necessitam ser revistas à luz das circunstâncias atuais? Como as mudanças afetarão a empresa? Que fontes de suprimentos precisarão ser localizadas? Que fornecedores necessitarão ser descartados? Que exigências de fornecimento de materiais/componentes seriam acrescentadas a uma decisão de fabricar? h) Funcionários Quais as necessidades de treinamento dos funcionários de compras? Como satisfazer melhor essas necessidades? Como desenvolver melhores atitudes e habilidades de suprimentos corporativos para ficar a par das especificações de tarefas mais amplas e desafiadoras? Que habilidades adicionais são exigidas dos funcionários de compras para implementar programas de suprimentos corporativos amplos? Considera-se que as questões acima enumeradas são apenas exemplos relacionados à área de compras. As amplas implicações da tarefa e seus relacionamentos com outras funções demandam a possibilidade de muitas outras questões. FIGURA 11 – PLANEJAMENTO NAS COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.dunoday.com.br/dunoday/wp-content/uploads/2009/08/planejamento.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 5.3.6 Organização para o planejamento Faz-se necessário ressaltar que a contribuição da área de compras ao planejamento deve ser considerada como parte do conjunto. Claramente, não se pretende dar-lhe destaque. A organização existe para atender às necessidades de seu mercado final e o papel da área de compras é assegurar que a empresa esteja em melhores condições de fazer isso ao manter a administração eficiente e eficaz nas entradas representadas por materiais e informações. O planejamento envolve então um processo sistemático de tomada de decisões estratégicas. Os inter-relacionamentos dos elementos-chave do negócio impactam essas decisões. Dessa forma, por exemplo, se a contribuição da área de compras for ignorada, problemas como crises de suprimentos, inflação nos materiais e desenvolvimento tecnológico do mercado de suprimentos podem mudar as suposições com as quais os planos de marketing foram preparados. Se tais coisas ocorrerem, os objetivos baseados nessas suposições podem ser inatingíveis. Tipicamente, os planos possuem três fases: Plano anual. Plano em médio prazo (dois ou três anos) Plano em prazo mais longo (de três a 15 anos) Compreende-se que a distinção dos tempos dos planos difere de setor para setor, e mesmo de empresas de mesmo setor. O importante a ressaltar é que os três planos em conjunto deverão ser desenvolvidos como um grupo, um vinculado ao outro. a) Plano em longo prazo Muitas vezes o plano em longo prazo é visto como um documento de cenário. Ele então é preparado para fornecer um controle anual do que é denominado base, como se o negócio estivesse procedendo de acordo com a estratégia selecionada. As características do desenvolvimento, em particular, estão localizadas nesse plano. B) Plano em médio prazo O plano em médio prazo é também preparado anualmente segundo a mesma base. Entretanto, ele é normalmente muito mais abrangente. Alguns elementos fazem parte deste plano: Desenvolver objetivos corporativos; Prever flutuações cíclicas; Desenvolver planos de compras e de vendas; Identificar problemas e oportunidades; Identificar a necessidade de decisões políticas; Fornecer apoio para as decisões de gastos de capital; Fornecer a base para o plano anual. A partir desta abordagem, comprova-se que os vários elementos do plano estão integrados. c) Plano anual Este consiste numa confirmação em detalhes dos níveis das atividades de vendas, produção, compras e gastos de capital que foram delineados no plano em médio prazo. Frequentemente também inclui tarefas importantes sugeridas aos funcionários. Normalmente, o plano e seus procedimentos fornecerão a base para o monitoramento progressivo. Ele também permite rápida análise das variações suficientes para mostrar o que mudou, por que mudou e quem é responsável pela mudança. FIGURA 12: PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO FONTE: Disponível em: <http://blogdeplanejamento.files.wordpress.com/2009/04/planejamento-estrategico-valores.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Conclui-se que o escopo do papel do planejamento na função de compras pode ser amplo. Porém, a necessidade do desenvolvimento de habilidades, atitudes, sistemas, procedimentos e informações relevantes apenas se torna aparente quando o impacto das compras nos sistemas empresariais é entendido em longo, médio e curto prazos. Muito desse entendimento decorrerá da análise cuidadosa desses sistemas e do ambiente complexo em que eles existem. Dessa forma, a necessidade de tal análise e ação não pode ser superestimada no atual mundo globalizado, de mudanças rápidas. Por fim, se o sistema de planejamento estratégico for eficaz e eficiente, provavelmente as estratégias de compras haverão de contribuir para o sucesso do sistema da empresa, e o comportamento de compras oportunistas em curto prazo pode ser substituído por uma abordagem mais profissional. 6 ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO DE COMPRAS Será analisado neste conteúdo como as organizações estruturam suas atividades de compras. Compreende-se que quanto mais desenvolvida for a atividade, mais provável que ela esteja plenamente integrada com as demais áreas da organização. Compreende-se que as compras são uma função que interage com outras, não funcionando isoladamente. Nenhuma organização se limita simplesmente a comprar outras coisas. Para se determinar qual a estrutura mais apropriada para cada organização, é essencial ter em mente que uma estrutura organizacional difere de outra. Vários fatores necessitam serem levados em consideração ao se examinar um caso específico. Por exemplo: O tamanho da organização; O tipo de mercado a que ela atende; A tecnologia e os processos envolvidos; O tipo de pessoas empregadas; A volatilidade dos mercados em que ela opera; O tempo de atuação no mercado. A estrutura organizacional de uma empresa que possui seis grupos de produtos diferentes, vendidos em mercados diferentes, necessitará ser diferente da que é apropriada para outra empresa de produto único. Além disso, no que diz respeito à função compras, sua importância para o sistema empresarial influenciará seus papéis na estrutura e, sem dúvida, como essa estrutura e seus sistemas relacionados são desenhados. Outras interferências que afetarão o design de uma organização incluem, segundo Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010): O tipo de mercado atendido; A duração do período de desenvolvimento do produto; Inclinações dos que dirigem a empresa para estimular ou reduzir a criatividade e o impulso empreendedor. 6.1 ABORDAGEM DE SISTEMAS Constata-se que asabordagens de sistemas são empregadas para explicar o desenvolvimento das estruturas organizacionais. Qualquer sistema, para ser eficaz, necessita estar em equilíbrio. O argumento utilizado é que a eficácia de um sistema amplo é a meta, e não uma abordagem de subotimização, por exemplo, a eficiência departamental (compras). Dessa forma, a área de compras pode atingir seus objetivos a expensas do restante da organização. Geralmente, é possível identificar quatro tipos de sistemas, que são: a) Sistemas adaptativos Como o nome sugere, eles dizem respeito à adaptação da organização a seu ambiente. Muitas vezes, relacionam-se à administração das mudanças rápidas enfrentadas pela empresa e asseguram a adoção de políticas corretas para manter sua continuidade. b) Sistemas operacionais Estes dizem respeito à operação diária da empresa envolvendo a entrada de matérias- primas, o processamento e a saída de produtos. Além de envolverem fluxos de materiais e produtos, tratam também de fluxos financeiros. c) Sistema de informações Representam as antenas da organização, uma vez que nenhum tipo de sistema pode funcionar sem informações. d) Sistemas de manutenção Existem para manter a organização trabalhando eficazmente. Incluem sistemas de controle, os chamados sistemas de recompensa e punição, e os mecanismos de coordenação, que vinculam a organização a outros sistemas. FIGURA 13 – SISTEMAS FONTE: Disponível em: <http://zope.ufscar.br:8080/sisinfo/sis.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Considerando estas ideias a um sistema de manufatura, o sistema pode ser representado no nível operacional por um box com input e output. A empresa obtém materiais/componentes (inputs), processa-os de alguma forma e vende os produtos resultantes (outputs). O sistema pode operar de maneira viável apenas se houver inputs para o processo e se o output puder ser obtido com superávit financeiro. Fatores restritivos de input, como exemplo, escassez e falha de qualidade, afetarão o processo e o output, enquanto fatores negativos similares em vendas ou em processamento afetarão o input. Observa-se que os sistemas operacionais e parte dos de informações e manutenção relacionados às operações definem a maioria das estruturas. Entretanto, os demais elementos dos sistemas também recebem a devida consideração com muito menos frequência. Tem-se então como resultado um sistema empresarial, do qual a área de compras faz parte, menos eficaz do que deveria ser. 6.2 CULTURA Considera-se que o design da cultura de uma organização consiste no exame do tipo de atividade que caracteriza cada uma de suas partes. Existiriam quatro tipos principais de atividades: estabilidade, inovação, crise e política. Torna-se interessante notar que, embora a visão de marketing envolva a inovação e a política, pelo menos por implicação, as compras estariam relacionadas com estabilidade. Estabilidade A estabilidade envolve a atividade operacional de uma empresa. Ela, frequentemente, representa 80% do trabalho dos funcionários, e as tarefas de secretaria, contabilidade, produção e vendas estão nesse porcentual. Aqui, incluir-se-ia também a interrupção dos suprimentos e das atividades em andamento. Inovação A inovação relaciona-se a qualquer atividade dirigida às mudanças empreendidas pela organização ou às formas como elas são realizadas. Pode se incluir a pesquisa e desenvolvimento, algumas tarefas de marketing, e parte das atividades de produção e de finanças. Parte da função de compras pode ser inserida nessa categoria, também. Crise Nenhuma parte isolada de uma organização terá monopólio das crises ou dos colapsos. Porém, reconhece-se que é mais provável que a parte de uma organização relacionada ao meio ambiente terá que enfrentar o imprevisto. Sem dúvida, a interrupção dos suprimentos está muito mais sujeita a isso. De fato, pode-se considerar que os compradores tradicionais tendem, de maneira obstinada, a ter prazer em tal situação e a estar preparados para apagar incêndio. A administração eficaz de compras tenderá a minimizar tais crises. Política Esta atividade está relacionada com a definição de prioridades das operações de uma organização. Pode-se incluir nesta atividade a alocação de recursos e o início da ação. Considera-se que as expectativas das pessoas que desenham as organizações e o papel da área de compras e dos responsáveis por suas tarefas estabelecerão a cultura e a categoria em que a área de compras necessita operar. Quando a cultura de compras é operacional, reativa e vista simplesmente como um serviço para a área de produção, provavelmente ela nunca será um elemento efetivo de seu sistema empresarial, tampouco, como resultado, esse sistema será eficaz. FIGURA 14 – DEPARTAMENTO DE COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.uniblog.com.br/img/posts/imagem39/398734.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Pode-se observar a função de compras como sendo primária, ao menos na maioria das organizações manufatureiras. Se ela fabrica coisas para vender, estará obrigada a obter os componentes ou materiais com os quais terá de produzir. Como a atividade de compras é realizada em mercados em que outras pessoas estão envolvidas em marketing e vendas, seria lógico assumir que comprador e vendedor estão tentando administrar seu ambiente. Pensar de outra forma é negar as leis da atividade econômica. Se esse for o caso, a cultura apropriada em relação à área de compras deve ser a que assume o envolvimento da função nos tipos de atividades anteriormente apresentadas. Isso significa que existem aspectos de inovação e de política na tarefa, mais estabilidade e crise. Os aspectos de estabilidade têm que estar relacionados à manutenção do sistema diário. Noutras palavras, a atividade operacional, o lado suprimentos das compras, é diferente da criação (inovação) ou do longo prazo (política). Esse é um fator importante, que necessita estar em mente ao se considerar a organização para as compras. Independentemente de qualquer coisa, é necessário desenvolver uma cultura apropriada a cada papel, tanto da função compras quanto das funções relacionadas a ela. Compreende-se então que uma cultura operacional (estabilidade) dificilmente promoverá a criatividade, enquanto uma pessoa mais criativa não pode ficar restrita ao atendimento das necessidades diárias de um sistema de manufatura. Outro fator a ser notado é que as pessoas que operam com sucesso em um ambiente podem não ser bem-sucedidas em outro. Por fim, ao considerar o desenvolvimento de uma estrutura organizacional para a área de compras, o escopo da tarefa precisa ser levado em consideração. 1.3 CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO Constata-se que a centralização e a descentralização vêm sendo muito discutidas no ambiente organizacional, nos últimos anos. É possível observar que a maioria dos grupos de empresa ou grandes organizações que operam vários estabelecimentos adotam algum compromisso entre a compra centralizada e a local, visando a balancear as vantagens da força dessa flexibilidade. Basicamente, existem três alternativas, que são: Descentralização total, com autonomia plena em cada uma das unidades; Centralização total, que na prática significa que, independentemente das compras locais de pequeno valor, todas as aquisições são feitas a partir de um escritório central; ou Uma combinação das duas propostas. Geralmente, as vantagens citadas para a descentralização são: O comprador local conhece mais as necessidades de sua fábrica ou unidade específica, os fornecedores locais, o transporte e as instalações de estocagem; Ele está em condições de responder mais rapidamente às emergências, parcialmente em razão de linhas de comunicação mais simples e por conhecer mais as circunstâncias locaisdo que alguém que esteja a muitos quilômetros de distância; A responsabilidade direta do comprador local perante seu chefe imediato permite maior vínculo e controle da alta administração local, principalmente quando se opera como um centro de lucro. Como os materiais têm grande participação nos custos de produção, um argumento comum situa-se em torno da autoridade e da responsabilidade. Esse argumento seria o seguinte: se a administração local não tiver permissão de, por exemplo, selecionar e trabalhar com fornecedores próprios, como ela pode ser responsável pela produção, que depende significativamente da eficiência dos fornecedores? Por outro lado, a centralização total também oferece vantagens. Estas seriam: A economia obtida pela consolidação dos pedidos melhora o poder de negociação da área de compras e facilita os relacionamentos com os fornecedores; Evita as anomalias de preços nas unidades do grupo e a concorrência delas por materiais escassos; Melhor administração global de estoques e utilização de materiais. Menor número de funcionários envolvidos com compras, uniformidade de procedimentos, formulários, padrões e especificações. FIGURA 15 – CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO DAS COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.negociosdobairro.com.br/wp->content/uploads/2007/08/r3.jpg Acesso em: 13 jun. 2010 Conforme afirma Ballou (2008), as vantagens de uma abordagem são as desvantagens de outra. Dessa forma, uma combinação de ambas é frequentemente utilizada para se obter o benefício das melhores características de cada abordagem, evitando-se as desvantagens. Uma estrutura típica adotada contemporaneamente pode ser exemplificada na figura a seguir: QUADRO 1: ORGANOGRAMA DO DEPARTAMENTO DE COMPRAS FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), adaptado por TAVARES (2010) Frequentemente, observa-se que o departamento de compras centralizado é responsável por: Determinação de políticas, padrões, procedimentos e especificações gerais; Negociação dos contratos de materiais comuns utilizados por todas as unidades em qualquer volume; Grandes contratos de construção de fábricas, aquisição de equipamentos e projetos que envolvem muito capital; Contratos para materiais importados e para exportações relevantes; Assuntos legais relacionados a suprimentos; Coordenação da estocagem de todas as unidades; Educação e desenvolvimento do pessoal de suprimentos de todas as unidades e orientação para o recrutamento de funcionários. Em outras situações, tem-se uma abordagem que envolve um pequeno grupo de funcionários com papéis político e de coordenação relativamente limitados. O maior usuário de Departamento de Compras Centralizado Empresa A Departamento de Compras Empresa B Departamento de Compras Empresa C Departamento de Compras terminada commodity ou material negocia em nome de todos os usuários do grupo como comprador “líder”. Dessa forma, na organização anteriormente exemplificada, o comprador da empresa A pode negociar contratos para a matéria-prima X em seu nome, representando as empresas B e C. Da mesma forma, o comprador da empresa C poderá negociar usando o nome das empresas A e B. Em ambas as situações, os compradores locais agem autonomamente em assuntos externos ao escopo do papel do departamento de compras centralizado. Em alguns grupos, os gerentes locais são diretamente responsáveis por um de seus membros e têm apenas responsabilidade indireta ou profissional pelo comprador de suprimentos sênior do departamento centralizado de compras. Ressaltam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que após a escolha de uma abordagem específica por um grupo, faz-se necessário considerar a centralização/descentralização na organização ou unidade. Constata-se que nas últimas décadas houve uma tendência a centralizar a atividade de compras em um departamento. Porém, existe uma considerável diferença das empresas em relação à centralização eficaz dessas atividades. Observa-se que em algumas situações o departamento de compras é mero aprovador dos pedidos negociados por qualquer gerente de linha envolvido com o material ou serviço em questão. Já em outras situações, o gerente de compras terá toda a autoridade para aquisições. Embora ambos tenham autoridade para assinar pedidos de compras, seus níveis de autoridade de tomada de decisão estarão em extremos diferentes de um continuum. E mais, nesses extremos, existem vários níveis de autoridade, sendo a maioria deles relacionada ao grau de confiança que o restante da organização tem no profissionalismo do responsável pelas compras. Para Fagundes (2010), a vantagem da generalização da atividade de compras depende da habilidade com que o executivo responsável pelo trabalho usa mais eficazmente o poder de compra da empresa. Isso, para o autor, incluirá a consolidação das exigências, o desenvolvimento de fontes, a racionalização dos estoques, a simplificação dos procedimentos, o trabalho com fornecedores, para eliminar custos desnecessários em vantagem mútua, e o trabalho com colegas, para assegurar um fluxo de informações eficaz que possibilitará, então, o atendimento dos objetivos da empresa. Para Mariotti (2009), a centralização eficaz não implica em o gerente de suprimentos impor o tipo de equipamento a ser comprado. Isso não quer dizer que seu único papel seja vetar as tecnicidades comerciais do contrato de aquisição, tentar assegurar que o preço seja competitivo ou que o equipamento será entregue no tempo adequado. Para a obtenção de melhor resultado, ele precisará estar envolvido na tomada de decisão desde os estágios iniciais de identificação do tipo de equipamento necessário para desempenhar a função; deve orientar os colegas sobre as fontes de suprimentos e trabalhar diretamente com estes na avaliação das alternativas. Deve ainda ser visto pelos fornecedores potenciais como autoridade para a tomada de decisão, mesmo se for apenas para permitir-lhe alavancagem comercial na fase de discussão. Dentre os fatores comerciais que o comprador deve levar em consideração estão: A garantia de funcionamento do equipamento; A posição do fornecedor em relação a peças sobressalentes; O serviço de manutenção; O treinamento operacional; Os prazos e as condições de pagamento; O programa de entrega e os prontos de checagem; As implicações de logística e de instalação; A análise de preço e seu relacionamento com o programa de compra; O nível de serviço pós-compra, dentre outros. 6.4 ORGANIZAÇÃO DEPARTAMENTAL Numa organização departamental, o número de pessoas empregadas, o volume e a variedade de bens e serviços comprados, a habilidade e a autoridade do chefe de departamento, a capacidade das pessoas empregadas no departamento e a importância da função suprimentos para a operação da empresa estão entre os fatores que afetarão a decisão da estrutura organizacional. Porém, torna-se comum observar que ocorrem variações em torno de padrões básicos de organização. Comumente, uma das formas simples de organização de um pequeno departamento é evidenciada na figura a seguir. QUADRO 2 – ORGANOGRAMA DO DEPARTAMENTO DE COMPRAS FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) adaptado por TAVARES (2010) Em algumas situações, com a exclusão da função controle de estoque da responsabilidade do comprador, esse padrão é razoavelmente típico de uma pequena estrutura departamental. Geralmente, a divisão de responsabilidades nesta estrutura é bastante direta. O comprador assume a responsabilidade pelas aquisições mais importantes, enquanto o seu assistente lida com assuntos mais rotineiros. Já a figura a seguir ilustra uma abordagem para a estrutura organizacional em um departamento maior.Comprador Comprador Assistente Pessoal de Escritório Encarregado do controle de estoque Secretária QUADRO 3 – ORGANOGRAMA DO DEPARTAMENTO DE COMPRAS FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) adaptado por TAVARES (2010) Nessa estrutura, constata-se que a alocação de responsabilidades dentro do departamento é mais complexa. De modo geral, o comprador chefe é responsável pelas decisões políticas, além de administração eficiente do departamento como parte da organização. E mais, geralmente, é também responsável pelos contratos e pelas decisões de compra mais importantes. Sugerem Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que se essa abordagem for adotada, é importante frisar que alguém deve ficar responsável por um grupo específico de materiais na ausência do comprador normalmente encarregado de sua aquisição. Sugerem ainda que, em geral, a especialização de compradores por commodity ou por grupo de materiais pode ser a melhor maneira Comprador Chefe Secretária Comprador 1 Comprador 2 Comprador 3 Controller de materiais Pessoal de Escritório Pessoal de Estoque de subdividir o trabalho de um departamento de suprimentos, mas nem sempre é a situação que se observa. Comumente, é favorecida a abordagem combinada, na qual os compradores responsáveis por contratos específicos fazem pedidos de contratos negociados de commodities para toda a empresa. Em circunstâncias típicas, tais contratos serão então negociados pelos membros da assessoria que receberam a incumbência de fazer os pedidos mais expressivos. Comumente, então, tal trabalho é acrescentado a outras funções exercidas por estes funcionários. 6.5 SERVIÇOS DE APOIO Ressalta-se que uma das características a ser levada em consideração na organização de um departamento de compras é a importância dos serviços de apoio para os compradores. Em muitas das situações, em organizações maiores, os serviços de apoio mais extensivos estão disponíveis: Analistas de custos; Economistas; Assessores jurídicos e outros especialistas. Todos eles auxiliam a atingir os objetivos organizacionais. Os sistemas de informações computadorizados também contribuem de maneira significativa para a otimização das tarefas. Em todas as situações deve-se enfatizar também a equipe de trabalho, não apenas dentro do departamento, mas também entre o usuário e o fornecedor. Numa organização departamental, torna-se necessário considerar os talentos e as forças mais expressivas dos indivíduos. Dentre elas destacam-se: Colocar as pessoas em tarefas que podem fazer melhor; Usar os melhores talentos e habilidades disponíveis; Esforçar-se para desenvolver os indivíduos e o grupo inteiro. Ressalta Fagundes (2010) que a boa estrutura organizacional por si não assegurará o bom desempenho. São sim necessárias pessoas capazes e motivadas para desenvolver a organização. Porém, uma estrutura deficiente torna o bom desempenho impossível, não importa a qualidade individual dos gerentes. Dessa forma, a melhor estrutura organizacional sempre melhorará o desempenho. É importante ainda frisar que as organizações exigem também controle, coordenação e comunicação. Tais exigências necessitam ser cuidadosamente consideradas no desenvolvimento de qualquer organização, seja no nível departamental, de empresa ou de grupo. E, por fim, torna-se necessário assegurar o constante desenvolvimento contínuo da organização e de seus sistemas relacionados para o atendimento de circunstâncias imprevistas. FIGURA 16 – DEPARTAMENTO DE COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.cooperouroonline.com.br/upload_fckeditor/image/Compras(1).jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 7 EVOLUÇÃO E DESENVOLVIMENTO DAS COMPRAS Compreende-se que a atividade de compras tem recebido grande atenção da alta administração e de teóricos. Torna-se amplamente reconhecido que a contribuição dessa atividade pode apenas ser conduzida se as compras e os suprimentos forem suficientemente desenvolvidos. Neste tópico será analisado o significado do desenvolvimento e da evolução das compras, uma estrutura de desenvolvimento de compras e identificados os principais fatores prováveis que afetam o processo. 7.1 CRESCENTE INTERESSE PELA FUNÇÃO DE COMPRAS Atualmente, é possível observar que as organizações administram uma variedade de atividades de entrada de recursos nas organizações. Tais atividades fazem referência a: Compras, Controle de estoque. Administração de transporte interno. Compreende-se também que a habilidade de uma organização para atender a seus objetivos estratégicos depende de todas as suas partes estarem adequadamente desenvolvidas para assumir suas responsabilidades. Recentemente, tem-se dado atenção especial às atividades de input organizacional. 7.1.1 Fatores básicos Conforme ressaltam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), embora todas as organizações tenham atividades de compras e suprimentos, a contribuição dessas atividades será determinada pela extensão de seu desenvolvimento. Atualmente, existem muitas razões para serem consideradas no desenvolvimento do interesse pelas atividades de compras e suprimentos. Algumas delas são aqui destacadas, conforme a compreensão de Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010): O crescente interesse das organizações por fornecedores externos que adotam práticas gerenciais mais eficazes; Maior especialização tem contribuído para o aumento dos gastos externos; A ênfase no negócio-núcleo aumentou a terceirização dos serviços habitualmente executados por funcionários da própria organização; As ideias emergentes associadas à qualidade e à eliminação de desperdício vêm focando a atenção na cadeia de suprimentos; Pelo menos em parte, as organizações mais importantes parecem ser caracterizadas por ênfase estratégica nos suprimentos. As outras estão procurando imitá-las. As organizações atuais e seus fornecedores necessitam ser mais responsivos e flexíveis para proporcionar o funcionamento da cadeia de suprimentos A tecnologia da informação tem possibilitado uma visão mais clara da contribuição proporcionada pelas compras e suprimentos. 7.1.2 Fatores de Desenvolvimento É fato que, durante períodos de inflação elevada, as organizações com a função de compras bem desenvolvida dedicaram mais esforço ao controle de aumento de preços do que aquelas em que as atividades de compras e suprimentos eram precárias. Em razão disso, atualmente é dada maior atenção a estas funções e aos departamentos envolvidos em negociação de preços. Na maioria dos casos, a alta administração tornou-se mais consciente da necessidade de desenvolver uma atividade de compras que possa conviver mais efetivamente com a inflação. 7.1.2.1 Vantagem competitiva O desenvolvimento de conceitos e técnicas, como as seguintes, tem proporcionado um impacto importante sobre as compras: EDI; Just in time; Manufatura e suprimentos enxutos; Logística integrada; Administração de qualidade total; Conceitos de fluxo de valor. Constata-se que, se a função de compras não for suficientemente desenvolvida, a implementação dessas ideias será impraticável. Todas as estratégias requerem o desenvolvimento de cadeias de suprimentos mais racionalizadas do que aquelas que se movem em direção a filosofias consagradas. Os fornecedores necessitam trabalhar próximo dos funcionários da organização compradora para desenvolver produtos e métodos comerciais apropriados e eliminar o desperdício em todas as suas formas. 7.1.2.2 Atividade do concorrente É possível observar que as organizações têm sido pressionadas a desenvolver novas ideiaspara acompanhar o que os concorrentes. Denomina-se este processo benchmarking, embora se deva deixar claro que não se trata simplesmente de copiar boas ideias. A demonstração de benefícios que uma função de suprimentos desenvolvida confere a uma organização tem sido estimulante para outras empresas melhorarem essa função, e isso, por sua vez, tem elevado o perfil das compras. 7.1.2.3 Demandas do consumidor Destacam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que o consumidor está sendo visto atualmente como de maior importância para a organização. Já não é aceitável oferecer um serviço de qualidade secundária se a organização deseja permanecer rentável e sua participação no mercado. Observa-se que as organizações estão atualmente mais orientadas para o consumidor e esse impulso impacta a área de compras. Vê-se que qualquer ineficiência na cadeia de suprimentos deve ser reduzida ou removida. Por sua vez, os principais clientes podem forçar os fornecedores a melhorarem suas fontes de suprimentos, bem como suas operações. 7.1.2.4 Inovação Constata-se que o ritmo da mudança tem-se acelerado no decorrer dos anos. As organizações devem estar preparadas para desenvolver novas práticas e produtos de maneira rápida e eficaz. Dessa forma, isso exige melhorias significativas na interface interna, por um lado, das atividades de compras e, por outro, da produção, marketing, finanças, dentre outros, bem como com fornecedores e clientes. Na medida em que os ciclos de vida dos produtos tornam-se mais curtos, o tempo de reação do mercado vai sendo comprimido. A função de compras deve então estar preparada para auxiliar a dar início a novas ideias e desenvolvimentos. Atualmente, está sendo dedicada muita atenção às iniciativas de reduzir o tempo de lançamento de um produto no mercado. Os novos produtos não podem ser desenvolvidos e vendidos rapidamente sem uma função de compras proativa. 7.1.2.5 Tecnologia Compreende-se que a progressão tecnológica exige que as organizações tenham planos formulados para lidar com o desenvolvimento. A função de compras então necessita estar ativamente envolvida. Um exemplo pode ser citado no desenvolvimento do intercâmbio eletrônico de dados (EDI). Torna-se fundamental que essa função tenha uma base apropriada de fornecedores e esteja envolvida com eles para o desenvolvimento e o uso dessa tecnologia. FIGURA 17 – COMPRAS E TECNOLOGIA FONTE:Disponível em: <http://www.equipel.com.br/userfiles/image/conteudo/contato.jpg> Acesso em: 13 jun. /2010 7.2 MENSURAÇÃO DO DESENVOLVIMENTO DA FUNÇÃO COMPRAS Considera-se que a mensuração do estágio de desenvolvimento atingido por uma organização de compras pode indicar se ela está preparada para as necessidades do mercado. Torna- se útil identificar o estágio de desenvolvimento atingido por uma função de compras para que novas ações possam ser planejadas. 7.2.1 Estrutura de desenvolvimento da função compras Uma das primeiras tentativas de desenvolver uma estrutura da função de compras foi empreendida por Ballou (2008). O teórico desenvolveu seu modelo para estabelecer se as organizações com a função de compras bem desenvolvidas eram negociadoras mais eficazes do que aquelas em que a função não fosse desenvolvida. Ballou (2008) sugere que existem estágios de desenvolvimento. Vários critérios são então mensurados, dando origem a vários perfis. Quando a atividade era bem desenvolvida, a organização negociava não necessariamente melhores preços, mas melhores negócios, estando estes embasados no custo estratégico de aquisição. 7.2.2 Matriz de sofisticação do comprador David & Stewart (2008) apresentaram uma matriz de três estágios de sofisticação do comprador para ajudar a identificar que estágios de desenvolvimento a função de compras de uma organização havia atingido, como pode ser observada a seguir: QUADRO 4 – MATRIZ DE SOFISTICAÇÃO DO COMPRADOR Critérios Nível 1 Nível 2 Nível 3 Níveis de Sofisticação Processo informal de compras dominado pelo preço: o comprador age como Processo de compras mais avançado: o preço e outros fatores são considerados, o Processo avançado de compras: os aspectos estratégicos das compras são fazedor de pedidos. comprador desfruta de maior poder de escolha. considerados – o comprador tem pleno poder de decisão. Estágios da função de compras Reconhecimento e análise das necessidades O comprador recebe requisições da diretoria e faz os pedidos O comprador participa da fase de especificação e desfruta de algum poder de escolha O comprador participa plenamente do processo de compras e integra a equipe de diretores para tomada de decisão sobre as aquisições Busca de fornecedores O comprador recebe passivamente os catálogos dos fornecedores O comprador inicia algum contato com os fornecedores e recebe dados sobre as aquisições O comprador inicia comunicação nos dois sentidos com os fornecedores Avaliação e seleção de fornecedores O comprador adquire o que está especificado, pelo menor preço O comprador está preocupado com fatores não preço, está envolvido com o custo total para a empresa, não apenas com o preço. O comprador está preocupado com a importância estratégica da aquisição para a empresa. Feedback do desempenho Não há envolvimento do comprador, a avaliação é feita pelos departamentos usuários. Algumas participação na análise de feedback. O comprador está plenamente envolvido na atividade de avaliação. FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) adaptado por TAVARES (2010) Porém, as limitações da matriz é que ela mensurava apenas seis critérios e três níveis. Todavia, ela é útil para identificar principalmente para o pessoal de marketing com que tipo de função de compras está-se lidando e como devem ser abordadas as organizações de compras. 7.2.3 Estágios estratégicos do desenvolvimento da função de compras Destaca-se também o modelo de desenvolvimento da função de compras citado por Leite (2009), composto de quatro estágios de desenvolvimento, cujas características de cada um deles são mostradas a seguir: QUADRO 5 – ESTÁGIOS DO DESENVOLVIMENTO DE COMPRAS Estágio Definição Características Passivo A função de compras não tem direção estratégica e, principalmente, atende às solicitações de outras funções. Grande parte do tempo do comprador é gasta em improvisos e operações rotineiras; A função de compras e o desempenho individual são baseados em medidas de desempenho; Pouca comunicação interfuncional ocorre em razão da baixa visibilidade da função de compras; A seleção de fornecedores é baseada em preço e disponibilidade. Independente A função de compras adota técnicas e práticas O desempenho é baseado principalmente na redução de custos e nas mais recentes, mas sua direção estratégica é independente da estratégia competitiva da empresa. medidas de eficiência; Os vínculos de coordenação são estabelecidos entre a função de compras e as disciplinas técnicas; A alta administração reconhece a importância do desenvolvimento profissional; A alta administração reconhece as oportunidades da função de compras em contribuir para a rentabilidade. Apoiador A função compras apoia a estratégia competitiva da empresa ao adotar técnicas e práticas que fortalecem a posição competitiva da empresa. Os compradores estão incluídos nas equipes de propostas de vendas; Os fornecedores são considerados um recurso cuidadosamente selecionado e motivado; As pessoas são consideradas um recurso com ênfase na experiência, na motivaçãoe na atitude; Mercados, produtos e fornecedores são continuamente monitorados e analisados. Integrativo A estratégia da função de compras está plenamente integrada na estratégia competitiva da empresa e constitui parte de um esforço conjunto dos funcionários para formular e implementar um plano estratégico. O treinamento interfuncional dos profissionais executivos de compras está disponível; Linhas permanentes de comunicação são estabelecidas nas outras áreas funcionais; O desenvolvimento profissional foca os elementos estratégicos da estratégia competitiva; O desempenho da função de compras é mensurado em termos das contribuições para o sucesso da empresa. FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) adaptado por TAVARES (2010) Considera-se este modelo como um passo à frente, porém o seu principal defeito seria apresentar apenas quatro estágios contemplados e as variáveis não são operacionais. Mesmo assim, ele oferece uma oportunidade em termos gerais para indicar os estágios do desenvolvimento da função de compras. 7.2.4 Análise do perfil da função de compras Este modelo foi criado por Jones em 1997 como parte de sua tese de doutorado sobre os estágios do desenvolvimento da função de compras. A constatação mais importante da pesquisa é que a função possui cinco estágios de desenvolvimentos mensuráveis: 1 Primitivo; 2 Reconhecimento; 3 Desenvolvimento; 4 Maturação; 5 Avançado. Outras dezoito variáveis são avaliadas para dar origem aos perfis. Com base nos resultados desta constatação, é então possível: Identificar o desenvolvimento de perfis que ajudaram a desenvolver as estratégias organizacionais; Demonstrar que certos perfis, a menos que sejam alterados, não podem apoiar as estratégias organizacionais propostas; Fornecer um benchmarking em relação às estratégias que podem ser desenvolvidas para melhorar o status da função; Mostrar que as melhores organizações de suas respectivas áreas possuem perfis de compras similares; Estabelecer que as funções de compras altamente desenvolvidas estão mais bem preparadas para otimizar os custos. Observe-se uma matriz na figura a seguir: QUADRO 6 – MATRIZ DO DESENVOLVIMENTO DE COMPRAS Área de Mensuração 1 Primitiv o 2 Reconhecimen to 3 Desenvolvimen to 4 Maturaçã o 5 Avançad o 1. Análise das atividades de quebra e de mau funcionamento 2 Estrutura organizacional da função de compras 3 Serviços de compras 4 Posição da função na empresa 5 Extensão do treinamento/desenvolvimento do comprador 6 Níveis relativos de remuneração 7 Mensuração do desempenho das compras 8 Padrão do sistema de informação 9 Tecnologia computacional 10 Padrão dos procedimentos operacionais 11 Desenvolvimento de interface (centro de compras) 12 Envolvimento do processo de compras 13 Características/desenvolvime nto das compras 14 Grau de especialização da função de compras 15 Desenvolvimento da interface com fornecedores 16 Ética política 17 Hospitalidade 18 Qualidade do relacionamento comprador- fornecedor FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) adaptado por TAVARES (2010) Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) explicam que com o estabelecimento desta matriz de desenvolvimento de compras, torna-se possível aos gerentes responsáveis pela atividade identificarem onde é necessário investir em aprimoramentos. Evidencia-se que se torna mais difícil desenvolver algumas variáveis do que outras. As atitudes são difíceis de mudar, tanto na área de compras quanto em outras partes da organização, porém torna-se fundamental que o compromisso de desenvolver as atividades de compras tenha início na alta administração. FIGURA 18 – FUNÇÃO DE COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://rlv.zcache.com/dewitt_county_sheriffs_department_bag-p1493955400251560062w90r_400.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 7.2.5 Terceirização da atividade de compras Atualmente, tem-se um movimento de terceirização das atividades de compras. A maioria dos autores que preconizam esta forma de atuação concorda com que o antigo estilo reativo, burocrático e transacional das compras tem papel muito limitado atualmente. Tal abordagem não poderia dar à organização uma vantagem estratégica para contribuir efetivamente com a cadeia integrada de suprimentos. É provável que uma atividade de compras mal desenvolvida venha a retardar o andamento da empresa como um todo. Nessas situações, pode ser econômico e prático, então, alocar atividades de compras a uma organização externa experiente. Na concepção de Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), é possível que todas as atividades de compras abaixo do terceiro estágio de desenvolvimento possam então ser terceirizadas se a organização necessitar de uma atividade de compras estratégica e proativa e não estiver em condições de esperar ou de investir no desenvolvimento exigido pela função. É provável, também, que as compras transacionais e de baixo valor sejam transferidas aos usuários ou aos departamentos interessados se a atividade de compras crescer e exigir mais tempo em seu posicionamento estratégico. Tal transferência das compras rotineiras para outras funções deve ocorrer nos estágios três e quatro. Caso contrário, segundo Fagundes (2010), haveria dificuldade de a função de compras “dar um salto quântico”, atingindo então um status plenamente desenvolvido e concentrando-se nas atividades estratégicas e na administração da cadeia de suprimentos. 7.2.6 Uma visão geral da função de compras Percebe-se que atualmente a função de compras atinge uma linha limítrofe, um processo de notabilidade de acadêmicos, e os praticantes podem ter superestimado seu papel de desenvolvimento global, particularmente em termos de sua posição em uma estrutura corporativa plenamente integrada. Porém, o desenvolvimento de conceitos de classe mundial, o suprimento enxuto, as cadeias de valor, dentre outros, exigem uma função estratégica proativa. Autores como Fagundes (2010) exploram as mudanças na conceituação da função compras. Ele considera os efeitos dessas mudanças, sugerindo que são tão fundamentais que exigem uma redefinição da profissão. Por outro lado, identifica uma estrutura de avaliação de compras composta por quatro estágios baseados em: Compras centradas no produto; Compras centradas no processo; Compras de relacionamento; Compras centradas no desempenho. Tais concepções de compras reforçam a visão de que a função de compras é muito afetada pelo estágio de desenvolvimento que atingiu na organização. Quanto mais desenvolvida, mais provável é que ela seja uma atividade estratégica interfuncional que agrega valor e dá vantagem competitiva para a organização. FIGURA 19: DEPARTAMENTO DE COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.ghrmktnews.com/imagensloja/dptocompras.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 8 A QUALIDADE NA PRÁTICA DE COMPRAS Neste conteúdo serão apresentadas ao aluno considerações importantes e que necessitam ser examinadas na escolha de um fornecedor. Apresenta ainda uma visão geral de técnicas mais comumente empregadas ao se considerarem as variáveis críticas que antecedem a seleção de fornecedores e sua administração num relacionamento existente. Compreende-se que a qualidade consiste numa palavra com vários significados e conotações. Pode significar desde excelência, como em “esse é um produto de qualidade”, ou pode ser considerada como a extensão pela qual um produto ou serviço obtém a satisfação do cliente. Uma concepção atual apresentada por Baily,Farmer, Jessop & Jones (2010) é a de qualidade, que consiste “em tudo o que o cliente considera como tal”. Autores clássicos da qualidade, tais como Deming e Juran, tornaram-se extremamente influentes e ensinaram que a qualidade é uma temática relacionada à vantagem estratégica. Evitar desperdícios tem sido o lema principal. O Standards Institution define qualidade como “a totalidade das características de um produto ou serviço que satisfaz determinada necessidade”. Com isso, compreende-se que a qualidade pode ser definida de muitas maneiras. Porém, para os propósitos da temática de compras, ela pode ser apropriadamente definida ou especificada como o conjunto amplo de características de um produto ou serviço relevantes para atender às exigências. Tais características podem ser poucas ou muitas. Assim sendo, a qualidade então se constitui como “ajustamento ao propósito”, ou “conformidade”. 8.1 QUALIDADE DE DESEMPENHO E DE CONFORMIDADE Considera-se que os fornecedores estão preocupados com a qualidade a partir de dois pontos de vista: 8.1.1. Qualidade de design ou de especificação. Especifica-se o material correto para o trabalho e comunica-se a exigência ao fornecedor de modo claro e não ambíguo. Dessa forma, será atingida a qualidade de desempenho. 8.1.2. Qualidade de conformidade. Nesta, o produtor fornece o material de acordo com a especificação. 8.1.3. Atributos e variáveis Quando se inspecionam os bens, pode-se examinar os atributos ou as variáveis. FIGURA 20 – QUALIDADE Percebe-se que se torna relativamente fácil chegar os atributos, uma vez que eles podem estar ou não presentes. Já as variáveis são de inspeção mais difícil. Uma variável é algo que necessita ser avaliado ou mensurado, como as dimensões de uma parte mecânica, a massa de uma embalagem de material ou as nuanças das cores de uma impressão. Frequentemente parece ser uma política de economia aplicar testes do tipo aprovado/desaprovado que possam transformar as variáveis avaliadas em atributos. 8.1.4. Controle de qualidade e garantia de qualidade FONTE: Disponível em: <http://lersilva.files.wordpress.com/2009/05/selo_qualidade.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Explica Fagundes (2010) que as atividades de inspeção podem ser classificadas como processos de controle de qualidade, acompanhados de outras atividades que envolvem o monitoramento para assegurar que os defeitos (ou defeitos potenciais) sejam eliminados. Considera-se que a garantia de qualidade pode ser comparada com o controle, em que ela (a garantia) inclui todas as atividades conectadas com a obtenção da qualidade, tais como: Design, incluindo experimentação e teste; Especificação, que deve ser clara e não ambígua; Avaliação de fornecedores para assegurar que podem atingir desempenho satisfatório; Motivação de todos os envolvidos; Preparação e treinamento dos funcionários dos fornecedores; Inspeção e teste; Feedback para assegurar que todas as mensurações são efetivas. FIGURA 21: POLÍTICA DE QUALIDADE 8.1.5. Administração da qualidade total (TQM) FONTE: Disponível em: <http://www.pfizer.com.br/manual_identidade/download/valores/jpg/Qualidade.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 A filosofia da qualidade total assume um sentido mais amplo e está baseada no envolvimento ativo de todas as pessoas. Ressalta-se que é dada a atenção aos procedimentos e processos sistêmicos em vez do focar os bens ou serviços fornecidos. A qualidade total na cadeia de suprimentos significa que os fornecedores, além dos clientes, estão envolvidos na determinação da qualidade. A inspeção, então, e a avaliação de fornecedores são fomentadas por uma abordagem compartilhada para a eliminação de trabalho defeituoso, com ênfase na prevenção e não na detecção e no reparo. Os fornecedores devem, então, ser vistos como aliados nesse processo e não é mais apropriado serem criticados sistematicamente pelos compradores. Eles devem sim demonstrar entusiasmo e compromisso com o processo de administração de qualidade de seus clientes. As ideias-chave associadas à TQM, como política, são então: Equipe de trabalho; Envolvimento; Processo. 8.1.6. Controle Estatístico do processo Explica Leite (2009) que, frequentemente, o controle estatístico do processo constitui-se num aspecto da administração da qualidade, e é visto como parte-chave de uma estratégia da qualidade. De forma simples, a ideia é que os métodos estatísticos são empregados para assegurar que uma organização está capacitada para a qualidade e que esta é mantida por um sistema de monitoramento, feedback e ajustamento. Porém, o controle estatístico do processo não é apenas um conjunto de técnicas. A ideia é que uma abordagem proativa é assumida para a prevenção de material ou serviço defeituoso, em vez de uma abordagem reativa e corretiva para procurar identificar o trabalho defeituoso já realizado. Compreende-se que o controle estatístico do processo não consiste numa abordagem confinada simplesmente a sua aplicação no contexto da produção de bens e produtos. As ideias podem ser aplicadas em qualquer situação em que um processo de fato ocorre. Cada tarefa útil ou atividade reconhecida pode ser vista como um processo. Os inputs podem ser materiais, informações, habilidades, conhecimento, ferramentas e equipamentos ou qualquer outro fator que a tarefa ou processo exige. Os outputs podem ser produtos, serviços, informações, documentos ou algo mais exigido por um cliente. Ressalta Fagundes (2010) que o controle estatístico do processo depende de os operadores assumirem responsabilidades pela qualidade. A inspeção, no sentido tradicional, é então redundante. Deve-se prestar atenção para assegurar que o processo seja capaz de atender às exigências, para que isso ocorra sempre; e que haja também a liberdade de os operadores ajustarem o processo para que os outputs sejam mantidos sob controle. Ressalta-se que uma das abordagens comumente empregadas no controle estatístico do processo consiste no uso de gráficos de controle preparados para assegurar que os desvios externos de uma faixa de aceitabilidade são detectados em tempo suficiente, para possibilitar que a ação corretiva seja adotada antes de os itens defeituosos serem fabricados. Destaca-se que os gerentes de compras devem se beneficiar do trabalho com fornecedores na implementação do controle estatístico do processo. A partir desta compreensão, haveria benefícios potenciais para ambos. 8.2 ESPECIFICAÇÕES Explicam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que existem basicamente duas abordagens para a especificação, que seriam: desempenho e conformidade. 8.2.1 Especificações de desempenho Consiste numa indicação clara de propósito, função, aplicação e desempenho esperados do material ou serviço comprados, e o fornecedor é então autorizado ou estimulado a fornecer um produto apropriado. A especificação detalhada está nas mãos do fornecedor. Explicam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que sempre que possível as especificações de desempenho são preferidas por permitir maior concorrência e possibilitar novas maneiras de o fornecedor atender às exigências do cliente. E, mais frequentemente, esse é o caso quando os serviços comparados não oferecem a possibilidade de especificação de conformidade em razão de apenas o fornecedor saber fazer o trabalho exigido e o comprador estar em condições de examinar apenas o resultado. 8.2.2 Especificações de conformidade As especificações de conformidade fazem referência à inovação. Nelas, a organização compradora deixa claro o que deve ser atendido. A especificação é do produto, não da aplicação. Estetipo de especificação se faz necessário em situações como na compra de itens para incorporação em uma linha de montagem ou quando determinado produto químico precisa ser adquirido para um processo produtivo. Todavia, a preparação de especificações de conformidade efetivas é difícil. Mesmo em situações em que é preciso tomar mais cuidado, o fornecedor pode entregar o material que atenda às próprias especificações e não às do cliente. Ressalta-se ainda que as especificações de conformidade tomam várias formas e podem ser preparadas por vários departamentos. 8.2.3 Preparação de uma especificação É possível observar que o setor de produção, o departamento de design ou de engenharia, geralmente, são os responsáveis pelo design de um produto, o que inclui a especificação de peças e materiais. Observa-se que no setor de serviços, os departamentos usuários frequentemente preparam as especificações. No de distribuição, que revende a mercadoria comprada, a seleção dos bens especificados pelos fornecedores e o desenvolvimento dos especificados pelos compradores são de importância central, tanto para compras quanto para marketing, e refletem a política de merchandising da organização. Já na compra de bens especificados pelos fornecedores, os varejistas têm escolhido uma marca por meio de amostra, mas na compra que fazem sob encomenda, suas especificações são, geralmente, muito detalhadas e extensas. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) esclarecem que a especificação é, por natureza, uma atividade técnica e não comercial. Porém, o pessoal da área comercial exerce papel de apoio importante para seus colegas da área técnica ao fornecer informações sobre as tendências relativas ao preço e a disponibilidade de mercadorias, mantendo-os a par de novos desenvolvimentos, concluindo contratos com fornecedores potenciais e obtendo destes o apoio na formulação de especificações. Observam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que as especificações detalhadas e formais não são preparadas para a maioria das compras relativamente sem importância. Se a qualidade estiver dentro da faixa comercialmente exigida é, geralmente, tarefa do departamento de compras escolher a marca apropriada. Se o item exigido não fizer parte do produto ou for comprado para uso interno e não para revenda, cabe frequentemente ao departamento de compras especificar o que deve ser adquirido. O departamento age então em nome da organização ao tomar tais decisões, e deve escutar as opiniões e obter apoio dos usuários antes de finalizar a escolha das alternativas disponíveis. Conforme destaca Fagundes (2010), na grande maioria das vezes, o pessoal de compras possui experiência técnica para assumir a responsabilidade pela especificação. Um estágio que se destaca como importante da especificação consiste na avaliação das maneiras alternativas de satisfazer à determinada necessidade. As considerações comerciais, bem como as técnicas, afetam a escolha. Outro detalhe a ser destacado é que os preços relativos modificam-se e uma especificação que representava a melhor compra no momento em que foi preparada pode ser melhorada nas condições de aplicação em um estágio de produção posterior. Cabe também destacar que geralmente as especificações impõem um grau de tolerância: variação permissível em características importantes, como tamanho e peso. Graus de tolerância mínimos simplificam a montagem e promovem a intercambialidade, mas aumentam os custos de produção e inspeção, e, consequentemente, os de aquisição. Constata-se que as especificações assumem diferentes formas, de uma pilha de desenhos a uma marca. Cada pedido de compra, grande ou pequeno, crítico ou não, deve especificar as exigências de fabricação, mas o custo de preparação de uma especificação detalhada é justificável apenas quando as exigências forem críticas ou incomuns ou o volume for grande e o custo elevado. Conforme destaca Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), uma das formas mais simples de descrição é uma marca. Se houver apenas uma marca que atenda às exigências, é óbvio que ela deve ser especificada. Mas se uma marca for testada e aprovada e outras marcas existentes forem consideradas satisfatórias, embora não testadas, é preferível especificar na forma de “marca x equivalente”. Muitas vezes os fornecedores alteram a especificação sem mudar o nome da marca, o que pode causar problemas para o comprador. Fagundes (2010) sugere que, sempre que possível, padrões nacionais ou internacionais devem ser adotados em preferência às especificações peculiares aos compradores. Se pequenas correções tornarem um padrão público apropriado à necessidade, é boa prática deixar isso bem claro desde o início. FIGURA 22: COMPRAS E QUALIDADE FONTE: Disponível em: <http://flammarion.files.wordpress.com/2009/04/qualidade20de20vida.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 8.3 PADRONIZAÇÃO Considera-se a padronização como a formulação e a adoção sistemática de padrões. Muitas vezes, ela é acompanhada da redução de opções, tais como: restrição do número de itens usados, estocados, comprados ou fabricados. A padronização sistemática e um programa de redução das variedades podem valer a pena ser lançados. Nos benefícios que isso pode trazer, incluem-se: Menor número de itens em estoque e redução do trabalho de manuseio; Escolha mais ampla de fornecedores e maior escopo para a negociação; Pedidos maiores e possibilidade de preços menores; Redução do trabalho de design a apenas algumas peças; Simplificação do processo de pedido, de requisições e de outros documentos; Menor necessidade de explicações especiais por e-mail, telefone, entrevista, dentre outros. Diferentes autores sugerem que não é adequado adotar uma padronização, tomando por base o menor preço. Quando muitas versões de um artigo forem compradas para praticamente a mesma aplicação, pode-se então esperar que algumas versões custem mais do que valem para o usuário e outras não sejam suficientemente boas. O objetivo, então, da padronização não consiste em selecionar a versão mais barata ou a mais cara, mas a qualidade certa para atender à necessidade. Conforme advertem Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), nenhum programa de padronização pode ser bem-sucedido a menos que os usuários estejam convencidos de que ele vale a pena. Ele necessita ser vendido desde o início, e é importante envolver os usuários em um processo de redução de variedade; quando possível, eles mesmos devem decidir que versão melhor atenderá as suas necessidades. Exemplos como a simples publicação de um edital informando que todos devem aderir aos padrões não têm funcionado. Ao ignorar as diferenças legítimas de necessidade, as pessoas são então levadas a desenvolver preferências diferentes e a transformar diferenças aparentes em necessidades reais. Porém, limitar-se ao oferecimento de padrões como opções disponíveis não parece adequado em razão da inércia organizacional. Na prática, é possível observar que os padrões são frequentemente obrigatórios para itens menores, quando as necessidades dos usuários não diferem muito, mas para itens mais complexos tornam-se crescentemente opcionais. Destaca-se ainda que na maioria dos países existem órgãos de padronização, como exemplo a ISO (International Standards Organization). 8.4 ISO 9000 Observa-se que o crescimento do interesse por padrões de qualidade deu origem à International Standards Organization (ISO). A série de cinco padrões ISO 9000 foi publicada em 1987. Explica Fagundes (2010) que os padrões são compostos de várias partes e contêm três modelos de garantia de qualidade: ISO 9001: Modelo para a garantia de qualidade em design, desenvolvimento, produção, instalação e serviço. ISO 9002: Modelo para a garantia de qualidade em produção,instalação e serviço. ISO 9003: Modelo para a garantia de qualidade em inspeção e teste finais. Constata-se que as empresas necessitam aplicar apenas um destes padrões. Uma que produz ou fornece um produto de padrão simples, com algum ou nenhum trabalho de design, pode trabalhar bem com a ISO 9002, enquanto outra que possui tarefas de desenvolvimento ou de design de produto pode trabalhar mais apropriadamente com a ISO 9001. Se a inspeção final for a forma mais adequada para assegurar a qualidade, é mais provável a adoção da ISO 9003 como padrão apropriado. Um exemplo desse tipo de atividade pode ser a contratação de serviços de limpeza. Importante salientar que os padrões são aplicáveis às organizações prestadoras de serviços, bem como as fabricantes de bens. As exigências relacionam-se a como as empresas operam e são administradas e não aos produtos ou serviços que fornecem. Para os compradores, a série de padrões ISO 9000 consiste em grande interesse no processo de identificação e seleção de fornecedores. Ela fornece evidência de que uma organização certificada está empregando sistema de qualidade apropriado. Os padrões não são aplicáveis aos produtos do fornecedor, sejam eles bens, sejam serviços, mas a maneira com que ele organiza e conduz os aspectos do negócio referentes à qualidade. FIGURA 23 – ISO 9000 FONTE: Disponível em: < http://www.mastac.es/Servicios/Software_y_Soporte/Desarrollo/sello_ISO9000.gif> Acesso em: 13 jun. 2010 8.5 AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES A etapa seguinte do processo de garantia da qualidade de compras é selecionar um ou mais fornecedores capazes de atender à especificação. Destacam-se cinco métodos utilizados para avaliar a capacidade do fornecedor, os quais são baseados em: Desempenho anterior; Reputação; Visita e avaliação; Certificação de terceiros; Avaliação de amostras de produtos; Cada uma delas será explicada a seguir. 8.5.1 Desempenho anterior Este método pode ser utilizado apenas quando os itens são comprados em grandes quantidades, de vários fornecedores. Dessa forma, os registros de desempenho de qualidade necessitam estar disponíveis ao tomador de decisão de compras. Tais registros podem também incluir dados quantitativos sobre entrega, desempenho, serviço, preço, e outros assuntos considerados relevantes, que podem ser resumidos e combinados em uma classificação de fornecedores. Os compradores, então, usam essas informações não apenas para proporcionar mais negócios aos melhores fornecedores e para eliminar os inadequados, mas também para fazer com que os fornecedores fracos melhorem seus desempenhos. 8.5.2 Reputação Este é um método amplamente utilizado pelas organizações. Uma boa reputação de qualidade pode ser um ativo comercial valioso, e em mercados industriais é baseado principalmente no desempenho real em vez de em propaganda e outras formas de divulgação. Observa-se que os compradores experientes desenvolvem muito conhecimento de mercado, enriquecido por conversa com colegas, vendedores e compradores de outras organizações. Podem-se solicitar referências aos fornecedores, como nomes de três clientes que possam ser abordados por um relatório confidencial. 8.5.3 Visita e avaliação Esse método envolve uma visita ao fornecedor para avaliar sua capacidade de qualidade. Isso leva tempo e pode vir a ser caro, mas a despesa pode ser um pequeno preço a ser pago pela garantia da qualidade. A visita pode ser feita por profissionais de controle de qualidade, compradores ou uma equipe independente. O comprador assegurará o atendimento de qualquer pessoa que precise ser contatada, se a entrega ou outros problemas ocorrerem. Entretanto, desde que o propósito da visita seja avaliar a capacidade de qualidade, a maior parte do tempo será empregada: No exame de métodos de produção e das instalações; Inspeção, teste e instrumentos de medição dos departamentos de produção e inspeção; Checagem e avaliação de rotinas de mensuração e de outros dispositivos de teste. Os procedimentos de controle de qualidade em uso incluem gráficos e outros registros, formas pelas quais a ação corretiva é tomada e a tentativa de avaliar o padrão do trabalho em andamento. Abordam também as políticas e as atitudes em relação à quantidade e, sempre que possível, numa curta visita, a qualidade da administração. 8.5.4 Certificação de terceiros Esse método é a expressão utilizada para as visitas e avaliações feitas por alguma instituição ou organização independente – nem a primeira parte, ou o comprador, nem a segunda parte, ou o vendedor – cujos resultados são depois publicados ou disponibilizados aos clientes ou assinantes na forma de um certificado de avaliação de qualidade. 8.5.5 Avaliação de amostras de produtos Observa-se que o estágio final do processo consiste na entrega de bens satisfatórios pelo fornecedor e na aceitação pelo cliente, completando assim a transação após o pagamento. Tal estágio costuma ser considerado a chave para o controle total de qualidade; o estágio de inspeção, quando o comprador checava as entregas e as aceitava ou as rejeitava. Porém, atualmente a visão é de que é responsabilidade do fornecedor entregar bens que sejam aceitáveis, em conformidade com as exigências especificadas. Em vez de inspecionar os bens, o comprador inspeciona a organização do vendedor para assegurar que os bens sejam aceitáveis. Ressalta-se novamente a importância das ISO 9000. Constata-se que os métodos de inspeção por amostragem, atualmente, são amplamente utilizados, especialmente quando os bens são entregues em grandes lotes ou partidas. A checagem de todos os itens de um grande lote é tediosa, consome muito tempo e dinheiro e, em razão dos erros humanos, parece ser mais eficaz a checagem de uma mostra escolhida na base da teoria das probabilidades. Adotando esta estratégia, o lote será recusado se determinada porcentagem dos itens com defeito estiver acima do limite fixado. À medida que as expectativas de qualidade vão aumentando, o padrão vai tornando-se mais rigoroso. Sinaliza-se que o fornecedor e a transportadora que fez a entrega devem ser prontamente notificados se os bens sejam rejeitados. No caso de uma reclamação, qualquer atraso pode afetar as condições legais. Existem diferentes alternativas para o comprador quando os bens defeituosos são recebidos. Os bens podem ser recusados por várias razões. O comprador pode: Recusar-se a aceitar o lote; Devolver o lote para substituição; Devolver o lote para crédito; Exigir que o fornecedor faça 100% de inspeção no local de entrega para separar as peças defeituosas das boas; Fazer essa inspeção total, utilizando-se do propósito pessoal de inspeção da empresa. FIGURA 24 – AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES FONTE:<http://www.viasapia.com.br/loja/images/lvaval.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Após a inspeção total, existem três alternativas: Devolver as peças defeituosas para crédito ou substituição; Corrigir ou retrabalhar as peças defeituosas; Usar as peças defeituosas com especial cuidado ou em aplicações especiais. Sugere-se que preço mais baixo seja negociado, principalmente para as duas últimas alternativas. Os problemas de qualidade que persistirem exigem profunda revisão da situação e, provavelmente, visita ao estabelecimento do fornecedor para avaliação do problema in loco e discussão com os funcionários do controle de qualidade. Os pontos para checagem incluem os seguintes: As especificações são claras, explícitas e não ambíguas? O fornecedor as conhece? Elas definem a qualidade correta ou são muito difíceis de ser atendidas? Existe alguma assistência ao alcance em termos de controle de qualidade, métodos de produção ou de treinamento de funcionários? Deve-se trocar de fornecedor? 8.6 CREDENCIAMENTO DE FORNECEDORES Constata-se que muitas grandes organizações possuem critérios de credenciamento de fornecedores. Um aspecto essencial do monitoramento do desempenho consiste na avaliação da qualidade acompanhada de dados estatísticos normalmente associados à qualidade do fornecedor. Observa-se também que esquemas de incentivos podem ser preparados a partir desses dados estatísticos, tais como tabelas de classificação de fornecedores ou prêmios para o fornecedor do mês. 9 COMPRAS E A QUANTIDADE CORRETA Na ampla maioria das vezes, as compras regulares são feitas para estocagem ocupar o uso direto em operações ou produção. Parte da função de planejamento e controle de estoque e de planejamento e controle de produção consiste em calcular quando e quais quantidades são necessárias para atender às exigências de estoque ou de produção. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) esclarecem que o planejamento e o controle de estoque podem ser definidos como as políticas e os procedimentos que determinam e regulam sistematicamente que itens e quantidades são mantidos em estoque. Para cada item estocado, são necessárias decisões sobre o nível de estoque exigido, o momento do pedido a ser feito e a quantidade a ser encomendada. Ressalta-se que o planejamento e o controle da produção podem ser definidos como as políticas e os procedimentos que determinam e regulam sistematicamente os programas de fabricação e estabelecem as exigências de peças e materiais para apoiar a produção. As quantidades exigidas podem ser agregadas ou subdivididas de várias formas, e a quantidade notificada ao departamento de compras não é necessariamente a mesma encomendada aos fornecedores. As políticas de pedido utilizadas pelo departamento de compras incluem: Pedidos em aberto que agrupam vários pequenos itens para propósitos contratuais; Condições de fazer pedidos de reserva, que envolvem a contratação da capacidade de produção de um fornecedor para a fabricação de várias peças encomendadas, conforme especificação e quantidade; Contratos periódicos especificando a quantidade total estimada para o período e o preço acompanhados de pedidos prevendo as datas de entrega e as quantidades; Contratos periódicos especificando uma série de datas de entrega e as quantidades; Contratos spot e contratos futuros em várias combinações; Sistemas de liberdade de compra e de reposição automática usados, muitas vezes, por controladores de estoque do setor varejista; Lote econômico. FIGURA 25 – COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://max.uma.pt/~a2019306/images/ComidaAlterada.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 9.1 QUANTIDADE PEDIDA E CONTROLE DE ESTOQUE É possível observar que todas as organizações mantêm alguma coisa em estoque. O estoque então pode ser um incômodo, uma necessidade ou uma conveniência. Para os varejistas e os atacadistas, o estoque consiste na característica central de seus negócios: o que vendem é o que compram, e procuram vender do estoque em vez de anotar encomendas para entregas futuras. Organizações como fábricas, instituições de saúde e outros prestadores de serviços estocam em instalações separadas e não em suas sedes, mas o estoque é ainda um elemento importante da eficácia operacional, e frequentemente aparece no balanço como item mais expressivo do ativo circulante, representando um número considerável em dinheiro. Dentre as razões para se manterem estoques, destacam-se: A conveniência de ter itens disponíveis para atender a exigências sem a necessidade de providências de última hora; A redução de custos proporcionada pela compra ou produção de quantidades ótimas; a proteção contra os efeitos de erros de previsão, registros imprecisos; Erros de planejamento; Provisão para as flutuações de vendas ou produção. Conforme se constata, a estocagem é cara e muitas organizações necessitam manter estoques em níveis elevados. Um movimento contínuo para reduzir o estoque sem diminuir os serviços torna-se necessário para combater a tendência natural de aumentá-lo. As abordagens construtivas para a redução de estoque incluem: Organizar os itens a ser entregues just in time em vez de estocá-los apenas quando uma necessidade surge; Encontrar maneiras de reduzir os custos de pedido, de set up (ajustes de fabricação) e os lead times (tempos de espera) para que as quantidades ótimas sejam menores; Fazer previsões mais rigorosas, assegurando registros corretos e melhor planejamento. Percebe-se que as quantidades pedidas afetam diretamente o tamanho de um lote. Se a previsão de 12 meses for entregue num lote, o estoque anual médio é equivalente à necessidade de seis meses. Entretanto, se apenas a necessidade de um mês for encomendada, o estoque anual médio será equivalente apenas ao suprimento de um mês. Pedidos pequenos frequentes para necessidades regulares, em vez de grandes pedidos ocasionais, podem resultar em redução significativa no tamanho dos estoques. Diretamente, isso pode também resultar em aumentos substanciais de papelada e esforço administrativo. 9.2 QUANTIDADES PEDIDAS PARA PRODUÇÃO Dentre as diferentes abordagens de produção adotadas atualmente, destacam-se: organização por projeto e por tarefa e produção por lote e contínua. A organização por projeto é utilizada para um único produto importante, como uma ponte, uma barragem ou uma plataforma petrolífera. O contrato do projeto estabelece o relacionamento do cliente com o construtor. Os componentes, materiais e serviços são solicitados nas quantidades especificadas no contrato para entrega no tempo programado. Noutro extremo, a produção contínua é tipificada por uma usina hidrelétrica ou qualquer outra atividade destinada a gerar output em um fluxo contínuo. Explicam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que um sistema-padrão para calcular as quantidades de componentes, submontagens e materiais exigidos para a execução de um programa de fabricação de produtos complexos é denominado materiais requerimentos planning (MRP). Isso é possível por métodos manuais, mas agora é normalmente realizado por sistemas informatizados. Constata-se que o processo MRP inicia-se com um plano de produção ou, como é frequentemente chamado, um planejamento mestre de produção que fixa os produtos finais a serem concluídos semana a semana durante o período de planejamento. O planejamento é baseado, então, nos pedidos dos clientes, nas previsões de vendas e na política de manufatura das empresas. Observa-se que existem diferentes técnicas para fazer isso corretamente. Atualmente, a maioria de pacotes de softwares inclui recursos de checagem durante o planejamento, para permitir a eliminação de gargalos ou as restrições decorrentes da falta de materiais, de maneira que um programa de produção realista possa ser preparado. O esquema a seguir exemplifica o MRP: QUADRO 1 – DESENVOLVIMENTO DE UMA PROGRAMAÇÃO MESTRE DE PRODUÇÃO FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) O estágio seguinte consiste em dividir a programação mestre em listas detalhadas de todas as peças necessárias para fabricar cada produto, muitas vezes denominado de conhecimento de materiais. Dessa forma, o MRP calcula as necessidades gerais nível a nível, ajustando em cada nível o estoque existente e as exigências de materiais. Essas necessidades são compensadas pelos lead times, que então permitem que os materiais encomendados estejam disponíveis na data de sua utilização. As necessidades de materiais, assim como as ordens de serviçoplanejadas são então calculadas para gerar parte do procedimento, mas permanecem no sistema e ficam sujeitas a Pedidos de Clientes, previsões de vendas Política de produção Planejamento Mestre da Produção Os materiais estão disponíveis? A capacidade está disponível? Programação mestre da produção alterações até serem transformadas em pedidos pela empresa e encaminhados aos fornecedores e comunicados à produção interna. Destaca-se que os programas de produção realistas e as informações rigorosas sobre o estoque existente e os pedidos em andamento são vitais para o sucesso. Qualquer falha no fornecimento leva ao insucesso. O estoque deve ser contado e seus registros, apurados, manualmente, antes de o processo de geração de pedido funcionar adequadamente. Observa-se que a adoção do MRP passou a ser bem-sucedida a partir do momento em que organizações que usavam métodos de controle de estoque inadequados para o planejamento da produção passaram a adotar o bom senso. Ressalta-se que o controle de estoque torna-se apropriado para situações nas quais a demanda por cada item independe da demanda por qualquer outro item, como no varejo, em que a demanda por camisas não depende da demanda por sapatos. No planejamento da produção, ressalta-se que a demanda por todas as peças usadas na fabricação de um produto é dependente da sua demanda. O MRP, dessa forma, consiste num processo simples, em princípio, de calcular em detalhes a demanda líquida pelos componentes e materiais exigidos na implementação de determinado programa de produção a fim de permitir lead times para planejar a produção e as ordens de compra. Explicam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que existem várias técnicas para a decisão sobre as quantidades a serem pedidas. A mais simples é a do lote a lote, na qual a quantidade pedida consiste no volume mínimo exigido pela produção. O lote econômico é desaconselhável quando a necessidade concentra-se em intervalos de tempo, isto é, quando outro lote do produto entra em produção. O lote econômico é baseado na suposição de que o estoque é consumido em taxa quase constante, o que não é válido para um tipo de demanda intermitente. Na ampla maioria das vezes, os pacotes de software incluem muitas regras úteis para cálculo antecipado da quantidade pedida ou o do período de suprimento. Também incluem modificadores, que podem ser extremamente valiosos em circunstâncias especiais para as quais foram destinados, tais com o “pedir acompanhamento de” para adequar itens relacionados. FIGURA 26 – COMPRAS FONTE: Disponível em: <http://www.agroindustriabrasil.com.br/imagens/parceiros2.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 9.3 SISTEMA JUST IN TIME A filosofia do just in time preconiza a busca e a eliminação de desperdício na produção associada ao planejamento e às compras. Ela foi desenvolvida principalmente por fabricantes japoneses. O sucesso foi tão surpreendente que todos desejavam conhecer seu conteúdo e saber se poderiam também aplicá-la. Explica Fagundes (2010) que a ideia básica do sistema é simples. Se as peças forem produzidas apenas na quantidade exigida para o estágio seguinte do processo, no momento certo de utilização, os estoques para as operações em andamento são quase eliminados. Se as peças compradas forem entregues diretamente na linha de produção, sem atrasos em lojas ou inspeção, nas quantidades necessárias, os estoques de materiais são também quase eliminados. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) explicam que giros de estoque superiores a 30 vezes são atingidos (embora após anos de esforço e não repentinamente), comparados com as cinco a oito vezes que empresas similares obtêm com os métodos tradicionais. Dessa forma, o giro de estoque estará diretamente vinculado à rentabilidade. Um dos sistemas mais conhecidos do just in time é o método Kanban, desenvolvido pela Toyota. Kanban é uma palavra japonesa que significa movimentação do cartão de requisição, do qual o sistema depende. Dois tipos de cartões são os utilizados: de movimentação e de fabricação. Ambos fazem parte de um sistema de controle visual e manual, que integra um processo mais abrangente de recursos de planejamento e programação da produção, conforme se exemplifica na figura a seguir: QUADRO 2 – SISTEMA KANBAN SIMPLES FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) É possível perceber que o Kanban se assemelha ao sistema de planejamento MRP anteriormente descrito. A principal diferença consiste em que, para o sistema Kanban funcionar, é necessário regular o composto de produto mensal e diariamente. Na medida do possível, a produção em lote torna-se similar à contínua. Explica Fagundes (2010) que as programações mestres são regulares, de maneira que, idealmente, cada produto seja fabricado diariamente, possibilitando um fluxo regular e Plano de Recursos em longo prazo Plano Agregado PROGRAMAÇÃO MESTRE DA PRODUÇÃO Deve regular: 1. Composto de produtos em taxa mensal 2. Composto de produtos em taxa diária Sistema Kanban ou sistema visual de checagem progressiva Sequência de procedimentos 1. Decorrentes Estoque próximo ao posto de trabalho na forma de Kanban de movimentação Emissão de pedido para o sistema Kanban do processo anterior contínuo de peças de todos os centros de trabalho para a linha de montagem final. As mudanças no composto de produtos são gradualmente introduzidas. São inúmeros os exemplos de redução de tempo de set up e troca de operações. Tempos de mudança mais curtos aumentam a flexibilidade e reduzem os lead times, facilitando, dessa forma, a reprogramação para lidar com dificuldades de manufatura, como resíduos, quebra de ferramentas, erros de previsão, entregas atrasadas por fornecedores, ou com revisões nas listas de peças. Eventualmente, conforme advertem Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), um longo processo de pequenas melhorias leva a uma situação em que o estoque é muito mais fácil de ser administrado porque é menor e não está próximo da produção ou da linha de montagem. Ressalta-se a importância de, para as peças fabricadas fora, selecionar fornecedores em condições de entregá-las no dia e horário previstos diretamente na linha da produção, sem passagem por inspeção e lojas. Para isso ser possível, eles devem possuir controle de qualidade confiável. O transporte, da mesma forma, também necessita ser confiável, o que tem levado a uma forte preferência por fontes locais que usam transporte próprio para entrega. Observa-se um movimento de redução do número de fornecedores. Se a produção depender da entrega de peças aceitáveis em tempo, muitos dos fornecedores terão que ser descartados se não puderem atender às exigências. Outra razão para justificar o menor número de fornecedores é o tipo de relacionamento com eles, conforme a exigência do just in time. O relacionamento conflituoso, o hábito de jogar um fornecedor contra o outro, prática outrora tradicional na Europa e nos Estados Unidos, parece improvável para levar a uma cooperação em longo prazo na redução de custos e no aumento da eficiência. Constata-se que os relacionamentos cooperativos são hoje os preferidos. Contemporaneamente, observa-se que as quantidades pedidas também são afetadas. As abordagens tradicionais como o lote econômico, o balanceamento de período parcial e o logaritmo de custo mínimo tendem a usar dados de custos internos de compras e estocagem como constantes para calcular as quantidades solicitadas. O sistema just in time não trata nada como constante. Os dados de custos podem ser derivados. Os custos de pedido incluem seis elementos: negociação, papelada, expedição, contas a receber, inspeçãode recepção e transporte. O transporte e a negociação não podem ser dispensados, mas quando o just in time está operando apropriadamente, há pouca necessidade de papelada, expedição, contas a receber e inspeção. Dessa forma, os custos de compras são mais baixos e, conforme a fórmula, as quantidades pedidas tornam-se menores. FIGURA 27 – SISTEMA JUST IN TIME FONTE: Disponível em: < http://www.sdr.com.br/professores/sdr/SDRTaiichi001h.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 10 SETOR DE COMPRAS E O TEMPO Neste tópico, será discutida a importância da entrega do suprimento no tempo ideal, assim como uma discussão sobre os lead times e as técnicas empregadas para a empresa atingir o timing apropriado. 10.1 TEMPO E VANTAGEM COMPETITIVA Constata-se que as empresas com maior capacidade de reagir pronta e rigorosamente às necessidades de seus clientes têm então maior probabilidade de atrair pedidos do que as que não o podem. Dessa forma, percebe-se que ideias como responsividade, compressão do tempo e momento de vender corretamente ganham espaço nas filosofias gerenciais dos anos 1990. Assim sendo, o reconhecimento do “tempo” como variável-chave e a necessidade de minimizar seu desperdício na cadeia de suprimentos tem aumentado o grau de preocupação das empresas em anos recentes. Está então se dando atenção aos benefícios que podem surgir do aumento da responsividade em todos os estágios. Pode-se observar que no passado, o fator preço era o grande influenciador na decisão de compras. Embora atualmente o preço ainda seja importante, um grande determinante na escolha de um fornecedor ou de uma marca tem sido o custo do tempo. Simplesmente, o custo do tempo passa a ser representado pelos custos adicionais com que um cliente deve arcar enquanto espera a entrega ou busca alternativas externas de suprimentos. Se uma empresa está buscando vantagem competitiva ao preparar-se melhor para responder às necessidades dos clientes à medida que elas surgem, é natural que ela exigirá maior grau de responsividade de seus fornecedores. Embora se argumente que a posse de estoques apropriados pode facilitar o mesmo grau de responsividade, torna-se improvável que uma organização consiga manter altos níveis de estoque e ainda permanecer competitiva em termos de preço. Mesmo as organizações que se promovem como “grandes estocadoras” estão começando a questionar o valor dessa prática e procurando continuar fornecendo altos níveis de serviços aos clientes que trabalham com fornecedores responsivos. Conforme esclarecem Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), as tradicionais expressões “lote” e “fila” empregadas na produção e no suprimento estão sendo desafiadas por abordagens baseadas no “puxar” e no “fluxo”. Os recursos de produção mantidos pelas empresas na cadeia de suprimentos ficam em estado de prontidão em vez de serem empregados na produção de grandes lotes, e os materiais são fabricados e fornecidos apenas quando necessários. Conclui-se com estas observações que as economias decorrentes do não desperdício, quando tais abordagens são adotadas, podem vir a superar as economias de escala geradas pela produção de grandes quantidades para estoque. 10.2 ENTREGA EM TEMPO Ressalta-se que obter a entrega em tempo consiste num objetivo-padrão da função de compras. Se os bens e materiais chegarem atrasados ou o trabalho não for concluído no tempo correto, as vendas podem ser perdidas, a produção prejudicada e as cláusulas contratuais de danos invocados por clientes insatisfeitos. Além disso, a grande maioria das organizações considera o compromisso de caixa assim que um pedido é emitido, e, assim, a falha no atendimento de um suprimento em tempo pode retardar o fluxo de caixa e reduzir a eficiência ou a rentabilidade. Na grande maioria das situações, corretamente, os compradores são responsabilizados pelos colegas dos departamentos usuários se os fornecedores não entregarem as encomendas em tempo. Porém, para obter uma entrega em tempo, torna-se vital assegurar que os departamentos usuários conheçam os lead times e qualquer outra informação necessária. Contudo, medidas desse tipo não são suficientes. A função de compras exerce um papel prático nos mercados de suprimentos, convencendo os fornecedores de que deles devem entregar de acordo como as condições fixadas. Pesquisas demonstram que a maioria dos compradores industriais e comerciais está satisfeita com o tempo de entrega, e considera o atraso como evento excepcional. Muitas vezes, os fornecedores prometem datas de entrega que não podem cumprir. Esse pode ser um artifício desonesto para obtenção de um pedido ou pode ainda ter havido boa-fé, mas em razão de mudança de circunstâncias as datas de entrega são reprogramadas. Pode ocorrer também que as empresas que falham na entrega pontual não serem competentes em planejamento e controle da produção. FIGURA 28: PRAZO DE ENTREGA FONTE: Disponível em: <http://www.lojaskd.com.br/templates/imagens/portal.entrega.mapa.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Fagundes (2010) explica que frequentemente os problemas de entrega são originados pelos próprios compradores ao programar entregas não rigorosas, continuamente emendadas ou ao aceitar promessas de tempo de entrega irreais. Constata-se que a primeira etapa para entrega em tempo consiste na decisão precisa do que é exigido e quando é exigido. Apenas em casos excepcionais isso é de responsabilidade do próprio comprador. Normalmente, é o departamento relacionado a materiais, como o de controle de estoque ou o de planejamento e controle da produção, que trabalha com a programação de tempo. Para as compras ocasionais, diferentes das regulares, é frequentemente o departamento usuário que informa que algo é necessário. Obviamente, ressaltam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), esta não consiste numa boa prática, na qual as datas são definidas sem levar em consideração os lead times dos fornecedores e as realidades do mercado. O departamento de compras deve solucionar o problema de obtenção de lead times mais curtos (e fornecedores confiáveis) e assegurar que os departamentos relevantes os conheçam. Deve-se também tomar cuidado para que haja entendimento mútuo da expressão lead time. Assegurar-se de que as datas exigidas e notificadas ao departamento de compras são atingíveis possibilita melhor condição de cumprimento de prazos. Considera-se uma etapa vital para a entrega pontual que o os fornecedores saibam e estejam plenamente conscientes de que a pontualidade é elemento importante do composto de marketing da empresa. Isso significa que eles sabem que, na escolha de fornecedores alternativos, o comprador optará por aquele que tem demonstrado melhor desempenho de entrega. Por sua vez, isso então indica que os registros internos necessitam ser mantidos e atualizados constantemente. Conforme destacam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), se as datas especificadas nos pedidos ou tomadas de preço forem corretas, então, será fácil mensurar e registrar o sucesso ou o fracasso do fornecedor em termos de entrega e cumprimentar aqueles que cumprirem os prazos. Fagundes demonstra que em muitas situações, o desempenho de entrega tem melhorado significativamente quando é usado com base de negociação. A partir do momento que os fornecedores começam a perceber que as datas anotadas nos pedidos ou nas tomadas de preço são rigorosas, que devem explicação quando não cumprem o compromisso de entrega e que a pontualidade será levada em consideração na alocação de pedidos futuros, 94% dos prazos são frequentemente atingidos. Para os fornecedores que fazem entregas regulares, uma forma simples de avaliar o desempenho de entrega consiste na análise da porcentagem de entregas pontuais em cadaperíodo programado. Sugere-se que, quando existem problemas de entrega, que se utilize de facilitadores. Uma simples ligação telefônica do comprador ou usuário pode ser suficiente ou uma ação mais extensiva exigida, incluindo o emprego de facilitadores em tempo integral. 10.2.1 Emprego de facilitadores É possível observar que frequentemente o departamento de compras faz uso de facilitadores para cumprir os prazos de entrega. Define-se facilitador como aquele que acompanha o andamento de algo. No setor de produção, as operações podem necessitar do trabalho de facilitadores, embora todos os tipos de organizações estejam habituados a utilizar o trabalho desses profissionais para agilizar o recebimento dos pedidos encaminhados aos fornecedores. Fagundes (2010) define o trabalho do facilitador como uma tarefa proativa e planejada. Muitas vezes as expressões “pressa”, “urgência” e agilização” são utilizadas para descrever a tentativa de assegurar que os atrasos na entrega dos materiais não causem muitos problemas. Tais termos implicam que o trabalho é visto, com frequência, como uma solução para reagir ao problema, em vez de evitá-lo. Assim sendo, os sistemas empregados na aplicação da administração contratual proativa serão baseados na aplicação de esforço em que for necessário, antes de surgir o problema de atraso de entrega. Pode-se afirmar que o trabalho do facilitador não agrega valor às atividades ou aos produtos de uma organização. Dessa forma, o objetivo de muitas organizações, muitas vezes atingido, é o de reduzir a zero a necessidade de trabalho do facilitador. Em outras palavras, eliminá-lo. Porém, não seria verdadeiro afirmar que o trabalho do facilitador não é mais um aspecto importante do processo de compras, ainda é, e se evidencia em diferentes aspectos, conforme será discutido a seguir. 10.2.1.1 Priorização do trabalho de facilitação Muito frequentemente, o papel do facilitador é o de “apagar incêndios”. Uma exigência que se torna fundamental para qualquer tipo de atividade planejada consiste na abordagem sistemática da priorização. Precisa-se então estar preparado para concentrar a atenção no trabalho importante, em vez de se limitar simplesmente ao que for urgente. É possível também adotar um sistema baseado em pontos, que pode ser utilizado para indicar de forma razoavelmente objetiva os contratos ou pedidos em que o trabalho de facilitação é necessário, e sugerir o devido grau de prioridade. A seguir, são listados os fatores que exemplificam os tipos de variáveis que podem ser levadas em consideração na adoção de tal sistema: a) Fornecedor 1. Qual é o seu grau de pontualidade de entrega? 2. Qual a sua reputação? 3. Com que frequência ele é utilizado? 4. Qual a importância dos pedidos para ele? 5. Ele passou um bom registro de cooperação? b) Grau de crítica de suprimentos 1. Quão sérias são as consequências da entrega com atraso? 2. O material é de: Alta prioridade: matérias-primas, componentes-chave, combustível, materiais de produção. Prioridade média: componentes padronizados, peças de manutenção, móveis, materiais de embalagem. Prioridade-padrão: materiais de limpeza, impressos internos, tintas para edifícios, suprimentos para escritório. c) Alternativas 1. Há substituto para o material entregue com atraso? 2. Há fornecedor alternativo? 3. Há estoques do material em algum lugar? 4. Conhecemos outro usuário do material? 10.2.1.2 Organização do trabalho de facilitação Consiste em prática comum o trabalho de facilitação ser feito pelo comprador, uma vez que é de sua responsabilidade trabalhar com os fornecedores na variável “tempo”, na qual um relacionamento do tipo parceria múltipla tenha sido estabelecido. Porém, trata-se do caso de existência de uma seleção de facilitação dentro do departamento de compras, com suas atividades executadas pelos compradores relevantes ou por pessoal especialmente selecionado, às vezes, em conexão com os departamentos usuários. O grupo de facilitação pode fazer parte do departamento de planejamento ou do departamento que exige os bens ou serviços. A justificativa para essa abordagem é que essas pessoas têm melhores condições de determinar prioridades. Outra variação possível consiste em que o facilitador desempenha suas atividades específicas com um comprador específico. 10.2.1.3 Redução das tarefas de facilitação Observa-se que a necessidade das tarefas de facilitação pode ser reduzida, segundo Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), ao assegurar-se de que: 1. Os lead times são conhecidos e aceitos; 2. Há preocupação mútua de comprador e vendedor; 3. As informações são compartilhadas por comprador e vendedor; 4. Os usuários não reprogramam suas exigências com frequência; 5. Os facilitadores evitam intervenções desnecessárias; 6. As condições e a capacidade dos fornecedores são chegadas antes da emissão do contrato; 7. As especificações são claras, entendidas pelo fornecedor e estão de acordo com sua capacidade técnica; 8. As especificações não são alteradas com frequência; 9. As condições de entrega são especificadas apropriadamente (não rotineiramente como “urgente” ou “sem estoque”); 10. O que o vendedor afirma que pode ser feito reflete a situação real. Embora essas dez questões não relacionem todos os problemas, servem como indicadores para a necessidade de intervenção do facilitador em virtude de restrições do comprador e de falhas do vendedor. 10.3 ANÁLISE DE REDE A análise de rede consiste num conjunto de técnicas frequentemente aplicadas no planejamento e no controle de certos tipos de projetos. Essencialmente, considera-se como maneiras de organizar e apresentar certas informações, como as atividades que compõem o projeto, como elas estão logicamente relacionadas, sua duração e custo e a demanda por recursos exigida. A análise do caminho crítico é a técnica de análise de rede que determina a duração mínima do projeto. Tal técnica pode ser aplicada a qualquer grupo de atividades relacionadas, com início e fim definidos. A análise de rede tem mostrado ser bem-sucedida em novos projetos em vez de no replanejamento de operações que vêm sendo executadas há muito tempo. Uma das primeiras aplicações bem-sucedidas a serem descritas, foi, de fato, um projeto de compras em grande escala, que compreendeu atividades nunca antes vistas. Esse projeto envolveu design, o desenvolvimento, a construção, a equipagem, a seleção de pessoas e a entrega em operação da primeira frota de submarinos nucleares armados com mísseis da Marinha dos Estados Unidos (Baily, Farmer, Jessop & Jones , 2010) A análise de rede exige a produção de uma representação visual do projeto na forma de uma rede de setas que mostram as atividades. Tais setas consecutivas indicam as atividades que devem ser conduzidas em sequência, e as paralelas mostram as atividades que podem ser conduzidas simultaneamente. FIGURA 29: PRAZO DE ENTREGA FONTE: Disponível em: < http://www.youtube.com/watch?v=90zJNKsrRKo&NR=1 Acesso em: 13 jun. 2010 10.4 INDENIZAÇÕES EM DINHEIRO Estabelecem-se atualmente diferentes contratos exigindo-se que, se um fornecedor deixar de entregar pontualmente um pedido, ficará obrigado a pagar ao comprador uma soma em dinheiro, conforme acordado. A vantagem de tal critério em contratos, para o comprador, é que eles motivam o fornecedor a entregar pontualmente os pedidos, e no caso de dificuldade com a entrega, uma responsabilização por este atraso. O fornecedor também necessita de uma cláusula adicional de proteção que o exima de responsabilidade se o atraso for devido a causas totalmente fora de seu controle. Frequentemente, estas cláusulas são denominadas “motivos deforça maior”. 10.4.1 Força maior Se uma das partes for eximida de cumprir obrigações contratuais por circunstâncias fora de seu controle, incluindo intervenção governamental, greves, condições climáticas, dentre outras, a parte afetada não deve ser responsabilizada por nenhum atraso resultante, enquanto o problema permanecer. Caso algum atraso perdure por longo tempo, a outra parte pode cancelar o contrato e o comprador deve pagar ao vendedor uma soma justa pelo trabalho feito antes do cancelamento. 10.5 ESCASSEZ 10.5.1 Escassez repentina Ressalta-se que quando existe escassez repentina de materiais-chave, o pessoal de compras necessita tomar providências imediatas. A escassez pode resultar de várias causas, tais como: Greves; Incêndios ou outro incidente na fábrica do fornecedor; Inabilidade para o fornecedor obter materiais importantes necessários para o pedido; Planejamento e controle da produção errados; Mudança de política do fornecedor em relação ao composto de produto ou ao cliente-alvo; Ela pode ainda resultar de vários problemas envolvendo vendedor e comprador, variando de dificuldades monetárias e processos movidos por trabalhadores de transportadoras a ação governamental, revolução e guerra. Pode também ser causada por erro administrativo do comprador, modificação de design, mudança de planos de produção ou ações movidas por consumidores do próprio comprador. Algumas ações de emergência a serem tomadas frente à escassez são sugeridas por Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), e aqui se apresentam: 1. O comprador deve exigir que o fornecedor fabrique os bens, defina quando os produzirá e dê prioridade ao atendimento de seu pedido. O fornecedor pode receber auxílio para enfrentar as dificuldades de produção ou a localização de materiais. O contato pode ser feito em nível hierárquico acima do usual, por exemplo, pelo diretor administrativo ou pelo presidente; 2. O comprador deve procurar outro fornecedor para preencher a lacuna. Essa pode ser uma oportunidade de ouro para alguma pequena empresa que em vão venha batendo na porta do comprador há anos. Esta busca pode ser muito ampla. Os suprimentos de emergência podem ser adquiridos a preços maiores de distribuidores. 3. Ele deve investigar materiais substitutos trabalhando com controle de qualidade e design; 4. Ele deve reconsiderar a especificação do produto à luz dos materiais disponíveis; 5. Ele deve reconsiderar o composto de produto, reprogramando a produção e fabricando produtos que não estejam sujeitos à escassez. 10.5.2 Escassez endêmica A escassez endêmica é também conhecida como a escassez regular, a qual exige planejamento e desenvolvimento sistemático de uma estratégia de suprimento contingencial. Sabedores da escassez frequente, os compradores: Podem planejar as exigências de materiais com antecedência, de maneira que a empresa possa preservar a capacidade de produção de fornecedores ou mesmo fazer pedidos de peças e materiais para garantir o suprimento; Pode-se também deslocar pessoal extra para agir como facilitadores; Os estoques dos suprimentos estratégicos podem ser aprisionados; Podem-se procurar fontes duplas de suprimentos para os materiais normalmente adquiridos de única fonte. Para as exigências de alto volume, que exigem ferramentaria especial ou custos de desenvolvimento, isso torna a compra mais cara e o preço por peça pode subir como resultado do menor volume por fornecedor, uma vez que o negócio fica pulverizado entre várias fontes de suprimentos. Com isso, torna-se necessário ter muito cuidado para verificar se o custo da fonte dupla seria ainda maior do que o prejuízo de se ter apenas uma fonte. Além disso, uma segunda fonte aumentaria a segurança do suprimento, mas não o garantiria. Conforme esclarece Fagundes (2010), normalmente, uma segunda fonte pode aumentar a produção se a primeira ficar bloqueada, mas não o suficiente para compensar a escassez, a menos que haja considerável capacidade ideal de homens, máquinas e materiais que possa ser rapidamente desviada. Existem, atualmente, diferentes razões que levam muitos especialistas a considerar que a escassez pode tornar-se endêmica. Dentre os quais, destacam-se: A população mundial está aumentando e os recursos naturais são finitos; A industrialização está dispersa com o aumento crescente da demanda por energia e recursos materiais; Os combustíveis fósseis (em particular petróleo, carvão e gás natural) estão se exaurindo rapidamente, e não podem ser repostos. Ao se considerar que a organização está em risco permanente, devido a tais fatores, o mercado global de suprimentos pode ser considerado uma das áreas que exigem planejamento sistemático. Sugere-se atualmente que uma pesquisa de compras, detalhada em base mundial, pode ser adotada para localizar fontes alternativas. A avaliação de substitutos pode também ser feita sistematicamente, com marketing, design, produção e compras colaborando em um programa integrado. O departamento de compras, então, procurará continuamente identificar que tipo de escassez pode ocorrer, quão sério será e o que pode ser feito para evitá-lo, bem como o que poderá ser feito se ele ocorrer. Planos de contingência detalhados podem ser preparados para enfrentar várias ameaças possíveis, demonstrando os contra movimentos alternativos. 11 TOMADA DE DECISÕES SOBRE FONTE DE SUPRIMENTOS Considera-se que as decisões de compras mais importantes dizem respeito à seleção adequada de suprimentos. Ou seja, se a decisão de fonte correta for tomada em uma situação particular, as necessidades de compras da empresa devem ser perfeitamente atendidas. Em tais circunstâncias, ela receberia continuamente os bens ou serviços. Porém, a simplicidade dessa afirmativa contradiz a complexidade da tomada de decisão sobre fonte de suprimentos. Para se chegar à decisão correta, muitos fatores têm de ser considerados. As decisões efetivas de fonte de suprimentos serão tomadas quando todos os fatores relevantes forem considerados e ponderados em relação a seus riscos e oportunidades. Nem todas as decisões sobre fonte de suprimentos justificarão o mesmo nível de atenção, mas as grandes compras sempre compensarão uma tomada de decisão cuidadosa. Por exemplo, podem-se citar os compradores significativos que dominam a demanda de um mercado e necessitam dedicar muita atenção e tempo para otimizar a estrutura do mercado de suprimentos, e, em algumas vezes, assumir ação direta para desenvolver novos fornecedores ou apoiar os concorrentes menores. Se uma ou duas grandes empresas dominarem a oferta de um mercado, pode ser vantajoso, em longo prazo, os compradores fazerem pedidos para estimular a concorrência e evitar que o mercado se transforme num monopólio. De forma inversa, para obter mais benefícios dos relacionamentos em longo prazo, a empresa compradora pode procurar desenvolver deliberadamente um relacionamento mútuo, muitas vezes denominado parceria de suprimentos. Com base nessas considerações, pode-se observar que o suprimento envolve muito mais do que simplesmente escolher isoladamente um fornecedor ou contrato para cada exigência. Envolve relacionamentos contínuos com fontes preferenciais, que estejam realmente fornecendo bens e serviços e com fontes potenciais, que possam ter sido evitadas no presente, mas que ainda não foram descartadas. Envolve ainda decisões sobre como alocar os negócios disponíveis e em que condições eles devem ser feitos. Ressalta-se que o desempenho apropriado das compras exige pesquisas de mercado de suprimentos. Esta faz parte do trabalho de compras e pode ser realizada informalmente por compradores quando conversam com vendedores,visitam feiras comerciais, leem periódicos de negócios e investigam o mercado antes de fazer pedidos. Além disso, a pesquisa pode ser mais formalmente organizada como uma função de apoio aos compradores, com funcionários em tempo integral que trabalham em uma seção de serviços de compras, normalmente localizada no escritório central da empresa. A pesquisa de mercado de suprimentos identifica o conjunto de fontes reais e potenciais que constituem um mercado fornecedor, investiga sua capacidade, examina as tendências e as perspectivas em longo prazo do mercado e, geralmente, dedica-se ao trabalho de campo. Consiste na parte essencial da pesquisa de compras. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) sugerem que outro fator que necessita ser considerado na tomada de decisão em relação a recursos-chave é a definição de quem deve estar envolvido no processo. 11.1 ATRIBUTOS DE UM BOM FORNECEDOR Embora não se tenha uma definição para um bom fornecedor, com aceitação ampla, existem diferentes atributos que podem ser considerados desejáveis num relacionamento típico. Alguns deles são apresentados a seguir: Entrega pontualmente; Fornece qualidade consistente; Oferece bom preço; Tem antecedentes estáveis; Fornece bom serviço; É responsivo às necessidades do cliente; Cumpre o prometido; Dá apoio técnico; Mantém o comprador informado sobre o andamento do pedido. FIGURA 30 – FORNECEDOR FONTE: Disponível em: <http://www.quantoe.com.br/publico/__img/fornecedor.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Constata-se que a maioria dos funcionários de compras e suprimentos encontra pouca dificuldade para identificar as características exigidas de um fornecedor porque veem a identificação e a seleção de fontes apropriadas como uma de suas principais tarefas. Porém existe, de modo geral, menor nível de preocupação associado aos atributos de um bom cliente ou comprador. A visão que se tem, tradicionalmente, é aquela de que o comprador está gastando dinheiro e os fornecedores devem ser encorajados a competir vigorosamente para serem aceitos. Entretanto, tal visão é considerada superada, e há crença crescente em que compradores e vendedores estão procurando um relacionamento mutuamente benéfico em longo prazo, que possibilite vantagens para ambas as partes no processo comercial. Termos como sinergia e simbiose são atualmente utilizados para descrever o relacionamento de comprador e vendedor, indicando que um arranjo ideal leva a novas situações de relacionamento, nas quais surgem benefícios para ambos. Uma das primeiras atitudes que um comprador necessita adotar é descobrir o que os fornecedores estão procurando em um cliente e tentar atender a essas exigências. 11.2 TIPOS DIFERENTES DE FONTES DE SUPRIMENTOS Considera-se que muitas implicações da tomada de decisão de fonte de suprimentos podem variar de acordo com o tipo de compra. Dentre as diferentes decisões, destacam-se: Suprimentos de consumo; Materiais e componentes de produção; Compras de bens de capital; Propriedade intelectual; Subcontratações; Serviços. Constata-se que cada um desses tipos envolverá fatores diferentes. 1 1.3 DECISÕES SOBRE FONTE DE SUPRIMENTOS Tem-se que a abordagem tradicional de tomada de decisão sobre fonte envolve a organização compradora em: Estabelecer que fornecedores fabriquem ou forneçam o produto ou o serviço; Selecionar uma lista de fornecedores disponíveis; Enviar uma cotação de preço a cada um deles estabelecendo as exigências; Selecionar o melhor fornecedor, comparando as ofertas cotadas; Fazer o pedido, especificando termos como volume, programação, entrega, preço e qualidade exigida. É possível observar que as grandes compras exigem a ampliação desses procedimentos e maior envolvimento com os fornecedores. Constata-se que, quando é destinada menor atenção às decisões de compra, o desempenho do fornecedor reflete a situação interna da empresa, visto que a decisão sobre fonte de suprimentos consiste em tarefa vital e clara, seu resultado será de grande benefício para a empresa compradora. O reconhecimento dessa verdade pelas empresas bem-sucedidas foi um fator importante para o seu sucesso na Europa e nos Estados Unidos. 11.3.1 Identificação dos fornecedores corretos Tal como indicado anteriormente, os compradores devem conhecer seus mercados para estar em condições de decidir-se sobre fonte de suprimentos corretas. Necessitam conhecer bem seus fornecedores, visitá-los e conversar com as pessoas que processam seus pedidos e tomam decisões sobre eles. Além disso, devem acompanhar os planos de negócios, o desenvolvimento dos produtos e o que ocorre nas instalações dos principais fornecedores. Conforme destaca Fagundes (2010), isso pode ser descrito como parte do marketing da demanda, que não é uma nova ideia, muito embora, em anos recentes, especialistas de marketing têm-se concentrado quase que exclusivamente no lado dos suprimentos, visando a compradores e compradores potenciais, e não aos vendedores. Além disso, devem saber onde outros fornecedores potenciais estão baseados e conhecer os custos de produção, de salários e de distribuição, que se aplicam a mercados específicos. Devem ainda ter critério claro em relação à adequação de um fornecedor específico para tender as suas necessidades. Atualmente, os compradores esclarecidos estão procurando fornecedores com os quais possam trabalhar em benefício mútuo. Em algumas situações, isso significa que os fornecedores são selecionados a priori pela preparação de um design, pelo tipo de organização com a qual a empresa compradora deseja fazer negócios. Sem dúvida, tal julgamento deve estar baseado numa profunda avaliação envolvendo fatores técnicos e comerciais. O que mais se tem percebido é que as grandes organizações de compras esperam contratar fornecedores-chave, selecionados após avaliação profunda e situados, de preferência, em locais próximos a suas fábricas. Sem dúvida, isso implica no que é denominado de integração semivertical, na qual a empresa compradora e a vendedora, embora de acionistas diferentes, formam uma aliança. Constata-se que, quando um fornecedor concorda em construir uma fábrica próxima das instalações do comprador, deve estar implícito um acordo em longo prazo. Em tais casos, a seleção eficaz de fonte de suprimentos torna-se ainda mais importante. 11.3.1.1 Alguns critérios para a seleção Na maioria dos casos, o processo de seleção é abrangente. Dentre os critérios utilizados por determinada empresa, pode-se observar a exigência de que o fornecedor deveria ter “capacidade e experiência”. Isso significava que um fornecedor potencial: Era mais viável em longo prazo em termos financeiros, técnicos e em produção; Estava preparado para participar das fases iniciais de design e de desenvolvimento de produto como parceiro pleno; Estava aberto para compartilhar informações sobre as exigências funcionais, de montagem e de serviços pelas partes, incluindo alvos de custo e qualidade; Estava orientado para assumir o custeio do produto e melhorar o desempenho de todo o sistema em benefício mútuo; Oferecia condições de desenvolver protótipos e produzir em grandes volumes; Estava preparado para conciliar estruturas de custo-alvo; Trabalhava com o cliente para aumentar a flexibilidade de atendimentos das modificações da demanda e para operar no processo de puxar em vez de empurrar, reduzindo assim desperdícios próprios e dos clientes, com a manutenção de estoque, inspeção desnecessária e trabalho em andamento aguardando peças. Outra multinacional, na procura de fornecedores e parceiros, formulou os seguintes critérios que deveriam ser atendidos: Boa reputação no mercado de suprimentosem que comprador opera (ou em mercado similar); Boa base financeira; Capacidade técnica adequada e instalações modernas; Orientação para a qualidade total; Administração eficaz de custos; Eficácia em compras – aquisição e controle; Moral positiva junto à força de trabalho; Organização eficaz de logística; Mentalidade de serviço orientada para o cliente. Ressalta-se que são incontáveis os problemas de menor importância com que os compradores lidam diariamente. FIGURA 31 – SELEÇÃO DE FORNECEDORES FONTE: Disponível em: <http://www.lojamaxipas.com.br/templates/imagens/img_complementar_fornecedor.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 11.4 PROCESSO DE FONTE DE SUPRIMENTOS Geralmente, todo o processo de compras se inicia com uma requisição informando ao departamento de compras que algo necessita ser adquirido. A partir daí, o comprador checa se já há algum compromisso por contrato em longo prazo, situação na qual o pedido pode ser emitido imediatamente. Na ausência de tal acordo, o comprador procurará então saber se há fonte de suprimentos existente e cujo desempenho seja satisfatório. Em caso afirmativo, a prática usual é comprar dessa fonte, a menos que haja razão para rever tal posição. Dentre as razões que justificam rever a posição, destacam-se: Solicitação de aumento de preço; Dificuldade de atender à especificação; Desempenho insatisfatório demonstrado por avaliações do fornecedor; Pressão interna para economizar dinheiro; Algum tempo ter se passado desde que as condições do fornecedor foram revistas. É possível observar que os compradores são relutantes em mudar de fontes para as compras regulares sem razão satisfatória, e sugere-se que, de fato, às vezes ficam muito tempo afastados de um fornecedor que não seja tão satisfatório quanto outros no mercado. 11.5 LOCALIZAÇÃO DA FONTE DE SUPRIMENTOS A localização das fontes de suprimentos potencialmente úteis consiste em responsabilidade do executivo de compras e suprimentos. Normalmente, acredita-se amplamente que exista uma fila de fornecedores dispostos a competir para atender às necessidades do comprador, mas a realidade é frequentemente muito diversa e a localização de fornecedores potenciais pode ser um grande desafio. Para Fagundes (2010), existem três razões principais que podem justificar a dificuldade de se localizar fornecedores: Avanços tecnológicos. As necessidades do comprador estão se tornando mais complexas e difíceis de ser atendidas, e menor número de fornecedores está disposto ou em condições de fazer isso. Crescente concentração dos mercados de suprimentos. O processo contínuo de fusões e aquisições está levando muitos setores a uma situação na qual há poucos fornecedores poderosos com menos necessidade de procurar ativamente novos negócios que, inevitavelmente, virão em sua direção. Especialização crescente: a especialização no setor manufatureiro tende a levar a decisões de comprar e não de fabricar. Isso significa que maior proporção de necessidades do setor é então suprida por fontes externas. Essas fontes podem não estar conscientes das exigências de desenvolvimento e terão que ser ativamente procuradas pelo comprador. 11.5.1 Fontes de informações sobre fornecedores potenciais Constata-se que, ao coletar e comparar informações sobre fornecedores potenciais, os seguintes pontos devem ser então considerados: Reputação: a reputação de uma fonte específica pode ser confirmada por meio de contatos profissionais e de conversas com colegas; Avaliação: uma investigação detalhada dos fornecedores potenciais; Desempenho passado: o departamento de compras pode manter registros que forneçam informações sobre o desempenho anterior de fornecedores; Listas aprovadas: as organizações podem manter listas de empresas que foram avaliadas e aprovadas. A certificação da ISO 9000 pode ser uma qualificação; Bibliotecas: algumas empresas mantêm bibliotecas com catálogos, listas de preços e outras publicações referentes aos fornecedores potenciais. Alguns métodos de indexação dos dados dessas bibliotecas por produto é desejável; Publicações: frequentemente, a mídia geral ou especializada traz informações sobre as atividades das empresas que podem ser fornecedores potenciais. Essas informações podem também ser arquivadas ou indexadas; Diretórios comerciais: existem muitos diretórios à disposição dos compradores que fornecem informações sobre fontes de suprimentos. As “páginas amarelas” são um exemplo de diretório local, mas há também guias nacionais e internacionais, geralmente especializados no setor. Serviços de suprimentos: vários órgãos fornecem informações sobre fontes potenciais de suprimentos. Comumente um bando de dados computadorizado é mantido para o atendimento eficiente do cliente e da fonte; Representantes: os representantes de fornecedores são fontes úteis de informações sobre suprimentos. Podem revelar detalhes de produtos similares e concorrentes, bem como dos próprios produtos; Feiras comerciais: esses eventos podem dar ao comprador a oportunidade de comparar produtos similares de diferentes fontes; Colegas: frequentemente o pessoal de outros departamentos da empresa conhecem muito bem as fontes de materiais relacionadas a sua especialização; Outros compradores: a comunicação com profissionais da área de compras pode ser útil para a identificação de novas fontes de suprimentos; Agentes de compras: esses profissionais e os distribuidores podem fornecer informações comparativas sobre diferentes fabricantes e seus produtos; Internet: sites e buscadores oferecem várias opções de informações. 11.6 AVALIAÇÃO DO FORNECEDOR Constata-se que a avaliação de fontes potenciais e reais é um processo contínuo em departamentos de compras. As fontes reais com as quais se lida de maneira regular podem ser avaliadas amplamente em termos de desempenho. Atualmente, têm-se vários esquemas para a avaliação sistemática de fornecedores, os quais serão posteriormente aprofundados. Constata-se que o bom serviço prestado pelo fornecedor reduz a carga de trabalho do comprador, amplia a utilidade ou a disponibilidade do produto e diminui a incerteza associada à tomada de decisão sobre aquisições. Um dos itens que Fagundes (2010) destaca acerca da avaliação do fornecedor consiste na estabilidade financeira deste. Esta é uma das várias características do fornecedor não mencionada como “variável tarefa”, embora seja importante. Os compradores preferem que os fornecedores sejam razoavelmente rentáveis porque estão interessados em continuidade e em entrega pontual. Um fornecedor com problemas de fluxo de caixa terá dificuldade de pagar suas faturas e, consequentemente, obter materiais. Possivelmente, também terá problemas para entrega em datas previstas e para manutenção da qualidade de seus produtos. Uma administração adequada também se constitui como fator importante. Fornecedores bem administrados melhoram os métodos, reduzem os custos, desenvolvem produtos melhores, entregam pontualmente, têm menor número de produtos defeituosos e desenvolvem moral elevada em sua força de trabalho. Em muitas das situações, as instalações e o trabalho dos funcionários dos fornecedores potenciais são vistoriados por representantes técnicos e comerciais do comprador. Em algumas das situações, esse procedimento é eliminado conforme a reputação do fornecedor obtida por comunicação direta e por informações publicadas. Nas situações em que o estabelecimento de um fornecedor é visitado com o propósito de avaliação, a maioria dos compradores prepara antecipadamente um check list sobre o que deve ser vistoriado e anotado. Muitas empresas usam check lists extensos, com várias perguntas,procurando averiguar todas as situações da empresa. O fornecedor é avaliado também por produtos ou processos como aprovado totalmente, aprovado, aprovado condicionalmente ou desaprovado. As variações da abordagem de check list são vastas e mudanças e melhorias são incorporadas à medida que as necessidades da organização se modificam. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) elencam algumas perguntas típicas de um check list: Eles fazem negócios com nossos concorrentes? Os documentos confidenciais são apropriadamente controlados? O comprador tem apoio técnico? Com que frequência pesquisam o mercado? Há quanto tempo estão estabelecidos? Quais seus planos de investimentos? Além destes itens, acrescentam-se: Alocação dos custos indiretos se os custos de interrupções forem fornecidos; A situação dos pedidos em carteira e o nome das pessoas com autoridade para tomar decisões sobre as datas de entrega; O tipo de mão de obra disponível, a qual pode ser investigada por observação, por perguntas e, se necessário, por consulta ao órgão oficial de emprego local. Outra exigência, algumas vezes apresentada, é que os vendedores devam estar conectados por intercâmbio eletrônico de dados (EDI). O EDI consiste num método eletrônico de enviar informações entre, por exemplo, comprador e vendedor. Isso significa que ambas as partes eliminam a papelada, reduzem erros de transmissão e agilizam os fluxos de informações. Os varejistas e as montadoras de automóveis foram os primeiros a usar este processo, conforme destacam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). FIGURA 32 – AVALIAÇÃO DE FORNECEDORES FONTE: Disponível em: <http://www.intranetportal.org.br/images/site_fornecedor.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Outra exigência que atualmente é percebida nos setores de produção em massa é de o fornecedor ser capaz de atender à programação de entrega definida pelo just in time (JIT). Neste processo, o JIT implica um fornecedor e um processo de entrega capaz de dar resposta imediata à demanda da empresa compradora, eliminando assim a necessidade de esta última manter um estoque além do mínimo. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) salientam que é interessante observar os critérios adicionais desenvolvidos por uma empresa para auxiliar no sucesso ao selecionar este tipo de fornecedor. Os acordos de JIT são feitos com empresas com as quais o comprador deseja manter relacionamento em longo prazo. A abordagem, então, necessita de confiabilidade absoluta em termos de qualidade e programação. Dessa forma, os fornecedores potenciais têm que satisfazer às necessidades da empresa compradora. Na maioria dos casos, ela precisa desenvolver tais critérios para atingir o nível desejado. Este processo inicia-se pela procura de fornecedores localizados próximos a sua fábrica. Quando isso não é possível, frequentemente, tem que persuadi-los a realocar suas instalações. O foco inicial da empresa compradora é sempre procurar assegurar a qualidade de desempenho exigido, ou seja, o atendimento das especificações e a programação de entrega. No processo, ela trabalha com o fornecedor na análise da especificação do produto, dando-lhe todas as chances de fabricar o material ou fornecer o serviço o mais eficientemente possível. O objetivo conjunto da parceria é sempre melhorar, continuamente, o controle de qualidade do processo, partindo de um nível definido a outro melhorado em determinada data. Uma equipe formada por pessoas de ambas as empresas deve trabalhar com a seguinte questão em mente: como melhorar o desempenho, por exemplo, em termos de qualidade, logística e preço? Um fator importante, então, do ponto de vista da empresa compradora, é que ela concorda com um nível de lucro-alvo dos fornecedores, trabalhando com os mesmos para minimizar os custos do processo. 1.7 OUTROS ASPECTOS DA FONTE DE SUPRIMENTOS 11.7.1 Um ou mais fornecedores? Anteriormente, discutiram-se casos em que o comprador opta por escolher deliberadamente apenas um fornecedor. Essa seria uma abordagem de fonte única de suprimentos e estaria tornando- se crescentemente popular. Porém, nem sempre esta consiste na decisão correta a se tomar; sendo que em algumas situações específicas, seria mais adequado contar com mais de um fornecedor. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) advertem que diferentes fatores necessitam ser levados em consideração antes da decisão correta a ser tomada. Em algumas circunstâncias, não existe escolha quando apenas um fornecedor pode ser utilizado em razão de patentes ou de monopólio técnico ou econômico. Já noutras situações, existe pouca escolha em razão de o volume de negócios ser muito pequeno para valer a pena ser dividido ou em razão de um fornecedor ser especial, sem rivais sérios. Constata-se que, quando há escopo para escolha, argumentos válidos e exemplos podem ser constatados em ambos os lados, em que a fonte única de suprimentos tem compensado, bem como exemplos em que foram obtidas vantagens ao se trabalhar com mais de uma fonte. Conforme destaca Fagundes (2010), não existe resposta simples. Cada situação necessita ser analisada. Algumas das considerações a serem avaliadas, na compreensão de Donato (2009): Efeito sobre o preço: agregar pedidos com um único fornecedor pode significar preço unitário menor em razão do maior volume. Possivelmente, reduz os custos de ferramentaria ou outro equipamento que teria de ser duplicado, reduzindo os custos de transporte. De outro lado, dividir o negócio por vários fornecedores pode proporcionar preços menores em razão da competição deles. Efeito sobre a segurança do suprimento: a programação da produção torna-se mais simples com a adoção de fonte única de suprimento. Permite menor estocagem ou a disponibilização de estocagem em consignação e o fornecedor é então motivado a prestar um bom serviço porque a ele foi confiado todo o negócio. De outra parte, com uma segunda fonte, existe maior segurança em situações de incêndio, inundação, avaria na fábrica ou greve que causarem a interrupção dos suprimentos da primeira fonte. Efeito sobre motivação, disposição, inovação de design do fornecedor, dentre outros. Muitas vezes, a fonte única de suprimentos funciona bem nessa conexão, mas existem exemplos de fornecedores complacentes e indiferentes que foram estimulados a adotar melhorias radicais apenas quando seu monopólio foi rompido. Em ocasiões como essa, os compradores enfrentaram problemas e despesas consideráveis para desenvolver uma segunda fonte satisfatória. Efeito sobre a estrutura do mercado. A fonte única de suprimentos levará a um monopólio quando não houver fornecedor alternativo no mercado? 11.7.2 Distribuidor Observa-se que os bens não são necessariamente comprados direto de um fabricante e os serviços podem ser fornecidos por um franqueado ou outro intermediário. É possível perceber que o distribuidor vem assumindo maior importância em alguns canais de marketing para vários produtos – principalmente em razão de oferecer solução para inúmeros problemas. O aumento nos custos de transporte tem levado muitos fabricantes a reexaminar seus sistemas de distribuição física, passando a favorecer o maior uso de distribuidores. Na grande maioria das situações, o distribuidor oferece serviços adicionais, tais como acabamentos de peças, que os tornam mais atraentes. O distribuidor é, então, aquele intermediário que, geralmente, monta, estoca e vende grande sortimento de itens aos usuários. Sua principal proposição de venda é a disponibilidade imediata, que pode ser atingida por meio de localização próxima do cliente ou por um sistema responsivo. Conforme salienta Moura (2009), a responsividade consiste num fator-chave para a maioria dos distribuidores/atacadistas.Moura (2009) ressalta que frequentemente os atacadistas são utilizados com vantagem por manter estoques de material de escritório, pequenas ferramentas, peças sobressalentes e outros artigos de uso comum na maioria das empresas localizadas em sua área. Garantem, ainda, manter estoques para atender às várias necessidades dos compradores e, dessa forma, permitem-lhes dispensar qualquer estocagem. Os itens poderão ser adquiridos dos atacadistas à medida que serão necessários, frequentemente em base mensal, exigindo pouca papelada. Um exemplo desta proposta é o utilizado por alguns atacadistas que mantêm uma área nas lojas dos compradores, com reposição automática de materiais ou peças. Os preços das peças são então combinados antecipadamente e as unidades vendidas são pagas mensalmente, após levantamento do estoque. Tal prática, muitas vezes denominada estocagem em consignação ou suprimento antecipado, está também sendo aplicada por fabricantes como extensão de seus serviços. Por fim, sugere-se que, para decidir se a compra será diretamente do fabricante ou do distribuidor, devem-se levar em conta os custos e os benefícios dos serviços oferecidos por ambos. 11.7.3 Localização A localização geográfica apresenta-se como fator importante a ser considerado. Em pesquisa no município de São Paulo, em 2008, três quartos dos compradores preferiam fontes locais, mesmo se o preço fosse maior. Geralmente, a primeira razão que se apresenta para tal questão é a de que existiria melhor comunicação, ou seja: Entregas mais rápidas, Custo de transporte menor, Conhecimento pessoal das pessoas envolvidas, Facilidade de contato quando surgem problemas, Aquisição de algo exigido com muita urgência. A segunda razão seria o desejo de prestigiar a comunidade local. Observa-se que as empresas que adotam uma abordagem just in time com seus fornecedores obtêm benefícios mútuos quando estes se localizam em suas proximidades, e tem se tornado prática comum as subsidiárias dos fornecedores instalarem-se próximas às fábricas dos compradores. Naturalmente, essas subsidiárias tendem a ser unidades dedicadas a atender às necessidades de um cliente específico. 11.7.4 Associação de fornecedores Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) relatam que há algum tempo os grandes fabricantes japoneses encorajaram a formação de associações de fornecedores. No princípio, os fornecedores eram orientados a trabalhar junto com os clientes, mas a associação funcionaria sem a participação ativa dos mesmos. Porém, a ideia evoluiu e atualmente fornecedores e clientes participam em conjunto. Nos últimos anos, a ideia de organização de fornecedores foi adotada em diferentes países dos Estados Unidos e da Europa, e tem se proliferado para todo o continente global. A lógica consiste em que as empresas com interesses comuns em atender às necessidades de um cliente específico podem, então, por meio do estabelecimento de canais de comunicação e de trocas regulares de ideias e informações, desenvolver métodos mais eficazes, com lucro para os envolvidos. Os participantes são receptivos e cooperativos entre si e, geralmente, trabalham na base da autoajuda. A figura a seguir exemplifica uma associação na qual um cliente troca livremente informações com seus fornecedores. QUADRO 29 – ASSOCIAÇÃO DE FORNECEDORES, CONHECIDA NO JAPÃO COMO KYRYOKU KAI. FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) 11.7.5 Compras intraempresa Moura (2009) explica que as transações internas em grupos empresariais podem apresentar alguns problemas, já que as organizações, por serem diferentes, adotam também políticas diferentes. A autora assim destaca: As empresas pertencentes a grupos empresariais devem ter oportunidade de fazer cotações de preço quando estão em condições de satisfazer às Cliente Fornecedor Fornecedor Fornecedor Fornecedor Fornecedor necessidades da outra parte. Porém, é de entendimento geral que elas não podem receber vantagem simplesmente por faz parte do grupo. Em todos os casos, devem ser tratadas como qualquer outro fornecedor. Os compradores são conscientes dos materiais e dos serviços fornecidos pelas empresas do grupo e orientados para consultá-las sempre que for possível. O uso de materiais e serviços de outras empresas do grupo é encorajado quando uma empresa do grupo submete uma cotação menos vantajosa do que a de um concorrente recebe a oportunidade de igualar as mesmas condições. Considera-se ainda que um fornecedor interno pode ser de grande auxílio em tempos de escassez e, em princípio atenderia idealmente às necessidades do grupo. Na prática, como qualquer organização com mercado cativo, ele pode assegurar o atendimento dos pedidos internos e dar prioridade aos clientes externos cujos negócios tenham de ser ganhos, com maior rentabilidade. Ressalta-se que o gerente de compras não deve permitir que isso aconteça. Seu papel organizacional lhe dará o direito e o dever de insistir com a subsidiária fornecedora para que a qualidade seja atendida, os preços competitivos e bom serviço prestado. Se ele deixar de obter isso, sua empresa estará subsidiando outra empresa do grupo, que obtém lucro as suas expensas. 11.7.6 Estrutura do mercado As organizações de suprimentos operam com base no contexto frequentemente denominado de mercado de suprimentos. Para Moura (2009), os seguintes tipos de mercado são comuns e terão influência na forma como compradores e vendedores operam: 1. Monopsônio: existe um único comprador dominante; 2. Monopólio: há um único fornecedor poderoso; 3. Oligopólio: está presente quando vários vendedores cooperam para dominar o mercado. 11.8 RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES A ideia de trabalhar próximo aos fornecedores é antiga. Esta experiência tem auxiliado no planejamento e na organização da produção, assim como tem contribuído para o desenvolvimento de produtos desde a montagem até a venda final, assim como na sua fase de funcionamento. FIGURA 33 – RELACIONAMENTO COM FORNECEDORES FONTE: Disponível em: < http://www.corpflex.com.br/comuns/ing_fornecedor.jpg> Acesso em: 13 jun. 2010 Outra alternativa é o exemplo das empresas japonesas, que fabricam seus produtos nos mercados mundiais, ampliando assim o entusiasmo em relação aos resultados também obtidos. Uma das características mais marcantes que a indústria japonesa apresenta consiste no entusiasmo pelo trabalho em conjunto com os fornecedores tentando, sempre que possível, remover conflitos e tensões. Tal metodologia foi traduzida como parceria de suprimentos. A parceria de suprimentos consiste num compromisso de clientes e fornecedores, independentemente de dimensão, com um relacionamento em longo prazo baseado em objetivos claros e mutuamente definidos, visando assim ao esforço em termos de capacidade e competitividade de classe mundial. Em nível mundial, muitas empresas têm adotado esta metodologia. Dentre suas principais características, destacam-se: Compromisso da alta administração; Franqueza e confiança; Objetivos conjuntos claros; Relacionamento em longo prazo; Proatividade e não reatividade; Administração da qualidade total; Trabalho conjunto; Flexibilidade; Envolvimento de todas as disciplinas relevantes. 11.9 CAMADAS DE FORNECEDORES Por meio da camada de fornecedores, organizam-se os suprimentos usando as várias camadas de fornecedores, com os imediatos ou diretos, conhecido como primeiro nível, e a segunda camada e as subsequentes sem contato direto com o principal fabricante. A camada mais importante é representada pelo fabricantefinal, a primeira camada fornece os conjuntos de montagem ou sistemas e a segunda, os componentes. Conforme demonstram dados e pesquisas, há muitos anos as empresas vêm procurando reduzir o número de fornecedores com os quais lidam. É possível observar em fabricantes de grande porte o quanto se reduziu o número de fornecedores de milhares a duas centenas, ou até menos, nos últimos anos. Compreende-se que a padronização e o menor número de variedades estão vinculados à ideia de redução da base de fornecedores, a uma faixa menor de produtos comprados e, obviamente, ao trabalho com poucos fornecedores, além de outras medidas econômicas. Leite (2009) ressalta que o processo de camadas é muito mais complexo do que a simples redução do número de fornecedores diretos. Dessa forma, não diz respeito à redução da base de fornecedores. Exemplificando, pode-se constatar que com o design e a adoção de um modelo de fornecedores estruturado em camadas, o número de fornecedores de um fabricante de equipamento original pode aumentar, e não obstante, a maioria deles pode não ter contato direto com o comprador. De fato, a base de fornecedores diretos pode ser reduzida a um número muito pequeno de contratados. Para melhor compreensão, apresenta-se o esquema a seguir: QUADRO 30 – CAMADAS DE FORNECEDORES Fonte: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) Fabricante do Equipamento Original (FEO) Fornecedores do primeiro nível Fornecedores do segundo nível 12 PREÇO COMO INFLUÊNCIA NO SETOR DE COMPRAS Neste tópico serão trabalhados os preços, a forma como são determinados em curto e longo prazos. Serão também examinados os vários fatores que afetam a decisão do preço, bem como técnicas como análise de custos, cláusulas de reajuste de preço e curvas de aprendizagem. Por fim, serão analisadas as ações para reduzir custos na cadeia de suprimentos e o conceito de custos de aquisições estratégicas. FIGURA 34 –: PREÇO FONTE: Disponível em: <http://fotos.sapo.pt/e5tDPsBSqEqqeuzpzAMu/> Acesso em: 13 jun. 2010 12.1 FATORES QUE AFETAM AS DECISÕES DE PREÇO São três os fatores que fazem parte das decisões de preços: Concorrência e outras considerações de mercado, tais como: mecanismo de preço; Como o valor é percebido pelos clientes; Custo de produção. Tais fatores tendem a tomar direções diferenciadas, como mostrado na figura a seguir, e qualquer um deles pode se constituir no fator-chave na decisão de preço. QUADRO 31 – FATORES QUE AFETAM AS DECISÕES DE PREÇO FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) Preço Custo do Produto Considerações de mercado Valor para o cliente 12.1.1 Oferta e demanda Constata-se que quase todos os tipos de empresa são afetados pelo que os economistas denominam de mecanismo de preço, isto é, a teoria da oferta e da demanda. Considera-se então que a noção de preço de equilíbrio significa que existe um preço de equilíbrio ou de mercado, em que a oferta se iguala à demanda. Nas economias de mercado mais livres, o processo de preço de equilíbrio auxilia a decidir o que deve ou não ser produzido. 12.1.2 Concorrência e outras considerações de mercado Observa-se que as organizações vendem seus produtos ou serviços em ampla variedade de condições de mercado, da concorrência perfeita ao monopólio. As características de cada tipo de mercado são mostradas a seguir: QUADRO 32 – ELEMENTOS DA CONCORRÊNCIA E CONDIÇÕES Concorrência Condições Monopólio Um fornecedor Duopólio Dois fornecedores Concorrência monopolista Muitos fornecedores; produtos diferenciados Concorrência perfeita Muitos fornecedores do mesmo produto Monopsônio Um comprador; muitos fornecedores Conforme o quadro apresentado, a extensão da concorrência pode variar de um fornecedor, no caso do monopólio, a muitos fornecedores, no caso da concorrência perfeita. Em uma situação de monopsônio, embora existam muitos fornecedores de certos produtos ou serviços, há apenas um comprador. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) esclarecem que a ideia convencional de compras defende a crença de que o monopólio é ruim e a concorrência é boa. Atualmente, a crença é geral em que as denominadas economias de escala não são tão grandes como originalmente anunciadas e que as respostas às demandas mutantes do cliente dificultam o padrão de eficiência desejado pelas organizações maiores. Muitos compradores acreditam que existem custos desnecessários a serem eliminados do preço se for possível trabalhar em parceria com os fornecedores. Trabalhando em conjunto, podem eliminar os custos desnecessários da cadeia de suprimentos. Isso é possível ser atingindo pelos seguintes meios: Redução do número de fornecedores da cadeia de suprimentos; Desenvolvimento conjunto de novos produtos; Trabalho com fornecedores responsivos; Uso de bancos de dados integrados; Orientação de fornecedores-chave. Constata-se que as grandes organizações de compras japonesas estão mais preocupadas em selecionar fornecedores comprometidos com políticas de melhoria contínua e eliminação de custos desnecessários do que com o preço inicial de um produto ou serviço. Acreditam que a parceria de suprimentos correta e o trabalho em conjunto com fornecedores durante determinado período de tempo proporcionam redução de preços pela eliminação de custos e de práticas ineficientes que não agregam valor para o cliente. Dessa forma, enquanto o mecanismo de preço e as condições de mercado podem determinar os preços globais, desde que compradores e fornecedores trabalhem em conjunto, existe a eliminação de custos desnecessários, redução de preços ou aumento do lucro. 12.1.3 Ciclo de vida do produto e preço Considera-se que todos os produtos atravessam um ciclo de vida de cinco fases de desenvolvimento, quais sejam: Introdução, Crescimento; Desenvolvimento; Saturação; Declínio eventual. A política de preços pode variar fortemente, dependendo da fase atingida pelo produto em seu ciclo de vida. Explica Leite (2009) que frequentemente os preços podem ser alterados nos estágios iniciais do ciclo de vida do produto. Em razão da capacidade de produção limitada, as organizações de vendas podem adotar políticas de desnatação, cobrando preços altos por tempo limitado, mas, à medida que a capacidade aumenta e outros fornecedores oferecem produtos similares, elas passam a adotar preço de penetração mais baixo para ampliar a participação no mercado. Dessa forma, os compradores percebem grandes diferenças de preço durante os ciclos de vida dos produtos. 12.1.4 Preço e custo de produção O preço embasado no custo é amplamente utilizado. Os compradores podem estar em condições de insistir para que os preços sejam justificados por evidência de custo quando os bens são produzidos especificamente para atender as suas exigências. Muitas vezes os contratos com cláusula de custo mais lucro são usados quando o trabalho é difícil de ser orçado. O preço final a ser pago por tais contratos é formado pelo custo real incorrido mais determinado lucro, que pode ser uma porcentagem sobre o custo ou um lucro-alvo com incentivos. O preço mark-up, amplamente utilizado na área do varejo, acrescenta uma porcentagem sobre o custo de compra para se chegar ao preço de venda. A porcentagem de mark-up varia com os produtos de giro rápido. Conforme adverte Leite (2009), o custeio não pode ser uma ciência exata. Independentemente dos custos variáveis, que se alteram em proporção com a quantidade produzida, ocusto de produção deve incluir uma contribuição para as despesas indiretas e o lucro. Em longo prazo, a receita de vendas deve cobrir o custo total do negócio e deixar algum lucro, muito embora, em curto prazo, a empresa com pouco trabalho possa aceitar preços que não cobrem plenamente as despesas indiretas, apenas para manter os funcionários e a fábrica ocupados. Há outras razões que explicam por que alguns produtos podem ser vendidos com prejuízo, como exemplo, para liquidar o estoque, tirar concorrentes do negócio ou entrar em novo mercado. Contudo, na grande maioria das vezes, os preços devem cobrir as despesas indiretas e proporcionar algum lucro. FIGURA 35 – PREÇO Fonte: Disponível em: <http://www.joaobem.biz/blog/wp-content/uploads/2008/09/preco-design-custo.jpg> Acesso em: 13 jun.2010 12.1.5 Preço e valor percebido Outro fator importante presente nas decisões de preço relaciona-se à forma como os clientes valorizam a oferta. Uma oferta de mercado de um fornecedor pode incluir, além do próprio produto, vantagens como confiabilidade, durabilidade, bons serviços e pronta entrega. O preço de valor percebido, então, está baseado na percepção do cliente sobre o valor relativo e não do custo. Ressalta-se que, quando se examina o ciclo de vida do produto, clientes diferentes têm ordens de prioridade diferentes e alguns estão dispostos a pagar mais do que outros por determinado produto. Este fato é explorado quando se utiliza preços de desnatação para novos produtos. Um preço elevado é estabelecido inicialmente para recuperar os custos de desenvolvimento e colher o maior benefício antes da entrada de concorrentes. Após retirar a nata do mercado, o preço é reduzido para atingir setores mais amplos do mesmo. Uma política de preço totalmente diferenciada estabelece um preço baixo desde o início para o produto obter máxima penetração no mercado. Isso leva, então, a um custo de produção baixo decorrente da economia de escala e estabelece uma posição de mercado dominante que dificultará o ataque de concorrentes. Conforme destaca Leite (2009), estas não são as únicas alternativas de fixação de preço para um novo produto. Frequentemente, os fornecedores de bens industriais preferem estabelecer um preço que possa ser mantido por um período considerável de tempo; o lucro necessário será obtido durante todo o período, parcialmente em razão de a maioria dos clientes preferirem esta prática. 12.2 COMO OS COMPRADORES OBTÊM PREÇOS Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) explicam que existem quatro métodos amplamente utilizados para a comunicação dos preços: Disponibilidade de uma lista de preços; Os preços são cotados por solicitação, tomando-se por base uma lista de preços não disponível para os clientes; As cotações baseadas em estimativas especialmente preparadas são atendidas por solicitação; Os preços são cotados em propostas “lacradas”. Os preços podem também ser determinados por processo de negociação. Para os bens não padronizados, como os fabricados sob especificação do comprador ou desenhados pelo fornecedor, sob encomenda, não pode haver lista de preços pré-preparada. De fato, os preços finais nos quatro métodos mencionados podem estar sujeitos a um grau de negociação. Esclarece-se que as listas de preços estão disponíveis para muitos artigos padronizados, como pequenas ferramentas, lâmpadas e itens de pouco valor. São comumente utilizadas para bens vendidos por atacadistas e distribuidores industriais. Frequentemente, estão sujeitas aos descontos. 12.3 DESCONTOS Atualmente, existem diferentes critérios de descontos proporcionados pelos fornecedores. Qualquer tentativa de identificá-los e descrevê-los estaria sujeita a erros. Porém, a identificação das principais categorias de descontos e alguns exemplos em cada categoria facilitam esta compreensão. A figura a seguir demonstra um pequeno resumo que pode ser autoexplicativo. QUADRO 33 – PRINCIPAIS CATEGORIAS DE DESCONTOS PROPORCIONADOS PELO FORNECEDOR FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) 12.3.1 Prazo de pagamento Observa-se que muitos fornecedores estão preparados para oferecer descontos se o cliente não os deixar aguardando o dinheiro. Tais descontos podem ser para pagamento em espécie ou em cheque ou para pagamento até determinada data. Consiste numa prática comum alguns clientes insistirem em desconto para pagamento à vista, mesmo quando ele não é oferecido pelo fornecedor. Isso é muito comum no setor de varejo em larga escala. Sem dúvida, é natural um fornecedor que espera ser pressionado dessa maneira aumentar os preços de seus produtos ou serviços para manter sua margem até o desconto. Muito que provavelmente, torna-se desnecessário destacar que a organização compradora está apenas em posição de insistir na pontualidade de entrega e obrigada a fazer o pagamento Descontos Prazo de Pagamento Quantidade Tipo de Cliente Especiais A vista em dinheiro A vista em cheque Prazos menores Quantidade de produtos Valor ou quantidade acumulada em determinado período Revendedor Produtor/montador Cliente preferencial Sazonais Promocionais Liquidação exatamente de acordo com o que foi tratado. Embora sem defender qualquer atraso no cumprimento de suas obrigações com o fornecedor, ela deve examinar atentamente se o desconto oferecido para pagamento antecipado vale a pena. Em muitas situações, o benefício é marginal, e quando existe, é bem provável que esteja próximo ao custo do dinheiro no mercado, como evidenciado pelas taxas de juros. 12.3.2 Quantidade Constata-se que muitos fornecedores usam descontos como incentivos para estimular o cliente a aumentar as compras de determinado produto. Os descontos desse tipo podem ser muito atraentes e devem sempre ser atentamente considerados à medida que eles refletem mais do que a simples economia de escala. Sem dúvida, em curto prazo, é arriscado comprar mais material do que o necessário, o que pode resultar em desperdício. Além disso, poderá haver custos associados ao financiamento e à estocagem temporária do excesso. Como ocorre com todos os descontos, torna-se necessária uma visão balanceada. Explica Leite (2009) que, normalmente, os descontos são concedidos pela quantidade solicitada, quando um preço menor torna-se disponível se o pedido for superior a determinada quantidade do material. O valor monetário do pedido pode substituir a quantidade e em alguns casos o valor ou a quantidade pode ser acumulado durante determinado período de tempo, e receber um desconto cumulativo. 12.3.3 Tipo de cliente Constata-se que os descontos podem ser oferecidos conforme o tipo de cliente. Cita-se como exemplo: se o fornecedor vende a um distribuidor ou a outro intermediário, é provável que ele conceda algum tipo de desconto. Isso ocorre em razão de o intermediário participar do processo de distribuição dos produtos do fornecedor. Caso o material seja adquirido para fazer parte do produto do cliente, torna-se apropriado ao fornecedor conceder determinado desconto em reconhecimento do fato de o comprador assumir o papel de distribuidor. Em muitas situações, os clientes especiais recebem descontos não concedidos a clientes comuns. Esse status pode surgir de fatores como acordos de reciprocidade, tempo de fidelidade, participação do mesmo grupo de empresas ou desejo do fornecedor de expandir suas vendas em um setor específico do mercado. 12.3.4 Descontos especiais Observa-se que muitos descontos são classificados como especiais. Frequentemente, ocorrem em casos de sazonalidade. Os descontos promocionais e as ofertasespeciais, comuns no mercado de bens e consumo, são empregados pelas mesmas razões que são concedidas na venda às organizações. Um desejo de aumentar a conscientização de uma marca ou produto ou de ampliar a participação no mercado pode vir a ser resultado na concessão de descontos atraentes em curto prazo. 12.4 ANÁLISE DE PREÇOS E DE CUSTOS Explicam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) que alguma forma de análise de preços é utilizada nas cotações. Em algumas vezes, a análise de custos, técnica mais especializada, é preferível, por exemplo, em negociações de preço baseado no custo. A análise de preços tenta determinar se o preço oferecido é apropriado. Este preço pode ser comparado com outras ofertas, com o preço para pagamento antecipado, abatendo-se o desconto respectivo, se aplicável, e com os preços cobrados por alternativas que podem substituir o produto ou serviço em questão. Constata-se que os compradores especializados lidam diariamente com preços e acumulam as informações apropriadas para enfrentar qualquer negociação. Quando consideram algo que não ocorre regularmente, como um contrato de construção, baseiam-se em preços recentemente cotados para construções comparáveis. Quando várias cotações são recebidas, alguns preços estarão acima e outros abaixo da média. Qualquer preço bem abaixo da média deve ser cuidadosamente examinado. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) ressaltam que quando um fornecedor está com pouco trabalho, ele pode cotar um preço para cobrir a mão de obra direta e o custo dos materiais, sem apropriar alguma contribuição para os custos indiretos e o lucro. Aceitar tal oferta pode ser benéfico para ambas as partes; porém, é prudente procurar saber por que o fornecedor está com pouco trabalho. Os preços baixos podem também ser cotados como oferta especial para conquistar novos clientes. Isso pode ser considerado uma compreensão do comprador pelo risco incorrido ao mudar para uma fonte de suprimentos ainda não experimentada. E mais, o desenvolvimento de relacionamentos comerciais em longo prazo com fornecedores habituais importa mais do que um preço baixo, mas isso não exclui todas as ofertas especiais. A organização compradora pode ficar satisfeita com uma redução imediata de custo, mas pode também exigir que o fornecedor melhore ainda mais sua oferta no ano seguinte. Isso pode ser superado se estiver claro que as ofertas especiais não podem ser consideradas permanentes. Os preços baixos podem também ser cotados por erro ou incompetência. Os fornecedores devem ter oportunidade de corrigir seus erros ou de desistir da licitação se sua oferta estiver muito fora da faixa normal de variação. A insistência em um contrato desse tipo pode levar o fornecedor a falência ou a não conclusão do acordo e, assim, eventualmente, a maiores custos para a organização compradora. Explica Leite (2009) que os preços altos podem ser cotados como uma alternativa educada de um fornecedor recusar pedidos por não possuir capacidade de produção ou por seus estoques já estarem vendidos. Os compradores não devem eliminar tais fornecedores, um vez que eles podem ganhar outras cotações se as condições mudarem. Os preços altos podem também ser cotados se melhor especificação, mais serviços, maior agilidade de entrega, dentre outros, forem oferecidos. Obviamente, tais ofertas devem ser consideradas com cuidado. O objetivo do comprador passa a ser a melhor compra e não o menor preço. Conforme esclarecem Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), a análise de custos considera os preços de maneira bastante diferente da análise de preço: examina apenas um aspecto: como o preço cotado relaciona-se ao custo de produção. Quando grandes valores monetários estão envolvidos, considerável análise de custos é necessária – o departamento de compras pode requisitar funcionários em tempo integral ou analistas de custos. Estas pessoas estão bem qualificadas para calcular como os departamentos de venda dos fornecedores chegam a um preço final; elas têm as mesmas qualificações, experiência de engenharia e conhecimento de custeio dos fornecedores, além do conhecimento de especialistas em diferentes processos de produção. Comumente, os compradores solicitam aos fornecedores incluir em suas cotações o custeio detalhado de suas operações. Nota-se que alguns são relutantes em fazer isso, mas, se algum fizer, os demais terão dificuldade se não acompanhá-lo. Dessa forma, as diferenças entre o custeio de um fornecedor e a análise de custos do comprador podem ser examinadas individualmente para se chegar a um quadro mutuamente aceito. A análise de custos é também utilizada pela administração de compras para estabelecer alvos de negociação para seus compradores. Na concepção de Leite (2009), a análise de custos é uma técnica útil para manter a realidade dos preços na ausência de concorrência efetiva. Concentra a atenção nos custos que devem ser incorridos antes de o trabalho ser realizado, em vez de examinar os custos realmente incorridos após a conclusão do trabalho. 12.4.1 Custo de aquisição estratégica Observa-se que a crescente preocupação atual está sendo dirigida ao custo de aquisição estratégica em longo prazo. Essa abordagem de custeio está relacionada ao preço de um produto ou serviço em longo prazo quando comprador e fornecedor trabalham juntos para eliminar os custos desnecessários da cadeia de suprimentos. Ao avaliar o preço em questão, deve-se indagar se todos os custos foram incorporados. Por exemplo, os custos de lead time ou os problemas de capacidade de produção do fornecedor foram considerados? E os recursos e apoio extras destinados aos mesmos no caso de surgimento de problemas? O que foi considerado um bom preço, repentinamente, pode passar a não ser atraente se ocorrerem fatos inusitados. Definem-se os custos de aquisição como aqueles envolvidos na movimentação do produto de um fornecedor à organização compradora. Não se limitam aos custos embutidos no preço de aquisição e ao frete, mas compreendem todos os demais custos para a consecução adequada dessa atividade considerando, por exemplo, qualquer problema de qualidade ou entrega. Percebe-se que, atualmente, maior número de organizações compradoras estão tentando mensurar estes custos que, com frequência, são mais representativos do que o próprio preço. Conclui-se afirmando que tradicionalmente o comprador vem sendo obrigado a concentrar sua atenção no preço. Atualmente, ao trabalhar próximo de seus principais fornecedores, concentrando-se na eliminação dos custos desnecessários da cadeia de suprimentos, os preços podem ser consideravelmente reduzidos. Tal iniciativa exige que a transparência dos custos e os custos de aquisição estratégica tornem-se parte do dia a dia do comprador. 13 NEGOCIAÇÃO DE COMPRAS Considera-se como relevante na atuação do executivo de compras a habilidade da negociação. Esta pode envolver o relacionamento com uma ou diversas fontes de suprimentos. Ressalta-se que ela pode ser conduzida individualmente ou em equipes de negociadores, representando interesses diferentes; pode ser conduzida por telefone, em questão de minutos ou levar muitos anos para ser concluída. Destaca-se também que as negociações não estão necessariamente confinadas ao relacionamento comprador-vendedor. Muitas das negociações de compras ocorrem em base intraorganizacional, envolvem a conciliação das visões de funcionários e colegas dos fornecedores. A seguir, será explorada a natureza da negociação e se darão algumas orientações quanto a sua prática. 13.1 NEGOCIAÇÃO Existem muitas tentativas de definir negociação. Uma delas, define Novaes (2009), consiste no “conversar com outras pessoas para chegar a um compromisso ou acordo”. Para Alvarenga (2008), refere-se ao processo pelo qual sebuscam condições de obter o que se deseja de alguém que deseja algo de nós. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) destacam que existe estágio na negociação outros significados que não diretamente relacionados a sua conotação de barganha. Porém, a negociação de barganha é vista como um processo para se chegar a determinado acordo. Não se deve esquecer de que existem outras formas alternativas de se chegar a um acordo que não envolve negociações e que são apropriadas e eficazes em circunstâncias especiais. A negociação também aparece de forma significativa nas trocas de valor e de novas maneiras de se fazer negócios. FIGURA 36 – NEGOCIAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://mundosebrae.files.wordpress.com/2008/08/negociacao.jpeg> Acesso em: 13 jun. 2010 13.1.1 Características do negociador Para Ballou (2008), são três os critérios que fazem relação aos negociadores bem- sucedidos: Devem ser considerados eficazes por ambos os lados; Devem ter uma trajetória significativa de sucesso; Devem ter baixa incidência de fracasso de implementação. O autor destaca fatores comportamentais e interativos como “imagem”, integridade, posição social e autorrealização. Para Ballou (2008), a solução de interesses conflitantes por meio da negociação é motivada pelos seguintes fatores: A personalidade individual precisa de negociadores; A compatibilidade de personalidade dos negociadores representando as partes opostas; As percepções dos negociadores e as expectativas do oponente – suas forças e fraquezas, intenções e metas e comprometimento com as posições; Os mecanismos persuasivos empregados para modificar as posições de barganha e os valores do oponente para chegar a uma convergência de interesses mais favoráveis; Considera-se que o negociador habilitado necessita estar consciente das muitas variáveis que podem estar presentes numa negociação. Além disso, para ser bem-sucedido, ele necessita estar preparado para aplicar as habilidades relevantes em todas as fases do processo de negociação. FIGURA 37 – NEGOCIAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://4.bp.blogspot.com/_20WvpA48- jg/SFmjI3xZxnI/AAAAAAAAAGA/7udXF72O00E/s400/negociacao.JPG> Acesso em: 13 jun. 2010 13.1.2 Alternativas de negociação Donato (2009) apresenta algumas alternativas referentes à negociação: 1. Persuasão: estimular o outro lado a aceitar os méritos de uma situação específica sem fazer nenhuma concessão; 2. Aceitação: concordar perfeitamente com o que o outro lado oferece; 3. Coerção: insistir em que o outro lado atenda a suas demandas; 4. Solução de problema: remover a diferença, de forma que não haja necessidade de negociação. Atualmente é possível observar uma diversificada bibliografia sobre a teoria e a prática da negociação. Aqui será apresentado, sumariamente, um método de negociação com base na síntese destas ideias. Frisa-se que ao usar este modelo, não se está divulgando sua excelência sobre os outros. Ele é apenas apresentado como uma estrutura para discussão. Os vendedores, compradores necessitam ser proeficientes em habilidades como fazer perguntas inteligentes, ouvir, interpretar as tendências da negociação, planejá-las e assegurar a implementação de um acordo. Eles necessitam também ser hábeis em analisar e interpretar as informações e ser conscientes dos perigos de levantar hipóteses infundadas. Já que a negociação consiste num processo interpessoal, eles necessitam conhecer algo sobre o comportamento, as necessidades e a motivação humana: necessitam desenvolver a interatividade. FIGURA 38 – NEGOCIAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.ibecc.com.br/programacao-parana/programacao-parana/1executivos7.jpg> Acesso em: 14 jun. 2010 13.1.2 Três fases da negociação O processo de negociação pode ser conceituado como três fases principais, conforme especificado a seguir: QUADRO 34 – FASES BÁSICAS DA NEGOCIAÇÃO FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) Fase Preparatória Fase de Reunião Fase de Implementação do Acordo A primeira das três fases consiste na preparatória, quando a informação é analisada, os objetivos estabelecidos e as estratégias desenvolvidas. Já a fase da reunião envolve o processo de discussão, a coleta e a análise de outras informações e o acordo das partes. E no estágio final, compreende a implementação do acordo das organizações representadas na fase anterior. Conforme destacam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), este é um modelo simples. Independentemente de outros elementos da fase de reunião, a qual será posteriormente discutida, o processo de negociação pode envolver várias reuniões. Dessa forma, os objetivos devem ser definidos na fase preparatória. Novas reuniões podem envolver as discussões que levam ao acordo desejado. Em algumas situações, o acordo pode ser concluído numa reunião; já em outras, pode ser necessária uma ou mais reuniões para que isso ocorra. A figura a seguir amplia o modelo como meio de ilustrar esta situação: QUADRO 35 – FASES DA NEGOCIAÇÃO: REUNIÕES MÚLTIPLAS FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) Fase Preparatória Reunião Introdutória Reunião pós negociação Reunião de discussão Reunião de Acordo Preparação da reunião de discussão Preparação da reunião de acordo Fase da Reunião Tal modelo expandido, na concepção de Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), tem implicações mesmo quando a negociação é concluída numa única reunião. A figura a seguir exemplifica o mesmo modelo adaptado a uma única reunião QUADRO 36 – FASES DA NEGOCIAÇÃO: REUNIÃO ÚNICA FONTE: Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010). Adaptado por TAVARES (2010) Considerando-se os elementos deste modelo, algumas das principais habilidades e conceitos envolvidos serão discutidos. 13.2 FASE PREPARATÓRIA Compreende-se que uma das grandes dificuldades para os negociadores consiste na administração inadequada da fase da pré-negociação. Muitos dos gerentes reconhecem que teriam atingido melhores resultados se estivessem mais efetivamente preparados. Constata-se que os bem- sucedidos têm administrado de forma adequada a fase de pré-negociação. Ressalta-se que nem todas as organizações necessitam da mesma preparação, e o tempo a ela destinado dependerá da complexidade da negociação e de sua importância para a organização em questão. Cada gerente de compras deve decidir, em cada situação, o tempo a ser destinado para a preparação. Fase de pré- negociação Fase de Reunião 1- Estágio Introdutório 2- 2- Estágio de discussão. 3- Estágio de Acordo Fase de pós- negociação Conforme destacam Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), em casos que envolvem relacionamentos em longo prazo, por exemplo, com fornecedores-chave, pode-se argumentar que a preparação é contínua. 13.2.1 Características da preparação Godoy (2008) destaca três considerações principais na fase de preparação da negociação: 1. O que se deseja? Para o autor, esta pergunta não é fácil de ser respondida e, em princípio, pode-se ter apenas uma vaga ideia do que se deseja. Os desejos podem não estar claros até se entrar em discussão com o outro lado da negociação. Eles podem incluir: a) Preço menor; b) Melhor relacionamento; c) Maior desconto; d) Entrega mais rápida; e) Mudanças na qualidade. Constata-se que a faixa das variáveis da negociação é mais ampla na maioria dos relacionamentos comprador-vendedor ou nas transações. 2. Quão valioso é cada um dos desejos? a) Pronta entrega = prioridade alta; b) Preço menor = prioridade média; c) Mudanças na qualidade = prioridade baixa.3. Quais os pontos de entrada e saída? O ponto de entrada consiste na proposta inicial. Uma vez que esta é exposta, é improvável que se melhore, uma vez que a sua preparação, obviamente, requer imaginação cuidadosa. Já o ponto de saída consiste na posição de abandoar a negociação. Torna-se desejável que ele seja identificado e entendido na fase preparatória apenas para evitar a entrada em uma barganha que possa ser lamentada mais tarde. 13.2.2 Coleta de informações As informações exigidas para a preparação de qualquer negociação será exclusiva para cada situação. O gerente de compras necessita julgar a qualidade das informações que serão coletadas. Independentemente dessas duas considerações, haverá também restrição de tempo para a colega de dados. Em parte, isso resultará dos recursos alocados à tarefa, e, principalmente, do tempo disponível para a negociação. Já o tipo de informação coletada para a fase de preparação dependerá das circunstâncias em torno da negociação. Porém, as questões seguintes são comumente feitas pelo negociador a si ou a seus colegas numa negociação de compras: 1. Acordo atual (quando existe) Qual a duração do acordo atual? Qual o histórico financeiro em relação às transações das partes? Que dados de custos estão disponíveis? Como tem sido o desempenho de entrega do fornecedor? Como tem sido sua qualidade? Que disputas surgiram durante o período de contrato? São pertinentes no que diz respeito à negociação? Em que data o acordo deve ser fechado? Com quem se estará negociando? 2. Alguns assuntos de especificação O fornecedor recebeu a oportunidade de melhorar o valor na especificação? Que aspectos da especificação são críticos? O que pode ser mudado para se realizar a mesma função? Como a conformidade à especificação pode ser medida? Quem fará essa medição? Quando? Quando o item é especial, é possível substituí-lo por um padronizado? 3. Alguns assuntos de entrega Com que frequência se deseja a entrega do fornecedor? Em que quantidade? Como os materiais serão entregues? Quem é responsável pela embalagem? Qual o endereço da entrega? Existem restrições? 4. Alguns assuntos financeiros Em que moeda a transação é feita? Se em moeda estrangeira, qual a taxa de câmbio a ser utilizada? Que datas são importantes a esse respeito? Que condições de crédito devem ser adotadas? O fornecedor existem pagamentos parcelados? Em caso afirmativo, essas condições são negociáveis? Há desconto para pagamento antecipado? Como o desconto pode ser melhorado? 5. Alguns assuntos contratuais Quem é responsável pelo seguro? Qual o nível de cobertura? O que envolve? As exigências alfandegárias são claramente declaradas? O método de transporte foi escolhido satisfatoriamente? As condições de compra delineiam claramente a responsabilidade pelos custos envolvidos? Suas exigências administrativas foram claramente declaradas e entendidas? 6. Alguns assuntos pessoais Com quem se está negociando? Que se sabe sobre eles? Se uma equipe estiver envolvida, quem a compõe? Essas peças têm autoridade para fechar um contrato? Quais dessas pessoas são responsáveis pelo cumprimento das condições contratuais? Quais pessoas na fábrica ou escritório do fornecedor são os contratos- chave? Quais participantes da equipe estão envolvidos? Quem é o líder? 7. Alguns assuntos gerais Quais as forças e fraquezas? Quais as forças e fraquezas da outra parte? Qual a direção do acordo a ser negociado? Que dados publicados estão disponíveis? Qual a atual posição contratual? Qual o prazo de duração do contrato? Quais os principais assuntos? Que hipóteses foram levantadas? Que informação é necessária para testar as hipóteses? Após serem organizadas e analisadas as informações relevantes, torna-se necessário: I. Estabelecer objetivos para a(s) próxima(s) negociação(ões); II. Desenvolver estratégias/táticas para atingir esses objetivos; III. Preparar dados relevantes de fácil referência; IV. Se mais de uma pessoa estiver envolvida na negociação, deve-se desenvolver um método de trabalho que seja entendido e aprovado por todas essas pessoas; V. Fazer os arranjos necessários para a fase da reunião. 13.2.3 Objetivos Considera-se que os objetivos significativos são essenciais para o sucesso das negociações. Porém, a experiência mostra que, raramente, eles são expressivos e claramente definidos. Tal falha tem sido particularmente prejudicial nas negociações em equipe, em que a ambiguidade tem levado a confusão, a destruição da solidariedade de seus membros ou ao fracasso de determinada abordagem tática. Explica Alvarenga (2008) que, quando os objetivos são adequadamente refletidos, representam um guia de orientação nas mãos dos gerentes. Sua aceitação servirá para assegurar que as pessoas envolvidas saibam: O que deve ser realizado; Em que suposições esses objetivos são baseados. Ressalta-se que os objetivos estabelecidos estarão baseados em uma avaliação da situação, conforme as informações de mercado disponíveis. 13.2.4 Estágio introdutório Constata-se que os negociadores bem-sucedidos no estágio introdutório tendem a dedicar esforço considerável para: Estabelecer uma atmosfera que a conduza ao acordo. Isso pode incluir: o intercâmbio social, dando a impressão de se desejar trabalhar numa meta mutuamente vantajosa; os arranjos físicos do local; a redefinição das áreas de acordo para evitar situações desgastantes. Validar as suposições; Testar a outra parte em termos de disposição e colaboração ou de propensão a se opor; Identificar os problemas e o peso a eles atribuídos pela outra parte; Tentar assegurar se qualquer nova informação será introduzida pela outra parte. 13.3 FASE DA REUNIÃO Observa-se que a maior parte do tempo da negociação após sua preparação é destinada ao estágio de debate. Primeiramente, nesse estágio, entre outras coisas, procuram-se testar as suposições e identificar o que o outro lado deseja. Durante o estágio da reunião, há discussão e argumentação. Sugere-se que se deva manter esse objetivo durante esta etapa. Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) ressaltam alguns elementos a serem considerados nesta etapa: O debate, embora normal no processo de negociação, pode também obstruir ou levar o acordo ao impasse se não for corretamente administrado; Deve-se evitar debate destrutivo, atacando e ofendendo o outro lado; Podem-se fazer resumos regulares durante este estágio, o que evita confusões posteriores; Se o outro lado não possuir uma agenda, deve-se sugerir uma; Deve-se tentar estabelecer rapidamente uma comunicação com o outro lado, observando-se as sinalizações ou a linguagem corporal indicativas de como o outro lado se sente e deseja proceder. 13.3.1 Barganha O estágio da barganha consiste no ponto em que se definem os termos específicos em que se estabelece a posição da negociação. Tanto a condição quanto a oferta são negociadas nesta etapa. Ressalta-se que neste estágio as ofertas podem não ser aceitas; podendo haver problemas que levem os dois lados de volta ao estágio de preparação. 13.3.2 Artifícios da negociação Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010) destacam que durante as discussões, é muito comum um lado usar artifícios ou táticas para tentar obter vantagens sobre o outro. Para os autores, tais táticas são de valor limitado nos relacionamentos de longo prazo. E assim explicam: Todas as táticas apresentam limitações que são identificadas por um negociador experiente; Frequentemente, a confiança em táticas pode arruinar um relacionamento em longo prazo; Astáticas, quando identificadas, podem ser mitigadas; Embora conhecer as táticas ajude a negociação, deve-se evitar confiar plenamente nelas. 13.4 ESTÁGIO DE ACORDO Ressalta-se que, se uma barganha for aceita, o acordo e as negociações estão concluídos. Seus detalhes devem registrados e levados ao conhecimento das partes interessadas. 13.5 ESTÁGIO DE PÓS-NEGOCIAÇÃO O estágio final da negociação decorre das etapas anteriores. Os negociadores bem- sucedidos trabalham para assegurar que os acordos sejam implementados. Os menos bem-sucedidos dedicam pouca atenção a isso. Pode-se afirmar que nenhuma negociação está encerrada até que o acordo passe a vigorar. Tipicamente, os negociadores experientes confirmam com a outra parte o que foi acordado. Também especificam quem deve fazer o que e quando, não apenas entre eles e a outra parte, mas também nas próprias organizações. O fracasso de desempenho sempre terá um efeito adverso sobre o relacionamento das partes. Dentre as orientações para a fase pós-negociação, elaboradas por Baily, Farmer, Jessop & Jones (2010), destacam-se: Deve-se preparar um primeiro esboço do acordo. Apesar do fato de se estar relatando honestamente o que acredita ser um bom acordo, ele será uma versão desenvolvida a partir do seu ponto de vista. Além disso, a outra parte também estará livre para preparar seu esboço. Claramente, o esboço deve ser enviado à outra parte da negociação com a solicitação de comentários e aprovação. Um trecho representativo do trabalho pode contribuir significativamente para os relacionamentos posteriores. Deve-se assegurar o cumprimento do acordo pelas pessoas da organização; Devem-se preparar contratos oficiais alinhados ao acordo; Nenhuma negociação pode ser bem-sucedida antes de se concretizar; Deve-se encontrar tempo para avaliar o desempenho, primeiro da negociação e, segundo, da implementação. 13.6 LINGUAGEM CORPORAL Na compreensão de Leite (2009), as pessoas têm desenvolvido habilidades para ocultar o que realmente sentem em determinadas situações. Dessa forma, como ocorre com os negociadores, pode-se perceber que o outro lado está sendo honesto e transparente, mas isso não pode ser verdadeiro. Pode-se também não ser o caso quando se julga que o outro lado está satisfeito. Como negociador, é necessário observar a linguagem corporal. Independentemente do que as pessoas dizem ou como realmente se sentem, isso pode, frequentemente, ser identificado pelas posturas e gestos corporais durante as negociações. O quadro a seguir exemplifica algumas dessas situações: QUADRO 37 – LINGUAGEM CORPORAL Postura Possíveis significados Inclinar-se para a frente ao fazer uma apresentação Interessado; deseja enfatizar determinado aspecto. Evitar contato visual. Pode estar em situação difícil; não está falando a verdade. Braços cruzados. Corpo virado para você. Posição de defesa; não quer se comprometer. Não está interessado. Corpo voltado para você, inclinado para a frente. Interessado; receptivo aos comentários. Absorto, olhando pela janela. Deseja deixar o ambiente ou evitar qualquer discussão. Mãos apoiando a cabeça inclinada para trás. Confiança. Mexendo o nariz regularmente com um dedo, evitando contato visual. Pode estar mentindo. Bom contato visual; dedos tocando a face. Interessado no que você está falando. Deve-se tomar muito cuidado ao interpretar a linguagem corporal. É possível cometer erros. Porém, os negociadores experientes passam a entender a linguagem corporal da outra parte após determinado tempo, o que pode contribuir para aumentar a eficácia. Destaca-se que um bom negociador deve estar atento à maneira com que as pessoas respondem e fazem perguntas. Pelo simples timbre de voz é possível identificar situações como ansiedade, impaciência, temor e concordância. 13.7 Estratégias de negociação É fato considerar que, a maneira como os compradores negociam com os fornecedores será afetada por seus interesses em longo prazo. Em relação a seus fornecedores estratégicos em longo prazo, é provável que eles considerarão a abordagem de negociação em termos de: Como ela afetará as futuras negociações. Por exemplo, a estratégia manipuladora ou tática em curto prazo às expensas do fornecedor pode prejudicar o acordo de parceria em longo prazo ; Desenvolvendo um fornecedor. Uma grande organização compradora pode fazer concessões consideráveis para influenciar e estimular o desenvolvimento de fornecedores. Porém, pode adotar um enfoque mais agressivo de negociação com alguns deles. Reduzindo a base de fornecedores. O fornecedor preferido pode receber tratamento totalmente diferenciado em relação aos outros. FIGURA 39 – NEGOCIAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.psicologia10.com.br/wp-content/uploads/2009/06/negociacao-eficaz.jpg> Acesso em: 14 jun. 2010 13.8 CONSIDERAÇÕES IMPORTANTES Negociação consiste num assunto complexo e fascinante, envolvendo diferentes variáveis. Para finalizar, destacam-se diferentes critérios para se diferenciar o negociador bem-sucedido: Planejar bem; Saber agir sob pressão; Ouvir bem; Conhecer bem as pessoas; Observar bem; Saber lidar com a confrontação; Ter julgamento sólido sobre o negócio; Evitar excessos; Ter ideias criativas; Estar comprometido com a causa uma vez estabelecida; Ter habilidade para lidar com o risco; Ter habilidade para responder a perguntas; Ter aspirações elevadas; Saber lidar eficazmente com o tempo. Por fim, conclui-se este conteúdo com algumas sugestões práticas embasadas nas experiências de negociadores de sucesso: A negociação envolve troca de interesses e não concessão; Troque sempre algo por algo; Lembre-se de que, se você auxiliar alguém, também será auxiliado; Deve-se tentar disciplinar a outra parte colocando um preço para as exigências; Deve-se ouvir o que o outro diz; Deve-se interromper uma apresentação; Os termos de introdução podem influenciar as expectativas da outra parte, permitindo, assim, credibilidade, concessão comercial e o não temor ao impasse; A boa reputação consiste num dever para as negociações bem-sucedidas; Não se deve mentir. Porém, não existe a necessidade de revelar à outra parte assuntos que a colocarão numa posição de vantagem; Devem-se evitar muitos argumentos; é importante lembrar de que apenas propostas podem ser negociadas; Deve-se lembrar da fase da negociação em que o negociador aja apropriadamente; Deve-se evitar aceitar a primeira oferta; É aconselhável organizar uma agenda com o oponente; Devem-se testar suposições; Não se deve mudar o preço, mas sim o acordo; É aconselhável encontrar a melhor alternativa a um acordo negociado. Ela ajuda a decidir-se pelo acordo ou a desistir dele. Deve-se valorizar cada item negociável, conforme os termos apresentados pelo outro negociador; Devem-se identificar os objetivos estratégicos; Deve-se ter todo o cuidado ao usar táticas. Sugere-se empregá-las de maneira limitada. Se a outra parte se sentir prejudicada após as negociações, isso pode arruinar futuros acordos. Ao final das negociações, devem-se anotar os detalhes do acordo e pedir a aprovação da outra parte. FIGURA 40 – NEGOCIAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://www.biinternational.com.br/aluno/fsmagao/files/2010/02/imagem2.jpg> Acesso em: 15 jun. 2010 REFERÊNCIAS ALVARENGA, A. C.; NOVAES, A. G. Logística aplicada: suprimentos e distribuição física. 2. ed., São Paulo: Pioneira, 2008. BAILY, Peter J.; FARMER, David; JESSOP, David; JONES, David. Compras: princípios e administração. São Paulo: Atlas, 2010. BALLOU,R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 4. ed., Porto Alegre: Bookman, 2008. BOWERSOX, D.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimentos. São Paulo: Atlas, 2001. DAVID, Pierre; STEWART, Richard. Logística internacional – tradução da 2. ed. norte-americana. Cengage Learning, 2008. DONATO, Vitório. Logística verde: uma abordagem socioambiental. Rio de Janeiro: Ciência Moderna, 2009. FAGUNDES, Augusto Garcia. 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