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Gestão de Compras Professor Esp. Heider Jeferson Gonçalves Reitor Prof. Ms. Gilmar de Oliveira Diretor de Ensino Prof. Ms. Daniel de Lima Diretor Financeiro Prof. Eduardo Luiz Campano Santini Diretor Administrativo Prof. Ms. Renato Valença Correia Secretário Acadêmico Tiago Pereira da Silva Coord. de Ensino, Pesquisa e Extensão - CONPEX Prof. Dr. Hudson Sérgio de Souza Coordenação Adjunta de Ensino Profa. Dra. Nelma Sgarbosa Roman de Araújo Coordenação Adjunta de Pesquisa Prof. Dr. Flávio Ricardo Guilherme Coordenação Adjunta de Extensão Prof. Esp. Heider Jeferson Gonçalves Coordenador NEAD - Núcleo de Educação à Distância Prof. Me. Jorge Luiz Garcia Van Dal Web Designer Thiago Azenha Revisão Textual Beatriz Longen Rohling Carolayne Beatriz da Silva Cavalcante Geovane Vinícius da Broi Maciel Kauê Berto Projeto Gráfico, Design e Diagramação André Dudatt 2021 by Editora Edufatecie Copyright do Texto C 2021 Os autores Copyright C Edição 2021 Editora Edufatecie O conteúdo dos artigos e seus dados em sua forma, correçao e confiabilidade são de responsabilidade exclusiva dos autores e não representam necessariamente a posição oficial da Editora Edufatecie. Permi- tidoo download da obra e o compartilhamento desde que sejam atribuídos créditos aos autores, mas sem a possibilidade de alterá-la de nenhuma forma ou utilizá-la para fins comerciais. Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - CIP G635g Gonçalves, Heider Jeferson Gestão de compras / Heider Jeferson Gonçalves. Paranavaí: EduFatecie, 2022. 131 p. : il. Color. 1. Administração de material. 2. Compras. 3. Controle de Estoque. I. Centro Universitário UniFatecie. II. Núcleo de Educação a Distância. III Título. CDD : 23 ed. 658.72 Catalogação na publicação: Zineide Pereira dos Santos – CRB 9/1577 UNIFATECIE Unidade 1 Rua Getúlio Vargas, 333 Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 2 Rua Cândido Bertier Fortes, 2178, Centro, Paranavaí, PR (44) 3045-9898 UNIFATECIE Unidade 3 Rodovia BR - 376, KM 102, nº 1000 - Chácara Jaraguá , Paranavaí, PR (44) 3045-9898 www.unifatecie.edu.br/site As imagens utilizadas neste livro foram obtidas a partir do site Shutterstock. AUTOR Professor Esp. Heider Jeferson Gonçalves ● Especialista em Gestão Pública (Instituto ESAP); ● Especialista em Gestão Ambiental (UTFPR); ● Bacharel em Administração (Unespar/Fafipa); ● Bacharel em Ciências Contábeis (Unespar/Fafipa); ● Professor Formador EAD - UniCesumar; ● Professor Conteudista/Formador EAD - UniFatecie; ● Professor dos cursos de Tecnologia em Processos Gerenciais, Marketing e Administração – UniFatecie; ● Coordenador Geral de Extensão da UniFatecie. Possui experiência na área de Administração, com ênfase em Administração Pú- blica, na Educação a Distância - EaD, onde atuou como Tutor presencial do curso de Es- pecialização em Gestão Pública pela UTFPR, e em Práticas Legislativas, sendo Vereador por dois mandatos consecutivos (2005-2008 / 2009-2012). Atuou como Servidor Público em Cargo Comissionado no cargo de Chefe de Gabinete do Poder Executivo Municipal e membro de Comissões de Licitação e Contratos. Foi Coordenador dos cursos de Administração e Tecnologia em Processos Geren- ciais na modalidade presencial da UniFatecie (2018). Atualmente é Coordenador de cursos EAD e Coordenador geral de Extensão do Centro Universitário UniFatecie, pesquisador e membro do Conselho de Pesquisa e Extensão - ConPEx. CURRÍCULO LATTES: http://lattes.cnpq.br/7038635031377474 APRESENTAÇÃO DO MATERIAL Seja muito bem-vindo (a)! Prezado (a) aluno (a), se você se interessa por estes assuntos ligados a adminis- tração de empresas e logística empresarial, e mais especificamente, em questões ligadas a gestão de compras, quero lhe dizer que isso é uma ótima notícia, pois o mercado está precisando muito de profissionais capacitados e bem preparados para lidar com estas questões, e você já está dando o primeiro passo de uma importante jornada que vamos trilhar juntos a partir de agora. Convido-lhe para que juntos possamos construir o conhecimento sobre os conceitos que aqui serão apresentados, e que são fundamentais para a correta gestão das compras, sejam elas em que empresas forem, pois, comprar bem é fundamental e estratégico para a sobrevivência e sucesso de qualquer empresa. Na Unidade I, iremos iniciar nossos estudos fazendo uma Introdução a Gestão de Compras, abordando inicialmente a Logística Empresarial e a Cadeia de Suprimentos, assim como a questão da Função de Compras na empresa e sua importância. Iremos também abordar a questão da Centralização e descentralização das compras, assim como a velha dúvida que existe entre fabricar, comprar ou alugar. A questão da terceirização também será abordada nesta unidade, em que não deixaremos de fora o entendimento sobre o Core Business da empresa. Já na Unidade II, iremos focar nas Variáveis da função compras, em que veremos a importância da compra na qualidade e quantidade certa, a questão do tempo como uma variável chave e a importância da confiabilidade nas compras. Abordaremos também sobre a Especificação de materiais, a Classificação de fornecedores e a importância do Relacio- namento com os mesmos. Depois, na Unidade III, vamos estudar sobre a Gestão de Estoques, envolvendo diversos pontos relacionados a eles, como a função dos estoques na empresa, os tipos de estoques mais importantes, saber sobre os principais custos dos estoques e também as formas de controle de estoques mais utilizadas. Abordaremos também sobre Estoque Mínimo ou de segurança, assim como sobre Ponto de pedido e revisões periódicas de estoques. E por fim, na Unidade IV, vamos falar um pouco sobre Transportes, as Modalidades de transportes ou Modais, como está a Infraestrutura de transportes no país em compara- ção com outros países do mundo, a Intermodalidade e a Multimodalidade. Iremos abordar também sobre os Operadores Logísticos e sua importância para a logística, a importância da Unitização e das Embalagens. E para finalizar, trataremos um pouco sobre Estratégias e Composição de rede de Distribuição e Abastecimento. Parabéns pela escolha! Espero contribuir para seu crescimento pessoal e profissional. Te desejo sucesso e ótimos estudos! SUMÁRIO UNIDADE I ...................................................................................................... 4 Introdução à Gestão de Compras UNIDADE II ................................................................................................... 37 Variáveis da Função Compras UNIDADE III .................................................................................................. 68 Gestão de Estoques UNIDADE IV .................................................................................................. 95 Transportes 4 Plano de Estudo: ● Logística Empresarial e cadeia de suprimentos; ● A função de compras na empresa; ● Centralização e descentralização; ● Fabricar, comprar ou alugar; ● Terceirização; ● Core Business. Objetivos da Aprendizagem: ● Estudar sobre a Logística Empresarial e cadeia de suprimentos; ● Compreender a importância da função de compras na empresa; ● Conhecer sobre os processos de Centralização e descentralização; ● Analisar a decisão entre Fabricar, comprar ou alugar; ● Conhecer sobre Terceirização e Core Business. UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Professor Esp. Heider Jeferson Gonçalves 5UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras INTRODUÇÃO Caro (a) acadêmico (a), atualmente a Gestão de compras tem um papel estratégico e fundamental nos negócios e nas organizações, visto o grande volume de recursos finan- ceiros envolvidos nessas atividades, influenciando diretamente em estoques, produção, logística e no relacionamento com os clientese fornecedores. O processo de compras tem papel primordial nas organizações, nos setores pú- blico e privado, onde o ambiente externo e interno exerce forças sobre todos os setores organizacionais e exigem respostas rápidas com intensidade e força para o equilíbrio entre o que o mercado e a sociedade exigem e o que essas organizações podem realmente oferecer para atender essas demandas. Hoje a gestão de compras é vista como uma parte integrante da chamada cadeia de suprimentos (supply chain), em que muitas organizações passaram a utilizar a denomina- ção gerenciamento da cadeia de suprimentos (SCM), sendo importante para o processo de compras focado nas transações ocorridas entre os participantes do processo de compras, logística e produção. É importante destacar que a gestão dos níveis de estoques é também uma responsabilidade dos profissionais de compras, onde altos níveis de estoque geram altos custos de manutenção, gerando também muitas outras despesas com o espaço de estoque ocupado e custo do capital paralisado investido na sua aquisição. Entretanto, níveis de estoque muito baixos podem trazer sérios problemas e geração de diversos riscos, pois qualquer detalhe, nesse sentido, pode vir a prejudicar a organização por falta de materiais ou produtos para os clientes. Nesta primeira unidade de nosso material, vamos trabalhar alguns pontos im- portantes a respeito da gestão de compras, como o planejamento das compras e sua importância para as organizações, fazendo uma introdução geral, inicialmente sobre a Logística Empresarial e a Cadeia de Suprimentos, assim como a questão da Função de Compras na empresa e sua importância. Iremos também abordar a questão da Centra- lização e descentralização das compras, assim como a velha dúvida que existe entre fabricar, comprar ou alugar. A questão da terceirização também será abordada nesta unidade, em que não deixaremos de fora o entendimento sobre o Core Business da empresa. Vamos em frente, pois temos muito a aprender. Desejo a você, ótimos estudos! 6UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 1. LOGÍSTICA EMPRESARIAL E CADEIA DE SUPRIMENTOS Antes de falar qualquer coisa sobre compras, é preciso entender um pouco sobre a logística nas empresas e também sobre a cadeia de suprimentos. Veremos que isso não é nenhum “bicho de sete cabeças”, são termos que na verdade devem estar em seu dia-a-dia se você já trabalha em uma empresa, e que cada vez mais serão comuns em nossas vidas, pois são extremamente essenciais nos dias de hoje. O que encontramos com muita facilidade no mundo corporativo hoje em dia, é que logística e cadeia de suprimentos (ou supply chain) são termos bastante familiares, mas que, ainda, existem muitas dúvidas sobre a extensão de cada um desses conceitos. Sendo assim, podemos dizer que a logística abrange processos mais relativos ao transporte e ao armazenamento de materiais, mercadorias, matérias-primas, produtos e insumos. É papel da logística garantir que o bem vá do fornecedor à empresa e da empresa para o consumidor final, com rapidez, segurança e baixos custos, mas levando em conta as necessidades internas da organização. Ela também diz respeito à movimentação de produtos e matérias-primas durante o processo de produção, ou seja, dentro das indústrias de transformação. A logística teve sua interpretação inicial ligada à estratégia militar, onde o termo “logística” foi usado, conforme definições do dicionário Aurélio, para identificar as atividades militares de aquisição, transporte, estocagem e manutenção de materiais, equipamentos e pessoal, relacionada a movimentação e coordenação de tropas, armamentos e munições 7UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras para os locais necessários. Desta forma, o sistema logístico foi desenvolvido com o intuito de abastecer, transportar e alojar tropas – propiciando que os recursos certos estivessem no local certo e na hora certa. A palavra ainda foi utilizada inicialmente pelos franceses “logistique” com origem no latim “logisticus”, relativo à razão. Portanto, fica claro que os objetivos da logística são de tornar disponíveis os produtos e serviços corretos e necessários, no tempo certo, no lugar certo, nas condições adequadas, em que, ao mesmo tempo produz a maior contribuição possível para a organização. Vamos trazer aqui uma definição de logística, na verdade, vamos utilizar a definição oficial oferecida pelo Council of Logistics Management – CLM dos Estados Unidos (a maior organização de logística do mundo), a qual é uma das definições mais divulgadas e utiliza- das em todo o mundo sobre logística, em que diz: Logística é o processo de planejar, implementar e controlar eficientemente, ao custo correto, o fluxo e armazenagem de matérias primas, estoques du- rante a produção e produtos acabados, e as informações relativas a estas atividades, desde o ponto de origem até o ponto de consumo, com o propósi- to de atender aos requisitos do cliente (BOWERSOX e CLOSS, 2006, p. 46). Segundo Ballou (1998), a logística estuda como a administração pode prover me- lhor nível de rentabilidade nos serviços de distribuição aos clientes e consumidores, através de planejamento, organização e controle efetivo para as atividades de movimentação e armazenagem que visam facilitar o fluxo de produtos. Já para Pires (1999), a logística engloba o processo de planejamento, implementa- ção e controle da eficiência, custos efetivos de fluxos e estoque de matéria-prima, estoque circulante, mercadorias acabadas e informações relacionadas do ponto de origem ao ponto de consumo com a finalidade de atender aos requisitos do cliente. Novaes (2007) comenta que a Logística moderna procura coligar todos os elemen- tos do processo – prazos, integração de setores da empresa e formação de parcerias com fornecedores e clientes – para satisfazer as necessidades e preferências dos consumidores finais. Aqui podemos ver o quanto a logística é importante para as empresas em geral, mas principalmente para o processo de compras. O gerenciamento da cadeia de suprimentos é muito mais amplo, pois envolve pesquisa de fornecedores, pesquisas de satisfação, controle de inventários, de qualidade e também o planejamento das compras, de forma estratégica, envolvendo também os pró- prios processos logísticos, como uma grande corrente de entes envolvidos e processos, em que segundo o autor Bertaglia (2009): 8UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras A cadeia de abastecimento ou suprimento, corresponde ao conjunto de pro- cessos requeridos para obter materiais, agregar-lhes valor de acordo com a concepção dos clientes e consumidores e disponibilizar os produtos para o lugar (onde) e para a data (quando) que os clientes e consumidores os dese- jarem (BERTAGLIA, 2009, p. 05). Nesse contexto, vemos que a gestão da cadeia de suprimentos é na verdade um processo estratégico de extrema importância, pois trata de muitos fatores essenciais para a empresa, como previsão da demanda para futuras compras e necessidades correlatas, as- sim como o fluxo dos materiais, estudo das informações financeiras e suas movimentações, a seleção dos fornecedores e contratos, a necessidade de criação de novas instalações como fábricas, centros de distribuição e armazéns, os relacionamentos com os clientes, assim como questões externas mais amplas como a própria sociedade, a economia e o meio ambiente. Para Novaes (2007, p. 40) o Supply Chain Management “é a integração dos pro- cessos industriais e comerciais, partindo do consumidor final e indo até os fornecedores iniciais, gerando produtos, serviços e informações que agreguem valor para o cliente”. Vejamos abaixo, a figura que mostra como funciona uma cadeia de suprimentos (Supply Chain). FIGURA 1 - REPRESENTAÇÃO DA CADEIA DE SUPRIMENTOS Fonte: BALLOU, Ronald H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos: planejamento, organização e logística empresarial. 4ª ed. Porto Alegre: Bookman,2001. Todo este processo de controle feito pela cadeia de abastecimento tem como facilitadora a tecnologia da informação (TI), pois a TI é para os executivos de logística uma ferramenta de melhoria da produtividade e da competitividade, onde historicamente, a comunicação era a parte falha dessa área empresarial (BOWERSOX, 2010). Dessa forma, é possível dizer que a logística seria então uma etapa técnica e es- pecializada dentro do gerenciamento de cadeia de suprimentos que é algo maior e mais complexo. 9UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras O gerenciamento da cadeia de suprimentos (supply chain) não só se preocupa com a entrega de produtos na hora e quantidade certa, mas também com parcerias, como a descoberta de fornecedores mais competitivos por exemplo, entre outras ações que devem buscar a melhoria da competitividade da empresa, através do uso da logística e a boa gestão da cadeia de suprimentos. REFLITA Atualmente é possível realizar com eficiência as atividades logísticas que envolvem a cadeia de suprimentos sem a utilização massiva da tecnologia da informação (TI)? Como seria sem o uso da TI? Fonte: O Autor (2021). Entenda melhor o conceito de cadeia de suprimentos! A cadeia de suprimentos é um conceito muito difundido, mas que ainda levanta muitas dúvidas. Existem até mesmo profissionais de logística que trabalham há anos na área que não conseguem fazer uma definição real do seu significado e, consequentemente, da sua importância. Por isso, é muito comum encontrarmos pessoas que não sabem a diferença entre logística e cadeia de suprimentos. O que é cadeia de suprimentos? A melhor maneira de compreender a definição da cadeia de suprimentos é entender a sua diferença em relação à logística. Logística Chamamos de logística tudo o que está relacionado com o movimento do produto. Ou seja, é o processo que acompanha os produtos da fábrica, por exemplo, até o seu cliente final. Normalmente, esse controle é feito de forma interna e tem como principal objetivo baratear os seus custos, sem comprometer a agilidade ou a experiência do cliente. https://cargon.com.br/blog/desafios-logisticos-no-prazo-de-entrega/ 10UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Uma curiosidade muito interessante é que a logística tem uma origem militar, mais especificamente na Era Napoleônica. Napoleão foi o primeiro líder a compreender a importância de controlar e garantir o fornecimento tanto de armas e munições quanto de suprimentos. Esse conceito, desde então, se expandiu e faz parte de toda empresa que transporta mercadorias. Cadeia de suprimentos Já a cadeia de suprimentos tem uma definição muito mais ampla e está relacionada com todos os métodos e operações ligados ao produto. Ou seja, desde a compra de maté- ria-prima até a confirmação da satisfação do cliente final com o bem adquirido. Entre esses processos, há o transporte do material, ou seja, o uso de soluções logísticas. Por isso, a logística faz parte da cadeia de suprimentos e tem papel fundamental nela! Fonte: CARGON. Entenda o conceito de cadeia de suprimentos. Disponível em: https://cargon.com. br/entenda-o-conceito-de-cadeia-de-suprimentos/. Acesso em: 15 maio. 2021. https://www.bockasjo.se/en/press/want-to-know-more/logistikens-blodiga-historia-jomen-visst-borjade-det-med-napoleon/ https://www.investopedia.com/terms/s/scm.asp https://cargon.com.br/blog/solucoes-logisticas/ 11UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 2. A FUNÇÃO DE COMPRAS NA EMPRESA Quando falamos sobre empresas, assuntos como compras, vendas, lucros ou prejuízos são sempre muito discutidos entre os gestores. Nesse ponto, acredito que todos temos a mesma consciência da importância que isso tudo significa para o mundo corpora- tivo, em que destacamos as compras. A função compras é essencial para o funcionamento de qualquer organização, pública ou privada, grande ou pequena, e de qualquer segmento. Os gestores precisam entender a importância das compras, e dominá-la para evitar futuros prejuízos. É através do planejamen- to das compras que é possível calcular o preço da venda de um produto, sendo fundamental para o sucesso organizacional, e é através deste planejamento que os gestores conseguem organizar as suas contas, tanto para receber como para pagar o que for preciso. Segundo Arnold (1999 p. 62) “a função compras é responsável pelo estabeleci- mento do fluxo dos materiais na organização, pelo segmento junto ao fornecedor, e pela agilidade da entrega”. Ao passar do tempo, a função compras passou a ser a base fundamental para a administração dos recursos materiais de qualquer organização, principalmente das empre- sas que visam lucros. 12UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras É fundamental para qualquer gestor saber que, saber comprar, gerenciar suas compras de forma que possa beneficiar sua organização, é algo determinante e estratégico tanto para a competitividade empresarial, quanto para a própria permanência da empresa no mercado, pois até mesmo pequenas economias na hora de comprar, reduções no custo das aquisições, e melhores negociações podem trazer muitos benefícios e reflexos positi- vos na lucratividade e evolução da empresa. Por isso devemos sempre manter um banco de dados de fornecedores confiável e atualizado, ter bons relacionamentos e poder de negociação com estes parceiros, estabele- cendo uma parceria baseada na confiança e ajuda mútua entre a empresa e o fornecedor. Mas não é simplesmente comprar, ou seja, o ato de fazer compras, mas também planejar as compras, pois sem planejamento as chances de acerto são reduzidas e de que as coisas deem certo, ficam muito prejudicadas. O planejamento é essencial para que a função compras tenha os resultados esperados. Então, vamos entender um pouco mais sobre planejamento e planejamento das compras. De acordo com Maximiano (2004), entende-se por planejamento a atividade de se definir um futuro desejado e de se estabelecer os meios pelos quais este futuro será alcançado, trata-se essencialmente de um processo de tomada de decisões, caracterizado por haver a existência de alternativas. Convém destacar que o Planejamento é uma função básica da administração, é fundamental para a gestão de qualquer tipo de organização, sendo a primeira das quatro funções básicas, que amplamente são conhecidas como “PODC”, que foram assim definidas por Peter Drucker, considerado o pai da Administração moderna. Vejamos na figura a seguir: FIGURA 3 - AS FUNÇÕES BÁSICAS DA ADMINISTRAÇÃO Fonte: CHIAVENATO, 2004. 13UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Para Chiavenato (2004, p. 152) “O planejamento é a primeira das funções adminis- trativas e é a que determina antecipadamente quais são os objetivos a serem atingidos e como alcançá-los” Pensando em compras, é fácil entender que sem planejamento não se consegue alcançar os objetivos na forma e com o efeito desejado, podendo até mesmo nunca alcan- çá-lo de forma satisfatória, pois não podemos fazer compras de insumos ou qualquer outra coisa ao acaso, a esmo, ou seja, pela sorte, é preciso planejar para poder comprar com mais assertividade. Por que será que justamente é o planejamento o início deste ciclo de gestão? Será que é porque não se pode chegar a nenhum lugar sem planejamento? Isso é fato! Vamos destacar que o planejamento é uma atividade contínua entre todos os níveis organizacionais, em que cada nível de planejamento apresenta suas características pró- prias para o alcance de um objetivo comum e determinado, buscando assim a excelência em compras por exemplo. Planejar bem, para comprar bem. Oliveira (2006, p. 45), caracteriza o planejamento de acordo com os níveis hierár- quicos considerados, e o distingue em três tipos de planejamento, que são citados a seguir: ● Planejamento Estratégico; ● Planejamento Tático; ● Planejamento Operacional. Vejamos a figura abaixo: FIGURA 4 - TIPOS DE PLANEJAMENTO Fonte: REIS,C. C. Tipo de Planejamento. Youtube. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=8q5CesureQA. Acesso em: 12 fev. 2019. https://www.youtube.com/watch?v=8q5CesureQA 14UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Na Gestão de Compras, planejar é essencial para atingir os resultados desejados, para reduzir custos e maximizar lucros, pois comprando melhor, vendemos melhor e obte- mos melhores resultados para a organização. Fica muito claro que, toda atividade da empresa precisa ser bem planejada para surtir efeitos positivos, e que a gestão das compras feita de modo adequado, pode repre- sentar uma economia muito significativa no final das contas, que eleva a rentabilidade da empresa, que a torna mais duradoura e sustentável. Para Chiavenato (2005), o órgão de compras, que constitui o elemento de ligação entre a empresa e o seu ambiente externo, é o responsável pelo suprimento dos insumos e materiais necessários ao funcionamento do seu sistema produtivo. Podemos dizer que uma gestão de compras bem feita prevê quando determinados itens devem ser adquiridos ou repostos, pois, se você não fizer um planejamento de com- pras correto, poderá ter sérios problemas com prejuízos financeiros e também de gestão. Por isso, um passo inicial para um bom planejamento de compras é ter uma pre- visão de vendas, variando de acordo com os prazos estabelecidos e conforme o mercado em que atua, e como próximo passo, deve-se ajustar o orçamento da organização às suas reais necessidades, pois é preciso saber exatamente o que vai comprar e quanto vai comprar, para não ter excessos e minimizar prejuízos, levando-se em conta tanto o fluxo de caixa, como os lucros projetados e as previsões orçamentárias e, logo após, é preciso fazer as compras e acompanhar o processo, verificar se tudo que foi comprado ou pedido, foi recebido de fato. Podemos destacar então, alguns passos, que para Chiavenato (2005), são essen- ciais para o processo de compras: 1. Previsão de Vendas ou consumo; 2. Ajuste orçamentário e consulta ao caixa; 3. Executar as compras e controlar recebimentos. É importante compreender também que para que um planejamento de compras seja realmente confiável, ele depende de outros planejamentos tão importantes quanto, que são por exemplo o planejamento de vendas e o planejamento de estoques. Considerando que é tão importante também o planejamento das vendas e dos estoques, e além disso as questões logísticas, o conceito de compras envolve todo o pro- cesso de localização de fornecedores e fontes de suprimento, aquisição de materiais por meio de negociações de preço e condições de pagamento, bem como o acompanhamento 15UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras do processo junto aos fornecedores escolhidos e o recebimento do material comprado para controlar e garantir o fornecimento dentro das especificações solicitadas. Em alguns casos, o órgão de compras é o intermediador entre o sistema de produção da empresa e as fontes supridoras que existem no mercado (CHIAVENATO, 2005). Portanto, as compras determinam todo o nível de relacionamento com os fornece- dores, pois envolvem os processos logísticos de localização, movimentação e suprimentos, negociação, e resultados quanto a custos, preços e lucratividade. Segundo Bertaglia (2003), comprar é o conceito utilizado na indústria com a finali- dade de obter materiais, componentes, acessórios ou serviços. É o processo de aquisição que também inclui a seleção dos fornecedores, os contratos de negociação e as decisões que envolvem compras locais ou centrais. Por mais que haja variações e diferentes tipos de compras, essa é uma maneira de saber antecipadamente a alocação dos recursos e quando o planejamento deve ser colocado em prática. Complementando essa afirmação, destacamos ainda que o objetivo das ativida- des de compras é obter e coordenar o fluxo contínuo de suprimentos de modo a atender aos programas de produção; comprar os materiais aos melhores preços, não fugindo aos parâmetros qualitativos e quantitativos; e procurar as melhores condições para a empresa (DIAS, 2008). Para Bertaglia (2003), pode-se dizer que as decisões de compras são classificadas em: a) Compras de reposição: correspondem às compras contínuas, normalmente controladas por pontos de pedido, ou seja, quando uma determinada quantidade mínima é alcançada e a reposição precisa ser efetuada. Algumas considerações relacionadas a esse tipo de aquisição são: ● reposição de itens sem modificações nos pedidos ou trabalhando com conceitos colaborativos ou contratos de entrega; ● baseado em histórico de relacionamento; ● selecionado de uma lista de fornecedores preferenciais. b) Compras modificadas: as aquisições dessa categoria incluem trocas de forne- cedores de um tipo específico de serviço ou produto. Por exemplo, a troca do parque de computadores pessoais do fornecedor A para o B, ou mesmo a troca de impressoras de um modelo por outro mais avançado ou com melhor desempenho. As características dessas compras são: 16UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras ● envolvimento moderado; ● exigência de pesquisa; e ● necessita de outras pessoas na tomada de decisão. c) Compras novas – projetos: as compras novas se referem aos tipos de aqui- sições não comuns na organização, como serviços e equipamentos especiais, como é o caso de empilhadeiras, grandes computadores, implementações de sistemas de gestão empresarial. Quase sempre, esse processo envolve muitas pessoas e requer a elaboração de projetos internos. Entre as características, estão: ● alto envolvimento; ● custo e risco elevados; ● grande número de participantes na tomada de decisão; ● a decisão incorpora especificações, pesquisa do item e de fornecedores, cota- ções, pedidos, condições comerciais e outros. Ainda segundo Bertaglia (2003), entender o comportamento de compra, de con- sumidores e de clientes empresariais, pode levar a uma vantagem competitiva e a um melhor planejamento estratégico, em que as decisões de compras de uma organização e as influências sobre elas afetam diretamente a cadeia de abastecimento, e o funcionamento da organização. O autor afirma ainda que, os estágios mais comuns em um processo de compras são os seguintes: FIGURA 5 - ESTÁGIOS DE UM PROCESSO DE COMPRAS Fonte: Bertaglia (2003). Assim, conhecemos um pouco sobre a função compras, suas principais caracterís- ticas e a importância do planejamento das compras, pois devemos sempre planejar muito bem antes de executar qualquer ação dentro de uma empresa. 17UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 3. CENTRALIZAÇÃO E DESCENTRALIZAÇÃO Lembrando que a atividade de compras é essencial para qualquer tipo de organi- zação, é fundamental definir uma estratégia de como tais compras serão realizadas. E isso faz toda a diferença nos resultados que tais organizações esperam ter por essas atividades, onde, saber comprar, ou fazer as compras de forma centralizada ou descentralizada, é uma decisão estratégica é muito importante, que as organizações precisam saber tomar no momento certo e de acordo com cada situação vivenciada por elas. Quanto a centralizar as compras, temos então a chamada “Central de compras”. Uma Central de Compras pode ser considerada como uma estratégia competitiva, quando levamos em consideração tanto as circunstâncias em que a empresa se encontra no momento, quanto ao mercado em que atua. Em muitos casos, a central de compras contribui para facilitar muitos trâmites operacionais que envolvem até mesmo outras áreas, visto que unifica processos e ajuda a simplificar os controles logísticos, e com isso gera economia de diversos recursos, pessoas, processos e principalmente de tempo, contribuin- do assim para o desenvolvimento da organização. Vejamos a seguir algumas vantagens que se destacam quando o assunto é central de compras. De acordo com Baily et al. (2000): As vantagens da centralização da atividadede compras dependem da habi- lidade com que o executivo responsável pelo trabalho usa mais eficazmente o poder de compra da empresa. Isso incluirá a consolidação das exigências, o desenvolvimento de fontes, a racionalização dos estoques, a simplificação dos procedimentos, o trabalho com fornecedores para eliminar custos desne- cessários em vantagem mútua e o trabalho com colegas para assegurar um fluxo de informações eficaz que possibilitará o atendimento dos objetivos da empresa (BAILY et al., 2000, p. 78). 18UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Toda empresa que busca manter seus custos baixos através de uma estratégia de central de compras, estará assim criando uma vantagem competitiva, pois é sabido que muitos clientes valorizam e concordam com esta prática, onde as centrais de compras geralmente são reconhecidas não apenas como uma estratégia isolada, mas a de um grupo de empresas parceiras, ou que no mínimo, fazem uso de ferramentas e ações em conjunto, unindo-se no intuito de realizarem compras de mercadorias, matérias-primas ou qualquer outro insumo em maior volume, e com isso obterem melhores preços dos fornecedores com essa estratégia. Segundo o Sebrae (1994) a central de compras funciona como uma distribuidora de produtos que têm mais chances de ter sucesso quando as empresas parceiras utilizam a mesma matéria-prima. O principal objetivo desta terceirização seria obter dos fornecedores condições de negociação iguais às das empresas que compram grandes quantidades. Ainda sobre a central de compras, o Sebrae (1994, p. 12) destaca que ela está baseada no associativismo, que seria “qualquer iniciativa formal ou informal que reúne um grupo de empresas, com o principal objetivo de superar dificuldades e gerar benefícios comuns nos níveis econômico, social e político”, onde, podemos ressaltar que a central de compras está sendo muito utilizada por empresas de pequeno porte, em que estas buscam benefícios em comum, obtendo assim maior poder de barganha. Devemos entender que comprar é uma arte! E das mais antigas. Talvez seja por isso que o mundo atual exige que o profissional de compras tenha muitas qualificações, que tenha conhecimentos dos procedimentos necessários a estas atividades, sobre as características dos materiais, e sabedoria na arte de negociar, esta por fim, é essencial para qualquer transações e negócios no mundo empresarial. Viana (2000) alerta que para a criação de uma central de compras é necessário um espírito de coletividade, onde todos devem trabalhar por um bem comum, e que ninguém deverá obter vantagens sobre ninguém dentro desta organização. Conforme Viana (2000), dentro da central de compras, podemos elencar as seguin- tes etapas: 1. determinação do que, de quanto e de quando comprar; 2. estudo dos fornecedores e verificação de sua capacidade técnica, relacionando- -os para consulta; 3. promoção de concorrência, para a seleção do fornecedor vencedor; 4. fechamento do pedido, mediante autorização de fornecimento ou contrato; acom- panhamento ativo durante o período que decorre entre o pedido e a entrega; e, 5. encerramento do processo, após recebimento do material, controle da qualidade e da quantidade. 19UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras É possível notar que uma central de compras racionaliza os custos e tem potencial para melhorar as condições da própria empresa, desenvolvendo entre os parceiros um tipo de solidariedade e força política comum, principalmente em situações onde o grupo deve fazer valer os seus direitos como empresários que são e organizados, uma forma simples de integração comercial e colaboratividade organizacional. Vista como uma das mais inovadoras técnicas de gestão, pelos inúmeros benefícios que são proporcionados por sua adoção. Embora um pouco nova, muitas empresas já têm efetuado todos os esforços para sua implantação, focando principalmente na capacitação de funcionários. Desta forma, a centralização das compras torna-se fundamental para aten- der as necessidades das empresas e do mercado. A criação de uma central de compras demonstra-se cada vez mais viável, para uma grande variedade de atividades empresariais, não importando o tamanho e nem sua forma, onde as vantagens são muito evidentes, sendo que, seu maior benefício seria a da sobre- vivência da pequena empresa no mercado contemporâneo, facilitando seu crescimento e tornando-a mais forte frente à concorrência, agregando valores a seus produtos por meio dessa junção de forças. Para Viana (2000), a centralização traz algumas vantagens, como por exemplo: ● O poder de negociação aumenta com a junção de necessidades dos vários clientes internos, reduzindo não apenas os preços unitários, como também o custo total das aquisições; ● A equipe das compras é especializada e focada em atingir os melhores preços; ● Fornecedores locais possuem menos influência no processo, permitindo uma negociação com parceiros que podem ser mais vantajosos. Além das vantagens já apontadas, existem outros benefícios proporcionados pela centralização das compras, como: otimização dos recursos e dos estoques; melhoria e controle na qualidade dos produtos/serviços; redução de desperdícios, dentre outros. Ainda segundo Viana (2000), também tem suas desvantagens: ● O tempo de aquisição não é tão ágil, devido ao excesso de processos e à burocracia; ● Existe uma certa falta de foco no cliente interno, algo que pode impactar no resultado final, pois a necessidade e a urgência do cliente interno podem não ser tão importantes para a área de compras centralizada, que tem vários clientes para atender; 20UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras ● A comunicação com o cliente interno pode falhar, o que pode gerar perda de tempo na negociação, especificações incompletas dos produtos ou seleção de fornecedo- res também incorretas, e assim, consequentemente, compras deficientes. Mas e a descentralização das compras? Deve ser ignorada? Não deve ser levada em questão? Claro que não, vejamos sobre a descentralização. As compras descentralizadas, seguem as diretrizes da empresa e estão subordina- das sempre à gestão da unidade de negócio em que estão lotadas. Seu objetivo é comprar material e serviço ao menor preço, geralmente mais específicos, ou ainda fornecidos pelo mercado local, destacando a questão ainda de serem mais urgentes. Uma característica a ser destacada, é que quando várias equipes são envolvidas no sistema de compras da empresa, indica-se as compras descentralizadas. Para Viana (2000), uma das características desse sistema é a responsabilidade de cada setor pelas compras por eles realizadas, para o funcionamento de suas próprias necessidades. Dessa maneira, as compras descentralizadas permitem uma maior persona- lização dos itens, além de garantia de que nenhum produto falte e que novas possibilidades de produtos sejam testados, em cada área de negócios da empresa. O mesmo autor ainda destaca algumas vantagens em descentralizar as compras: ● Toda responsabilidade do custo e produtividade é da equipe de compras local; ● O cliente interno tem maior controle sobre o processo, por motivo da compra ser feita localmente; ● A resposta é mais rápida, pois o cliente interno pode pressionar o comprador; ● A comunicação entre cliente interno e comprador é mais eficiente, porque traba- lham próximos um do outro; ● Os compradores locais conhecem o mercado local e mantém boas relações com os fornecedores, sempre importantes e úteis nas compras. E como desvantagens, podemos citar (VIANA 2000): ● As pressões do cliente interno e o fornecedor , podem afetar o custo final; ● Quando as prioridades do cliente interno e do comprador são diferentes, onde um quer apenas garantir que o produto/serviço fique disponível quando neces- sário e com a maior qualidade possível; e o outro tem que se preocupar ainda com o preço e com a variedade de opções de fornecedores;21UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras ● A pressão do tempo e a variedades de material/serviços a serem comprados, não permitem que a equipe se especialize numa determinada área; ● A escala de compras local não consegue arcar com salários adequados para um comprador profissional, o que pode afetar negativamente o nível de qualificação dos compradores da área e também a qualidade nas compras; Como podemos notar, todos os tipos de compras, tanto centralizadas como des- centralizadas possuem suas vantagens e desvantagens. Cabe destacar que as compras descentralizadas também permitem maior agilidade e imediatismo nas requisições de compras, pois, quando acontecer da equipe de compras sentir a falta de algum produto, é possível correr atrás desse item logo que a necessidade aparece. Mas é importante deixar claro que tal ação, exige a participação de toda a equipe do setor da empresa que estiver envolvido na necessidade da compra, onde as compras descentralizadas podem ter um efeito muito positivo na relação dos colaboradores envolvi- dos no processo, pois ao se envolverem e ser engajarem nas atividades em comum, com um objetivo específico e comum a todos, a comunicação interna fui e todos tem muito a ganhar, principalmente a organização. Mas afinal, qual é a melhor solução para compras empresariais? Centralizar ou descentralizar? A resposta é qualquer uma! Pois depende de cada situação, empresa e necessidades. O sistema híbrido ou misto pode ser uma boa opção, ou seja, centralizado e descentralizado ao mesmo tempo. Mas como isso é possível? É possível sim mesclar as duas estruturas de compras. Algumas empresas, por exemplo, deixam para a equipe de centralização de compras as de maior custo e volumes. Já as compras do dia a dia, de menor preço e volumes, são realizadas através do sistema de compras descentralizadas. Ou seja, as compras com maior valor adquirido são centralizadas e as de menor valor, para o dia-a-dia, descentralizadas. O importante na verdade está em conhecer os processos internos de compras, analisar os dados e estruturar um modelo que seja mais adequado para a empresa. 22UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 4. FABRICAR, COMPRAR OU ALUGAR Uma questão que gera muitos conflitos e dúvidas dentro das empresas quando o assunto é o uso de insumos e equipamentos, versa sobre a possibilidade de fabricação ou aluguel de alguns itens ao invés de comprar. Então temos aquela difícil tarefa como gestor, de decidir se fabricamos, alugamos ou compramos algo que é necessário para o funcionamento do negócio, da organização. Mas é claro que isso depende muito das possibilidades que a empresa tem, pois nem todas possuem a condição de fabricar algo ao invés de comprar ou alugar. Então vejamos, segundo Barroso (2013), o processo de compras dentro de uma organização significa reunir várias áreas administrativas atuando para obter serviços e produtos com preços acessíveis, disponibilizando à linha de produção tudo na hora certa e apropriada, garantindo inclusive preço final competitivo e mercado consumidor favorável. Então surge a necessidade de decidir entre comprar, alugar ou fabricar. E fazer tal escolha entre comprar ou fabricar é uma questão bastante antiga, que sempre foi uma questão polêmica e uma difícil tomada de decisão por parte dos gestores. No entanto, durante muitos anos, e no decorrer de todo esse tempo, a maioria das empresas na hora de tomar tal decisão, sobre a fabricação ou terceirização de um produto, acaba por fazer sua escolha, ou tomada de decisão considerando muitas vezes apenas o aspecto dos custos. 23UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Realmente a variável custo é muito importante, primordial para tal decisão, eu diria até a variável chave, mas, para que possamos responder a essa questão de maneira satis- fatória, é necessário considerar muitas outras variáveis, além de um estudo macro e bem integrado entre todas. Mas o que acontece há muitos anos é que tais variáveis ficam em segundo e terceiro plano e, o foco da decisão acaba realmente sendo o aspecto do custo. Partindo dessas premissas, podemos então decidir pela estratégia da fabricação própria ou pela terceirização, que nesse caso envolve a possibilidade de comprar e também a de alugar. Com base nas leituras e estudos sobre essa questão, é possível dizer que só é viável optar pela fabricação de um produto, quando este possui um alto valor agregado no mercado, e que também tenha uma alta demanda e que esta seja regular. Algumas correntes de empresas e gestores, defendem que a melhor resposta para essa questão, deve ser com base em uma análise estratégica, ou seja, a opção por tercei- rizar gera ganho em eficiência operacional, assim como melhores níveis de serviço. Já, se a escolha for por fabricar, gera independência e propriedade de todo o processo produtivo. Para Slack, Chambers e Johnston (2009), a maioria das empresas adquirem grandes quantidades de produtos ou serviços de outras empresas, e o volume e valor dessas compras tem crescido substancialmente à medida que as empresas têm buscado se concentrar em seus processos fundamentais. Sobre essas questões relacionadas à decisão de fazer ou comprar (em inglês: Make-or-Buy), temos poucas referências sobre a possibilidade de alugar, onde na verdade, tanto a compra como o aluguel de produtos, equipamentos, ou qualquer tipo de insumos, é visto como terceirização. Essa é a técnica geral de gestão utilizada para definir se uma ati- vidade ou trabalho deverão ser realizados pela própria equipe na empresa ou por terceiros, em fontes externas. O objetivo de tal análise é sempre buscar uma garantia de que o trabalho será reali- zado da melhor maneira possível, de acordo com as políticas organizacionais, e atendendo as expectativas e interesses dos clientes. Fazer ou Comprar/Alugar, fazem um paralelo com, se o trabalho será interno ou externo, pois fazer significa que todo trabalho será executado pela própria organização, com recursos internos já existentes. Já comprar ou alugar, significa que a realização do trabalho será transferida para outros, ou seja, terceiros, e que mais especificamente dentro da questão “Comprar”, deve-se determinar a melhor opção entre realmente se é mais van- tajoso adquirir o ativo ou se seria melhor alugar por um período de tempo limitado. 24UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Diversas organizações geralmente relacionam essa análise de fazer ou comprar/ alugar, somente a questão de preços, ou custos, o que é um erro, pois torna essa decisão uma simples comparação do mais barato ganha! No entanto, esta análise deve ser a mais profunda e detalhada possível, pois não se trata de uma simples comparação de preços, mas sim de uma decisão estratégica da empresa. Para Barroso (2013), ela pode envolver vários outros critérios mais subjetivos, como: ● Risco: Trabalhos que possam trazer grandes riscos para o orçamento ou crono- grama do projeto ou ainda para a estratégia e saúde financeira da organização podem ser terceirizados como forma de minimizar ou transferir por completo certos riscos. ● Qualidade: Para eliminar a possibilidade de desvios na qualidade, a organiza- ção pode optar por contratar uma empresa com maior conhecimento técnico sobre o trabalho a ser realizado. ● Disponibilidade: No caso de recursos não disponíveis no momento em que o projeto precisa deles. Neste caso a melhor opção, ainda que saia mais caro, pode ser fazer aquisição para que o cronograma do projeto não seja afetado. ● Tipo de Contrato: tipos de contratos disponíveis junto aos departamentos de Aquisições ou Jurídico podem nortear a decisão por fazer ou comprar. ● Propriedade Intelectual ou Informação Sensível Estratégica: um trabalho pode custar mais barato se terceirizado, porém dependendo da idoneidade do fornecedor, da sensibilidade da informação e das leis de proteção à propriedadeintelectual do país do fornecedor, pode-se optar por fazer o trabalho internamente. ● Custos: O critério do custo, comumente o mais considerado, é muito simples, se fazer for mais barato então a empresa opta por fazer, caso comprar seja mais barato, então a empresa opta por comprar. A realidade é que todo gestor, que precisa tomar essa difícil decisão, geralmente pensa que a estratégia certa é, que se escolher por terceirizar, reduz os custos de investi- mento e também de pessoal, pois não precisará comprar maquinários e muito menos con- tratar tantos funcionários. Já se ele escolher por fabricar, todo lucro é da própria empresa, pois não precisará repartir com fornecedores. 25UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Muitos fatores externos também, como por exemplo, mudança nos preços, taxas de juros e impostos, indisponibilidade de certos recursos, urgências, mudanças nas le- gislações ou regulatórias governamentais, desastres naturais, entre outros, podem muito bem levar a empresa a ter que repensar suas estratégias e realizar uma nova análise para decidir em fazer, comprar ou alugar. REFLITA Como é possível garantir a qualidade de um produto, e o bom atendimento ao cliente, quando não se sabe tomar certas decisões? Saber comprar, alugar ou até mesmo fabri- car, é uma decisão muito importante para qualquer gestor! Pense nisso! Fonte: O autor (2021). 26UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 5. TERCEIRIZAÇÃO Atualmente, vemos que o mundo dos negócios apresenta cada vez mais transfor- mações muito rápidas e uma evolução sem precedentes, em que o gestor precisa estar preparado e conectado com essas transformações, para compreender tudo o que ocorre e ter a melhor tomada de decisões. Sobreviver nesse ambiente de extrema incerteza, exige das organizações uma necessidade cada vez maior de busca pela maximização de processos na produção, melhor aproveitamento e uso de materiais, logística e minimização dos custos. Mas o que pode fazer uma grande diferença diante de todo esse cenário, é a otimi- zação dos recursos e o aumento na eficiência do fluxo de materiais dentro das empresas e em toda a cadeia de suprimentos, no qual sem dúvida alguma a logística se encontra em plena evidência, como uma vantagem competitiva. Muitas ferramentas estão surgindo em busca da tal “vantagem competitiva”, que podemos destacar a terceirização, no qual tem sido muito utilizada nessa busca nos mais diversos setores e organizações. Falando em terceirização, esta surgiu no mercado, como propósito de facilitação de processos para muitas empresas, na verdade como uma forma resolutiva para focar seus esforços em seu “Core Bussines”, ou seja, em sua competência central, repassando assim outras ocupações e preocupações para terceiros, sendo atividades secundárias, em que, com tal prática, maximizou-se ainda mais a importância dos prestadores de serviços, principalmente os da área logística. 27UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Esse processo de terceirização, também conhecido como “outsourcing”, vem de- monstrando que a terceirização das atividades da área de compras é uma das melhores opções para empresas buscarem aumento da economia, redução de custos e prazos, e ainda, várias melhorias na área de Compras. Segundo Ferreira (1998, p. 44) “a terceirização consiste na contratação de em- presas prestadoras de serviços, designando a contratação de serviços de terceiros por organizações para a realização de suas “atividades-meio””. Essa citação de Ferreira, apenas confirma o que foi dito no parágrafo acima, no qual destacamos que o processo de terceirização objetiva transferir para outros, sendo empresas ou pessoas, chamados de terceiros a responsabilidade e execução de atividades que não são as essenciais do negócio, ou centrais, mas chamadas atividades-meio. Para Martins (2009): Consiste a terceirização na possibilidade de contratar terceiro para a realiza- ção de atividades que geralmente não constituem o objeto principal da em- presa. Essa contratação pode compreender tanto a produção de bens como serviços, como ocorre na necessidade de contratação de serviços limpeza, de vigilância ou até de serviços temporários (MARTINS, 2009, p. 10). Já para Fleury (1999) a terceirização é: um processo de gestão pelo qual se repassam algumas atividades para ter- ceiros, com os quais se estabelece uma relação de parceria, ficando a em- presa concentrada apenas em tarefas essencialmente ligadas ao negócio em que atua. Dentre as inúmeras vantagens da terceirização, assumindo a visão de que ela é uma nova forma de gestão moderna pode-se citar algu- mas como: acesso a novos recursos tecnológicos, agilidade na implementa- ção de novas soluções; previsibilidade dos gastos/custos e prazos, aumento de especialização, liberação da criatividade, acesso ao pessoal qualificado, crescimento do mercado regional, mudança na cultura interna, entre outras (FLEURY, 1999, p. 24). Tanto Martins quanto Fleury evidenciam a terceirização como estratégia para au- xiliar as organizações em suas atividades secundárias e não as principais, como objetivo essencial da empresa, onde Fleury destaca a importância das parcerias com estes forne- cedores terceirizados. Gaona (1995, p. 28) ressalta que: a terceirização se investe de uma ação mais caracterizada como sendo uma técnica moderna de administração e que se baseia num processo de gestão, que leva a mudanças estruturais da empresa, a mudanças de cultura, proce- dimentos, sistemas e controles, capilarizando toda a malha organizacional, com um objetivo único quando adotada, atingir melhores resultados, concen- trando todos os esforços e energia da empresa para a sua atividade principal. A visão de Gaona contribui com o que afirma Fleury, onde ambos destacam que a terceirização surge como uma técnica moderna de gestão que apresenta inúmeros benefí- cios em favor das empresas. 28UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Ainda de acordo com Gaona (1995, p. 29): a terceirização, proporciona instrumentos de gestão capazes de melhorar o desempenho das organizações, como: criação de vantagem competitiva pela criação de novas empresas, oferta de mão-de-obra diferenciada, oferta de empregos, especialização, aumento da competitividade, melhoria e controle da qualidade, aprimoramento do sistema de custeio, treinamento e aprimora- mento, diminuição do desperdício como ponto fundamental, otimização dos recursos, valorização de talentos humanos, agilidade de decisões e saliente- -se, menor custo. Outro ponto que não podemos deixar de lado com relação aos processos de tercei- rização, é o chamado “BPO” de compras. Mas o que é o BPO de compras? A sigla BPO significa “business process outsourcing”, ou seja, terceirização de processos de negócios. De maneira simples, podemos dizer que BPO é um processo de delegação de tarefas a terceiros, que podem ser empresas ou profissionais, pessoas físicas e jurídicas parceiras da organização. Essas atividades terceirizadas, serão então sempre atividades secundárias e/ou burocráticas, nunca atividades centrais, pois assim a organização, o gestor e sua equipe direta de trabalho poderá focar no que é realmente essencial, central e mais importante para os negócios da empresa. Vamos destacar aqui que as atividades estratégicas centrais para a empresa (o core business), ou atividade primárias, são aquelas geralmente relacionadas a produ- ção, marketing, compras e vendas, claro que isso dependerá muito do tipo de empresa e seu ramo de atividades. Mas, partindo desse pressuposto, a terceirização não deverá tratar sobre esses quesitos ou atividades citadas, mas deverá ter seu foco em tarefas mais operacionais, onde a logística se encaixa em muitas dessas tarefas. É aí que a organização tem como resultado, um ganho de produtividade e a redução de custos, pois quando foca no que é central para os negócios, as atividades secundárias fluem em harmoniae melhor, pelas mãos de terceiros. Mas é claro que para isso acontecer, é necessário muita confiança e transparência nos processos, entre um e outro, já que outras empresas e profissionais estarão integrados e executando atividades da sua organização. É interessante destacar que o BPO pode ser considerado como um tipo de ter- ceirização, mas que na verdade são procedimentos diferentes, pois o BPO abrange uma avaliação mais aprofundada dos processos, da infraestrutura e procedimentos internos da organização, e assim, o BPO garante uma melhor performance da empresa, aumento na qualidade de seus produtos e serviços, o que nem sempre é uma garantia na terceirização. http://ibid.com.br/blog/terceirizar/ http://ibid.com.br/blog/terceirizar/ 29UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Com o BPO, a organização consegue entregar um produto ou serviço de mais qualidade pois pode focar naquilo que é realmente mais importante, o seu core business. Uma outra questão importante a ser abordada sobre a terceirização, é sobre a cha- mada “Lei da Terceirização”, que veio para trazer muitos benefícios e facilidades para as organizações tanto públicas como privadas, contribuindo significativamente para a melhoria e eficiência dos processos de compras. Veremos um pouco mais sobre esse assunto no material logo abaixo em nossa sessão. SAIBA MAIS Governo Federal sanciona Lei da Terceirização O Governo Federal sancionou em 27 de Março de 2017 a Lei 13.429 (também chama- da de Lei da Terceirização), que garante total e absoluta segurança jurídica, trabalhista e fiscal para a atividade de terceirização (outsourcing) das atividades de Compras de qualquer empresa. A referida Lei reforçou ainda mais a Terceirização da área de Com- pras, que já era uma tendência de mercado antes mesmo da sanção da Lei 13.429, tra- zendo a mais absoluta segurança jurídica para as empresas contratantes, aliada a uma evidente redução de custos e ganhos de escala. Estes são os principais benefícios que sua empresa terá ao terceirizar as atividades da área de Compras: ● Total segurança jurídica, trabalhista e fiscal para a empresa contratante, garantida através da Lei da Terceirização (Lei nº 13.429) sancionada em 27 de Março de 2017; ● Permite que a empresa contratante mantenha foco total em seu core business; ● Permite que o contratante tenha acesso a uma mão de obra muito especializada, que nem sempre está disponível dentro da empresa (ou teria alto custo para a em- presa contratante); ● Aumento da performance de Compras; ● Obtenção de maior economias (savings); ● Ganhos de escala: A empresa contratada para a realização das compras realiza compras não apenas para sua empresa, mas também para outras. ● Comprando um volume maior, o preço ofertado pelos fornecedores cai (maior poder de barganha resulta em menor preço para aquisição); 30UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras ● Não existe ociosidade por parte do comprador terceirizado, uma vez que ele só tra- balha para sua empresa quando há processos a ser comprados; ● Inexistência de vínculo empregatício entre o contratante e a empresa terceirizada; ● Ao fim de um projeto, a contratante não arca com o alto custo de rescisões de vín- culos empregatícios; ● Fim de ações reclamatórias trabalhistas, uma vez que inexiste vínculo empregatício entre o contratante e a empresa terceirizada, e existe total amparo jurídico para a atividade (Lei nº 13.429 – Lei da Terceirizalção – sancionda pelo Presidente da Re- pública em 27 de Março de 2017 ); ● Economia de custos para a empresa contratante : A empresa contratante possui a mão de obra do comprador especializado disponível a qualquer momento, mas não precisa recolher nenhum tipo de imposto trabalhista, FGTS, férias, INSS, vale refei- ção, vale transporte, plano de saúde, de dentre outros custos trabalhistas da CLT; ● Processos sempre organizados, padronizados, e sempre prontos e disponíveis para quaisquer auditorias da contratante ou sub-contratadas; Terceirizando as atividades de Compras, sua empresa terá melhores práticas da área, e sistemas que facilitarão e agilizarão os processos. Fonte: CORDEX. Outsourcing (terceirização) de processos de Compras. Disponível em: http://www.cordexbrasil.com.br/servico/outsourcing-terceirizacao-de-processos-de-compras. Acesso em: 02 set. 2021. 31UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 6. CORE BUSINESS Comprar é uma atividade muito importante para qualquer tipo de organização, pois influencia diretamente em sua vida financeira e em sua atuação mediante a sociedade e o mercado em que está inserida. É tão importante quanto saber comprar é saber qual é seu “Core Business”. Mas o que é core business? O core business de uma organização, nada mais é que seu foco de atuação no mercado, no caso, o foco principal. Pode-se dizer que é como o coração da organização, em que todas as ações e estratégias do seu negócio serão baseadas. Core business é uma expressão em inglês que significa “a parte central ou nuclear de um negócio”. É um conceito que muitas vezes é confundido com “modelo de negócios”, e que não é. Vamos então definir ‘core business’ como sendo a “sacada” ou “ideia básica” do negócio, “eureca”. Ou ainda, podemos definir Core Business como um termo usado para descrever a principal atividade de uma empresa, sua grande sacada, o que faz de melhor, onde inova, sendo o seu principal ativo intelectual. Podemos dizer por exemplo que o core business de um banco é fazer empréstimos de dinheiro, e que o de uma indústria calçadista é produzir sapatos e outros tipos de calça- dos e assim por diante, como uma lavanderia que é de lavar as roupas sujas. 32UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras Levando em conta uma tradução livre, pode-se mencionar que o core business significa o “centro do negócio”, ou o núcleo, em que está localizado o “DNA da organização” e que a faz diferente do que todas as outras, definindo todo o propósito da sua existência. É importante compreender que é a partir do core business que a empresa busca se encaixar e focar em um nicho de mercado, atendendo assim às necessidades ou dores dos seus clientes. É isso que define o que a sua empresa faz de melhor, e qual o ponto forte dela, que a faz se destacar em relação ao mercado e aos concorrentes. Mas é importante destacar também que o core business pode estar ligado não somente aos produtos da sua empresa, mas também ao atendimento, aos tipos de clientes, ou também às inovações tecnológicas que ela utiliza em suas operações, por exemplo. Nesse ponto, podemos compreender que a sustentação do seu negócio pode vir de vários pontos e fatores diferentes, não só dos produtos. Por isso, é tão importante e essencial identificar sua atividade central, o seu core bu- siness para que possa fazer e concentrar investimentos, focar seus planos e ações, as suas estratégias, e os princípios da organização em busca de seu crescimento e desenvolvimento. Em compras é fundamental saber qual é o core business da empresa, definindo as estratégias de compras e aquisições, os contratos, logística e outros fatores chaves. Deve- mos evidenciar que o ele precisa estar de acordo com o plano de negócios da empresa, pois isso é essencial para o alinhamento de todo o seu funcionamento enquanto organização, levando em conta sempre a famosa trinca da missão, visão e os valores, assim como as políticas da empresa, a resolução de problemas e seus relacionamentos. A definição do core business, permite à empresa conhecer seus pontos fortes e fracos, que deverão ser desenvolvidos, é como um guia para a atuação da empresa, suas estratégias de ações e seu aperfeiçoamento contínuo. Vale lembrar aqui que, a definição do core business, ou seja, da atividade central da empresa, vem antes de qualquer plane- jamento, pois um único core business pode ser utilizado em diversas estratégias diferentes assim como, em vários segmentos de negócios. Assim, destacamosque quanto mais específica, focada e particular for a definição do core business, da atividade central da empresa, maiores serão as chances dela crescer e criar bases fortes de clientes e se destacar no mercado em que atua. Vejamos que para identificar o core business, podemos fazer algumas perguntas: ● O que a empresa faz de melhor? ● Quais são os diferenciais da sua marca? ● Quem é seu público-alvo? ● Quais são os canais de venda e pontos de contato? Estas são perguntas que irão nortear e identificar com mais clareza qual o real propósito da empresa, sua atividade central, o centro ou núcleo do negócio, ou seja, o core business, e que possibilitará o planejamento e execução de compras muito mais assertivas e adequadas para cada momento do negócio. 33UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras SAIBA MAIS O Core Business de empresas famosas Core Business é o negócio central da empresa. É a atividade primária, aquela em que a companhia é especialista e sobre a qual deverá centrar seus esforços, do ponto de vista estratégico. Normalmente, o core business é a atividade com maior peso entre as desempenhadas, ou seja, com maior participação no faturamento. Também pode ser a operação original, na ocasião de sua fundação, em organizações que foram expandindo escopo com o tempo. O sucesso ou fracasso de uma corporação pode ser associado ao entendimento de seu core business. Manter-se focado na área de expertise é a estratégia mais frequente, evitando ampliar demasiadamente as atividades. Uma alternativa para crescer sem se distanciar do core business é o outsourcing, a terceirização de atividades não centrais para a empresa. Exemplos de core business: Core Business Natura No core business da Natura está o desenvolvimento de cosméticos, perfumaria e produ- tos de higiene pessoal utilizando de estratégias de responsabilidade social corporativa. Ser sustentável não é só a missão da Natura, mas está em seu core business por ser o que a diferencia da concorrência. Core Business Coca-Cola Para a Coca-Cola, seu core business é a produção, venda e marketing de algumas das bebidas mais amadas do mundo. Ao incluir a expressão “mais amadas” no negócio cen- tral, a companhia já indica caminhos para o seu negócio. Isto é fundamental para con- duzir a estratégia em toda a empresa e principalmente nos três focos: produção, venda e marketing, áreas em que a Coca-Cola trabalha com afinco para exercer excelência. Core Business McDonald’s O McDonald’s tem como core business entregar ao consumidor boa comida, em pouco tempo e a preços baixos, mantendo sempre a cultura da marca McDonald’s. Fonte: DICIONÁRIO Financeiro. Core Business. Disponível em: https://www.dicionariofinanceiro.com/ core-business/#:~:text=Para%20a%20Coca%2DCola%2C%20seu,bebidas%20mais%20amadas%20 do%20mundo.&text=Isto%20%C3%A9%20fundamental%20para%20conduzir,com%20afinco%20 para%20exercer%20excel%C3%AAncia. Acesso em: 20 maio. 2021. 34UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro (a) acadêmico (a), nesta unidade de estudos, pudemos verificar que a Gestão de compras exerce um papel fundamental nas organizações atualmente, principalmente considerando as questões logísticas e da cadeia de suprimentos. Considerando o imenso volume de recursos financeiros envolvidos nas compras, assim como a enorme gama de informações tratadas neste processo, é fundamental a boa gestão das compras e consciên- cia de sua importância estratégica. Ficou muito claro que a gestão das compras é uma atividade fundamental para as organizações, e que esta impacta diretamente nos lucros e resultados delas, e que, impactam na qualidade dos serviços prestados aos clientes, o que supera aquela velha imagem de que a gestão de compras é apenas uma atividade secundária, vimos então que esta visão está sendo superada, onde a gestão de compras passa então a ser vista como uma parte fundamental do processo organizacional, e integrante da cadeia de suprimento (supply chain), o mais novo conceito para o processo de compras. Nesta primeira unidade estudamos sobre alguns pontos importantes a respeito da gestão de compras, como o planejamento das compras e sua importância para as orga- nizações, fazendo uma introdução geral sobre a Logística Empresarial e a Cadeia de Su- primentos, assim como a questão da Função de Compras na empresa e sua importância. Também abordamos a questão da Centralização e descentralização das compras, assim como a velha dúvida entre fabricar, comprar ou alugar. A questão da terceirização também foi abordada nesta unidade, em que não deixamos de fora o entendimento sobre o Core Business da empresa. Na próxima unidade iremos mergulhar nas Variáveis da Função Compras. Até lá. 35UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras LEITURA COMPLEMENTAR A terceirização através da utilização das centrais de compras Carlos Roberto Caetano O mundo contemporâneo dos negócios caracteriza-se por transformações e mu- danças rápidas, que têm exigido cada vez mais compreensão para tomada de decisões eficientes. A sobrevivência das organizações neste contexto se traduz na necessidade cada vez maior na busca pela maximização dos processos de produção, logística e minimização dos custos gerais totais. Têm-se dado grande ênfase ainda, a otimização e ao aumento da eficiência de todo o fluxo de materiais dentro da empresa e na cadeia de suprimento. A logística está em evidência e a estratégia é o uso efetivo dos recursos de comuni- cação e tecnologias de informação, que são a principal força motriz na busca de melhorias de lucratividade no campo da logística. Diversas ferramentas de auxílio às empresas têm surgido na busca de vantagem competitiva, dentre elas, a terceirização que, nos mais diversos setores organizacionais, tem sido uma estratégia muito utilizada para busca de vantagem competitiva. Dentre as diversas formas de terceirização, esta pesquisa abordará a utilização desta ferramenta através da utilização das centrais de compras, buscando demonstrar como esta estratégia se dá e quais suas vantagens e desvantagens para as organizações. A justificativa para a escolha do tema se dá pela atualidade do mesmo e, ainda, pela utilidade das Centrais de Compras, sobretudo para as empresas de pequeno porte que muitas vezes encontram-se em desvantagem nas negociações de valores de produtos para compra, se comparadas a concorrentes de grande porte, que adquirem lotes muito maiores e assim conseguem melhores valores. Fonte: CAETANO, C. R. A terceirização através da utilização das centrais de compras. Techoje. Disponível em: http://www.techoje.com.br/site/techoje/categoria/detalhe_artigo/273. Acesso em: 18 jul. 2021. 36UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras MATERIAL COMPLEMENTAR LIVRO Título: Manual do comprador: Conceitos, Técnicas e Práticas Indispensáveis em um Departamento de Compras Autor: Roberto Figueiredo Costa e Mario Dias. Editora: Saraiva Uni; 5ª edição. Sinopse: Ao longo dos anos, houve tantas modificações introdu- zidas no âmbito empresarial, que parece ter transcorrido mais de um século, a tecnologia e a informatização provocaram mudanças organizacionais em todos os lugares. Estruturas foram enxuga- das, paradigmas foram rompidos. Hoje exige-se mais e mais da parte dos colaboradores que, além de se especializarem, também precisam ter uma visão de todo o conjunto de atividades que de- terminada empresa abrange. Não se concebe mais um comprador preocupado unicamente com a conclusão de uma compra de material, sem avaliar o impacto dessa operação em relação aos demais processos integrados à cadeia produtiva ou operativa das organizações. Diante disso, os autores trazem esta edição revista e atualizada do Manual do Comprador a fim de atender às necessi- dades do profissional de hoje que trata das aquisições industriais, de serviços e comerciais. Em razão de sua abrangência, este livro também é fundamental para aprender sobre o funcionamento daárea de suprimentos ou de logística de uma organização. Portanto, esta obra continua a ser útil tanto para os profissionais iniciantes quanto para aqueles que já possuem experiência de muitos anos na área. Essa é uma obra de referência. FILME / VÍDEO Título: Um Senhor Estagiário Ano: 2015. Sinopse: O filme, estrelado por Anne Hathaway e Robert De Niro, mostra a operação de um e-commerce de moda bem-sucedido, com detalhes interessantes: a proprietária faz as compras em sua própria loja virtual a fim de avaliar a logística do empreendimento, pois monitorar constantemente esse processo é um dos segredos do sucesso no e-commerce. Isso é mostrado em detalhes neste que está entre os filmes que abordam a logística. De Niro, por sua vez, vive um executivo aposentado e viúvo de cerca de 70 anos, desmotivado e entediado, que começa a estagiar na startup online. A obra aborda também a relevante questão das mulheres ocupan- do a liderança, a importância da convivência entre gerações e de trabalhar com pessoas inspiradoras e motivadas. 37 Plano de Estudo: ● A Compra na qualidade e quantidade certa; ● O Tempo como uma variável chave; ● Confiabilidade; ● Especificação de materiais; ● Avaliação, seleção e classificação de fornecedores; ● Relacionamento com fornecedores. Objetivos da Aprendizagem: ● Estudar sobre a compra na qualidade e quantidade certa; ● Analisar o Tempo como uma variável chave assim como a Confiabilidade; ● Conhecer sobre Especificação de materiais; ● Entender sobre avaliação, seleção, classificação e relacionamento com fornecedores. ● Ampliar o conhecimento sobre os departamentos hoteleiros. UNIDADE II Variáveis da Função Compras Professor Esp. Heider Jeferson Gonçalves 38UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 38UNIDADE II Variáveis da Função Compras INTRODUÇÃO Caro (a) acadêmico (a), já sabemos que a gestão de compras tem um papel es- tratégico e fundamental para as organizações, e que influencia diretamente em estoques, produção, logística e no relacionamento com os clientes e fornecedores. Justamente, pon- tos importantes que iremos tratar nesta unidade de estudos. O processo de compras impacta diretamente na saúde econômico-financeira de uma empresa, pois envolve a movimentação de muitos recursos, principalmente financei- ros e humanos, sendo uma atividade fundamental para suprir as necessidades de uma organização, com todos os insumos necessários para a realização de suas atividades. É um processo comum nas empresas, mas que precisa de muita atenção, princi- palmente com algumas variáveis que se bem compreendidas, podem fazer toda a diferença nos resultados das compras organizacionais, dentre elas a qualidade, o volume de compras e os prazos. Nesta unidade de estudos, iremos tratar sobre as variáveis da função compras, que abrangem diversos pontos relacionados às compras na qualidade e quantidade certa, assim como o tempo como uma variável chave e também a confiabilidade como variável essencial para o processo de compras. Vamos conhecer um pouco sobre a especificação de materiais, e procurar entender mais sobre avaliação, seleção, classificação e relaciona- mento com fornecedores.Vamos juntos nessa nova etapa, que promete muito aprendizado e novos conhecimentos. Vamos em frente! 39UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 39UNIDADE II Variáveis da Função Compras 1. A COMPRA NA QUALIDADE E QUANTIDADE CERTA O processo de compras de uma organização impacta diretamente em sua saúde econômico-financeira, pois envolve a movimentação de recursos, principalmente financei- ros e humanos. É uma atividade essencial para suprir a organização com todos os insumos necessários para a realização de suas atividades e até mesmo a sua própria sobrevivência. Trata-se de um processo comum, uma operação cotidiana das empresas, mas que precisa de alguns cuidados e seguir alguns critérios para que tenha os melhores resultados. Assim, cabe aos responsáveis por este processo ficarem sempre atentos a diversos fatores como preço, prazo, quantidade e qualidade, para que possam se beneficiar deste processo. É fato que hoje em dia muitas empresas estão buscando alternativas para se ajustarem a margens de lucro cada vez menores, e apresentam sérias dificuldades para sobreviver, em busca de formas para reduzir seus gastos, alguns muitas vezes até desne- cessários, diminuir perdas e eliminar qualquer tipo de desperdícios, sabendo que a redução de custos é sempre uma das melhores opções, e não o aumento de preços ao consumidor, que pode causar perda de mercado para os concorrentes e até refletir negativamente na imagem da empresa. Devemos compreender também, que existem fatores envolvidos neste processo, que são determinantes para o sucesso ou fracasso quando o assunto é comprar, pois, as organizações durante este processo estabelecem alguns objetivos como: qualidade na compra e quantidade certa, que são fundamentais. 40UNIDADE I Introdução à Gestão de Compras 40UNIDADE II Variáveis da Função Compras É essencial que tenhamos uma visão ampla de todo o processo de compra, com o objetivo de garantir que as estratégias de compras alcancem os objetivos estabelecidos e que tenham o sucesso esperado ou o máximo de desempenho possível. De acordo com Martins (2006), existem alguns fatores que devem ser considerados para uma compra adequada e eficiente, onde a quantidade e a qualidade estão presentes, vejamos: a) material certo: é importante que o comprador esteja em situação de cer- tificar-se se o material comprado, de um fornecedor está de acordo com o solicitado. O comprador deve, portanto, desenvolver um “sentido técnico a fim de descobrir eventuais discrepâncias entre a cotação de um fornecedor e as especificações da requisição de compras. O comprador deve ter condi- ções de reconhecer, em uma eventual alternativa de cotação, uma economia do custo potencial ou a ideia de melhoria do produto. Evidentemente, em tais circunstâncias a decisão final não será do comprador, mas ele deve ter ha- bilidade para encaminhar aos setores requisitantes ou técnicos da empresa essas sugestões. Toda vez que uma requisição não for suficientemente clara, o comprador deverá solicitar esclarecimentos ou, se for o caso, devolvê-la a fim de que seja preenchida corretamente e de maneira que transmita exata- mente o que se deseja adquirir”. Em hipótese alguma o comprador deve dar início a um processo de compras, sem ter a ideia exata de que quer com- prar; b) preço certo: Nas grandes empresas, subordinado a Compras, existe o Setor de Pesquisa e Análise de Compras. Sua função é, entre outras, a de calcular o “preço objetivo” do item (com base em desenhos e especificações). O cálculo desse “preço objetivo” é feito baseando-se no tempo de execução do item, na mão de obra direta, no custo da matéria prima com mão de obra média no mercado; a este valor deve-se acrescentar um valor, pré-calculado, de mão de obra indireta. Ao valor encontrado deve-se somar o lucro. Todos estes valores podem ser obtidos através de valores médios do mercado, e do balanço e demonstrações de lucros e perdas dos diversos fornecedores; c) hora certa: O desenvolvimento industrial atual e o aumento cada vez maior do número de empresas de produção em série, torna o tempo de entrega, ou os prazos de entrega, um dos fatores mais importantes no julgamento de uma concorrência. As diversas flutuações de preços do mercado e o perigo de estoques excessivos fazem com que o comprador necessite coordenar esses dois fatores da melhor maneira possível, a fim de adquirir na hora certa o material para a empresa; d) quantidade certa: A quantidade a ser adquirida é cada vez mais importante por ocasião da compra. Até pouco tempo atrás se aumentava a quantidade a ser adquirida objetivando melhorar e preço; entretanto outros fatores como custo de armazenagem, capital investido em estoques etc., fizeram com que maiores cuidados fossem tornados na deter- minação
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