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CICATRIZAÇÃO DE FERIDAS PELE: Maior órgão do corpo. Possui três camadas: Epiderme - camada mais superficial da pele; Derme - corresponde a 90% da espessura da pele; Hipoderme - camada mais interna da pele, formada por colágeno e é nela que se localiza a raiz do folículo piloso CICATRIZAÇÃO: É a reparação tecidual em resposta a uma agressão → o tecido lesado tenta restaurar a sua função normal e a integridade estrutural Reparo de ferida: É o esforço para restaurar a integridade mecânica e restaurar as barreiras a fim de evitar a perda de líquido e a infecção, bem como restabelecer os padrões normais de fluxo sanguíneo e linfático. Por ser feito de maneira urgente para retornar à funcionalidade, não há uma reparação perfeita, ao contrário do que ocorre na regeneração, na qual ocorre a restauração perfeita da arquitetura preexistente do tecido, como ocorre no fígado, já em camadas mais profundas há alterações da morfologia original do tecido com consequente alteração da função, gerando uma cicatriz. Lesão sem dano à camada dérmica, ocorre regeneração das estruturas anatômicas devido à proliferação dos queratinócitos (síntese de colágeno dérmico) da camada basal da epiderme. Ferimentos nos quais o componente dérmico esteja envolvido, ocorrerá a reepitelização a partir das bordas de lesão e uma reorganização na derme lesada e remodelação do leito da ferida Todas as feridas passam pelas mesmas etapas básicas de reparo para atingir a restauração sustentada da estrutura e da função. Feridas agudas seguem essa evolução, já as feridas crônicas ficam estagnadas durante uma fase inflamatória sustentada e não consegue cicatrizar - Fatores intrínsecos e extrínsecos influenciam na cicatrização: ∟ Externos: Mecanismo do trauma (como a quantidade e a profundidade do tecido inicialmente lesado); contaminação; ação de fármacos; irradiação. ∟Internos: Desnutrição → Pouca ingesta de proteína afeta a disponibilidade de colágeno, importante proteína no processo de cicatrização; Pouca ingesta de vitaminas, importantes para a cicatrização; Doenças que levam a má perfusão, como diabetes, obesidade, uso de cigarro Fases da Cicatrização / Processo de Cicatrização: Todas as fases podem ocorrer simultaneamente, e as fases podem sobrepor-se com seus processos individuais 1. Inflamação: Reação imediata do tecido à lesão: hemostasia - interrupção do sangramento Selamento da superfície da ferida - a lesão das células endoteliais expõe o colágeno subendotelial e o contato das plaquetas circulantes com esse colágeno provoca a sua agregação no local e a ativação da cascata da coagulação → protrombina se transforma em trombina que, por sua vez, ativa as plaquetas e catalisa a conversão de fibrinogênio em fibrina e a fibrina aprisionam eritrócitos para formar o coágulo e selar a ferida - essa malha será a estrutura para as células endoteliais, células inflamatórias (macrófagos) e fibroblastos repararem o vaso lesado, sem isso não ocorre a cicatrização. As plaquetas também liberam prostaglandinas e ac. aracdônico que induzem a vasoconstrição das arteríolas e vasodilatação das vênulas pós-capilares (causa rubor e calor). Remoção do tecido necrótico, dos resíduos estranhos e das bactérias - fatores de crescimento liberados pelas plaquetas atraem fibroblastos e neutrófilos (migração de células para a ferida por quimiotaxia) para o local → aumento da permeabilidade vascular e a ativação das células migratórias, com o objetivo de reconstruir o tecido lesado - gera o edema ∟ As células da inflamação: Linfócitos polimorfonucleares - surgem poucas horas após o trauma → neutrófilos - Não são essenciais. Surgem no local (através da diapedese) e promovem a remoção de corpos estranhos, fazem o desbridamento de tecidos, combatem bactérias → Monócitos - surgem entre 24 e 36 horas → se transformam em macrófagos → única célula verdadeiramente fundamental para a cicatrização de feridas, pois orquestra a liberação de citocinas e estimula muitos dos processos subsequentes da cicatrização; agem como células fagocitárias e ativam a ação dos fibroblastos que ativam a angiogênese → Números significativos de linfócitos T aparecem pelo quinto dia após a lesão e atingem o seu pico pelo sétimo dia. Os linfócitos B parecem estar envolvidos na infra regulação da cicatrização à medida que a ferida se fecha Nesta fase, o ambiente da ferida encontra-se: acidótico; hipóxico; hipoglicêmico; hipercalêmico (K); Hipercárbico (CO2); Rico em ácido láctico. E, por isso, estimulam a migração celular; liberação de fatores angiogênicos e a produção de colágeno 2. Epitelização: A medida que as respostas agudas de hemostasia e inflamação começam a desaparecer, a estrutura está preparada para o reparo da ferida por meio da angiogênese, fibroplasia e epitelização. Utiliza-se, como arcabouço, a rede de fibrina depositada inicialmente no coágulo, essas células proliferam gerando cordões que evoluem para novos capilares. Esse estágio caracteriza-se pela formação de tecido de granulação, que consiste em um leito capilar - angiogênese → formação de novos vasos sanguíneos que permite a migração de células inflamatórias e de defesa, aporte de mais fatores de crescimento circulantes e de nutrientes aos tecidos neoformados; fibroblastos → são quimioatraídos para o local inflamatório, onde se dividem, proliferam e produzem os componentes da membrana extracelular (principalmente colágeno e elastina), macrófagos e um frouxo arranjo de colágeno, fibronectina e ácido hialurônico, necessários para a remodelação em uma rede de sustentação Epitelização: Células se multiplicam e migram das bordas até o encontro de outra célula Quando a ferida aberta ainda tem o folículo piloso, as células se multiplicam das bordas e, também, do centro - é mais rápido Fatores que facilitam a epitelização: • Integridade da membrana basal; • limpeza da ferida; • superfície úmida OBS: Algumas feridas podem perdurar nessa fase, pois há trauma frequente ou o paciente é fumante, diabético, então a atividade mitótica perdura por longos anos e isso causa chances de desenvolvimento de carcinoma espinocelular, conhecido como úlcera de Marjolin 3. Fibroplasia: Período de “amadurecimento” da cicatriz. Caracteriza-se pela reorganização espacial do colágeno, pois as fibras de colágeno sintetizadas inicialmente são mais delgadas (colágeno tipo 3) e, progressivamente, vão sendo substituídos por fibras mais espessos, com orientação em feixes e ganho de força tênsil (colágeno tipo 1 - 80 a 90%) A molécula de colágeno é formada por prolina, que se transforma em hidroxiprolina, através da prolina hidroxilase, que origina a uma estrutura longa e rígida com banda tripla hélice. Cofatores da prolina hidroxilase: • vitamina C; • Ferro; • Oxigênio (câmara hiperbárica); • Alfa-cetoglutarato 4. Remodelação: Inicia-se após o término da fase proliferativa. É quando há o ápice da produção de colágeno (aprox. 21 dias) e passa a predominar a colagenólise em relação à síntese. A ação da colagenase sobre o colágeno age por anos Fatores Que Influenciam na Cicatrização de Feridas: • Infecção - mais comum • Déficit proteico; • Deficiência de vitaminas (A, B e C); • Déficit de oligoelementos (Zn e cobre); • Déficit de oxigênio • Anemia; • Quimioterapia; • Radioterapia • Perfusão tecidual deficiente ∟ Diabetes; ∟ Obesidade; ∟ Corticóides; • Síndromes associadas (Ehlers-Danos, Osteogenesis imperfeita) Tipos de Cicatrização 1. Primeira Intenção: Aproximação das bordas de tecidos seccionados, poucas horas após a injúria, para facilitar o processo de cicatrização - suturas. Ocorre menor produção de colágeno. Cicatriz final mais fina e com melhor resultado estético. 1.1. Primeira Intenção Tardia: Aproximação das bordas de tecidos seccionados alguns dias após a injúria. Comum nas feridas contaminadas (mordida de cães, por ex). 2. Segunda Intenção: Não há aproximação das bordas, sendo assim, a ferida fica aberta, sendo feito apenas curativo e antibioticoterapia. Se houver necrose das bordas, elas são removidas. Ocorre maior produção decolágeno e a cicatriz fica com pior resultado estético 3. Cicatrização de Feridas de Espessura Parcial: As bordas estão parcialmente separadas, pois a porção mais profunda da derme permanece integra. Há reepitelização através dos folículos pilosos e glândulas sebáceas. Ex. Queimadura de segundo grau → retira a bolha para ver se há folículo piloso. Se existe, faz apenas curativo e reavalia o paciente de 3 em 3 dias, aproximadamente, para evitar infecção - principalmente em idoso, diabético, pacientes com menor cicatrização. Se não há folículo piloso, faz a cicatrização por primeira ou segunda intenção, dependendo do caso. Cicatrizes Anômalas São imperfeições na remodelação das cicatrizes, por um desequilíbrio entre a síntese e degradação do colágeno, bem como de sua organização espacial. Existem fatores em relação a ferida, como a sua localização, menor tensão na linha de sutura, uso de fios absorvíveis, curativos adequados pré e pós cirúrgico, a técnica, infecção local, etc Existem fatores sistêmicos, como a idade (jovens têm mais tendência a hipertrofia), pigmentação da pele (raça negra e amarela apresentam maior incidência a queloide), e os já vistos anteriormente. ∟ Cicatrizes Hipertróficas: Tendem a regredir espontaneamente e se limitam aos contornos originais da ferida ∟ Quelóides: Se estendem além dos limites originais da lesão, na forma de duras massas exuberantes de tecido fibroso e células, e raramente regressão espontaneamente Locais mais comuns: orelha, linha mediana do tórax e abdome Tratamento: retirada do centro da massa, deixando a borda e, após, injetar corticóide de tempo em tempo. Se não resolver, o tratamento é oncológico. Se nada resolver, não há o que ser feito
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