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AN02FREV001/REV 4.0 1 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE GESTÃO CULTURAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 2 CURSO DE GESTÃO CULTURAL MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 3 SUMÁRIO INTRODUÇÃO MÓDULO I 1. CULTURA E SUAS MANIFESTAÇÕES 1.1 CONCEITOS 1.2 DO ERUDITO AO POPULAR: AS DIVERSAS FORMAS DE MANIFESTAÇÃO CULTURAL 1.3 IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL 1.4 DO GLOBAL AO LOCAL E SUAS INTERFERÊNCIAS NO SER E FAZER CULTURAL 1.5 TIPOLOGIA DE ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS CULTURAIS MÓDULO II 2. ECONOMIA DA CULTURA 2.1 CONCEITOS E IMPLICAÇÕES 2.2 VALOR CULTURAL 2.2 VALOR ECONÔMICO 2.3 CADEIA PRODUTIVA DA CULTURA 2.4 ECONOMIA DA CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA MÓDULO III 3. EMPREENDEDORISMO CULTURAL 3.1 O QUE É 3.2 CARACTERÍSTICAS DE UM EMPREENDEDOR CULTURAL 3.3 EMPREENDEDORISMO E DESENVOLVIMENTOS SUSTENTÁVEL 3.4 EMPREENDEDORISMO CRIATIVO MÓDULO IV 4. PLANEJAMENTO E GESTÃO DE PROJETOS E EQUIPAMENTOS CULTURAIS 4.1 ETAPAS PARA A ELABORAÇÃO DE UM PROJETO CULTURAL AN02FREV001/REV 4.0 4 4.2 CAPTAÇÃO DE RECURSOS E LEIS DE INCENTIVO 4.3 POLÍTICAS CULTURAIS 4.4 GESTÃO DE EQUIPAMENTOS CULTURAIS 4.5 GESTÃO DE PESSOAS E EQUIPES MÓDULO V 5. PLANO DE COMUNICAÇÃO E MARKETING CULTURAL 5.1 DEFINIÇÃO 5.2 PRINCIPAIS BENEFÍCIOS 5.3 ESTRATÉGIAS E DESENVOLVIMENTO 5.4 MAKETING CULTURAL E ASSOCIAÇÃO DE MARCAS CONCLUSÃO REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS AN02FREV001/REV 4.0 5 MÓDULO I INTRODUÇÃO Em nosso contexto, a cultura faz-se presente em nosso cotidiano, a partir de manifestações que nos proporcionam conhecer muitas visões de mundo de acordo com a nossa vivência e também por meio do contato com diferentes culturas e maneiras de expressões culturais, sejam elas globais ou locais. Para que isso seja possível é fundamental o papel do curador de arte. No módulo I você terá a oportunidade de conhecer o que é cultura, quais são os seus elementos e como se manifesta. Entenderá o que é identidade e diversidade cultural, da mesma forma que poderá compreender a cultura a partir de seu contexto tanto global quanto local, conhecendo também os espaços onde diversas expressões culturais acontecem. Já no módulo II você conhecerá aspectos da economia da cultura e da economia criativa, seus componentes e seus valores. Você aprenderá no módulo III o que é empreendedorismo, quais suas características, qual o perfil de um empreendedor e como o empreender se aplica nas indústrias criativas, onde a cultura está sempre presente. No módulo IV, você entenderá sobre o planejamento e organização de projetos e equipamentos culturais, ou seja, aspectos que farão parte do seu cotidiano como Gestor cultural. Verificará as principais etapas, fontes de financiamento, assim como também ter noções de políticas culturais. No módulo V, você conhecerá aspectos ligados à comunicação e ao marketing, para que projetos e iniciativas culturais sejam bem-sucedidos. Observará como se organiza um plano de comunicação e marketing, seus benefícios, assim como noções de marketing cultural e associação de marcas a projetos culturais. AN02FREV001/REV 4.0 6 1. CULTURA E SUAS MANIFESTAÇÕES 1.1 CONCEITOS FIGURA 1 – CULTURA BRASILEIRA FONTE: Disponível em: <http://blogs.cultura.gov.br/diversidadecultural/2009/05/19/dia-mundial-da- diversidade-cultural>. Acesso em: 12 abr. 2013. Podemos considerar a cultura como um conjunto de todo ser e fazer humano em uma sociedade em um determinado período, ou seja, podemos compreender a cultura como a expressão coletiva do homem no contexto social onde atua e estabelece suas relações. Segundo a UNESCO: Cultura pode ser entendida como um conjunto de características distintas, espirituais, materiais, intelectuais e afetivas que caracterizam uma sociedade ou um grupo social. Abarca além das artes e das letras, os modos de vida, os sistemas de valores, as tradições e as crenças. (UNESCO, Estocolmo, 1998, p.12) AN02FREV001/REV 4.0 7 A cultura é o resultado de como o ser humano se comunica, interpreta e reflete sua vivência em um determinado contexto, seja pela música, dança linguagem, moda, artes, alimentação, comportamentos, consumo, lazer e tradições. Para Dias (2006, p.27), a cultura compreende as seguintes características: a) Compreende aspectos não materiais elementos tangíveis, como as ferramentas, as vestimentas, as habitações etc., e imateriais – elementos intangíveis-, como a música, as crenças, as lendas, as danças etc. b) Pode ser considerado um mecanismo de adaptação, por estar baseado na capacidade de mudança ou de evolução do ser humano. Em termos evolutivos, a sobrevivência das sociedades humanas sempre esteve diretamente relacionada à cultura. O ser humano perpetuou-se como espécie quando se tornou capaz de superar as dificuldades impostas pela natureza, ao modificar condições que lhe impõem; ou seja, fez cultura. c) É um produto histórico, sujeito a interações, complementações e contradições inerentes ao seu processo evolutivo, portanto está sempre mudando, em um processo dinâmico que nunca acaba; d) Está diretamente relacionada a uma sociedade contextualizada em termos espaciais e temporais. Portanto, uma mesma comunidade pode apresentar culturas diversas em decorrência de sua localização no espaço e no tempo; e) Interfere na forma de como as pessoas veem o mundo, como percebem as coisas. Cada indivíduo é criado em uma cultura específica e os valores que adquire fazem-no emitir juízos de valor sobre as coisas; desse modo, o mundo é visto de forma diferente pelas diversas sociedades; f) Sempre dinamiza e condiciona as inter-relações que as diferentes sociedades estabelecem entre o passado, o presente e o futuro. Cada cultura interpreta o passado de maneiras distintas, ao privilegiar AN02FREV001/REV 4.0 8 determinados aspectos e desprezar outros em um processo seletivo que ocorre em cada momento histórico; g) Constitui um elemento fundamental de identificação, seja de grupos, seja de indivíduos; h) É transmitida pela herança social. O indivíduo aprende cultura por meio do grupo social. (...) Cada geração transmite às gerações seguintes a cultura do grupo no processo de socialização. Dentre os principais elementos que compõem a cultura destacamos: Conhecimentos: são informações que as pessoas vão acumulando, transmitindo e relacionando entre si, de acordo com sua vivência e seu cotidiano. Cada cultura privilegia um conjunto de conhecimentos para passar de geração a geração. Crenças: é algo em que se acredita como, por exemplo, a fé religiosa. Valores: podem ser objetos ou, como queremos destacar aqui, princípios e padrões que orientam o comportamento das pessoas. Normas: são as regras, em geral não escritas, mas conhecidas por todos, que orientam como as pessoas devem agir cotidianamente para facilitar o convívio. Símbolos: são representações físicas ou sensoriais, com significados que o homem atribui de acordo com o momento histórico ou lugar. Por exemplo, uma bandeira é um símbolo, um gesto de mão pode ser um símbolo, um objeto podeser um símbolo. AN02FREV001/REV 4.0 9 Usos: padrões de comportamento reconhecidos e aceitos pelo grupo social de um mesmo país, estado ou região; embora bastante adotados, não são obrigatórios. Costumes: padrões de comportamento que o grupo social espera que seus integrantes adotem. Cada país, região e cidades possuem costumes diferentes que além dos aspectos sociais podem ser influenciados por outras questões como, por exemplo, aspectos geográficos. Idioma: É um sistema de símbolos que permite a comunicação entre os membros de uma sociedade. Leis: são regras de comportamento normalmente escritas, complexas, que cada sociedade (nem todas) adota como forma de organizar e facilitar o convívio. Tradições: é o conhecimento que se transmite oralmente de geração para geração; Hábitos: maneira de ser e agir que se repete com frequência, sem racionalização. Personagens: são pessoas que possuem uma representatividade histórica e/ou contemporânea, locais e regionais, ligados às artes, à literatura, à história e a política. Há, portanto, diversas definições sobre cultura, diante da multiplicidade de interpretações e usos do termo cultura, pode-se entendê-la a partir de três concepções fundamentais: o Modos de vida que caracterizam uma coletividade; o Obras e práticas da arte, da atividade intelectual e do entretenimento; o Fator de desenvolvimento humano. AN02FREV001/REV 4.0 10 Ou seja, primeiramente podemos compreender a cultura, em um conceito mais alargado onde todos os indivíduos são produtores de cultura, que nada mais é do que o conjunto de significados e valores dos grupos humanos. Podemos compreender a cultura também como as atividades artísticas e intelectuais com foco na produção, distribuição e consumo de bens e serviços que conformam o sistema da indústria cultural. Devemos também compreender o conceito de cultura como instrumento para o desenvolvimento político e social. Em nosso país há inúmeras e ricas manifestações culturais, porém boa parte da população não participa ou não tem acesso. A cultura é considerada a sustentação de diversos grupos sociais e comunitários, dessa forma pode possibilitar a transformação da sociedade pela tolerância, respeito e diálogo entre diferentes expressões culturais. A partir desse ponto de vista, podemos, portanto compreender a cultura como mantenedora desse tecido social e provedora da paz e da convivência pacífica. Porém, para que isso aconteça, é necessário políticas, planejamento e gestão da autossustentabilidade de produções culturais que possam atuar e se manifestam a favor do acesso e ao desenvolvimento social da população brasileira. 1.2 DO ERUDITO AO POPULAR: AS DIVERSAS FORMAS DE MAIFESTAÇÃO CULTURAL FIGURA 2 – MANIFESTAÇÕES DA CULTURA POPULAR FONTE: Disponível em: <http://www.pelourinho.ba.gov.br/2012/08/semana-da-cultura- popular-sera-encerrada-com-cortejo-cultural-e-muita-musica-no-centro-historico.html>. Acesso em: 12 jan. 2014. http://www.pelourinho.ba.gov.br/2012/08/semana-da-cultura-popular-sera-encerrada-com-cortejo-cultural-e-muita-musica-no-centro-historico.html http://www.pelourinho.ba.gov.br/2012/08/semana-da-cultura-popular-sera-encerrada-com-cortejo-cultural-e-muita-musica-no-centro-historico.html http://www.pelourinho.ba.gov.br/wp-content/uploads/2012/08/Boiada-Multicor-l-Foto_Acervo-CCPI1.jpg AN02FREV001/REV 4.0 11 Como vimos, o conceito de cultura é amplo, as manifestações culturais se apresentam de diversas formas. De uma forma clara e objetiva, a cultura pode se manifestar de diferentes maneiras, ela é complexa e dinâmica e pode ser compreendida de acordo com a origem de quem a produz, podemos conhecê-la como, conforme Teixeira Coelho (1999, p. 07): Cultura erudita é produto da leitura, do estudo e da pesquisa. É a cultura aprendida nos ambientes formais de educação. Para que se produza cultura erudita é necessário que se tenha vasto conhecimento sobre um determinado assunto. FIGURA 3 – APRESENTAÇÃO DE MÚSICA ERUDITA FONTE: Disponível em:<http://www.saopaulo.sp.gov.br/conhecasp/culturasp>. Acesso em: 19 mar. 2013. Cultura de massa: é a cultura produzida e/ou transmitida pelos meios de comunicação a um grande número de pessoas, por intermédio de impressos ou eletrônicos, como jornais, revistas, televisão e internet. http://www.saopaulo.sp.gov.br/bancoImagens/albuns/7002/_d30136.jpg AN02FREV001/REV 4.0 12 FIGURA 4 – MEIOS DE COMUNICAÇÃO DE MASSA FONTE: Disponível em: <http://portaldoprofessor.mec.gov.br/fichaTecnicaAula.html?aula=14520>. Acesso em: 10 dez. 2012. Cultura popular pode ser compreendida como a soma dos valores tradicionais de um povo, expressos em forma artística, como danças, ou em crendices e costumes gerais. A cultura popular é coletiva, marcada pelo anonimato. FIGURA 5 – ARTE NAIF (INGÊNUA) FONTE: Disponível em: <http://bibliotecadesaopaulo.org.br/2011/10/21/exposicao-e- oficinas-sobre-a-arte-naif/>. Acesso em: 10 dez. 2012. http://bibliotecadesaopaulo.org.br/2011/10/21/exposicao-e-oficinas-sobre-a-arte-naif/arte-naif/ AN02FREV001/REV 4.0 13 O conceito de cultura é amplo, portanto é interessante estabelecer conhecimento entre os conceitos de cultura erudita, de massa e popular. Essa diferenciação tem objetivos apenas didáticos, até mesmo porque existem articulações e relações entre os “tipos culturais” e estabelecemos contato com elas o tempo todo, pois são mutáveis e dinâmicas, ou seja, as manifestações acompanham as sociedades onde se expressa transformando-se, permanecendo ou adaptando-se a cada realidade. Outro aspecto importante a destacar é que convivemos com as diferentes manifestações culturais, por exemplo, ao estudar conosco você está exercendo a cultura erudita, ao assistir novela ou ouvir rádio você tem contato com a cultura de massa, ao executar uma receita familiar ou tomar um chá da vovó você está manifestando a cultura popular. 1.3 IDENTIDADE E DIVERSIDADE CULTURAL FIGURA 6 – DIVERSIDADE CULTURAL BRASILEIRA FONTE: Disponível em: <http://www2.cultura.gov.br/site/2011/01/17/identidade-e-diversidade-4/>. Acesso em: 15 abr. 2013. http://www2.cultura.gov.br/site/wp-content/uploads/2011/01/SID-small.jpg AN02FREV001/REV 4.0 14 Cultura é uma construção histórica, é uma dimensão do processo social, da vida de uma sociedade por completo, não apenas de uma parte dela. Podemos dizer que a cultura com a qual um indivíduo identifica-se pode ser ajustada para os mais variados contextos, de modo a se tornar flexível em função do tempo e do espaço. Por exemplo, no Brasil, podemos ser paulistas, pernambucanos, gaúchos; no Chile seremos brasileiros, nos Estados Unidos, somos latino-americanos. Podemos compreender identidade cultural como: Construção simbólica que se faz em função de um referente. Os referentes podem evidentemente variar em natureza, eles são múltiplos-uma cultura, a nação, a etnia, a cor ou o gênero. No entanto, em qualquer caso a identidade é fruto de uma construção simbólica que os tem como marcos referenciais. (ORTIZ, 2005, p.79) A diversidade cultural pode ser entendida como a construção histórica, cultural das diferentes identidades que são construídas desde o nosso nascimento e de todo processo formativo que adquirimos no contexto em que estabelecemos nossas relações. Cada país, região e cidade se desenvolvem culturalmente de formas distintas. Uma das características da nossa sociedade é a diversidade interna de nosso país, presente em cada região brasileira, pois recebemos interferências culturais diferentes das manifestações culturais como as indígenas, africana e dos povos imigrantes que vieram em diferentes épocas e por motivos sociais, políticos e econômicos emnosso país. 1.4 DO GLOBAL AO LOCAL E SUAS INTERFERÊNCIAS NO SER E FAZER CULTURAL AN02FREV001/REV 4.0 15 FIGURA 7- GLOBALIZAÇÃO FONTE: Disponível em: <http://digitallin.blogspot.com.br>. Acesso em: 12 abr. 2012. A globalização é um processo histórico-cultural que ocorreu a partir do continente europeu, caracterizando, portanto a ocidentalização do mundo no que se referem a valores, comportamentos e sistemas econômicos e políticos. No final do século XX, percebemos uma aceleração do tempo e do espaço em função das novas tecnologias que favoreceram as trocas em nível global de pessoas, ideias e de informação. No que se refere às manifestações culturais, a globalização apresenta dois processos: o da homogeneização cultural e o de diversificação das culturas. Em termos culturais, a produção cultural global não se restringe a exportar a cultura de um determinado país, a globalização econômica possibilita que um determinado produto cultural pode ser consumido em nível mundial, como por exemplo, a música, os vestuários e outras manifestações cotidianas. Os meios de comunicação de massa modificam hábitos de diferentes povos, divulgando e propagando uma cultura hegemônica. Podemos dizer que a globalização é um processo irreversível, que afeta a todos positiva e negativamente, constrói e reconstrói formas de identidade cultural, de modo a estimular a divulgação de uma cultura de consumo. Da mesma forma, de um lado há uma articulação entre a tendência homogeneizadora da globalização e de outro a pluralidade e fortalecimento das culturas locais. http://digitallin.blogspot.com.br/ AN02FREV001/REV 4.0 16 Operando de maneira contraditória, a globalização não só retira poder e influência das comunidades locais e das nações para transferi-los para uma arena global, mas também acontece o inverso, ou seja, o processo de globalização exerce pressão sobre as comunidades locais, ao fortalecê-las em suas reivindicações por mais autonomia. As comunidades locais voltam a reafirmar sua identidade, identificam e recriam referenciais simbólicos próprios, sem negar aqueles aceitos como nacionais. Não podemos esquecer também que no atual contexto global, surgem novas formas de manifestações culturais, em um processo de transculturação, ou seja, surgem expressões culturais que não apresentam raízes históricas, mas são resultados de interconexões culturais facilitadas pela expansão da tecnologia da informação e da internet. Devemos considerar que a humanidade tem a necessidade de se socializar, para a construção de sua identidade individual ou coletiva. Um gaúcho não perde a sua identidade ao se definir como brasileiro. A globalização não pode ser compreendida somente como sinônimo de homogeneização, mas também como um processo caracterizado pela diversidade. 1.5 TIPOLOGIA DE ESPAÇOS E EQUIPAMENTOS CULTURAIS FIGURA 8 - TEATRO JOSÉ DE ALENCAR FONTE: Disponível em: <http://blogs.cultura.gov.br/culturaepensamento/agenda/100-anos-do-theatro- jose-de-alencar/>. Acesso em: 12 abr. 2013. http://blogs.cultura.gov.br/culturaepensamento/files/2010/06/agenda_jose_de_alencar.jpg AN02FREV001/REV 4.0 17 Os espaços têm uma função fundamental para que exista a interação entre a as diversas manifestações culturais e o público, dentre os espaços mais utilizados para a realização de distintas ações culturais são, segundo o Ministério da Cultura, (2009): Equipamentos culturais: o Cinema; o Videolocadora; o Loja de discos, CD/DVD; o Biblioteca pública; o Livraria; o Museu; o Teatro; o Centro cultural; o Oficinas culturais; o Casas de cultura. Além dos espaços, é importante conhecer as expressões culturais muitas vezes são desenvolvidas de forma coletiva e se apresentam nesses equipamentos entre os quais destacamos: Grupos artísticos: o Associação literária; o Cineclube; o Orquestra; o Banda; o Dança; o Coral; o Teatro; o Artes; o Escola de samba; o Bloco carnavalesco; o Circo; AN02FREV001/REV 4.0 18 o Desenho e pintura; o Musical; o Capoeira; o Artesanato; o Manifestação tradicional popular. A cultura pode ser produzida em grupo, como vimos anteriormente. Mas também é produzida e transmitida pelos meios de comunicação que desenvolvem conteúdos, programas para atender diversos públicos. Os meios de comunicação possibilitam outros tipos de relações espaciais com o seu público, por meio da produção cultural. Dentre os tipos de meios de comunicação mais conhecidos, temos: o Rádio AM; o Rádio FM; o Rádio comunitária; o Geradora de TV; o TV comunitária; o Provedor de Internet/redes sociais; o Jornal impresso local; o Revista impressa local. Outra forma de expressão cultural é o artesanato que tem função utilitária e é uma atividade muito importante, pois se valoriza a mão de obra e a criatividade do artesão e ainda pode gerar renda. Dentre os materiais utilizados podemos citar: o Madeira; o Barro; o Pedras preciosas; o Pedras; o Vidro; AN02FREV001/REV 4.0 19 o Conchas; o Metal; o Couro; o Renda; o Bordado; o Recicláveis entre outros. Quando nos referimos à cultura, e suas interações entre pessoas e equipamentos, não podemos esquecer os “tesouros” ou patrimônio seja material ou imaterial que fazem referência a um povo, período histórico, contexto de época, a personalidades políticas entre outros exemplos, assim como exprimem a particularidade de cada país, região ou local. Os patrimônios podem ser reconhecidos em nível internacional pela UNESCO (Organização das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura), em nível nacional pelo IPHAN (Instituto do patrimônio Histórico e Artístico Nacional) vinculado ao Ministério da Cultura ou em nível regional como, por exemplo, o CONDEPHAAT (Conselho de defesa do patrimônio histórico, arqueológico, artístico e turístico) referente ao reconhecimento do patrimônio do Estado de São Paulo. Assim como cada município também possa ter um órgão vinculado à secretaria da cultura, responsável por reconhecer e cuidar do patrimônio cultural da cidade. Podemos dizer que atualmente, segundo Dias: A definição de patrimônio, além dos valores históricos, artísticos, científicos, educativos e políticos, incorpora outros, que se relacionam com o território e com a construção da identidade cultural de uma população. Essa é uma das características mais relevantes do patrimônio: ser tomado como referência para a construção de identidades culturais pelas mais diversas estruturas sociais e mesmo pelos cidadãos, de forma a converte-se no capital simbólico da sociedade. (DIAS, 2006, p.73) Os patrimônios culturais, de acordo ainda com o autor (2006, p.94-98), podem ser considerados: Sítios patrimoniais; Cidades históricas; AN02FREV001/REV 4.0 20 Paisagens culturais; Sítios naturais sagrados; Museus; Objetos; Artesanato; Documentos impressos e digitais; Cinematográfico; Tradições orais; Línguas; Eventos Festivos; Ritos e crenças; Música e canções; A execução das artes; Medicina tradicional; Literatura; Tradições culinárias; Esportes e jogos tradicionais. Verificamos que anteriormente a cultura é ampla e diversa, e pode também se manifestar de forma espontânea, ou seja, a cultura faz parte da existência humana, portanto somos sujeitos culturais. Cada país ou região expressa a sua cultura de forma diferente, de acordo com a sua origem e o seu contexto. Não há cultua melhor ou pior, apenas culturas diferentes, ou seja, há uma grande diversidade cultural. Para um gestor cultural, é pertinente consolidar meios e pontes para a sustentação de uma produção cultural que seja vigorosa e diversificada, cabe, portanto registrar aoportuna contribuição de projetos e gestão de equipamentos que se empenham em facilitar o acesso ao fazer cultural de forma sustentável que respeite a comunidade local e possa proporcionar desenvolvimento econômico e social. FIM DO MÓDULO I AN02FREV001/REV 4.0 23 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE GESTÃO CULTURAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 24 CURSO DE GESTÃO CULTURAL MÓDULO II Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 25 MÓDULO II 2 ECONOMIA DA CULTURA 2.1 CONCEITOS E IMPLICAÇÕES FIGURA 9 – ECONOMIA DA CULTURA FONTE: Disponível em: http://www.producaocultural.org.br/slider/decio-coutinho/>. Acesso em: 10 ago. 2013. Atualmente, vivemos um contexto global, amplo, complexo e marcado principalmente pelo uso das novas tecnologias, aceleração do tempo, do espaço e do consumo. A globalização afirmou ao mesmo tempo forças hegemônicas que norteiam comportamentos, usos e costumes, consumo e a competitividade predatória da mesma forma que possibilitou a valorização do local e a necessidade de resgatar e reconstruir identidades culturais e buscar novas formas de desenvolvimento http://www.producaocultural.org.br/slider/decio-coutinho/.Acesso AN02FREV001/REV 4.0 26 economicamente equitativo e socioculturalmente possível no sentido de não beneficiar alguns, mas impactar positivamente a todos. Portanto, o repensar do desenvolvimento econômico por meio de uma nova lógica, inovadora no sentido de valorizar e desenvolver a diversidade cultural e a capacidade de criação e inovação do povo brasileiro. Neste contexto surgem novas possibilidades de empreendimentos criativos baseados na valorização cultural e do entorno onde a atividade está sendo desenvolvida, capaz de trazer inúmeros benefícios econômicos e sociais. Nessa perspectiva, a Economia da cultura possibilita o diálogo e o desenvolvimento entre diferentes temas, dentre os quais destacamos a gestão cultural, sustentabilidade, políticas públicas e diversidade cultural. Segundo Fonseca: (...) a economia da cultura oferece todo o aprendizado e o instrumental da lógica e das relações econômicas - da visão de fluxos e trocas; das relações entre criação, produção, distribuição e demanda; das diferenças entre valor e preço; do reconhecimento do capital humano; dos mecanismos mais variados de incentivos, subsídios, fomento, intervenção e regulação; e de muito mais – em favor da política pública não só de cultura, como de desenvolvimento. (FONSECA, 2007, p.5) A Economia da Cultura contempla o fluxo da produção, da distribuição e do consumo de bens, serviços culturais e manifestações culturais. Portanto, a economia da cultura ou economia cultural é um ramo da Ciência Econômica que estuda os efeitos de toda atividade econômica ligada a uma manifestação artística e criativa de uma sociedade. A economia da cultura como campo de trabalho particular, é importante considerar e destacar que dentro da Ciência Econômica esta área especificamente está registrando um progressivo reconhecimento institucional e acadêmico, fundamentalmente devido a três fatores: • As atividades relacionadas com a cultura são uma fonte importante de geração de emprego e renda; • A cultura pela condição de bem público se constitui uma atividade que, por excelência, é objeto de intervenção pública. Além disso, cada vez mais, o fator cultural é reconhecido como um elemento de identidade nacional; AN02FREV001/REV 4.0 27 • Por fim, no plano teórico, a cultura é um terreno excelente de aplicação dos “novos progressos” da ciência econômica principalmente nas áreas da economia da informação, da inovação, institucional e do conhecimento; Um dos grandes desafios para a Economia da Cultura a compreensão do papel e da importância dos ativos intangíveis gerados pela cultura, o principal motor de suas atividades e certamente seu principal produto e benefício gerado à sociedade. Ainda com Fonseca, a Economia da Cultura: Analisa as relações entre oferta, distribuição e demandas culturais, identifica falhas de mercado que fazem com que nem todos tenham acesso à produção cultural, mapeia as restrições individuais que limitam o seu consumo, sinaliza caminhos possíveis para o desenvolvimento sustentável e sugere ações a serem tomadas para que distorções sejam corrigidas. (FONSECA, 2007. p.7) Atualmente a economia da cultura e o seu potencial para o desenvolvimento socioeconômico, está sendo considerada por muitos países uma possibilidade de alavancar o crescimento de forma sustentável, exigindo, portanto uma participação efetiva do Estado, iniciativa privada e sociedade civil. Para compreender de fato, os aspectos inerentes a economia da cultura se faz necessário entender os diferentes tipos de valores atribuídos a um bem ou serviço cultural, produzidos em nosso contexto e nos espaços culturais como já verificamos no módulo 1, ou seja, os bens e serviços culturais representam tanto economicamente quanto simbolicamente. 2.2 VALOR CULTURAL O valor cultural é configurado considerando os seguintes fatores: a) Valor estético: conjunto de percepções e julgamentos sobre o belo, baseado no contexto e realidade sociocultural da apreciação estética. AN02FREV001/REV 4.0 28 b) Valor social: considera neste caso o valor que uma sociedade atribui e reflete suas crenças, modos de pensar e identidade. c) Valor de existência: está vinculado à sensação da existência de um bem cultural, o que possibilita a informação, a preservação e a conservação e o usufruto daquele bem para futuras gerações. d) Valor espiritual: presentes em obras ou tradições vinculadas os sagrado. e) Valor político: a utilização da cultura para reforçar a ideologia de um governo ou de uma determinada classe hegemônica. f) Valor histórico: assume importância pela sua evolução, assim como aspecto referente a um determinado contexto histórico. 2.3 VALOR ECONÔMICO O valor econômico pode ser compreendido como o faturamento ou orçamento, somando-se os impactos que gera na região onde a atividade cultural é desenvolvida, considerando neste caso o pagamento de salários de colaboradores, compra de materiais e equipamentos entre outros. Um museu, um teatro ou outro equipamento cultural, por exemplo, para funcionar e se relacionar com o mercado necessita de um orçamento ou faturamento para que uma exposição ou uma peça aconteça considerando assim, o suprimento de seus recursos humanos e materiais. 2.4 CADEIA PRODUTIVA DA CULTURA AN02FREV001/REV 4.0 29 A cultura, a partir de uma perspectiva econômica, exige ações diferenciadas para promover seu desenvolvimento, acessibilidade e o consumo de bens culturais. Entre os setores envolvidos destacamos: Todos os segmentos artísticos (música, audiovisual, artes cênicas, artes visuais); Telecomunicações e radiodifusão (conteúdo); Editorial (livros e revistas); Arte popular e artesanato; Festas populares; Patrimônio Histórico Material e Imaterial (suas formas de utilização e difusão); Software de lazer; Design; Moda; Arquitetura; Propaganda (criação). Dentre os polos mais dinâmicos da Economia da Cultura no Brasil, temos: Música(produtos e espetáculos); Audiovisual (em especial conteúdo de TV, animação, conteúdo de Internet e jogos eletrônicos); Festas e expressões populares (onde se destacam o Carnaval, o São João, a capoeira e o artesanato). 2.5 ECONOMIA DA CULTURA E ECONOMIA CRIATIVA Segundo o Minc – Ministério da Cultura (2011), a Economia Criativa parte das dinâmicas culturais, sociais e econômicas construídas a partir do ciclo de criação, produção, distribuição/circulação/difusão e consumo/ fruição de bens e serviços oriundos dos setores criativos, caracterizados pela prevalência de sua dimensão simbólica. AN02FREV001/REV 4.0 30 As diretrizes do plano da Secretaria da Economia Criativa (período de 2011- 2014), órgão vinculado ao Minc, apresenta a economia criativa como a economia do intangível, do simbólico, das significações. Ela se alimenta dos talentos criativos, que se organizam individual ou coletivamente para produzir bens e serviços criativos. Para a Secretaria da Economia Criativa, essa nova economia possui dinâmica própria e, por isso, desconcerta os modelos econômicos tradicionais, pois seus novos modelos de negócio ainda se encontram em construção, carecendo ainda de marcos legais e de bases conceituais adaptadas com os novos tempos, portanto, é uma área nova em nosso país, porém muito promissora. FIGURA 10 - CAPA DO PLANO DA SECRETARIA DA ECONOMIA CRIATIVA 2011- 2014 FONTE: Disponível em: <http://www2.cultura.gov.br/economiacriativa/plano-da-secretaria-da- economia-criativa/> Acesso em: 10 ago. 2013. A cadeia produtiva das economias criativas, que tem como caraterísticas setores em que a atividade e a inovação estão presentes e que repercutem em outros setores da sociedade, proporcionando o desenvolvimento, dentre as principais áreas que compõem o núcleo criativo. De acordo com a FIRJAN (Federação das Indústrias do Estado do Rio de Janeiro), em um estudo publicado AN02FREV001/REV 4.0 31 sobre Economia Criativa em 2011, aponta que é fundamental que se conheça a relevância econômica dos 14 segmentos da indústria criativa brasileira. É importante percebê-los como uma cadeia produtiva. Arquitetura & Engenharia; Artes; Artes Cênicas; Biotecnologia; Design; Expressões Culturais; Filme & Vídeo; Mercado Editorial; Moda; Música; Pesquisa & Desenvolvimento; Publicidade; Software, Computação e Telecom; Televisão & Rádio. FIGURA 11 – CADEIA PRODUTIVA DA INDÚSTRIA CRIATIVA NO BRASIL AN02FREV001/REV 4.0 32 FONTE: Disponível em: <http://www.firjan.org.br>. Acesso em: 12 abr. 2013. Este documento foi desenvolvido em 2011 e divulgado no ano de 2012 e traça um panorama das indústrias criativas no Brasil, com base nas estatísticas do Ministério do Trabalho e Emprego. Além da visão sobre a cadeia produtiva, cujo foco são as empresas e o valor de produção gerado por elas, o trabalho apresenta uma análise sobre os profissionais criativos. FIGURA 12 – ESTUDO SOBRE ECONOMIA CRIATIVA FIRJAN http://www.firjan.org.br/ AN02FREV001/REV 4.0 33 FONTE: Disponível em: <http://www.firjan.org.br>. Acesso em: 10 ago. 2013. Os dados da pesquisa desenvolvida pela FIRJAN (2011) revelam os seguintes números da Economia Criativa no país: ■ Em 2011, 243 mil empresas formavam o núcleo da indústria criativa. Com base na massa salarial gerada por essas empresas, estima-se que o núcleo criativo gera um Produto Interno Bruto equivalente a R$ 110 bilhões, ou 2,7% de tudo o que é produzido no Brasil. Esses resultados colocam o Brasil entre os maiores produtores de criatividade do mundo, superando Espanha, Itália e Holanda. ■ O mercado formal de trabalho do núcleo criativo é composto por 810 mil profissionais, o que representa 1,7% do total de trabalhadores brasileiros. O segmento de Arquitetura & Engenharia é o que tem a maior representatividade, concentrando mais de um quarto (230 mil) desse universo. Logo em sequência vêm os segmentos de Publicidade e Design que empregam mais de 100 mil trabalhadores cada. Juntos, esses três setores concentram metade dos trabalhadores criativos brasileiros. ■ Entre as 10 mais numerosas profissões criativas, quatro estão relacionadas ao segmento de Publicidade: Analista de negócios, Analista de pesquisa de mercado, Gerente de marketing e Agente publicitário. Juntas, somam 115 mil trabalhadores. http://www.firjan.org.br/ AN02FREV001/REV 4.0 34 ■ No que se refere à remuneração, enquanto o rendimento mensal médio do trabalhador brasileiro era de R$ 1.733 em 2011, o dos profissionais criativos chegou a R$ 4.693, quase três vezes superior ao patamar nacional. O segmento de Pesquisa & Desenvolvimento é o que apresenta o maior salário médio (R$ 8.885), refletindo a alta capacitação técnica desses profissionais. Nesse segmento, a profissão de Geólogo e Geofísico possui a maior remuneração média: R$ 11.385, quase sete vezes a média nacional. ■ Na análise dos estados, São Paulo e Rio de Janeiro se sobressaem: são 311 mil trabalhadores paulistas e 96 mil trabalhadores fluminenses no núcleo criativo. Respectivamente, isso significa que 2,3% e 2,2% do mercado de trabalho desses estados são representados por profissionais que têm como principal ferramenta de trabalho a criatividade. ■ Os estados da região Sul também registram grande presença das atividades do núcleo criativo em suas economias. O destaque neste caso é o setor de Design, cuja representatividade no núcleo criativo é a maior do país: Santa Catarina (20,4%), Rio Grande do Sul (17,2%) e Paraná (15,2%). Para efeitos de comparação, no Brasil como um todo o segmento de Design emprega 12,7% do núcleo criativo. ■ No que se refere à remuneração, o núcleo criativo do estado do Rio de Janeiro é o grande protagonista. Em oito dos catorze setores criativos analisados os profissionais fluminenses possuem as maiores remunerações: Pesquisa & Desenvolvimento (R$ 12.036); Arquitetura & Engenharia; (R$ 10.809), Artes Cênicas (R$ 7.015), Software, Computação e Telecom (R$ 5.820), Televisão & Rádio (R$ 4.709), Filme & Vídeo (R$ 3.671), Design (R$ 3.023) e Artes (R$ 2.954). ■ Na região de maior biodiversidade do planeta, não surpreende que os profissionais de Biotecnologia sejam os mais bem remunerados do país: o núcleo da Biotecnologia do Amazonas apresenta salário médio de R$ 9.009, mais que o dobro da média nacional para o segmento (R$ 4.258). AN02FREV001/REV 4.0 35 ■ No nordeste brasileiro, o estado com maior representatividade do núcleo criativo no mercado de trabalho formal é o Ceará. Isso reflete a força do segmento de Moda, responsável por 13,1% do núcleo criativo estadual, percentual mais de duas vezes superior ao patamar nacional (5,4%). Ainda com a pesquisa, outro ponto forte do Ceará são os setores ligados à cultura, que também se destacam em outros dois estados nordestinos, Pernambuco e Bahia. ■ Entre os segmentos, destacou-se a cadeia da Moda que responde por quase 30% dos estabelecimentos (620 mil) da cadeia da Indústria Criativa no Brasil, atrás apenas do segmento de Arquitetura & Engenharia. Os números de emprego também chamam a atenção: a cadeia criativa da Moda, que mobiliza desde os designers de moda até os vendedores que levam o produto final ao grande público, emprega cerca de 1,2 milhão de pessoas, fazendo do setor o segundo maior empregador entre os catorze segmentos criativos. Apesar de nova em nosso país, a economia da cultura já se expressa de forma significativa em várias regiões do país, como podemos ver. Segundo o Ministério da Cultura, de acordo com as metas do Plano Nacional da Cultura, desenvolvido em 2011, a economia criativa: (...)é um setor estratégico e dinâmico, tanto do ponto de vista econômico quanto social.Suas diversas atividades geram trabalho, emprego, renda e são capazes de propiciar oportunidades de inclusão social. A cadeia produtiva, por sua vez, é um conjunto de etapas consecutivas, ao longo das quais os diversos insumos sofrem algum tipo de transformação, até a constituição de um produto final – – bem ou serviço – e sua colocação no mercado. Trata-se, portanto, de uma sucessão de operações integradas, realizadas por diversas unidades interligadas como uma corrente. Envolve o conjunto de agentes econômicos vinculados à produção, distribuição e consumo de determinado bem ou serviço, e as relações que se estabelecem entre eles. A intersecção entre esses dois conceitos possibilitará a visibilidade das potencialidades do segmento cultural na produção, fruição e circulação dos bens e serviços culturais tangíveis e também dos imateriais, com sustentabilidade econômica e ganhos sociais, ou seja, a inter-relação entre os dois conceitos apresentam o espaço de atuação do gestor cultural. (MINC, 2011, p.29) AN02FREV001/REV 4.0 36 Outros estudos foram encomendados para mapear, compreender e identificar as oportunidades oferecidas pela Economia da Cultura, destacam-se os estudos e a atuação em eixos estratégicos de atuac ão do Sistema Sebrae na economia criativa em nosso país, que tem como objetivos contribuir para a sustentabilidade e o fortalecimento dos empreendimentos criativos. FIGURA 13 – SISTEMA SEBRAE DE ECONOMIA CRIATIVA FONTE: Disponível em: <http://www.sebrae.com.br/setor/economia-criativa>. Acesso em: 10 ago. 2013. Para o Sebrae (2012, p.06 ) são características e potencialidades da economia criativa: Produção não poluente. Inovação tecnológica. Fortemente vinculada às características regionais e locais. Gera emprego e renda. Gera tributos – impostos, taxas e contribuições. Estimula novas qualificações profissionais. Alimenta a economia associada a outros segmentos produtivos. AN02FREV001/REV 4.0 37 Promove a inclusão social e o reforço da cidadania. Promove a diversidade e o respeito. O sistema Sebrae entende também que são quatro os princípios norteadores da economia criativa: A importância da diversidade cultural do País; A percepção da sustentabilidade como fator de desenvolvimento local e regional; A inovação como vetor de desenvolvimento da cultura e das expressões de vanguarda; A inclusão produtiva com base em uma economia cooperativa e solidária. Como vimos há inter-relações entre a Economia da Cultura e a Economia Criativa, Segundo Ana Carla Fonseca, da consultoria Garimpo de Soluções, a economia da cultura abrange as indústrias culturais (já partindo da definição de que estas carregam conteúdos potencialmente culturais e concretizam seu valor econômico no mercado). Porém, a economia da cultura certamente não se limita a elas, compreendendo também como complementarmente atividades que não integram as indústrias culturais diretamente, mas indiretamente como, por exemplo, o turismo cultural. A seguir apresentaremos uma entrevista de Ana Carla Fonseca, dada ao site cultura e mercado, referência no setor cultural, em que apresenta como as cidades e os profissionais da área cultural podem aproveitar as oportunidades que esse setor pode oferecer. Criatividade como desenvolvimento das cidades Ana Carla Fonseca Reis é uma das principais especialistas em economia e cidades criativas do mundo. Economista, mestre em urbanismo e doutora com tese pioneira em Cidades Criativas, ela é também sócia-diretora da Garimpo de Soluções, que atua na convergência de cultura, criatividade e negócios. Atualmente, Ana Carla se prepara para apresentar o tema em evento da Unesco como um dos eixos de desenvolvimento de políticas para o futuro. Confira: http://garimpodesolucoes.com.br/ AN02FREV001/REV 4.0 38 Gustavo Seraphim: De onde surgiu o termo cidades criativas? Ele está atrelado de alguma forma à economia criativa? Ana Carla Fonseca Reis: Cidades criativas e economia criativa surgem em um mesmo contexto de mudanças mundiais. Na economia, percebemos uma padronização de bens e serviços, o deslocamento das fábricas para as franjas das cidades e países periféricos, a fragmentação das cadeias de produção. No final, temos dois tipos de produtos e serviços: os comoditizados (que brigam apenas por preço, da soja à camiseta branca) e os de alto valor agregado (baseados em diferenciações). A economia criativa não apenas atua nessa busca de valor agregado e diferenciação de produtos e serviços criativos (as chamadas “indústrias criativas”, setores mais criativos da economia), como também estimula a diferenciação de produtos e serviços tradicionais. Basta pensar em como a moda favorece a diferenciação de têxteis e estes, para poderem entregar um tecido diferenciado, incentivam por sua vez a diferenciação de algodão (vide o algodão colorido desenvolvido pela Embrapa). Esse efeito em cadeia da criatividade na economia, com agregação de valor e diferenciação, é o que forma a economia criativa. A cidade criativa segue a mesma lógica de busca de diferenciação a partir de suas singularidades, em um processo de dentro para fora. Mas a cidade envolve claramente outras dinâmicas, além da econômica. GS: Sabendo que devemos preservar a singularidade e a diversidade cultural nas cidades, há características que definem se uma cidade é criativa? AC: Em um estudo que desenvolvi com 17 outros colegas de 13 países foi possível definir que uma cidade criativa é uma na qual há uma abundância de inovações (econômicas, sociais, culturais – inovações entendidas como soluções para problemas e oportunidades), conexões (entre áreas da cidade, entre grupos sociais, entre público e privado, entre local e global…) e cultura (por seus valores culturais, por seu impacto econômico e por gerar um ambiente mais propício à criatividade). Uma cidade criativa está em permanente processo de transformação. Tendo em vista que as cidades estão em constante processo de transformação, há um momento onde podemos dizer que uma cidade é criativa? Uma cidade sempre pode ser mais criativa do que já o é. O que percebo pelas cidades que temos estudado e com as quais temos trabalhado é que esse processo muitas vezes é catalisado por um agente social qualquer – em alguns casos o governo (como no caso de Paulínia ou de Bogotá), em outros pelo setor privado (vide iniciativas mais pontuais, como a do Walter Mancini na Rua Avanhandava) ou ainda pela sociedade civil (a exemplo de Paraty). Para que essa fagulha tome corpo e contagie a cidade em um fogo duradouro, é preciso que os demais agentes (governo, empresas, sociedade civil) se unam a esse processo, dando-lhe oxigênio. Talvez os dois maiores desafios de uma cidade criativa sejam a) garantir que toda a cidade se beneficie de sua criatividade, não apenas bolsões dela; e b) que ela não só “esteja” criativa, como o “seja”. GS: Qual a importância da criatividade para o turismo nas cidades? AC: Quando eu morava em Londres, justamente na época em que a economia criativa eclodiu, em 1997/98, havia uma campanha publicitária de uma empresa de comunicação, que dizia “deixamos AN02FREV001/REV 4.0 39 o mundo menor e seu mundo maior”. Hoje, as pessoas entram na Internet e têm acesso a uma miríade de possibilidades de destinos turísticos – dos mais tradicionais aos mais exóticos. O que faz com que o turista se interesse por uma ou outra é justamente a singularidade daquela cidade. Se pensarmos também no turista que vive nas nossas grandes cidades, a criatividade é o que mobiliza uma pessoa a sair de seu bairro ou região e ir a áreas da cidade às quais nunca teria ido. Essa mobilidade, essa conexão entre áreas, é fundamental para que o cidadão se engaje com sua cidade, para que a conheça e a defenda. A criatividade, portanto,atrai o turismo e é alimentada por ele. GS: Quais as cidades que atualmente são modelos de criatividade? O Brasil tem cidades criativas? AC: As grandes referências no mundo, citadas continuamente, são Barcelona, Londres, Nova Iorque e, em tempos mais recentes, Bogotá. Qual o fascínio desses espaços? Sua inovação, sua efervescência cultural, sua diversidade, sua capacidade de se transformar e de se conectar consigo e com o mundo. Há tantas outras, de diferentes escalas e em situações socioeconômicas variadas. O Brasil certamente tem várias cidades criativas, mas precisamos identificá-las, para aprender com elas e entender o que, em seu processo de transformação, pode inspirar outras cidades. É a isso que se destina o projeto Criaticidades. GS: Qual a importância da Copa do Mundo de Futebol e das Olimpíadas nesse processo de transformação das cidades? Você acredita que o Brasil esteja se preparando de maneira criativa para esses eventos? AC: Os grandes eventos podem oferecer uma oportunidade ímpar para catalisar processos de transformação nas cidades, se forem postos a serviço delas – e não o contrário. A meu ver ainda estamos muito distantes de perceber isso no Brasil. Todo o foco tem sido dado à infraestrutura, aos rios de dinheiro vertidos pelo BNDES para a construção de estádios, à realização dos jogos na cidade X ou Y. A cidade não acabará quando o projeto esportivo terminar. Discutir o legado e construir uma estratégia para que a cidade seja um espaço melhor é fundamental. GS: Sabemos que você está sempre envolvida em grandes e importantes projetos, tais como o livro Creative City Perspectives, lançado neste ano em português, e também o Criaticidades, projeto que acaba de lançar. Conte-nos um pouco do que se tratam esses projetos. AC: Entendo que nossas cidades mereçam ser consideradas como mananciais de soluções – que de fato são. Afinal, a cidade é formada por pessoas; se estas forem criativas e essa criatividade for posta em contato, se somar, se cruzar, a cidade também será criativa. E quão mais criativa a cidade for, mais as pessoas se sentirão estimuladas. “Cidades criativas”, porém, é um tema ainda mais emergente do que economia criativa, ao qual venho me dedicando há vários anos. Resolvi então cursar um Doutorado em Urbanismo na FAU/USP (com uma tese pioneira no Brasil em cidades criativas) e, em paralelo, sistematizar o que vários colegas no mundo já vinham discutindo. O livro “Cidades Criativas – Perspectivas”, que lancei em português recentemente, foi fruto de um trabalho voluntário de todos nós envolvidos – autores, agência REPENSE, Garimpo de Soluções como editora e, para sua publicação em português, unimos SEBRAE, Santander e SP Turis. Já que na teoria o conceito fazia sentido, resolvi ver até que ponto ele era viável na prática. Surgiu daí o projeto AN02FREV001/REV 4.0 40 Criaticidades, que estimula o olhar das cidades sobre si mesmas, descobrindo seus potenciais e singularidades e como esse ativo tão precioso da criatividade pode gerar riquezas econômicas, culturais e sociais. Outros projetos deliciosos estão a caminho: o lançamento de novo livro digital sobre cidades criativas e grandes projetos, em março, no Museu do Futebol, junto com a SP Turis; um seminário internacional enorme com o SESI/SP, em abril; novo livro em maio e assim por diante. Tudo isso será divulgado no site www.criaticidades.com.br e na página da Garimpo de Soluções, no Facebook. Esperamos ter cada vez mais pessoas que se unam a nós nessa bandeira. Afinal, é da soma de diversidades e olhares que surge a criatividade. FONTE: Disponível em: <http://www.culturaemercado.com.br/noticias/criatividade-como- desenvolvimento-das-cidades/>. Acesso em: 24 abr. 2013. Também recomendamos a leitura do texto a seguir, o conteúdo apresenta a criatividade enquanto combustível desse novo modelo de desenvolvimento chamado de indústrias criativas. Economia Criativa: “Eu não penso. Imagino e faço” Por SAULO ANDRADE “A imaginação é mais importante que o conhecimento. O conhecimento é limitado. A imaginação envolve o mundo.” - Albert Einstein Essa afirmativa de Albert Einstein de certo modo sempre me intrigou. Quando criança, fui educado pelos meus pais e pela escola a ser o melhor, nunca errar, fracassar e desistir. E eles sempre diziam: “estude, detenha conhecimento ao máximo e você terá tudo”. Cresci, empreendi, errei e aprendi muito com os erros e pude entender na prática o que Albert Einstein quis dizer na sua época. Depois de estudar e presenciar o efeito network e o poder das mídias sociais no social business, pude mais uma vez comprovar que imaginação é mais importante que o conhecimento. Nunca estimulei um universitário ou estudante a desistir do conhecimento ou do ambiente acadêmico e, sim, a usar dele para a prática que o mercado esperava. Após estudar mais a fundo os termos “networking”, “social media”, “social business”, empreender em sonhos e ouvir todos ao meu redor dizendo: “Desista”, “Você não será capaz”, “Isso não é fácil”, “Muitos tentaram e não conseguiram”, decidi não escutar tais estímulos negativos e seguir em frente usando minha criatividade e imaginação em busca do meu sonho. Todos os dias, procuro motivar jovens que precisam apenas de um empurrão, palavra de incentivo, de inspiração, para sair da tão famosa zona de conforto e se permitirem a sonhar, errar e seguir em frente. http://www.culturaemercado.com.br/noticias/criatividade-como-desenvolvimento-das-cidades/ http://www.culturaemercado.com.br/noticias/criatividade-como-desenvolvimento-das-cidades/ http://www.ideiademarketing.com.br/author/saulo-andrade/ AN02FREV001/REV 4.0 41 Discordo e concordo ao mesmo tempo quando falam que qualquer pessoa pode ser um empreendedor. Discordo porque, para isso, depende-se do emocional, da atitude do indivíduo, pois empreender é um estilo de vida e não apenas abrir um negócio. Concordo porque as mídias sociais nos deram uma liberdade incrível para tal, de blogs e games a design e cinema. Nunca foi tão fácil empreender com imaginação. Esse novo estilo de empreender trouxe à cena o termo Economia Criativa, cujo ativo principal não é mais o valor dos produtos e/ou serviços e sim suas ideias. E os setores criativos levam uma grande vantagem frente aos modelos tradicionais por quê: 1.Não precisam de máquinas; 2.Não precisam obrigatoriamente de um espaço físicos; 3.Não precisam de burocracia; 4. Não precisam de tanta burocracia; O que motiva um empreendedor na economia criativa são as boas ideias, talento e inovação, recursos inesgotáveis e de fácil acesso em qualquer lugar do mundo, confirmando a frase do Einstein “Conhecimento é limitado. A imaginação envolve o mundo.” Segundo o Guru da Criatividade, o britânico John Howkins, autor de The Creative Economy: How People Make Money From Ideas, considerado como a bíblia da Economia Criativa, os setores criativos sempre estiveram presentes na economia. Mas, no modelo antigo, o artista, o pensador, o inovador, operavam nas margens da economia. Não eram reconhecidos pelas grandes companhias, não eram considerados parte do setor produtivo. Você precisa saber o que os outros estão fazendo para poder fazer melhor. Descubra exatamente quem você é e quais são as regras da área em que está trabalhando – e depois as quebre. Seja você mesmo. Arrisque-se. Divirta-se! Ao ler as declarações do mestre Howkins, me veio à mente outra frase do pintor fantástico Salvador Dali: “É preciso provocar sistematicamente confusão. Isso promove a criatividade. Tudo aquilo que é contraditório gera vida”. Como anda sua vida nesse momento? Deixou a criança que imaginava e sonhava adormecida? Ela está aí dentro de você, só precisa dar estímulos para despertar. FONTE: Disponível em: <http://www.ideiademarketing.com.br/2013/04/03/eu-nao-penso-imagino-e- faco-as-novas-regras-da-economia/>.Acesso em: 10 ago. 2013. FIM DO MÓDULO II http://www.ideiademarketing.com.br/2013/04/03/eu-nao-penso-imagino-e-faco-as-novas-regras-da-economia/ http://www.ideiademarketing.com.br/2013/04/03/eu-nao-penso-imagino-e-faco-as-novas-regras-da-economia/ AN02FREV001/REV 4.0 43 PROGRAMA DE EDUCAÇÃO CONTINUADA A DISTÂNCIA Portal Educação CURSO DE GESTÃO CULTURAL Aluno: EaD - Educação a Distância Portal Educação AN02FREV001/REV 4.0 44 CURSO DE GESTÃO CULTURAL MÓDULO III Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada. É proibida qualquer forma de comercialização ou distribuição do mesmo sem a autorização expressa do Portal Educação. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos nas Referências Bibliográficas. AN02FREV001/REV 4.0 45 MÓDULO III 3 EMPREENDEDORISMO CULTURAL 3.1 O QUE É FIGURA 14- PENSAMENTO CRIATIVO FONTE: Disponível em:< http://www.jornaldoempreendedor.com.br/destaques/lideranca/10-coisas- que-os-chefes-realmente-incriveis-fazem#.Ut29xGBTvIU>. Acesso em 12 de abr. de 2013. Antes de conhecermos o que é empreendedorismo cultural, faz-se necessário conhecer o conceito de empreendedorismo, suas origens e como essa ação fez e poderá fazer parte da história da humanidade, os grandes feitos, descobertas partiram de atitudes e ações empreendedoras. A origem da palavra “Empreendedor” é do latim imprendere, que significa “decidir realizar tarefa difícil e laboriosa”, “colocar em execução”. Tem o mesmo AN02FREV001/REV 4.0 46 significado da palavra francesa entrepreneur, que deu origem à inglesa entrepreneurship (comportamento do empreendedor). O espírito empreendedor começa com a história da humanidade, que por meio deste espírito desenvolveu-se. O empreendedor está relacionado às pessoas que apresentam habilidades e competências para realizar projetos, é capaz de mobilizar recursos e correr riscos, para viabilizar e organizar negócios. Para planejar e organizar um empreendimento é necessário ter este espírito empreendedor, ou seja, é importante também preparar-se para trilhar um novo caminho, que, embora desafiador pode ser compensador e resultar em sucesso pessoal e promover independência profissional e econômica e na área cultural especialmente, poderá contribuir para o desenvolvimento sociocultural. O Brasil é um país de empreendedores, sejam pequenos, médios ou de grandes empreendimentos, o fato justifica-se na nossa matriz cultural onde estão presentes a criatividade e inovação, aspectos natos do nosso povo. Porém, a vida de um empreendedor impõe desafios. Assim é preciso ainda se autoconhecer e descobrir se estamos dispostos ou não para enfrentar as dificuldades que acompanham esta opção de desenvolver seu próprio negócio, principalmente aquelas que têm como objetivos promover diversas atividades culturais. Nos últimos anos, vem se desenvolvendo nas escolas de todos os níveis de todo o Brasil, uma dedicação especial à introdução de disciplinas relativas ao empreendedorismo em sala de aula. Nesse cenário, têm surgido iniciativas que trabalhem com o incentivo ao ensino do empreendedorismo. Não apenas porque o tema ainda é desconhecido por mitos e precisa desse apoio e divulgação para crescer. A questão do empreendedorismo está cada vez mais presente, justamente porque acompanha a mudança na cultura dos jovens em relação ao trabalho, embora muitos desses jovens ainda estejam ligados à lógica da estabilidade das grandes companhias. Há alguns anos, quando as pessoas saíam da faculdade estavam automaticamente empregadas em uma empresa de porte. Atualmente, uma parte significativa dos alunos (dos mais variados cursos) tem se interessado pelo tema ao AN02FREV001/REV 4.0 47 se chocar com a realidade do mercado. Entre os alunos, o empreendedorismo é uma disciplina que tem um grau de aceitação grande. O Empreendedorismo é uma opção de carreira muito interessante para o jovem que sai do ensino médio e superior e não encontra emprego e assim como para a escola que tem a oportunidade de fomentar um aspecto social muito grande. No caso do empreendedorismo cultural, desenvolver um projeto cultural ou empreender um equipamento cultural, proporcionando acesso às manifestações de ideias capazes de unir as pessoas, vivenciar algo novo, experimentar, conhecer, compreender aquilo que somos. Todo projeto ou empreendedorismo cultural tem como finalidade contribuir, por meio de um legado, para a nossa sociedade, portanto é necessário empreender. Para que isso aconteça é necessário planejar e configurar as dimensões possíveis para realizá-lo. Essas dimensões tratam, portanto, dos seguintes aspectos de acordo com Olivieri e Natale (2010, p. 23): Dimensão econômica: Trata do plano material, composto por recursos físicos, financeiros e tecnológicos. Dimensão filosófica: Define as razões do projeto, suas verdadeiras causas na sua missão original. Dimensão potencial: Determina os colaboradores, o grupo ou a equipe que vai planejar, realizar, ou seja, fazer tudo acontecer. Dimensão causal: reconhece o para quem, ou seja, para quais pessoas é necessário produzir o projeto. Para empreender um projeto é também importante voltar nossas atenções também para o que está por trás de uma atividade cultural, resumidamente segundo Brant (2004), é entendida como o conjunto de processos de trabalho à produção circulação e preservação da cultura. Para o autor, as atividades culturais devem ter como ponto central para o desenvolvimento humano: a valorização da pessoa, o respeito as suas práticas culturais e ao acesso ao conhecimento em um contexto mundial globalizado. AN02FREV001/REV 4.0 48 3.2 CARACTERÍSTCAS DE UM EMPREENDEDOR CULTURAL Para viabilizar seu próprio negócio cultural de forma independente, ou também desenvolvê-lo em instituições públicas ou privadas é fundamental que se descubra e aprimore seu potencial para um caminho de sucesso e de consolidação. A essência do empreendedor é a busca de novos negócios e oportunidades, e a preocupação sempre presente com a melhoria dos produtos e serviços culturais que caracterizam também pelas trocas simbólicas. Para se tornar um empreendedor cultural, algumas características são essenciais para o desenvolvimento de negócios bem-sucedidos e viáveis, portanto é fundamental que se tenha: Disciplina; Iniciativa; Responsabilidade; Capacidade de lidar com: Aspectos financeiros; Pessoas e liderar equipes; Pró-atividade diante das dificuldades e busca de soluções; Criatividade e Inovação; Organização; Atenção à cena cultural do contexto onde pretende exercer seu negócio; Conhecer diversos tipos de manifestações culturais assim como artistas, espaços culturais; Ter noções de políticas culturais e leis de incentivo. AN02FREV001/REV 4.0 49 3.3 EMPREENDEDORISMO E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL Em muitas instituições de ensino, o estudo sobre o empreendedorismo ainda é tratado apenas em aspectos limitados ao negócio em si. Porém, as constantes transformações em nossa sociedade global e também em relação ao comportamento do consumidor exigem e desafiam cada vez mais as empresas a produzirem produtos e serviços que além de gerar lucro, estejam comprometidos não só com seus consumidores, mas que seus negócios possam ser sustentáveis e gerar também benefícios sociais, culturais e ambientais a todos os envolvidos no processo. FIGURA 15 – REPRESENTAÇÃO DA SUSTENTABILIDADE FONTE: próprio autor. Dentre as principais vantagens emempreender de forma sustentável, destacamos: Socialmente orientado Ecologicamente orientado Economicamente orientado S u s t e n t á v e l AN02FREV001/REV 4.0 50 Satisfazer as necessidades humanas em equilíbrio com os recursos disponíveis; Geração de empregos; Promoção de bem-estar e qualidade de vida às pessoas envolvidas; Transformação social a partir de negócios locais; Valorização cultural; Autoestima da comunidade do entorno; Preservação, conservação e incentivos às práticas culturais. 3.4 EMPREENDEDORISMO CRIATIVO FIGURA 16 – EMPREENDEDORISMO CRIATIVO FONTE: Disponível em: <http://www.criaticidades.com.br/noticias/modelo-de-negocios-ainda-e- desafio-para-empreendedores-criativos/>. Acesso em: 12 abr. 2013. O empreendedorismo criativo está vinculado aos conceitos de empreendedorismo e indústrias criativas, anteriormente apresentadas, apenas incorporamos à noção de negócio/empresa, tradicionalmente associada à atividade empreendedora o conceito de indústrias criativas: http://www.criaticidades.com.br/noticias/modelo-de-negocios-ainda-e-desafio-para-empreendedores-criativos/attachment/bussiness_generica/ AN02FREV001/REV 4.0 51 FIGURA 17 – REPRESENTAÇÃO DAS INDÚSTRIAS CRIATIVAS FONTE: Disponível em: <http://revistazcultural.pacc.ufrj.br/wp-content/uploads/2011/06/brasilmar.gif> Acesso em: 12 abr. 2013. Na economia criativa um empreendimento cultural deve ter como base o contexto local onde se desenvolve, promovendo e incentivando rede de pequenas empresas e empreendedores individuais. Esses elementos ao comporem a rede e interagirem se fortalecem não apenas economicamente, mas também ativam seus negócios e compartilham experiências e buscam soluções de forma coletiva. Por exemplo, ao organizar um Festival de cinema é importante procurar iniciativas dos produtores de cinema local, assim como contar com fornecedores e prestadores de serviços da região para viabilizar recursos físicos e de pessoas. Além de reduzir os custos do evento, articula toda uma cadeia de negócios ligada a cultura. O arranjo produtivo dos empreendimentos na cadeia da economia criativa, por exemplo, os artistas, sujeitos das atividades empreendedoras, possuem uma grande carga emocional envolvida no projeto, citando a necessidade de expressão de suas paixões como força motriz de tais empreendimentos. http://revistazcultural.pacc.ufrj.br/wp-content/uploads/2011/06/brasilmar.gif AN02FREV001/REV 4.0 52 Portanto, não basta ter apenas criatividade e emoção é preciso organizar e planejar estes negócios. Para planejar e organizar os negócios criativos é necessário desenvolver um Plano de negócios, que ajuda a viabilizar o empreendimento, dentre os seus principais aspectos destacamos: Identificar uma oportunidade de negócio criativo na área cultural; Observar a concorrência; Analisar a viabilidade do negócio; O roteiro de um plano de negócios envolve: Sumário executivo: que abranja os principais pontos do plano, tais como dados dos empreendedores, experiências profissionais, atribuições, dados do empreendimento, setor da atividade, fonte de recursos; Análise de mercado: público-alvo; concorrentes diretos e indiretos e fornecedores; Plano de Marketing: principais produtos e serviços e estratégias de promoção e divulgação; Plano operacional: layout, processos e equipe de trabalho; Plano financeiro: investimentos, custos, recursos disponíveis; Construção de cenários na área cultural; Avaliação e Gerenciamento das ações; Enquanto área nova e em desenvolvimento em nosso país é necessário pesquisar, refletir e pensar nos desafios impostos no desenvolvimento de negócios criativos, que além de uma boa ideia, requerem do profissional e/ou candidato empreendedor considerar a necessidade de trabalhar em Coletividade e tirar melhor proveito das potencialidades de equipes criativas. Leia abaixo três textos e reflita sobre as questões que envolvem o empreendedorismo criativo, os autores, grandes profissionais renomados e de grande experiência no empreendedorismo cultural apresentam como exemplo as tecnologias da informação e da comunicação e também o perfil do empreendedor criativo e seus desafios, assim como apresentam também aspectos essenciais para o empreendedorismo criativo. AN02FREV001/REV 4.0 53 A força do empreendedorismo criativo Por Leonardo Brant As tecnologias da informação e de comunicação apresentam uma nova perspectiva para uma disputa centenária entre autor e indústria cultural. O criador é mais dono de sua obra, pois consegue controlar todo o processo de produção cultural, da ideia ao “produto”. A indústria cultural tradicional sofre um processo intenso de desgaste e remodelagem. E migra, aos poucos, para um novo modelo de exploração das obras criativas. Sites de busca, redes sociais, blogs, microblogs e empresas de telefonia valem-se do fluxo de informação gerado por seus usuários, que produzem, copiam, colam e compartilham conteúdos de forma colaborativa, para gerar negócios baseados na diluição gradual do processo autoral. A tendência histórica é de que haja fusão entre a indústria cultural analógica e a digital, como já vem acontecendo a passos largos. A aquisição do Myspace pela Fox e o recente acordo entre Google e Warner são exemplos disso: navalha que corta para os dois lados. Um tenta garantir ganhos galopantes de produtos licenciados sob seu comando, enquanto o outro continuará financiando e estimulando discussões sobre a relevância da livre circulação do conhecimento. O artista faz circular a sua obra, mas continua sem acesso à camada lucrativa do mercado, pois, nos meios digitais, seu valor econômico é reduzido a pó. A conveniência e a facilidade dos licenciamentos livres e gratuitos permitem o benefício da adesão ideológica a um novo socialismo das redes, facilmente percebido pelo público adepto da cultura remix. Mas o impede de tornar a atividade cultural comercialmente sustentável, produzindo uma das economias mais interessantes para o país. Abrir mão dos direitos patrimoniais significa financiar essa nova indústria, tão rica e concentradora quanto a anterior. Essa consciência é mercadológica e cidadã, pois define o lugar da arte e do artista http://memelab.com.br/ec/author/leobrant/ AN02FREV001/REV 4.0 54 na sociedade. Não por menos, o direito autoral figura como um direito fundamental, garantido na Constituição Federal e na Declaração Universal dos Direitos Humanos. Nesse cenário de convergência, surge uma indústria cultural brasileira, conduzida por artistas-empresários, como Vik Muniz, Gilberto Gil, Paulo Coelho, Fernando Meirelles e José Padilha, que desbancou as distribuidoras internacionais e bateu o recorde histórico de audiência para o cinema nacional com “Tropa de Elite 2”. A indústria ainda é um bom lugar para oferecer acesso à cultura nacional. O Brasil precisa reconhecer incentivar e qualificar os seus empreendedores criativos. A boa gestão dos conteúdos, nas mais diversas plataformas, aumenta as possibilidades de participação e construção de um novo mercado cultural, que está aberto e se mostra cada vez mais estratégico para alcançarmos o tão sonhado desenvolvimento sustentável. * Publicado originalmente no jornal Folha de S. Paulo de 15/05/2011 (Tendências e Debates) FONTE: Disponível em: <http://www.empreendedorescriativos.com.br/artigos/a-forca-do- empreededorismo-criativo/>. Acesso em: 12 abr. 2013. Empreendedor criativo deve traduzir seu sonho para o mercado Por Mônica Herculano Que brasileiro é um povo empreendedor e criativo a gente – pelo menos quem está aqui no Cultura e Mercado – já sabe. A maioria das pessoas também já sabe que planejamento é fundamental para que um negócio se mantenha e cresça. Por isso,um dos temas quentes do momento é como unir criatividade e empreendedorismo para estruturar negócios sustentáveis. Para Erick Krulikowski, criatividade e empreendedorismo têm uma relação muito forte, mas o que falta nessa área é um pensamento mais prático, mais voltado ao mercado. Krulikowski trabalha com o processo criativo tão bem quanto com planejamento e gestão. Graduado em música, possui MBA em marketing e é especialista em iniciativas socioculturais. É também sócio diretor da Setor i, empresa focada em gestão estratégica, administrativa e financeira para empreendedores. Segundo ele, apesar de parecer paradoxal, é o planejamento que vai possibilitar http://www.empreendedorescriativos.com.br/artigos/a-forca-do-empreededorismo-criativo/ http://www.empreendedorescriativos.com.br/artigos/a-forca-do-empreededorismo-criativo/ AN02FREV001/REV 4.0 55 que a criatividade floresça e que a força empreendedora seja mais bem utilizada. “É muito romântico achar que o processo criativo não pode estar condicionado a recursos financeiros ou prazos. Alguns ficam anos e anos no planejamento ou em uma incubação interminável, enquanto a maioria já sai para as ruas vender o seu produto ou serviço sem o mínimo de estruturação organizacional, estratégia ou equipes bem treinadas. O ponto de equilíbrio destes dois tipos de empreendimentos é fundamental”, explica. Para que o empreender não perca o foco e tenha uma base para trabalhar seu negócio criativo, com resposta do mercado, deve criar um plano de negócios transparente e acessível e, principalmente, deve entender e incorporar este documento como um guia para as suas atividades. E existe diferença entre um empreendedor de negócios criativos e os demais empreendedores? Para Krulikowski, o empreendedor criativo ou cultural, assim como o social, tem um direcionamento diferente dos demais porque é inovador, criativo e extremamente focado na própria ideia, deixando o dinheiro em segundo ou terceiro plano. “O que importa é escrever música, encenar ‘aquela’ peça, realizar o filme que está na cabeça há tempos. O fazer tem uma dimensão simbólica muito forte”. Já os demais empreendedores geralmente têm um foco financeiro bem definido: o principal indicador de sucesso, para ele, é o faturamento da empresa, o lucro. “Assim, o empreendedor criativo tende mais a se deixar levar pela paixão, e neste ponto ele pode perder a frieza necessária para pensar em sua ideia como negócio – que deve ser inspirador, mas também sustentável financeiramente”, explica. Além disso, o empreendedor de negócios criativos é especializado em atividades que são diferentes dos mercados de massa e tradicional. Enquanto os demais empreendedores atuam em segmentos já bastante pesquisados e conhecidos, os criativos estão vislumbrando novas oportunidades, mercados ainda não criados, demandas que ainda não aconteceram. “Isso muda completamente a maneira de estrutura do negócio, pois não adianta fazer um ‘copy and paste’ de um plano de negócios de um sabonete ou de um serviço de consultoria. Por exemplo, como medir alguns tópicos relacionados à materialidade e estética de uma exposição fotográfica? Nos resultados destes negócios têm que considerar também o interesse do público, o crescimento estético e cultural, enfim, vários outros indicadores além de simplesmente o padrão: lucro.” Resumindo: o plano de negócios vai traduzir o sonho criativo desses empreendedores numa linguagem em que a maioria do mercado entende. “Além disso, o plano de negócios dará uma base financeira para que o empreendedor possa atuar de AN02FREV001/REV 4.0 56 FONTE: Disponível em: <http://www.culturaemercado.com.br/gestao/empreendedor-criativo-deve- traduzir-seu-sonho-para-o-mercado/>. Acesso em: 19 abr. 2012. Empreendedor Criativo: entre sonho e realidade Por Gustavo Seraphim Erick Krulikowski possui habilidades que, para alguns, são inconciliáveis: é empreendedor, gestor e músico. Trabalha com o processo criativo tão bem quanto com o planejamento e a gestão. Graduado em música, possui MBA em marketing e é especialista em iniciativas socioculturais. É também sócio diretor da Setor i, empresa focada em gestão estratégica, administrativa e financeira para empreendedores. Gustavo Seraphim: O brasileiro é um povo empreendedor e criativo, porém, segundo pesquisa realizada pelo SEBRAE, a taxa de sobrevivência das micro e pequenas empresas após dois anos é de 73,1%. Como unir essas duas características, criatividade e empreendedorismo, e estruturar negócios sustentáveis? Erick Krulikowski: Criatividade e empreendedorismo tem uma relação muito forte, o que falta nessa área é um pensamento mais prático, mais voltado ao mercado. É preciso desenvolver um senso maior de planejamento e organização, pois, apesar de parecer paradoxal, é o planejamento que vai possibilitar que a criatividade floresça e que a força empreendedora seja mais bem utilizada. É muito romântico achar que o processo criativo não pode estar condicionado a recursos financeiros ou prazos. Márcio Borges, compositor que fez parte do Clube da Esquina com Milton Nascimento, fala sobre a questão da criatividade “sobre pressão” quando teve que compor uma letra em 15 minutos – e dali saiu à música “Tiro cruzado”, parceria com Nelson Ângelo. Um negócio, para ser sustentável, não pode ser feito na base do atropelo ou sem foco e orientação para resultados – sejam eles quais forem. E é nesse ponto que a coisa uma forma focada buscando também a sua sustentabilidade econômica pessoal, ajudando a estruturar o pensamento, estabelecer prioridades e diminuir os riscos. Estima- se que a elaboração de um plano de negócios já diminui em 60% o risco dele não dar certo, pois nesse processo transportamos o sonho para a realidade financeira e administrativa de nossa atualidade – ou seja, colocamos o ‘pé no chão’”, afirma Krulikowski. http://www.culturaemercado.com.br/gestao/empreendedor-criativo-deve-traduzir-seu-sonho-para-o-mercado/ http://www.culturaemercado.com.br/gestao/empreendedor-criativo-deve-traduzir-seu-sonho-para-o-mercado/ AN02FREV001/REV 4.0 57 emperra: alguns ficam anos e anos no planejamento ou em uma incubação interminável, enquanto a maioria já sai para as ruas vender o seu produto ou serviço sem o mínimo de estruturação organizacional, estratégia ou equipes bem treinadas. O ponto de equilíbrio destes dois tipos de empreendimentos é fundamental. Mas o que a instituição SEBRAE, especializada em micro e pequenas empresas, ressalta é a necessidade de um efetivo plano de negócios compatível com a realidade do mercado, ou seja, um plano de negócios que seja transparente e acessível ao mercado e, principalmente que o empreendedor entenda e incorpore este documento como um guia para as suas atividades. Com isso, este empreendedor não perderá o foco e terá uma base para poder trabalhar os seus negócios criativos e consequentemente o mercado poderá responder e entender as suas expectativas. GS: Você entende que o empreendedor de negócios criativos é diferente dos demais empreendedores? Em quais aspectos? EK: O empreendedor criativo ou cultural, assim como o social, tem um direcionamento diferente dos demais empreendedores: muitas vezes querem mudar o mundo, fazer o bem para outras pessoas, contribuir com a cultura ou mesmo ter condições de viver de sua arte. São inovadores, criativos e extremamente focados na própria ideia, deixando o dinheiro em segundo ou terceiro plano – o que importa é escrever música, encenar “aquela” peça, realizar o filme que está na cabeça há tempos. O fazer tem uma dimensão simbólica muito forte. Já os demais empreendedores geralmente tem um foco financeiro bem definido: o principal indicador de sucesso, para ele, é o faturamento da empresa, o lucro. Assim, o empreendedor criativo tende mais a se deixar levar pela paixão,