Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
DOCÊNCIA EM SAÚDE O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE 1 Copyright © Portal Educação 2013 – Portal Educação Todos os direitos reservados R: Sete de setembro, 1686 – Centro – CEP: 79002-130 Telematrículas e Teleatendimento: 0800 707 4520 Internacional: +55 (67) 3303-4520 atendimento@portaleducacao.com.br – Campo Grande-MS Endereço Internet: http://www.portaleducacao.com.br Dados Internacionais de Catalogação na Publicação - Brasil Triagem Organização LTDA ME Bibliotecário responsável: Rodrigo Pereira CRB 1/2167 Portal Educação P842c O controle de constitucionalidade / Portal Educação. - Campo Grande: Portal Educação, 2013. 11p. : il. Inclui bibliografia ISBN 978-85-8241-670-9 1. Constituição brasileira. I. Portal Educação. II. Título. CDD 342.81023 2 SUMÁRIO 1 O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS ........................................................ 3 1.1 Formas de Controle .................................................................................................................... 4 1.2 A Inconstitucionalidade ............................................................................................................... 5 REFERÊNCIAS ..................................................................................................................... 9 3 1 O CONTROLE DE CONSTITUCIONALIDADE DAS LEIS A ideia de controle de constitucionalidade está relacionada à supremacia da Constituição sobre todo o ordenamento jurídico e, também, à rigidez constitucional e proteção dos direitos fundamentais. A supremacia constitucional adquiriu tanta importância nos Estados Democráticos de Direito que Cappelletti afirmou que “o nascimento e expansão dos sistemas de justiça constitucional, após a Segunda Guerra Mundial, foi um dos fenômenos de maior relevância na evolução de inúmeros países europeus”. Em defesa basicamente dos direitos fundamentais do homem e dos direitos das minorias, após a Segunda Guerra Mundial, houve necessidade do surgimento de tribunais que velassem pela compatibilidade dos atos do poder público com as normas constitucionais, pois a força dos tribunais tem sido, em todos os tempos, a maior garantia que se pode oferecer às liberdades individuais. O controle de constitucionalidade tem como ponto fundamental a defesa dos valores constitucionais básicos e dos direitos fundamentais. Assim, o controle de constitucionalidade das leis tem por finalidade verificar se as leis editadas no país são materialmente compatíveis com as regras constitucionais. Porém, para que haja uma rigidez constitucional, diferenciando o poder constituinte originário do derivado, é necessária a existência de um controle de constitucionalidade. Pois controlar a constitucionalidade significa impedir a subsistência de inconstitucionalidades de forma a assegurar a supremacia da Constituição. É a verificação da adequação de um ato jurídico, particularmente a lei, à Constituição. 4 1.1 Formas de Controle O controle pode ser judiciário ou político. O controle político, aquele onde a verificação da constitucionalidade é confiada a órgão não pertencente ao Poder Judiciário e sim ao poder Executivo e Legislativo. Já o controle judiciário é feito pelos órgãos do Poder Judiciário. O controle pelo Poder Judiciário abrange dois métodos, concentrado ou difuso. O controle concentrado é observado quando é atribuído a um único órgão específico. No Brasil, o controle concentrado é realizado pelo Supremo Tribunal Federal. O STF é órgão integrante do Poder Judiciário, sendo a instância máxima desse Poder. Em muitos países, o controle da constitucionalidade cabe a um órgão autônomo e distinto do Poder Judiciário, chamado Corte ou Tribunal Constitucional. Dessa forma, ao controlar a constitucionalidade, o STF realizará a verificação de adequação ou compatibilidade de uma lei ou de um ato normativo com a constituição, verificando seus requisitos formais e materiais. O controle difuso funciona quando a qualquer juiz é dado apreciar alegação de inconstitucionalidade. É a chamada via de exceção ou defesa. Então, o controle de constitucionalidade pelo Poder Judiciário será feito de forma difusa ou de forma concentrada. Será de forma difusa quando qualquer juiz ou tribunal declara a inconstitucionalidade de alguma lei, portanto não se aplicando, o que nela está disposto, para a situação específica discutida no processo. 5 No Brasil, salvo na Constituição do Império, sempre houve a adoção do controle difuso de constitucionalidade repressivo jurídico ou judiciário, em que é o próprio poder judiciário quem realiza o controle da lei ou do ato normativo, já editado, perante a Constituição Federal, para retirá-los do ordenamento jurídico, desde que contrários à Carta Magna. Na atual Constituição, foram adotados os dois sistemas de controle do judiciário de constitucionalidade repressiva. O primeiro denominado controle difuso, por via de exceção, é aquele em que todos os juízes e tribunais poderão realizar o controle de constitucionalidade. O segundo será exercido por via de ação direta, denominando-se concentrado. Existe ainda, o controle preventivo ou repressivo: O controle preventivo opera antes que a lei se aperfeiçoe. O repressivo, depois de promulgada a lei. Na Constituição atual, há tanto o controle preventivo, como o repressivo. O primeiro é atribuído ao Presidente da República, que o exerce por intermédio do veto, ou ao Legislativo, no processo legislativo. O controle repressivo é confiado ao Judiciário. 1.2 A Inconstitucionalidade Gomes Canotilho, sob a ótica do parâmetro constitucional, lembra o conceito clássico, aliás, repetido por todos: "inconstitucional é toda lei que viola os preceitos constitucionais”. 6 José Afonso da Silva, a respeito da inconstitucionalidade, fala-nos sobre a "conformidade com os ditames constitucionais", a qual "não se satisfaz apenas com a atuação positiva de acordo com a Constituição", mas ainda com o não "omitir a aplicação de normas constitucionais quando a Constituição assim o determina". Para Lúcio Bittencourt, "a inconstitucionalidade é um estado – estado de conflito entre uma lei e a Constituição". Lei ou ato normativo inconstitucional, por não se adequar ao preceito constitucional, ocorre quando a lei não observa os requisitos constitucionais em relação a sua forma, havendo um vício no processo de produção normativa, por exemplo, havendo uma lei de iniciativa de um deputado que modifique os efetivos das Forças Armadas, esta lei será inconstitucional por vício de iniciativa, que, no caso, é privativa do Presidente da República. Também, ocorre quando a lei trata de uma matéria incompatível com a Constituição, por exemplo, lei penal que estabelece a pena de morte para quem cometer determinado crime. É bom saber, que a emenda constitucional também pode ser objeto da ação direta de inconstitucionalidade, pois se trata de fruto de elaboração do poder constituinte reformador. Se violar uma cláusula pétrea, este ato normativo também poderá ser considerado inconstitucional. Têm legitimidade para propor a ação direta de inconstitucionalidade: Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos Deputados; a Mesa de Assembleia Legislativa ou a Mesa da Câmara Legislativa do Distrito Federal; Governador de Estado ou do Distrito Federal; Procurador-Geralda República; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; Partido Político com representação no Congresso Nacional; Confederação Sindical ou Entidade de Classe de Âmbito Nacional. Já a competência para processar e julgar a ação direta de inconstitucionalidade é exclusivamente do Supremo Tribunal Federal, previsto no art. 102, inciso I, alínea “a” da Constituição Federal. A Lei que trata do procedimento da ação direta de inconstitucionalidade e da ação declaratória de constitucionalidade é a n.º 9.868/99. 7 Após a inconstitucionalidade ser declarada pelo STF, deve a decisão ser comunicada ao Senado Federal. Este deverá suspender a execução da lei declarada inconstitucional (art. 52, X, da Constituição Federal). A ação direta de inconstitucionalidade por omissão foi introduzida na Constituição Federal de 1988. Têm legitimidade ativa para propor a ação de inconstitucionalidade por omissão: Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos Deputados; Mesa de Assembleia Legislativa; Governador de Estado; Procurador-Geral da República; Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil; Partido Político com representação no Congresso Nacional; Confederação Sindical ou Entidade de Classe de Âmbito Nacional. A ação de inconstitucionalidade por omissão assemelha-se ao mandado de injunção. Ambos os instrumentos se aplicam no caso de uma regulamentação faltante, porém apresentam algumas diferenças. Pode ela ser movida por certas pessoas. O Mandado de Injunção, como veremos mais tarde, pode ser impetrado por qualquer interessado. Existe também, a ação direita de inconstitucionalidade para fins interventivos que foi introduzida pela Emenda Constitucional n° 3 que visa a obter a declaração de inconstitucionalidade em virtude da ofensa a princípio constitucional sensível, viabilizando a deflagração do processo de intervenção federal. Princípios chamados sensíveis não podem ser violados pelos Estados-membros ou pelo Distrito Federal no exercício de suas competências legislativas, tais como a forma republicana, sistema representativo, regime democrático, dentre outros. Já a Ação Declaratória de Constitucionalidade tem como objetivo a obtenção do Judiciário de declaração da constitucionalidade de determinada norma em abstrato com fins de solucionar previamente futuros conflitos. Com esta ação, o STF ratifica a presunção de validade que todas as leis possuem. Foi introduzida pela Emenda Constitucional n° 3 e atualmente é prevista pela Constituição Federal em seu art. 102, I, “a” e pela Lei 9.868 que estabelece o procedimento. 8 Têm legitimidade para propor a ação declaratória de constitucionalidade: Presidente da República; Mesa do Senado Federal; Mesa da Câmara dos Deputados; Procurador Geral da República. A competência para processar e julgar a ação declaratória de constitucionalidade é exclusivamente do Supremo Tribunal Federal. A declaração de constitucionalidade tem poder vinculante, sujeitando os demais órgãos judiciários em causas idênticas, que não mais podem ser decididas de forma diversa. Esse poder vinculante ou força vinculante foi inserido no direito positivo por meio da Emenda Constitucional nº 45/2004, a qual introduziu o art. 103-A à Constituição Federal de 1988. A instituição da súmula vinculante, pela EC 45/04, surgiu a partir da necessidade de reforço à ideia de uma única interpretação jurídica para o mesmo texto constitucional ou legal, de maneira a garantir a segurança jurídica e o princípio da igualdade, pois os órgãos do poder judiciário não devem aplicar as leis e os atos normativos aos casos concretos de forma a criar ou aumentar desigualdades arbitrárias, devendo utilizar-se de todos os mecanismos constitucionais no sentido de conceder às normas jurídicas uma interpretação única e igualitária. Assim, a súmula com o efeito vinculante é a modalidade que não possui apenas o caráter de orientação, pois obriga os demais órgãos do Judiciário a seguirem determinada interpretação emitida pelo Supremo Tribunal Federal. Porém, é importante lembrar que essa ideia já fora adotada no Império, quando em 1876 o Supremo Tribunal de Justiça passou a ter a possibilidade de editar assentos com força de lei, em relação à inteligência das leis civis, comerciais e criminais, quando na execução delas ocorrem dúvidas manifestadas no julgamento divergentes do mesmo tribunal, das relações e dos juízes, porém sem que tivesse sido utilizado até a proclamação da República. 9 REFERÊNCIAS AMARO, Luciano. Direito Tributário Brasileiro. São Paulo: Saraiva, 2009. BASTOS, Aurélio Wander. Conflitos Sociais e Limites do Poder Judiciário. 2. ed. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. BASTOS, Celso Ribeiro. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Saraiva, 2000. BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. 23. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. CANOTILHO, J. J. Gomes. Direito Constitucional e Teoria da Constituição. 4. ed. Coimbra: Almedina, 2003. COSTA, Regina Helena. Imunidades Tributárias. São Paulo: Malheiros, 2001. CUNHA JÚNIOR, Dirley da. Curso de Direito Constitucional. Salvador: Juspodivm, 2009. CUNHA, Sergio Sérvula da. O Efeito Vinculante e os Poderes do Juiz. São Paulo: Saraiva, 1999. ESTATUTO DA CRIANÇA E DO ADOLESCENTE, Coleção Saraiva de Legislação, São Paulo, 2009. FRANCO, Mônica Miranda. A Constituição como um sistema de princípios e normas: as normas de direito tributário, Revistas dos Tribunais, São Paulo, 1999. LOCHE, Adriana; FERREIRA, Helder; SOUZA, Luis; IZUMINO, Wânia. Estudos de Sociologia, Direito e Sociedade, Porto Alegre, 1999. MACCALÓZ , Salete. O Poder Judiciário e os Meios de Comunicação e Opinião Pública. Rio de Janeiro: Lúmen Júris, 2001. 10 MENDES, Gilmar Ferreira. Curso de Direito Constitucional. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2008. MENDES, Gilmar Ferreira; MARTINS, Ives Gandra da Silva. Controle de Constitucionalidade. São Paulo: Saraiva, 2009. MORAES, Alexandre de. Constituição do Brasil Comentada. São Paulo: Atlas, 2007. NETO, Diogo de Figueiredo Moreira. A Segurança Pública na Constituição, Revista de Informação Legislativa, n. 109, Brasília, Rio de Janeiro, 1991. NOVELINO, Marcelo. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Forense, 2007. SCURO NETO, Pedro. Lógica e Método do Direito. São Paulo: Saraiva, 2000. SILVA, José Afonso da. Curso de Direito Constitucional Positivo. 31. ed. São Paulo: Malheiros, 2008. SILVA, Jose Luiz Mônaco da. Estatuto da Criança e do Adolescente Comentado. São Paulo: Juarez de Oliveira, 2000. SOUZA, Edson Dias de. Direito Constitucional. Rio de Janeiro: Rio, 2004. STRECK, Lênio Luis. Jurisdição Constitucional e hermenêutica: uma nova crítica do direito. 2. ed. Rio de Janeiro:Forense, 2004. TAVARES, André Ramos. Curso de Direito Constitucional. 5. ed., São Paulo: Saraiva, 2007.
Compartilhar