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Pneumoni� N�ocomia� (PN) � Pneumoni� Associad� à Ventilaçã� Mecânic� (PAVM) Definição e Epidemiologia PN - Pneumonia que se instala após uma internação hospitalar de duração superior a 48 horas PAVM - Pneumonia que se instala 48-72 horas após a intubação orotraqueal Estão entre as mais frequentes e mais graves infecções hospitalares Mortalidade gira em torno de 20-50% Patogênese Muitos são os fatores que contribuem para a aquisição da PN e PAVM: ● Imunodepressão do paciente crítico ● Mudança da microbiota orofaríngea ● Fontes de contaminação (principalmente as mãos dos profissionais de saúde) ● Secreções subglóticas - Secreções que se acumulam acima do cuff que são contaminadas e eventualmente atingem o trato respiratório inferior por meio de brechas entre o cuff e a parede da traqueia (Por isso é recomendada a aspiração das secreções diariamente) ● Colonização do tubo e formação de biofilmes ● Aumento do pH gástrico - Uso de antiácidos e antissecretores (BH2 e IBP), dieta enteral com tempo de infusão longo, hipocloridria prévia, doença de base que reduz a secreção ácida. ● Colonização de cateteres naso/orogástrica ● Cabeceira do leito a zero graus (facilita o acúmulo de secreções) - Por isso deve-se manter a cabeceira entre 30 e 45 graus ● Contaminação dos sistemas de refrigeração do ar ambiente ● Contaminação dos circuitos que umidificam o respirador ● Contaminação hematogênica Etiologia ● Bastonetes Gram-negativos (BGN) e Cocos Gram-positivos (CGP) ● Germes multidroga-resistentes (MDR) - selecionados pelo uso de antibióticos ● Padrão polimicrobiano em pacientes mais graves ● Fungos e vírus são causas importantes em pacientes imunodeprimidos ● BGN anaeróbios fermentadores de glicose - Escherichia coli, Klebsiella pneumoniae, Enterobacter spp. ● BGN não fermentadores de glicose - Pseudomonas aeruginosa, Acinetobacter baumannii, Burkholderia cepacea, Stenotrophomonas maltophilia ● CGP - Staphylococcus aureus Sensível à Meticilina (MSSA) ou Resistente à Meticilina (MRSA) Manejo da PN 1. Diagnóstico clínico-radiológico - Infiltrado radiográfico novo ou progressão de infiltrado antigo + evidências clínicas de que o infiltrado tem origem infecciosa (febre >38 graus, escarro purulento, leucocitose ou leucopenia) 2. Colher culturas - Cultura de escarro (preferencia pela expectoração espontânea, mas pode-se usar o escarro induzido por nebulização de solução hipertônica) + duas amostras de hemocultura 3. Tratamento empírico (até que venha o resultado da cultura) 4. Adequar o tratamento com base no resultado da cultura Manejo da PAVM 1. Diagnóstico clínico-radiológico - Infiltrado radiográfico novo ou progressão de infiltrado antigo (radiografia em AP a beira do leito) + evidências clínicas de PAVM (febre, secreção traqueobrônquica purulenta, leucocitose e piora dos parâmetros ventilatórios e/ou da troca gasosa, o exame físico pode ser muito útil nesses casos, já que os pacientes estão sedados). 2. Colher culturas - Cultura de escarro (aspirado endotraqueal ou lavado broncoalveolar) + duas amostras de hemocultura 3. Tratamento empírico (até que venha o resultado da cultura) 4. Adequar o tratamento com base no resultado da cultura Diagnóstico Diferencial ● TEP/infarto pulmonar, ● Síndrome do desconforto respiratório agudo ● Pneumonite aspirativa ● Hemorragia alveolar ● Reação de hipersensibilidade a fármacos ● Câncer ● Bronquiolite obliterante com pneumonia em organização (BOOP) Tratamento Empírico É recomendado que cada unidade de internação tenha estatísticas próprias sobre os principais patógenos implicados nas PN/PAVM, norteando o tratamento empírico. No entanto, existem algumas recomendações genéricas que podem embasar o tratamento. Tratamento Empírico da PN Leva em conta a presença de alguns fatores de risco: Fatores de risco para mortalidade ● Necessidade de suporte ventilatório ● Choque séptico Fatores de risco MRSA ● Uso de ATB IV nos últimos 90 dias ● Tratamento em local onde >20% dos S. aureus são MRSA ou quando a porcentagem for desconhecida Fatores de risco para germes MDR (ex: Pseudomonas) ● Uso de ATB IV nos últimos 90 dias ● Doença estrutural pulmonar (fibrose cística e bronquiectasia) ● Gram do escarro com predominância de BGN Com base na análise desses fatores de risco, pode-se determinar a terapia mais adequada: Ausência de fatores de risco (1 verde) ● Piperacilina/Tazobactam 4,5 g IV 6/6h ● Cefepime 2 g IV 8/8h ● Levofloxacina 750 mg IV 1x dia ● Imipenem 500 mg IV 6/6h ● Meropenem 1 g IV 8/8h Presença de fatores de risco para MRSA (1 verde + 1 vermelho) ● Piperacilina/Tazobactam 4,5 g IV 6/6h ● Cefepime ou Ceftazidime 2 g IV 8/8h ● Levofloxacina 750 mg IV 1x dia ● Ciprofloxacina 400 mg IV 8/8h ● Imipenem 500 mg IV 6/6h ● Meropenem 1 g IV 8/8h ● Aztreonam 2 g IV 8/8h ● Vancomicina 15 mg/kg IV de 8/8h ou 12/12h, objetivando nível sérico de 15-20 mg/ml ● Linezolida 600 mg IV 12/12h Presença de fatores de risco para mortalidade (2 verdes, evitando usar 2 beta lactâmicos + 1 vermelho) ● Piperacilina/Tazobactam 4,5 g IV 6/6h ● Cefepime ou Ceftazidime 2 g IV 8/8h ● Levofloxacina 750 mg IV 1x dia ● Ciprofloxacina 400 mg IV 8/8h ● Imipenem 500 mg IV 6/6h ● Meropenem 1 g IV 8/8h ● Aztreonam 2 g IV 8/8h ● Amicacina 15-20 mg/kg IV 1x ● Gentamicina ou Tobramicina 5-7 mg/kg IV 1x ● Vancomicina 15 mg/kg IV de 8/8h ou 12/12h, objetivando nível sérico de 15-20 mg/ml, sendo que pacientes graves podem receber dose de ataque de 25-30 mg/kg IV ● ou Linezolida 600 mg IV 12/12h Uso de ATB IV nos últimos 90 dias (idem anterior) Presença de fatores de risco para germes MDR (idem anterior) Tratamento Empírico PAVM Leva em conta a presença de alguns fatores de risco: Fatores de risco MRSA ● Tratamento em UTI onde >20% dos S. aureus são MRSA ou quando a porcentagem for desconhecida Fatores de risco para germes MDR (ex: Pseudomonas) ● Uso de ATB IV nos últimos 90 dias ● Choque séptico ● SDRA ● Internação de pelo menos 5 dias ● Terapia de substituição renal ● Tratamento em UTI onde >10% dos BGN são resistentes a uma droga considerada para monoterapia ou quando a porcentagem é desconhecida Com base na análise desses fatores de risco, pode-se determinar a terapia mais adequada: Ausência de fatores de risco (1 verde) ● Piperacilina/Tazobactam 4,5 g IV 6/6h ● Cefepime 2 g IV 8/8h ● Levofloxacina 750 mg IV 1x dia ● Imipenem 500 mg IV 6/6h ● Meropenem 1 g IV 8/8h Presença de fatores de risco para MRSA (1 verde + 1 vermelho) ● Piperacilina/Tazobactam 4,5 g IV 6/6h ● Cefepime ou Ceftazidime 2 g IV 8/8h ● Levofloxacina 750 mg IV 1x dia ● Ciprofloxacina 400 mg IV 8/8h ● Imipenem 500 mg IV 6/6h ● Meropenem 1 g IV 8/8h ● Aztreonam 2 g IV 8/8h. ● Vancomicina 15 mg/kg IV de 8/8h ou 12/12h, objetivando nível sérico de 15-20 mg/ml ● Linezolida 600 mg IV 12/12h. Presença de fatores de risco para germes MDR (2 verdes, evitando usar 2 betalactâmicos + 1 vermelho) ● Piperacilina/Tazobactam 4,5 g IV 6/6h ● Cefepime ou Ceftazidime 2 g IV 8/8h ● Levofloxacina 750 mg IV 1x dia ● Ciprofloxacina 400 mg IV 8/8h ● Imipenem 500 mg IV 6/6h ● Meropenem 1 g IV 8/8h ● Aztreonam 2 g IV 8/8h ● Amicacina 15-20 mg/kg IV 1x ● Gentamicina ou Tobramicina 5-7 mg/kg IV 1x ● Colistina 5 mg/kg IV 1x (dose de ataque) + 2,5 mg (1,5 x ClCr + 30) IV 12/12h ● Polimixina B 2,5-3,0 mg/kg/dia, dividido em duas doses diárias ● Vancomicina 15 mg/kg IV de 8/8h ou 12/12h, objetivando nível sérico de 15-20 mg/ml (pacientes graves podem receber dose de ataque de 25-30 mg/kg IV a fim de atingir o nível sérico alvo de forma mais rápida) ● Linezolida 600 mg IV 12/12h. Referência Medcurso 2018 - Infectologia - Volume 1
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