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29 PRÁTICA - AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE

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AÇÃO DECLARATÓRIA DE 
CONSTITUCIONALIDADE
PEÇA PRÁTICA
ÍNDICE
1. AÇÃO DECLARATÓRIA DE CONSTITUCIONALIDADE (ADECON OU ADC) ..3
Introdução ................................................................................................................................................................................... 3
O que é a ADC? ....................................................................................................................................................................... 3
2. IDENTIFICAÇÃO ............................................................................................................ 12
Exemplos .....................................................................................................................................................................................12
CASO 1 (ADC 38) ............................................................................................................................12
CASO 2 (ADC 12) ............................................................................................................................13
3. REDAÇÃO DA PEÇA .....................................................................................................15
Como realizar a peça na prática .................................................................................................................................15
www.trilhante.com.br 3
1. Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADECON ou 
ADC)
Introdução
A promulgação da Constituição Federal de 1988 marca a ruptura com um Estado 
anterior autoritário e intolerante. Também por isto, após este período, há a busca da 
melhor efetivação dos direitos consubstanciados de caráter fundamental pela sociedade 
e pelo legislador. A CF/88 da República Federativa do Brasil, neste sentido, possui uma 
posição privilegiada no ordenamento vigente, sendo considerada norma fundamental e, 
por isto, todo o ordenamento jurídico deve ser interpretado em harmonia com ela.
De acordo com José Afonso da Silva,
“o fundamento da inconstitucionalidade está no fato de que do princípio da supremacia da constituição 
resulta o da compatibilidade vertical das normas da ordenação jurídica de um país, no sentido de que 
as normas de grau inferior somente valerão se forem compatíveis com as normas de grau superior, que 
é a Constituição. As que não forem compatíveis com ela são inválidas, pois a incompatibilidade vertical 
resolve-se em favor das normas de grau mais elevado, que funcionam como fundamento de validade das 
inferiores.” 
A eficácia é uma qualidade da norma que se refere à possibilidade de produção concreta 
de efeitos, tendo como elementos a aplicabilidade, a exigibilidade e a executoriedade. 
Desta forma, caso uma norma seja contrária aos preceitos constitucionais, ela não poderá 
gerar efeitos no âmbito social. Torna-se relevante, portanto, a criação de um sistema com 
o intuito de proteger a observância dos dispositivos da Constituição e retirar a validade 
das normas em contrariedade com ela: o chamado controle de constitucionalidade.
O presente texto busca ensinar, de maneira clara e objetiva, acerca de uma das formas 
de exercício do controle de constitucionalidade existente no âmbito jurídico brasileiro: a 
ação declaratória de constitucionalidade.
O que é a ADC?
A Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC) é uma das formas de exercício 
do controle de constitucionalidade concentrado no âmbito do ordenamento jurídico 
brasileiro. Tal controle é exercido por meio de julgamento pelo STF, que manifesta seu 
posicionamento a respeito de determinada lei ou ato normativo federal. O entendimento 
do Supremo em relação a uma ADC – tipificada no artigo 102, parágrafo 2º, c/c o artigo 
103, da Constituição Federal – tem efeito vinculante.
A ação declaratória de constitucionalidade é recente, haja vista foi introduzida por meio 
da Emenda Constitucional nº 3, de 17 de março de 1993, que deu nova redação ao art. 
102, I, da Constituição Federal de 1988. Tal instrumento é utilizado com o objetivo de 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/emendas/emc/emc03.htm
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confirmar e reafirmar a constitucionalidade de uma lei ou de um ato normativo federal, 
isto é, a ADC é importante para a segurança jurídica na medida em que tem o condão 
de confirmar, inequivocamente, se determinada norma é, afinal, compatível com a CF. 
Outrossim, ela é regulamentada pela lei 9.868/99 e é baseada em um controle direto e 
concentrado, já que é julgada somente pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
Pequeno adendo: O controle constitucional pode ser concentrado ou difuso.
Difuso é aquele tido na atividade normal dos magistrados que, quando em uma decisão, 
versam (só gerando efeitos inter partes, no âmbito daquele processo) a respeito da 
constitucionalidade de alguma norma invocada no caso em questão. Este modo de 
controle acontece ocasionalmente sem provocação específica, ou seja, o juiz acaba 
decidindo sobre a constitucionalidade de alguma norma em um processo cujo objeto 
não era este, mas ao qual coube bem tal atitude, pois que relevante ao seu desenrolar. O 
controle concentrado, por sua vez, é aquele feito pelo STF que possui efeito vinculante 
e erga omnes e é levado a cabo em processo voltado especificamente para este fim. É 
também chamado controle abstrato porque não aproveita a partes específicas, mas à 
sociedade como um todo.
Toda lei possui uma presunção relativa de constitucionalidade. Partindo desse 
pressuposto, o objetivo da ADC é transformar uma presunção relativa (juris tantum) de 
constitucionalidade em absoluta (jure et de jure), não mais se admitindo prova em contrário. 
Ou seja, julgada procedente a ADC, tal decisão vinculará os órgãos do Poder Judiciário 
e a Administração Pública, que não mais poderão declarar a inconstitucionalidade da 
aludida lei ou agir em desconformidade com a decisão do STF. Não estaremos mais, 
repita-se, diante de uma presunção relativa de constitucionalidade da lei, mas absoluta. 
(LENZA, Pedro. Dir. Const. Esquematizado, p. 381, ed. 16).
Observe, também: Ação Declaratória de Constitucionalidade possui correspon-
dência com a Ação Direta de Inconstitucionalidade, as quais possuem verda-
deiro sinal trocado:
ADECON procedente declaração de constitucionalidade ADIN improcedente
ADIN procedente declaração de inconstitucionalidade ADECON improcedente
Imagine, então, que há certo conflito jurídico porque alguns Juízes aplicavam determinada 
lei federal e outros não, gerando, assim, uma insegurança jurídica. Nesse caso, o Supremo 
Tribunal Federal (STF) poderá utilizar a ADC a fim de resolver tal controvérsia, ratificando 
ou não a constitucionalidade da lei em questão e produzindo o efeito erga omnes, pelo 
qual a decisão do Supremo Tribunal Federal, em controle concentrado e abstrato da 
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9868.htm
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constitucionalidade, atinge a tudo e a todos, beneficiando toda a sociedade por meio do 
firmamento de determinado entendimento legal.
OBJETO
O objeto da ADC são leis ou atos normativos federais, editados após a CF/88, que têm 
tido a constitucionalidade recorrentemente arguida, ou seja, comumente sendo objeto 
de debates ou de discordâncias. Lembre-se: lei ou ato normativo FEDERAL.
OBJETOS: ATO NORMATIVO FEDERAL e LEI FEDERAL
COMPETÊNCIA
O órgão competente para apreciar a ADC/ADECON é o Supremo Tribunal Federal (STF), 
como estabelece o art. 102, I, “a”, da CF/88, originariamente.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou estadual e a ação declaratória de 
constitucionalidade de lei ou ato normativo federal;
LEGITIMIDADE
A legitimidade ativa diz respeito às pessoas que podem propor a ADECON, sendo 
baseada no art. 103, da CF/88. Dispõe o artigo 103da Constituição Federal que:
Art. 103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação declaratória de constitucionalidade:
I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito Federal; 
V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;  
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
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VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
É importante destacar, diante da legitimidade, que os representantes mencionados nos 
incisos IV, V e IX precisam demonstrar pertinência temática, o interesse de agir para 
ajuizar tal ação.
Ao partido político com representação no Congresso Nacional (inc. VIII), por sua vez, 
basta apenas um parlamentar, que atuará por meio do Diretório Nacional.
Já os presentes nos incisos VIII e IX necessitam de advogados se quiserem ajuizar ADC, 
enquanto os outros possuem capacidade postulatória.
PROCEDIMENTO
O procedimento deve respeitar os requisitos gerais da petição inicial (art. 319, do Novo 
Código de Processo Civil) e, também, o art. 14 da lei nº 9.868/99. Segue, abaixo, a íntegra 
de ambos:
Dos Requisitos da Petição Inicial
Art. 319.  A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, a profissão, o número de inscrição 
no Cadastro de Pessoas Físicas ou no Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o 
domicílio e a residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de mediação.
Lei nº 9.868/99 (art. 14):
Art. 14. A petição inicial indicará:
I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos jurídicos do pedido;
II - o pedido, com suas especificações;
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III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da disposição objeto da ação declaratória.
Parágrafo único. A petição inicial, acompanhada de instrumento de procuração, quando subscrita por 
advogado, será apresentada em duas vias, devendo conter cópias do ato normativo questionado e dos 
documentos necessários para comprovar a procedência do pedido de declaração de constitucionalidade.
Após a fundamentação de acordo com os artigos supracitados, o relator, dentro de 
15 dias (art. 19 da lei nº 9.868/99), ouvirá o Procurador-Geral da República, podendo 
requisitar informações adicionais aos órgãos competentes.
MEDIDA CAUTELAR
A admissão de medida cautelar nas ações declaratórias de constitucionalidade foi uma 
inovação trazida pelo Projeto de Lei n. 2.960/97 (PL n. 10/99, no Senado Federal), que 
originou a Lei n. 9.868/99. Seu artigo 21 trata da medida cautelar em ADC:
Art. 21. O Supremo Tribunal Federal, por decisão da maioria absoluta de seus membros, poderá deferir 
pedido de medida cautelar na ação declaratória de constitucionalidade, consistente na determinação de 
que os juízes e os Tribunais suspendam o julgamento dos processos que envolvam a aplicação da lei ou 
do ato normativo objeto da ação até seu julgamento definitivo.
Parágrafo único. Concedida a medida cautelar, o Supremo Tribunal Federal fará publicar em seção 
especial do Diário Oficial da União a parte dispositiva da decisão, no prazo de dez dias, devendo o Tribunal 
proceder ao julgamento da ação no prazo de cento e oitenta dias, sob pena de perda de sua eficácia.
Para que o STF suspenda o julgamento de todos os processos que envolvam a aplicação 
da lei ou ato normativo objeto da ação até o julgamento definitivo desta, deverão estar 
presentes dois requisitos, quais sejam:
• o fumus boni juris (a fumaça do bom direito: verossimilhança entre as alegações e o Di-
reito clamado) e o
• periculum in mora (perigo de dano ou lesão se houver demora no provimento do que se 
demanda).
PEDIDO
Por fim, o pedido da ADC deve ser certo e determinado, levando indicação precisa 
da norma da qual se quer a constitucionalidade declarada, e deve contar com fatos e 
fundamentos jurídicos.
EFEITOS DA ADC
Segundo o Art. 102, § 2º, da CF/88, as decisões definitivas de mérito proferidas pelo 
Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações 
declaratórias de constitucionalidade, produzirão eficácia contra todos e efeito vinculante 
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aos demais órgãos do Poder Judiciário e à Administração Pública Direta e Indireta, nas 
esferas federal, estadual e municipal.
Tais decisões são também irrecorríveis e não podem ser objetos de ação rescisória, 
cabendo contra elas somente a interposição de embargos declaratórios. 
Neste sentido, passemos a explicar cada ponto de maneira mais aprofundada:
A eficácia erga omnes significa que a declaração da constitucionalidade ou da inconstitucionalidade da lei 
se estende a todos os feitos em andamento, paralizando-os, com o desfazimento dos efeitos das decisões 
neles proferidas no primeiro caso ou com a confirmação desses efeitos no segundo caso. Mas quer dizer 
também que o ato, dali por diante, vale na medida mesma da declaração proferida na ação declaratória de 
constitucionalidade, ou seja, é constitucional, sem possibilidade de qualquer outra declaração em contrário, 
ou inconstitucional, com o que se apaga de vez sua eficácia no ordenamento jurídico.
Vimos que outro efeito da ADECON é que sua decisão é vinculante em relação ao 
Poder Judiciário e à Administração Pública federal, estadual, municipal e distrital. Isto 
certamente contribui para a segurança jurídica, já que firma apenas um entendimento 
sobre determinada lei ou ato normativo federal, impedindo a imprevisibilidade da 
observância de determinada norma.
O Ministro Moreira Alves, em manifestação no julgamento da ADC nº.01/DF31, afirmou 
que resultam da força vinculante da ação declaratória de constitucionalidade as seguintes 
consequências:
a) Se os demais órgãos do Poder Judiciário, nos casos concretos sob seu julgamento, 
não respeitarem a decisão prolatada nessa ação, a parte prejudicada poderá valer-se 
do instituto da reclamação para o Supremo Tribunal Federal, a fim de que se garanta a 
autoridade dessa decisão, e
b) essa decisão alcança os atos normativos de igual conteúdo daquele que deu origem 
a ela mas que não foi objeto da ADC.
Por fim, existe também a consequência chamada de efeito ex tunc, ou retroativo. A 
retroatividade da decisão significa que seu entendimento há de ser observado em todos 
os casos aos quais se aplicara a norma firmada constitucional, desde a data de vigência 
da lei.
Para facilitar a compreensão do assunto, segue, abaixo, uma tabela do assunto estudado:
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC)
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- Introduzida no ordenamento jurídico brasileiro por intermédio da Emenda Constitucional nº 3, de 
17 de março de 1993;
- A Ação Declaratória de Constitucionalidade é regulamentada pela Lei 9.868/99;
- Representa uma das formas de exercício do Controle de Constitucionalidade Concentrado;
- A Ação Declaratória de Constitucionalidade é um meio processual que possui como objetivo 
declarar a constitucionalidade de lei ou ato normativo federal.
Objeto Lei ou ato normativo federal. Lembre-se: federal.
Competência
Supremo Tribunal Federal (STF), consoante o art. 102, I, “a”, da CF/88.
Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Federal, precipuamente, a guarda da 
Constituição, cabendo-lhe:
I - processar e julgar, originariamente:
a ação direta de inconstitucionalidade de lei ou ato normativo federal ou 
estadual e a ação declaratória de constitucionalidade de lei ou ato normativo 
federal;
Legitimidade
Art.103. Podem propor a ação direta de inconstitucionalidade e a ação 
declaratória de constitucionalidade:
 I - o Presidente da República;
II - a Mesa do Senado Federal;
III - a Mesa da Câmara dos Deputados;
IV - a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câmara Legislativa do Distrito 
Federal;  V - o Governador de Estado ou do Distrito Federal; 
VI - o Procurador-Geral da República;
VII - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil;
VIII - partido político com representação no Congresso Nacional;
IX - confederação sindical ou entidade de classe de âmbito nacional.
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Procedimento
Requisitos gerais da petição inicial (art. 319, do Novo Código de Processo Civil) 
e art. 14 da lei nº 9.868/99.
Dos Requisitos da Petição Inicial
Art. 319.  A petição inicial indicará:
I - o juízo a que é dirigida;
II - os nomes, os prenomes, o estado civil, a existência de união estável, 
a profissão, o número de inscrição no Cadastro de Pessoas Físicas ou no 
Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica, o endereço eletrônico, o domicílio e a 
residência do autor e do réu;
III - o fato e os fundamentos jurídicos do pedido;
IV - o pedido com as suas especificações;
V - o valor da causa;
VI - as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos 
alegados;
VII - a opção do autor pela realização ou não de audiência de conciliação ou de 
mediação.
Lei nº 9.868/99 (art. 14):
 Art. 14. A petição inicial indicará:
I - o dispositivo da lei ou do ato normativo questionado e os fundamentos 
jurídicos do pedido;
II - o pedido, com suas especificações;
III - a existência de controvérsia judicial relevante sobre a aplicação da 
disposição objeto da ação declaratória.
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Efeitos
Ler o artigo 102, § 2º, da CF/88:
Art. 102. § 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas pelo Supremo 
Tribunal Federal, nas ações diretas de inconstitucionalidade e nas ações 
declaratórias de constitucionalidade produzirão eficácia contra todos e 
efeito vinculante, relativamente aos demais órgãos do Poder Judiciário e à 
administração pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual e municipal.
Segue, logo abaixo, os efeitos da decisão:
- erga omnes (a decisão tomada em ADC vale para todos);
- efeito vinculante em relação ao Poder Judiciário e à Administração Pública 
federal, estadual, municipal e distrital;
- Ex tunc.
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2. Identificação
A ação declaratória de constitucionalidade (ADECON ou ADC) é uma ação concentrada, 
realizada diretamente no Supremo Tribunal Federal (STF). Além disso, é uma ação em 
abstrato, já que não possui um caso concreto envolvendo duas partes. Irá questionar a 
lei ou o ato normativo federal em abstrato.
O objeto da ADC, como já explicado alhures, é uma lei ou um ato normativo federal em 
relação ao qual há controvérsia constitucional. A controvérsia poderá ser acerca dos 
aspectos formais ou materiais do dispositivo, e pode dizer respeito ao total ou somente 
a parcela dele.
É imprescindível, também, identificar um dos legitimados, previstos no artigo 103 da 
CF/88.
Exemplos
CASO 1 (ADC 38)
Supremo recebe ADC sobre porte de arma de fogo por guardas municipais:
Ação Declaratória de Constitucionalidade (ADC 38) ajuizada no Supremo Tribunal 
Federal pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, discute a validade do artigo 
6º, incisos III e IV, da Lei 10.826/2003 (Estatuto do Desarmamento), que proíbe o porte 
de arma de fogo por integrantes de guarda municipal das capitais de estados e de 
municípios com menos de 500 mil habitantes e permite porte de arma de fogo, apenas 
em serviço, aos guardas municipais de cidades com mais de 50 mil e menos de 500 mil 
habitantes.
A controvérsia reside, na avaliação do procurador-geral, no entendimento do TJ-SP, que 
declarou a invalidade do artigo 6º, incisos III e IV, do Estatuto do Desarmamento, com 
base em ofensa aos princípios da isonomia e da autonomia municipal, e no tratamento 
discriminatório entre guardas municipais no que se refere à possibilidade de portar 
arma de fogo, “pois todas as guardas possuem como função proteger bens, serviços e 
instalações municipais, independentemente de valor ou de número de habitantes”.
Requisitos:
• Objeto: Lei federal nº 10.826/2003
• Competência: STF (sempre)
• Legitimidade: procurador-geral da República, Rodrigo Janot
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CASO 2 (ADC 12)
Diante da prática do nepotismo, recorrente nos quadros dos poderes brasileiros, 
relacionados aos cargos de indicação, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ) editou 
resolução nº 7/2005, resultando em decisões conflitantes, que instauraram verdadeira 
insegurança jurídica.
A ADC 12 pediu o reconhecimento da legitimidade da Resolução nº 7/2005 do 
Conselho Nacional de Justiça (CNJ), que impede o emprego, nos tribunais, de cônjuges, 
companheiros e parentes de magistrados, se estes não forem aprovados em concurso 
público. Isso significa que a proibição também é extensiva aos pais, avós, filhos, tios, 
irmãos, sobrinhos, sogros, e cunhados para cargos de livre nomeação e exoneração, 
além de restringir a contratação cruzada, isto é, o ato de um servidor contratar parentes 
de outro.
Tal ação declaratória de constitucionalidade foi ajuizada no STF pela Associação dos 
Magistrados Brasileiros (AMB), entidade legitimada para tal. O presidente da associação, 
Mozart Valadares Pires, revela que o processo foi ajuizado porque a edição da Resolução 
nº 7, pelo CNJ, proibindo a prática do nepotismo no Judiciário, “causou certa inquietação 
nos juízes”. “Isso gerou insubordinações por parte de presidentes de tribunais, que diziam 
que o Conselho estava extrapolando suas atribuições e legislando”, conta.
A Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB), querendo pacificar o entendimento 
pela constitucionalidade do dispositivo suscitado, procura você, advogado, para tomar a 
medida judicial cabível para sanar o problema.
Requisitos:
• Objeto: Ato normativo federal
• Competência: STF (sempre)
• Legitimidade: Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB)
IMPORTÂNCIA DA ADC 12
Segundo Cezar Britto, a decisão do STF na ADC 12 pode ser considerada histórica. “Ela fez 
cessar a lógica patrimonialista com que os setores tradicionais da política compreendiam 
o Estado brasileiro. Nesta lógica absurda, o Estado não passava de coisa privada, da 
qual poderiam livremente usufruir os que confundem a coisa pública com o patrimônio 
privado. A Súmula Vinculante nº 13 é uma vitória da Constituição Brasileira e dos seus 
princípios da moralidade, impessoalidade e legalidade”, avalia.
O que diz a Súmula Vinculante nº 13
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“A nomeação de cônjuge, companheiro ou parente em linha reta, colateral ou por afinidade, até o terceiro 
grau, inclusive, da autoridade nomeante ou de servidor da mesma pessoa jurídica investido em cargo de 
direção, chefia ou assessoramento, para o exercício de cargo em comissão ou de confiança ou, ainda, de 
função gratificada na Administração Pública direta e indireta em qualquer dos poderes da União, dos 
estados, do Distrito Federal e dos municípios, compreendendo o ajuste mediante designações recíprocas, 
viola a Constituição Federal.”
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3. Redação da Peça
Como realizar a peça na prática
Agora vamos compreender a peça para que a elaboremos na prática. 
Veja, logo abaixo, a questão da ADC 41 julgada pelo STF.
Supremo Tribunal Federal (STF) – ADC 41 – 08/06/2017
O Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, verificando a existência de 
controvérsia a respeito da lei federal 12.990/2014, que estabelece a reserva das cotas 
raciais em número de 20% (vinte por cento) das vagas oferecidas nos concursos públicos 
em âmbito da administração pública federal, resolve procurar você, advogada(o) 
constitucionalista, para entrar com a medida judicial apta a sanar a discussão que tem se 
dado em sede de controle difuso de constitucionalidade, gerando decisões contraditórias 
emtodo o país.
Algumas decisões reconheceram que o objetivo da lei era reduzir a discriminação racial 
e a desigualdade material entre negros e brancos no país, refletindo nos quadros do 
Executivo a realidade da população brasileira.
Outras decisões alegavam a inconstitucionalidade da referida lei por violação aos 
princípios da isonomia (Art. 5º, caput, CF/88); da vedação à discriminação (Art. 3º, IV, 
CF/88); da eficiência (Art. 37, caput. CF/88); do concurso público (Art. 37, II, CF/88); e da 
proporcionalidade.
Nestas condições, redija a peça processual cabível para acabar com a insegurança jurídica 
da lei federal, posicionando-se pela constitucionalidade da norma em questão, além de 
buscar medida imediata para sustar eventuais efeitos nocivos pelo decurso do tempo.
DICAS: Além de uma preparação consistente acerca das legislações da disciplina 
escolhida, saber desenvolver a peça corretamente faz toda a diferença. De iní-
cio, leia com atenção o que foi pedido a fim de identificar as partes mais rele-
vantes da questão e pontue os requisitos da ADC. No nosso caso:
• Objeto: Lei federal 12.990/2014;
• Legitimado: Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil, o qual possui capaci-
dade postulatória de acordo com o art. 103 da CF;
• Objetivo: anular a insegurança jurídica, bem como defender a constitucionalidade da lei;
• É um caso abstrato e será julgado pelo STF.
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l12990.htm
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Torna-se evidente, portanto, que se trata de uma Ação Declaratória de Constitucionalidade 
(ADC). Nesse ínterim, a peça será dividida em três partes:
1. Introdução (parte inicial);
2. Desenvolvimento;
3. Parte final.
INTRODUÇÃO
Endereçamento: Por ser uma Ação Declaratória de Constitucionalidade, o endereçamento 
é sempre ao STF, ao Presidente do Supremo.
Legitimado ativo: No caso em análise, o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do 
Brasil.
DESENVOLVIMENTO
É a parte de mais conteúdo, o desenvolvimento deve ser coerente e coeso com relação aos 
pontos já dispostos na própria questão. Para encontrar fundamentos mais consistentes 
diante da ADC 41, leia mais sobre.
Partes do desenvolvimento:
1. DA LEGITIMIDADE ATIVA: dissertação acerca do Conselho Federal da Or-
dem dos Advogados do Brasil;
2. DOS FATOS OU DA CONTROVÉRSIA CONSTITUCIONAL: fundamentação 
de sua peça com um breve resumo de como o caso gerou contradições nas 
decisões e, por conseguinte, insegurança jurídica;
3. DO DIREITO OU DA CONSTITUCIONALIDADE DA LEI: explicação de quais 
as finalidades da ADC. Ademais, são importantes menções aos artigos e, poste-
riormente, suas fundamentações respectivas, com boas argumentações acerca 
dos princípios questionados.
PARTE FINAL
Diante do pedido de uma medida imediata para sustar eventuais efeitos nocivos pelo 
decurso do tempo, há que se solicitar uma medida cautelar na parte final da peça.
1. DA MEDIDA CAUTELAR: explicação do que significa a medida cautelar, com 
base no art. 21 da Lei nº 9.868/99, além dos requisitos que autorizam sua con-
cessão, sejam eles: o fumus boni juris (verossimilhança entre as alegações e o 
Direito) e o periculum in mora (perigo de dano - lesão). Como já visto, a medida 
cautelar servirá para que os processos que estejam em análise sejam suspensos 
até a decisão da ADC, devendo-se afirmar que o pedido não prejudicaria nin-
guém, muito pelo contrário, irá evitar a insegurança jurídica.
2. DOS PEDIDOS:
http://www.stf.jus.br/portal/cms/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=346140
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Por todo o exposto, requer de V. Excelência:
Em alusão ao caso exposto, torna-se necessário solicitar três pedidos
a) o deferimento da medida cautelar;
b) que seja ouvida pelo Procurador-Geral da República, no prazo de 15 dias (consoante 
o art. 19, da lei 9.868/99) e
c) a declaração da constitucionalidade da Lei Federal 12.990/2014.
Nestes termos,
Pede deferimento
Local e Data
Advogado/OAB
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Ação Declaratória de 
Constitucionalidade - 
Peça Prática
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