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aula03-hda-palavra-falada

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Os domas, por exemplo, eram homens treinados para guardar a 
memória de um povo. Depois de passar por um processo de mais de 20 
anos de iniciação, esses homens eram capazes de memorizar a história 
de quase todos os antepassados da sua comunidade e se transformavam 
numa espécie de “documentos vivos” da sociedade. O respeito que os 
domas tinham pela palavra era tão grande que eles falavam apenas 
quando necessário. Os domas também nunca mentiam, pois mentir 
significava quebrar o elo que os ligava com a memória e a história 
daqueles que havia vivido antes deles. Era a maior ofensa que poderiam 
fazer. 
Outra figura importante eram os griots. Diferentemente dos 
domas, os griots falavam muito e contavam diversas histórias, muitas 
vezes acompanhados de música e dança. Assim como os gregos narraram 
as histórias da Guerra de Tróia e as aventuras de Ulisses, muitos griots 
contaram as façanhas de importantes reis, como Sundiata (o primeiro rei 
do Mali), ou então descreveram batalhas que haviam sido travadas no 
passado e até mesmo as histórias de como o homem e o mundo haviam 
surgido. Nas noites mais quentes, os jovens das aldeias sentavam-se em 
volta de uma pequena fogueira e ouviam as histórias contadas e cantadas 
pelos griots e pelos homens mais velhos da comunidade. 
Conforme dito anteriormente, embora existissem muitos aspectos em 
comum nas sociedades da África subsaariana, elas não eram todas iguais. 
E também não viveram estáticas no tempo e no espaço. Os deuses 
cultuados, a organização econômica, as línguas e até mesmo a formação 
sócio-política eram diferentes. 
O poder da palavra falada

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