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HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA AULA 8 – URGÊNCIA E EMERGÊNCIA III CONCEITOS DE SEMIOLOGIA HEMATÊMESE: Vômito de sangue vermelho vivo ou escuro, tipo borra de café; HEMATOQUESIA: Eliminação de sangue rutilante pelo ânus. Pode acontecer na HDA quando tem uma hemorragia tão grande que o sangue passa pelo intestino delgado sem dar tempo de ser digerido. Sai vermelho vivo pelo ânus. MELENA: Eliminação pelo ânus de sangue negro, misturado com fezes. Quando tem sangramento do intestino delgado ou do colón direito. Porque sangramento do colón esquerdo ou reto apresenta como hematoquezia. ♥ Hemorragia digestiva alta é um sangramento que se origina no trato digestório em região interposta entre boca e o ângulo de Treitz. Ângulo de Treitz: quando o duodeno vai virar jejuno ele sai da posição de retroperitoneal para intreperitoneal, o peritônio cobre o duodeno. Nesse lugar, ele é fixado, alça fixa pelo peritônio e ligamento. O ângulo é o forame do peritônio que o duodeno termina começa e jejuno. FORMAS DE APRESENTAÇÃO: → Hematêmese – mais comum → Melena - para apresentar melena tem que ter uma perda de sangue de 50 – 100 ml. Porque aí o sangue passa pelo intestino delgado e vai sair com uma coloração de borra de café e odor. → Hematoquesia - precisa de um volume mais de > 1000 ml → Oculta: anemia, ↓ ferro/ferritina e sangue oculto positivo. Se tem anemia ferropriva, faz endoscopia, veio normal e depois colono. CATEGORIAS Não varicosa: doença ulcerosa péptica (principal), inclui muita coisa. É mais comum que varicosa. Varicosa: Relacionadas com hipertensão portal: varizes esofágicas, gastropatia hipertensiva portal. CAUSAS ESPECÍFICAS DE HDA DUP – DOENÇA ULCEROSA PEPTICA: 10 – 15% desenvolvem HDA em algum momento; Úlceras duodenais são mais frequentes, porém, as gástricas sangram mais; Sangramento é a principal causa de cirurgia e óbito na DUP LACERAÇÃO DE MALLORY-WEISS: Lacerações da mucosa e submucosa próximo à junção esôfagogástrica; 60% associada ao alcoolismo. De tanto vomitar, lacera a mucosa e submucosa do esôfago aí sangra. Diferenciar síndrome de mallory-weiss com síndrome de Boerhaave. Mallory é na mucosa e submucosa e boerhaave rompe a parede total do esôfago e a pessoa faz mediastinite, dor torácica. Todos são causados por muito vômitos. GASTRITE POR ESTRESSE: Múltiplas erosões superficiais de todo estômago, mais comumente no corpo; Fatores de risco: dependência do respirador mais de 48 horas e coagulopatia. Não é estresse nervoso. É choque, sepse, paciente internado na UTI com uso de drogas vasoativas. Estresse metabólico. ESOFAGITE: Inflamação por exposição repetida da mucosa esofágica ao ácido na DRGE. Por doença do refluxo que inflama muito o esôfago e sangra. Apresentam-se com anemia e sangue oculto nas fezes positivo; não é um sangramento muito grande. LESÃO DE DIEULAFOY: malformações vasculares ao longo da curvatura menor até 6 cm da JEG. A artéria tem um calibre fino e aí ela nasceu com um calibre grosso, bem dilatado e em um momento ela lacera e sangra. É uma das causas mais comuns de HDA bem volumosa. ECTASIA VASCULAR DO ANTRO GÁSTRICO - WATTERMELON: coleção de vênulas dilatadas, com aparência de estrias vermelhas lineares convergindo para o antro longitudinalmente. Anemia e sangue oculto nas fezes positivo. LESÕES MALIGNAS: anemia crônica + sangue oculto nas fezes positivos; Lesões ulcerativas crônicas sangram. FÍSTULA AORTOENTÉRICA: considerada em todo paciente com hemorragia GI e com diagnostico de aneurisma da aorta abdominal ou com reparação prévia do mesmo. Qualquer sangramento proveniente do duodeno distal é diagnóstico. Pensar em um paciente que tinha aneurisma de aorta e operou o aneurisma, esse aneurisma fistulou para o estomago. HEMOBILIA: associada à trauma da arvore biliar ou neoplasia hepática. Suspeitar: hemorragia digestiva alta com dor em QSD e ictérica. Politrauma, está internado e evoluiu para HDA. HEMOSUCCUS PANCREÁTICUS: erosão de um psdeucisto pancreático na A. esplênica. Suspeitar: dor abdominal, hematoquesia e história de pancreatite. Paciente está internado com pancreatite e depois desenvolveu HDA SANGRAMENTO IATROÊNICO: cirurgia do trato intestinal alto. Gastrotomia endoscópica e esfincterectomia na CPRE (incisão da papila de vater, aí pode sangrar). Provavelmente pelas anastomoses – bariátrica por exemplo. HIPERTENSÃO PORTAL: gastropatia hipertensiva portal: Dilatação difusa do plexo venosa mucoso e submucoso do estômago associada à gastrite suprajacente. Dilatação das veias de todo estomago. Manchas vermelho-cereja. FISIOPATOLOGIA ↓ Volemia → ↓Retorno venoso → ↓ Débito cardíaco → ↓ Pressão arterial → ↓ Catecolaminas → ↑ FC → palidez e sudorese. – vai chocar. Aumento da FC é o primeiro sinal de choque. ABORDAGEM CLÍNICA INICIAL → História e exame físico + ABC → Avaliação hemodinâmica: PA, FC, Sat 02, débito urinário → Reposição volêmica: cristaloides, coloides, hemoderivados. → Correção de coagulopatias → Exames complementares: laboratório, ECG, RX etc. → Triagem e estratificação clínica de risco Chegou o paciente com HDA, com hematêmese que é o mais grave, tem que fazer o ABCDE. Monitoriza o paciente, coloca O2. Uma coisa importante que temos que fazer: as vezes o paciente na triagem está com PA normal, mas é um paciente que está chocando e tem uma grande chance de evoluir mal. Como fazer essa investigação? Medir a PA em pé e sentado. Primeiro sentado. O tanto de força que tem que fazer para mandar o sangue para cima é menor do que em pé. Quando mede sentado, vai dar o valor normal, em pé a pressão vai cair porque não tem debito suficiente e a FC vai aumentar. Isso é um sinal que ele está evoluindo para chocar. Aumentou 20 bpm e diminuiu 10 mmHg – perda estimada de 1000 ml (classe 2). Não espera o hematócrito cair para ver se o paciente está chocado. Não é parâmetro útil avaliar hemorragia em casos agudos. Então, tem que infundir volume. Quais os sinais de gravidade na HDA? FATORES DE RISCO Fatores que vão piorar a condição do paciente e pior prognóstico: Clínicos: → Idosos > 65 anos → PAS < 100 → Comorbidades → Alteração do estado mental → Transfusões sanguíneas > 2 UM CLASSIFICAÇÃO DE FORREST – ESTRATIFICAÇÃO ENDOSCÓPICA DE RISCO Essa avaliação avalia o risco de sangramento. Ia – sangramento ativo, arterial. Já está acontecendo o sangramento. Mais grave. Ib – sangramento venoso - em lençol. TRATAMENTO Conjunto: Clínico + endoscopista + intensivista + cirurgião. HEMORRAGIA DIGESTIVA ALTA NÃO VARICOSA Estratificação de risco: fluxograma Alto risco: idoso, chocado.. tá com hemorragia e chocado, a endoscopia tem que ser de emergência. Se encontrar uma lesão sangrando, forrest 1 ou uma de alto risco como forrest 2 a e b – tem que tratar. Forrest 1 e 2 a (muita chance de ressangrar). Se o paciente está estável hemodinamicamente, pode internar na enfermaria e a EDA pode ser feita em 24h. A cirurgia é nos casos que não conseguiu tratar com endoscopia. TRATAMETO CLÍNICO-FARMACOLÓGICO → Terapia adjunta ao tratamento endoscópico O objetivo do tratamento medicamentoso é diminuir o ácido clorídrico do estomago. ENDOSCOPISTA CLÍNICO Efeitos do Ph ácido gástrico: → Reduz formação de coágulos → Promove desagregação plaquetária → Favorece fibrinólise Bloqueadores H2: taquifilaxia precoce. IBPs: bolus de 80 mg (2 ampolas) + Dripping continuo em bomba de infusão EV (72h): → Redução de risco de sangramento → Redução de cirurgia de urgência → Redução da mortalidade Não adianta fazer ranitidina, tem que ser omeprazol. O omeprazol não dilui para agua destilada, ele já vem diluente dele. – pagadinha. Omeprazol: 80 mg em bolus direto EV. Pega mais80 mg e corre, deixa continuo em 24 h e faz por 3 dias na bomba de infusão. TRAMENTO ENDOSCÓPICO QUAIS SÃO OS MÉTODOS DE TTO ENDOSCÓPICO? Métodos de injeção: → Vasoconstritores – adrenalina! Interrompe o sangramento por vasoconstrição da artéria ou veia que está sangrando. → Agentes esclerosantes. → Adesivos tissulares Métodos térmicos: → De contato: eletrocoagulação multipolar e heater probe → Sem contato: APC e laser. – caros. Para coagular um vaso, o que fazer? Encosta um bisturi elétrico, transforma energética termina em elétrica que coagula. Métodos mecânicos: clipar o vaso. → Hemoclips → Ligadura → Endo-loop. Se fizer só adrenalina, vai sangrar. O melhor é o método mecânico que fecha o vaso! – clipar; A EDA de urgência deve ser realizada nas primeiras 24 horas. Cada método hemostático endoscópico isoladamente mostra resultados superiores quando comparados com não.-intervenção. Terapia endoscópica combinada (dois métodos) reduz ressangramento, necessidade de cirurgia e mortalidade. Métodos térmicos de contato (eletrocoagulação multipolar) ou métodos mecânicos (hemoclips) isoladamente apresentam eficácia semelhante a de quando combinamos com adrenalina. Monoterapia hemostática pela injeção de solução de adrenalina deve ser evitada. Remoção do coagulo firmemente aderido (Forrest IIb) é manobra controversa. Revisão endoscópica de rotina (sencond-look) em 24h NÃO é recomendada. A necessidade de revisão deve ser determinada numa base individualizada. Em caso de ressangramento, pode ser feita uma nova tentativa de hemostasia endoscópica. TRATAMENTO CIRÚRGICO Terapia de urgência em caso de falha ou impossibilidade de tratamento endoscópico. Indicações: → Sangramento incontrolável → Falha terapêutica → Pacientes sem reserva funcional → Úlceras gigantes → Localização de risco Não cai na prova. VARIZES ESOFÁGICAS PELA HIPERTENSÃO PORTA - VARICOSA Depois da doença ulcerosa, é a que mais causa sangramento. A veia porta é formada pela veia esplênica e mesentérica superior. Desemboca na Porta as veias do esôfago distal e do fundo do estomago. Então, se tiver uma hipertensão na porta, vai dilatar todo o plexo atrás dela, que inclui todos os vasos da mesentérica superior, esplênica, fundo gástrico e esôfago distal. Em quem encontra? Paciente etilista (cirrótico – etilista e pacientes com Hepatite C) que tem hematêmese. Representam 7 a 20% das HDA É a mais importante complicação da Hipertensão porta A prevalência das varizes (endoscopia) chega a 30% no momento do diagnóstico da cirrose e 60% quando possui ascite. 1/3 dos portadores de varizes apresentam sangramento O ressangramento ocorre em 60% dos pacientes em menos de 1 ano com letalidade de 30% CALIBRE Pequeno calibre: pequenas e não tortuosas (< 3 mm). Médio calibre: aumentadas e tortuosas (3-5 mm). Grande calibre: grandes e tortuosas (> 5 mm). 85% rompem no 1/3 inferior do esôfago. Os vasos saem do terço inferior do esôfago então elas rompem lá. O risco de sangramento das varizes depende do calibre que ela tem. Então, a de pequeno calibre tem menos risco de sangrar do que a de médio e depois de grande. ABORDAGEM Nunca sangrou? Profilaxia primária do sangramento – fazer endoscopia, usar betabloqueador, ligadura elástica. – eletivamente. Se tem um paciente etilista e cirrótico, já tem que pensar que ele tem varizes, mas não pode deixar sangrar. Todo cirrótico é obrigado a fazer endoscopia de 2 em 2 anos, se for child B/C (maior risco) deve ser anual. Indicação: → Varizes de médio a grosso calibre → Varizes de pequeno calibre em pacientes Child B/C. Beta-bloqueador não seletivo: faz vasoconstrição esplâncnica. Propranolol ou nadolol. Se faz vasoconstrição, ele diminui o calibre e diminui o risco de sangramento. Não adianta fazer omeprazol para aquele paciente cirrótico, a gente já sabe que ele tem varizes. Ligadura endoscópica: método de escolha quando não tolera beta-bloqueador. Solta uma liga que amarra a mucosa e submucosa com vasos. → Realizada a cada 1 a 2 semanas até obliterar o vaso. → Fazer vigilância com EDA a cada 6 meses. O que vamos encontrar? MANEJO DO SANGRAMENTO RELACIONADO COM HIPERTENSÃO PORTAL → Ressuscitação volêmica controlada (risco de ressangramento). → Correção dos defeitos de coagulação → Associação frequente de sangramento e sepse: ofloxacina empírica reduz em 50% o risco de sangramento. Todo paciente que chegar no pronto socorro, é a mesma coisa: tem que fazer ressuscitação volêmica. Nesses pacientes cirróticos, o principal deles é que além das varizes esofágicas, eles têm distúrbio de coagulação. Porque quem produz distúrbio de coagulação é o fígado. Pedir coagulograma e corrigir distúrbios. Quais são os fatores de coagulação relacionados com o fígado? Deficiência de vitamina K. então, a correção é vitamina K. Os pacientes cirróticos têm maior chance de sepse, peritonite bacteriana, ascite infectada, se tem um paciente cirrótico que tem sangramento varicoso, já tem que entrar com antibiótico profilático porque diminui até o risco de sangramento, faz ofloxacina. MANEJO CLÍNICO: → Considerar medicamentos para redução da hipertensão portal → Vasopressina → Somatostatina → Ocriteotide Nesse caso, temos que fazer medicamentos que diminuem a pressão dos vasos do trato digestivo – esplâncnicos. O que mais tem disponível é o ocriteotide de 8/8h. Infusão intravenosa contínua desses agentes resulta em um controle temporário do sangramento e fornece o tempo necessário para as manobras de ressuscitação e para realização de procedimentos diagnósticos e terapêuticos adequados. MANEJO ENDOSCÓPICO → Escletoterapia → Bandagem – ligadura. Em um paciente que chega e eu não tenho acesso para fazer ligadura elastica ou ele fez e não parou de sangrar, faz uma sonda que é como se fosse um ultimo recurso: Tamponamento por balão: Balão de Sengstaken Blackmore (3vias), Minnesotta (4vias), indicados para sangramento volumoso que não para com EDA ou EDA não disponível. Passa o balão pelo nariz, insufla primeiro o balonete do estomago, depois o do esôfago e aí precisa ficar com essa sonda tracionada para o balonete do estomago ficar apertando. Paciente deitado com a sonda no pé da cama com um pesinho. Podem ser utilizados até 24h, devido risco de úlcera e perfuração. Tem que fazer ligadura de 2 em 2 semanas. O balão não é definitivo, então tem que resolver o problema aí faz o SITP OU SHUNT. Se o sangue venoso não consegue mais entrar no fígado pela veia porta por causa da cirrose, precisa de uma ponte entre um ramo ou a veia porta e hepática direto para veia cava. Se passa um sangue do sistema portal direto para o sistema, sem passar pelo fígado, aumenta a chance de infecção e encefalopatia. O sangue sai com todas as toxinas do trato digestivo direto para veia cava – encefalopatia. causas específicas de hda fisiopatologia abordagem clínica inicial fatores de risco classificação de forrest – estratificação endoscópica de risco tratamento hemorragia digestiva alta não varicosa varizes esofágicas pela hipertensão porta - varicosa abordagem manejo do sangramento relacionado com hipertensão portal
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