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Hemorragia Digestiva não-varicosa • É determinada como sangue dentro da luz. • Classificada pelo ângulo de treintz. • 80% são altas (esôfago, estômago e duodeno). A principal causa da HDA: úlcera péptica (duodenal - parede posterior - sangra mais que a gástrica - parede anterior). • Hemorragia digestiva baixa: comum no cólon e a principal causa é a doença diverticular (sangramento do divertículo). • Hematêmese: vômito com sangue (HDA), se há dúvida faz o teste da peroxidase - com água oxigenada (borbulhou é positivo). • Melena: sangue digerido, escuro (borra de café) — provavelmente é HDA mas pode ser HDB. • Enterorragia: evacuação de sangue vermelho vivo, normalmente sem dor — provavelmente é HDB. • Hematoquezia: fezes com raias de sangue — provável sangramento de “passagem”. • ABC — dar volume (via aérea, oxigênio, acesso venoso de grande calibre). A maioria dos pacientes irão estabilizar e pararão de sangrar espontaneamente. • Avaliar grau do choque: taquicardia, hipotensão, d i m i n u i ç ã o d e d i u r e s e , p a l i d e z p a r a administração de cristaloide. • CHOQUE GRAU 3 = hemotransfusão (mesmos princípios do trauma). • CHOQUE GRAU 4 (>40% da volemia): regra dos 4. Começa cristaloide, bolsa de O- enquanto está vindo tipagem/prova cruzada. • Pode solicitar: função hepática, função renal (idoso faz IR), eletrólitos. • Passar sonda vesical: diurese é um bom parâmetro para hemodinâmica (0,5ml/kg/hora). • Se houver hematêmese passa sonda n a s o g á s t r i c a , d i m i n u i ç ã o c h a n c e d e broncoaspiração, auxilia o endoscopista, confirmação diagnóstica. Não usar soro gelado, risco de evoluir para tríade letal: hipotermia + acidose + distúrbio de coagulação. • I D E N T I F I C A N D O O S A N G R A M E N TO : endoscopia digestiva alta (EDA) — exame simples que não necessita de preparo, exclui o sangramento alto que é 80% das causas, aponta para o diagnóstico e oferece o tratamento. O ideal é realizar nas primeiras 12 horas. • Choque. • Politransfundido, não para de sangrar (6 unidades de hemácia). • Ressangramento. • Pacientes mais velhos e com comorbidades. I. ÚLCERA PÉPTICA: duodenal ou gástrica. Tem a HD como principal complicação, mas um grande sucesso no TTO clínico-endoscópico. Na EDA oferece a classificação de Forrest FORREST I: sangramento ativo. Ia: sangramento em jato (arterial) Ib: babação — lentamente (venoso) FORREST II: não está sangrando mas tem estigmas de sangramento recente. IIa: coto vascular visível (ressangra mais que Ib) IIb: coágulo aderido, vermelho-vivo, recente IIc: coágulo mais antigo que começou a ser dissolvido, fundo de hematina. FORREST III: não tem estigma de sangramento recente. TTO clínico: omeprazol associado ao tratamento endoscópico (químico — injeção de substância, térmico — cauterização, mecânico — clip). TTO cirúrgico: gástrica (gastrectomia dependente da classificação de Johnson) e duodenal (abre o duodeno na região próxima do piloro e realiza hemostasia na úlcera — sutura interna = piroloplastia). Gabriela Reis Viol SINAIS CONDUTA NA AVALIAÇÃO INICIAL QUANDO OPERAR? CAUSAS II. SÍNDROME DE MALLORY - WEILLS: laceração na transição esôfago gástrico devido aos vômitos recorrentes (pancreatite, abdome agudo obstrutivo, álcool). TTO: anti-emético. III. LESÃO AGUDA DE MUCOSA: isquemia da mucosa. TTO: melhorar oxigenação, volemia e inibidor de bomba de prótons. IV. ESOFAGITE V. ECTASIA VASCULAR ANTRAL (estômago em melancia) comum em cirróticos, esclerodermia. VI. FÍSTULA AORTA ENTÉRICA. Questões COMO SE CLASSIFICA A HEMORRAGIA DIGESTIVA? Hemorragia digestiva alta (podendo ser varicosa e não varicosa, dentre as não varicosas temos a péptica e não péptica) e Hemorragia digestiva baixa (que se subdivide em orificial, colônica e de delgado - menos frequente). Atualmente, novas classificações foram criadas, surgindo conceitos como Hemorragia digestiva obscura ou de causa desconhecida, quando não se consegue identificar o ponto de sangramento por exames endoscópicos, e Hemorragia digestiva média, aquela que ocorre entre a papila duodenal até a válvula ileocecal, na transição do íleo para o ceco. LIMITE ANATÔMICO PARA O SANGRAMENTO GASTROINTESTINAL SUPERIOR? O ângulo de Treitz é um ângulo formado ao nível da junção do duodeno e jejuno, onde fica fixo o intestino, e que limita o tubo digestivo alto. Acima dele ocorrem hemorragias digestivas alta (esôfago, estômago, duodeno até a papila duodenal – 2ª porção) e abaixo dele ocorrem as hemorragias digestivas baixas (desde a válvula ileocecal até o ânus). S I N A I S T Í P I C O S D A H E M O R R A G I A DIGESTIVA? Hematêmese (sangue claro, vivo e espumoso) e melena (sangue que já sofreu processo de digestão) que caracterizam a hemorragia digestiva alta. Além disso podemos apresentar enterorragia (sangramento vultuoso/ volumoso e vermelho vivo sem a presença ou em quantidades mínimas de fezes e restos alimentares) e hematoquezia (predomínio de fezes com raias de sangue), caracterizando hemorragia digestiva baixa. A anemia sem causa definida é outro achado comum e ela pode ser decorrente de um sangramento insidioso, de pequena monta e constante do trato gastrointestinal (TGI). O sangue oculto positivo nas fezes muitas vezes pode ser encontrado nesses pacientes. A partir dos 45 anos de idade é indicado controle colonoscópio de 5 em 5 anos, tanto em homens como em mulheres. Entre os espaçamentos das colonoscopias, é indicado que se faça pesquisa de sangue oculto anualmente, a fim de identificar alguma anormalidade no TGI. CRITÉRIOS CLÍNICOS E LABORATORIAIS PREDIT IVOS DE PROGNÓSTICOS DE RESSANGRAMENTO E MORTALIDADE? • Idade > 60 anos: a cada 10 anos aumenta o risco de resangramento e morbimortalidade. As doenças diverticulares e as lesões vasculares são as principais causas dessas alterações nessa faixa etária. • Choque (PAS < 100 mmHg e FC > 100 bpm) • Comorbidades, como por exemplo, insuficiência hepática, insuficiência renal, insuficiência cardíaca, doença metabólica grave, entre outras, aumentam o risco de resangramento e morbimortalidade. • Transfussões: já se sabe que transfusões recentes por causa de sangramento aumenta a morbimortalidade e riscos para o paciente. • Sangramento em curso (hematêmese, melena…). • Sangramento vermelho ao exame/toque retal. • Sangue em aspirado gástrico (SNG). Gabriela Reis Viol • Hemoglobina ≤ 10 G% ou queda ≥ 2 G% em 24h. • Coagulopatia grave. CLASSIFICAÇÃO DE FORREST: São critérios endoscópicos preditivos de prognósticos de ressangramento e mortalidade, ou seja, define que tipo de lesão meu paciente tem e nos ajuda a entender qual o risco que esse paciente tem de ressangrar e morrer, além de auxiliar a definir conduta, seja a realização de EDA de controle ou não, seja a realização de EDA terapêutica ou não. CLASSIFICAÇÃO DE FORREST QUE TEM INDICAÇÃO ABSOLUTA EM REALIZAR EDA TERAPÊUTICA? Classificação I (sangramento em atividade – IA e IB) e II (sem sangramento ativo, mas com sinais de sangramento recente – IIA, IIB, IIC). O QUE REDUZ A MORTALIDADE NA HDA? A restauração precoce e intensiva das condições hemodinâmicas do paciente muda a história natural da doença e reduz a mortalidade. Desse modo, é muito importante priorizar a estabilidade hemodinâmica do paciente. BENEFÍCIOS DA SONDA NASOGÁSTRICA (SNG) PARA A EDA NA HDA: A SNG tem a função de aspirar conteúdo do estômago e nos mostra, assim, se o paciente está sangrando ou não, além de melhorar a visualização endoscópica durante o procedimento. Entretanto, ao lavar a sonda, deve-se tomar cuidado com lesões de alto risco de ressangramento, pois podemos destamponar coágulos que se formam para estancar a hemorragia.Desse modo, é indicado lavar com agua a SNG se uma EDA estiver programada nas próximas 24h, pelo risco citado anteriormente. Esse mecanismo de lavagem de sonda parece não alterar a mortalidade, o tempo de internação e os índices de ressangramento. NA HDA, QUAL MEDICAÇÃO PODE SER USADA COMO TERAPIA ADJUVANTE DA EDA OU QUANDO A EDA É MAL-SUCEDIDA OU CONTRAINDICADA? A somatostatina e seus análagos podem ser usadas nessas condições pois reduzem o fluxo venoso portal e arterial gastroduodenal e preserva o fluxo renal, além de reduzirem o risco de ressangramento. Podem ser usadas nas seguintes doses: Somatostatina 250 mcg em bolus (IV), seguida de 250-500 mcg/h em BIC (bomba de infusão continua) Octreotídeo 50 mg em bolus (IV), seguido de 50 mg/h em BIC (bomba de infusão continua) Após o controle do sangramento, continuar a medicação por mais 72h. IMPORTÂNCIA DA EDA NA HDA Sobretudo em associação com IBPs, a EDA diagnóstica e terapêutica reduz a frequência e a intensidade do ressangramento, a necessidade d e h e m o t r a n s f u s s õ e s , c i r u r g i a s e morbimortalidade na HDA não varicosa. Além disso, proporciona acurácia diagnostica, através da realização de biópsias. Deve ser realizada precocemente, nas primeiras 24h, e idealmente nas primeiras 12h após sangramento. INDICAÇÃO DE HEMOSTASIA ENDOSCÓPICA EM LESÕES SANGRANTES • Sangramento ativo; • Vaso visível; • Coágulo aderido Q U A I S O S M É T O D O S D E T E R A P I A HEMOSTÁTICA NO TRATAMENTO DAS LESÕES HEMORRÁGICAS? Existem métodos injetáveis, mecânicos e térmicos para tratamento das lesões hemorrágicas. Os métodos injetáveis são os primeiros métodos de escolha a serem utilizados e a injeção de ADRENALINA (1:10.000) tem ação vasoconstritora, reduzindo sangramento ao colabar o vaso. É um método simples, seguro, de baixo risco e eficaz no controle das lesões hemorrágicas do TGI. Sabe-se que a eficácia Gabriela Reis Viol é maior na prevenção do ressangramento com volumes maiores que 10 ml, podendo usar até 20 ml. Outros métodos injetáveis usados favorecem o dano tecidual e trombose vascular (álcool, polidocanol, etanol) ou fazem uma barreira (trombina, fibrina, cianoacrilato). Os métodos mecânicos como soluções salinas (injetáveis), bandas elásticas e hemoclips podem ser usados, além de métodos térmicos como a coaptação por cauterização (eletrocautérios mono e bipolares, probe, laser, plasma de argônio. É importante lembrar que a combinação de um segundo método terapêutico endoscópico com a injeção de adrenalina é mais eficaz que a adrenalina isoladamente. Desse modo, o que é preconizado é: ADRENALINA + COMBINAÇÃO. DEVE-SE REALIZAR NOVA EDA EM 24H APÓS A 1ª PARA CONTROLE DO SANGRAMENTO? Deve-se individualizar cada caso, como riscos, custos e chances de alto risco de ressangramento. O Q U E F A Z E R S E H O U V E R RESSANGRAMENTO? Caso ocorra pode utilizar a mesma técnica combinada da 1ª tentativa. Sugere-se que tenha o mesmo sucesso que a cirurgia nesse momento. Se um 2ª ressangramento, técnicas combinadas diferentes da primeira vez podem ser usadas. QUAL INDICAÇÃO DE CIRURGIA PARA HDA? Ressangramento repet idos associados a hipotensão em pacientes com grandes úlceras (> 2 cm) são critérios aceitos para indicação de tratamento cirúrgico. Quando se trata de úlceras de parede posterior de bulbo com estigmas endoscópicos e clínicos de alto risco, recomenda- se antecipar a cirurgia que deve ser realizada após tratamento endoscópico prévio na tentativa de estabilização hemodinâmica. QUAL DEVERÁ SER A RECOMENDAÇÃO PARA PACIENTE COM HEMORRAGIA DIGESTIVA POR DOENÇA ULCEROSA PÉPTICA? A irradicação da H. pylori deve ser feita nesses pacientes com úlcera péptica e sangramento digestivo proveniente delas, pois sabe-se que a presença dela aumenta cerca de 30% o ressangramento. O melhor teste não invasivo para detecção do H. pylori em pacientes com DUP em vigência de HDA é o teste respiratório. Mas na prática clínica o teste de detecção mais usado é o teste da uréase + biópsia realizados durante a EDA. Gabriela Reis Viol
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