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A LEITURA LITERÁRIA E A FORMAÇÃO DO LEITOR

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A LEITURA LITERÁRIA E A FORMAÇÃO DO LEITOR
Publicado em 15 de novembro de 2010 por Teoniza Leite Amorim
A LEITURA LITERÁRIA E A FORMAÇÃO DO LEITOR 
Todas as comunidades apresentam diferentes formas de expressão artística, como a música,
o canto, a dança e a literatura, dentre outros. Literatura origina-se da palavra latina littera, que
"letra". Mas, o homem sempre se manifestou artisticamente a partir da palavra, mesmo nas
comunidades primitivas, em que não havia a escrita, nesse caso, por meio da poesia oral.
Para Cereja (1995, p.10): "Literatura é a arte da palavra". Assim, se a literatura é a arte da
palavra e esta é a unidade básica da língua, podemos dizer que a literatura, assim como a
língua que utiliza, é um instrumento de comunicação, e por isso, cumpre também o papel
social de transmitir os conhecimentos e a cultura de uma comunidade. Apesar de estar ligada
a uma língua, que lhe serve de suporte, a literatura não está presa a ela, pelo contrário, a
literatura faz um uso livre da língua, chegando até a revolucionar suas regras e o sentido das
suas palavras utilizadas no texto literário.
A leitura de textos literários procura-se ler e compreender o significado dos textos, levandoA leitura de textos literários procura-se ler e compreender o significado dos textos, levando
em conta as relações daquele texto com outros do mesmo ou de outros autores, com a épocaem conta as relações daquele texto com outros do mesmo ou de outros autores, com a época
em que foi escrito, com a atualidade, propiciando a capacidade de ler, refletir, pensar; mas éem que foi escrito, com a atualidade, propiciando a capacidade de ler, refletir, pensar; mas é
também sentir, emocionar-se apurar a sensibilidade, sonhar. O texto literário deve ser o pontotambém sentir, emocionar-se apurar a
de partida a compreensão, a formação para o estudo de um leitor crítico, e este, deverá
sempre relacionar tudo o que lê com o mundo que o cerca e compreender a diversidade de
significados.
Dessa forma, podemos dizer que a linguagem literária amplia a capacidade de compreender o
mundo, uma vez que estamos rodeados de linguagem. Em qualquer lugar, a qualquer
momento estamos recebendo mensagens e informações que são transmitidas por meio de
diferentes tipos de linguagem verbal e não verbal. Cabe ao leitor crítico da Eja saber
interpretar cada texto e lidar com os níveis de significação das suas palavras, nos diferentes
contextos. Assim, a partir das leituras que faz, a linguagem do aluno leitor desenvolve e suas
relações com o contexto histórico cultural servirão de suporte para o processo ensino-
aprendizagem. 
A leitura representa uma atividade de grande importância para a vida das pessoas e em
especial na do leitor. É através dela que podemos interagir e compreender o mundo a nossa
volta e sua própria formação, realizar atividades que contribuem para o nosso crescimento e
para agir ativa e criticamente na sociedade. 
No que se refere ao ensino da leitura no âmbito escolar, podemos verificar que há muitas
discussões a respeito, principalmente nas aulas de língua portuguesa. Dentre as discussões,
a principal preocupação está em se dar à importância e o devido espaço para o ensino da
leitura nas atividades de sala de aula. No entanto, outras atividades têm sido priorizadas, ou
seja, a leitura fica para segundo plano, tornando o ensino da língua portuguesa, cada vez
mais, mecânico e desinteressante. Acredita-se que essa prática de ensino é ocasionada por
concepções que não conduzem o aluno a nada, ou seja, são práticas que não fazem parte da
realidade dos alunos, que não os consideram como ponto de partida para a realização de um
ensino produtivo.
Para Freire (1989, p.20) "a leitura da palavra não é apenas precedida pela leitura do mundo,
mas por uma certa forma de escrevê-lo, quer dizer, de transformá-lo através de nossa prática
consciente". Percebemos nessa afirmativa que o ato de ler não pode ficar limitado ao
processo da leitura, mas é preciso expandi-la em todas as direções, sem, é claro, perder de
vista a perspectiva do texto lido.
Neste sentido, a leitura assume uma outra modalidade e se transforma em uma prática de
formação do indivíduo. Porém, a escola de uma maneira geral, não oferece condições para
que o professor desenvolva um trabalho desta natureza. É importante ainda, chamar a
atenção para o fato de que a leitura e a releitura do mundo devem ter um caráter de uma
leitura crítica, aquela que de tudo duvida e a tudo questiona. Assim, a importante função da
leitura é promover a comunicação entre o indivíduo e sua comunidade, por possibilitar a
construção do seu conhecimento sobre a cultura e sociedade em que vive. 
Ler é uma atividade muito comum em várias culturas, no entanto, há uma diferença
acentuada entre uma história contada e uma historia lida. Ao ouvir uma história, o ouvinte faz
a sua imaginação, cria o seu próprio cenário, com o seu mundo ilusório, principalmente
quando ele tem acesso a gravuras da história enquanto que ao ler a história, ele já se apega
mais a realidade da própria história, fazendo assim o cenário parecer real da leitura.
Como afirma Vargas (1955, p.5) "ler significa sempre um ato de compreender, estabelecer
relações inicialmente individuais com cada objeto ou ser que nomeia, ampliando-as mais
tarde". Ler significa, portanto, colher conhecimentos. Assim, ao longo da história e cada vez
mais no mundo atual, temos reconhecido a presente necessidade de aprimorar nossos
conhecimentos, buscando soluções para os possíveis problemas relacionados ao estudo da
leitura, tendo em vista as demandas atuais que valorizam essa habilidade. A leitura se faz
presente em todos os momentos de nossas vidas, nos proporciona um mundo de
informações e conhecimentos que nos favorece constantemente, através dela conseguimos
compreender o mundo e a forma como atuamos sobre ele.
Contemplando esse pensamento, Vargas (1955, p.6) "ler para mim, sempre foi um ato de
conhecimento e, consequentemente, de prazer". Daí a importância da leitura literária na vida
das pessoas, do aluno da Eja, do professor e outros leitores por uma sociedade que apresenta
inúmeras formas de linguagem e informações, exigindo cada vez mais autonomia e
criticidade. E para isso, o professor precisa estar consciente do seu papel na formação do
aluno leitor. Entretanto, não basta simplesmente essa consciência, e sim, fazer com que o
aluno possa despertar o senso crítico, a partir do incentivo. Outro aspecto fundamental que
diz respeito à motivação, é que o professor não pode nem deve somente agregar conteúdos
selecionados pelos livros didáticos. Cabe ao professor trabalhar variedades de textos, e ou
gêneros, inclusive, os conteúdos curriculares de forma que seus alunos possam acompanhar,
interagir e situar-se dentro do contexto almejado.
Ler é um processo complexo. Não se adquire o hábito de ler, se conquista dia a dia. Sendo
assim, é tarefa do professor, promover e incentiva r a leitura no cotidiano da sala de aula.
Primeiramente, cabe ao professor ser leitor e passar isso para os alunos, demonstrar o seu
contato com os textos e a forma como a leitura atua e modifica a vivência dos indivíduos.
Nesse sentido, Lajolo (1993, p.15) enfatiza que "ou o texto dá um sentido ao mundo, ou ele
não tem sentido nenhum". Assim, é importante que o professor esteja atento, sempre que
possível, tanto para estabelecer relações entre os conteúdos estudados e sua ocorrência nos
textos, quanto para propor e possibilitar o investimento dos estudos nas produções literárias
e leituras realizadas. Ao longo do tempo, a educação vem cada vez mais, se apresentando
como um passo necessário a uma condição mais digna de sobrevivência e participação
social. Como reitera Freire (1989, p.28) do ponto de vista de uma tal visão da educação, é da
intimidade das consciências, movidas pela bondade dos corações, que o mundo se refaz. E já
que a educação modela as almas e recria os corações, ela é a alavancadas mudanças
sociais.
No entanto, o processo ensino aprendizagem tem deixado muito a desejar, especialmente
quando nos referimos à leitura e a produção textual. Como temos constatado nossas escolas
tem deixado uma grande lacuna na formação de leitores críticos e conscientes, pois numa
sociedade altamente globalizada como a nossa, faz-se necessário ler e escrever
corretamente, porque como sabemos estes são passos essenciais para que o aluno exerça
seu papel na sociedade de forma mais participativa. A leitura não deve ser tratada pela
escola, e principalmente na Eja, como algo morto sem nenhuma conexão com o dia a dia dos
alunos, pelo contrário, estes devem apresentar-se como meio de ascensão pessoal e social. A
leitura permanece no centro das preocupações tanto da escola regular e dos pais quanto da
formação de jovens e adultos.
A escola depara-se com um problema de leitura que não conseguiu superar e agravou-se ao
longo dos anos. O saber ler era e, ainda é, confundido com a possibilidade de se decifrar o
escrito. Por isso, procura o aperfeiçoamento dos métodos existentes, não percebendo que a
leitura possui outra natureza. Freire havia alertado para esta outra concepção de leitura ao
definir o alfabetizar como "a criação ou a montagem da expressão escrita da expressão oral"
(FREIRE, 1989, p.19).
Dessa forma, podemos considerar o ato de ler como um modo de interrogar a escrita, por
questionamentos, pela exploração dos textos, obtendo, como resultado, a formação do
indivíduo, ao trazer para seu universo possibilidades de sentidos que desafiam suas verdades,
desestabilizando-o e o levando a se reestruturar. Assim, o ato de ler, ação de dar sentidos,
incita o leitor a adentrar pela a trama do texto, descobrir-lhe as estratégias, as relações
internas e externas voltadas à construção de sua própria estrutura. E o professor como
motivador e mediador, indispensável no processo ensino-aprendizagem precisa estar
consciente de seu papel na formação do aluno. Para Luft (2005, p.529) "motivar é despertar o
interesse por algo ou alguém, e ou dar motivo a; incentivar, estimular".
Entretanto, não basta simplesmente essa consciência, e sim, fazer com que o aluno da Eja
possa despertar o senso crítico, a partir do incentivo. Outro aspecto fundamental que diz
respeito à motivação, é que o professor não pode nem deve somente agregar conteúdos do
livro didático, deverá então ser versátil, fazer uso de suas habilidades como profissional que o
é, pois, só assim, saberá conviver com as indiferenças do saber ser e as capacidades do
saber fazer em sala de aula, interagindo com a diversidade de saberes heterogêneos e
peculiar a cada realidade. O aluno da Eja apesar de ser na sua maioria oriundos das camadas
mais carentes da sociedade traz consigo um conhecimento empírico muito pertinente,
valendo ressaltar suas peculiaridades. Para Japiassú (2006, p.83): 
Empírico: Que confia apenas na experiência, qualitativo daquele que procede da experiência
imediata ou passada, sem estar preocupado com uma doutrina lógica e ou ainda, designa
tudo aquilo que constitui o campo do conhecimento antes de toda intervenção racional e de
toda sistematização lógica".
Pensando então na leitura como uma atividade também de criação, e no prazer que produzir
textos dá ao leitor, uma oportunidade de compreender melhor o universo viabiliza melhores
possibilidades de atuação, pois, a promoção da leitura é responsabilidade de ambas as
partes, ou seja, professor e leitor, que críticos no processo almejam realidades futuras
melhores, até porque, tudo recai sobre o professor e sobre o sistema escolar de ensino as
maiores cobranças seja por os velhos problemas persistirem, de que resultam performances
negativas em avaliações contínuas, seja por não saberem se posicionar perante os novos
desafios.
Segundo Zilberman & Rosing (2009, p.13) "tudo que mudou parece ter mudado para melhor,
menos a escola com suas conseqüências". Na verdade, apesar dos avanços tecnológicos e
científicos, os quais enriquecem o processo de modernização das instituições de ensino e
seguidamente monopolizam as preferências dos jovens, mesmo assim, persistem em nosso
meio a violência urbana agredindo cada vez mais o cenário brasileiro e a falta de respeito a
situações vividas e presenciadas pelos alunos. Desse modo, entendemos o conhecimento
como uma especificidade humana construído gradualmente a partir das interações realizadas
em diferentes espaços, podendo dizer que tal conhecimento ultrapasse os muros da escola.
Como nos revela Magnani (1989, p.103):
O gosto por ler se forma e a aprendizagem escolar da leitura desempenha importante função
no desenvolvimento, na medida em que propicia condições para que o aluno, agindo entre
outros sujeitos sobre a natureza (física, psicológica e social) construa conhecimentos de
conceitos específicos de cada disciplina.
Sabendo-se que é pela leitura que se aprende os conteúdos, a escola não pode funcionar
como um portão estreito, que exclui os alunos não dando-lhes oportunidade de aprender a ler
e desenvolver o gosto pela leitura. E para que a escola desempenhe seu verdadeiro papel, é
necessário que seus professores tenham consciência da sua função de orientador da
aprendizagem. Ele deve desempenhar suas funções de modo que articule princípios e
práticas, ou seja, para que ele consiga trabalhar corretamente a leitura é necessário que a
mesma faça parte da vida do professor.
Assim, o professor precisa planejar suas aulas reservando sempre tempo para a leitura, pois
como relata Martins (2006, p.25) "no contexto brasileiro a escola é o lugar onde a maioria
aprende a ler e escrever e muitos têm sua talvez única oportunidade de contato com os
livros". Sendo assim, cabe ao professor buscar meios para que as atividades de leitura em
sala de aula não se tornem monótonas e cansativas, cabe a ele propor atividades variadas
com diferentes gêneros textuais, e estes suportes devem ser trabalhados fazendo sempre
uma correlação com o dia a dia dos alunos, ou seja, é necessário planejar aulas que dêem
sentido ao ler e escrever.
Como indaga Magnani (1989, p.105):
A leitura não acontece isolada na sala de aula, e deve estar articulada às práticas de
produção e análise de textos, para que se caracterize como conhecimento de opções, que à
medida que se tornam conscientes, podem ir sendo utilizadas pelos alunos para seus
propósitos de leitores e autores.
O educador indiscutivelmente exerce um papel muito importante como orientador na
formação de alunos leitores críticos. Sendo assim, não podemos aceitar a leitura que apenas
decodifica as letras, pois existem pessoas que lêem bastante, mas não conseguem
estabelecer uma relação entre o que está lendo e o que vive. Esse tipo de leitor Freire
caracteriza como intelectual memorizador. 
Para Freire (1989, p. 29-30):
O intelectual memorizador, que lê horas a fio, domesticando ? se ao texto, temeroso de
arriscar ? se, fala de sua leitura como se estivesse recitando ? as da memória, não percebe,
quando realmente existe nenhuma relação entre o que leu e o que vem ocorrendo no seu país,
na sua cidade, no seu bairro.
É preciso extrapolar a mera decodificação. Para isso é fundamental a introdução de leitura de
gêneros, textos que possam estar relacionados ao cotidiano dos alunos. O trabalho com a
leitura de diferentes gêneros textuais favorece a relação da leitura com a vida. Caso isso não
aconteça, teremos um leitor que apenas memoriza as letras, as palavras não percebendo seu
sentido. Precisamos estar atentos a esse tipo de leitor e contribuir para mudar essas práticas,
ajudando a formar leitores críticos. Sugerimos que o professor traga para a sala de aula
leituras prazerosas que sejam capazes de acordar no aluno o gosto de ler e para que isso
aconteça o professor deve propiciar condições para que os alunos leiam com satisfação, até
por que a leitura deve ser uma referência na consolidação da aprendizagem do aluno, seja
este,uma criança, um jovem ou adulto.
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